terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

FRANCISCO SPINELLI




  FRANCISCO  SPINELLI

Natural da Itália, a cidade de Nápoles foi o berço onde nasceu Francisco Spinelli, no dia 31 de dezembro de 1893. Desde criança ele se afeiçoara ao estudo e com apenas nove anos de idade terminou com mérito o curso primário e tornando-se aprendiz de alfaiate. Em 1911, com dezoito anos de idade, transferiu seu domicílio para o Brasil, indo residir na cidade de Vacaria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde continuou a trabalhar na mesma profissão.  Depois, como funcionário do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e da Prefeitura da cidade, ingressou nas fileiras do Espiritismo na mesma época do seu casamento. Na cidade de Bom Jesus, onde passou a residir, exerceu o cargo de subdelegado e, posteriormente, de secretário e tesoureiro da Prefeitura Municipal.
Alguns anos mais tarde, dedicou-se à advocacia, como solicitador, profissão que exerceu como descortino, orientando-se por uma consciência reta e sincera com o propósito de bem servir aos seus semelhantes. Sendo grande orador e dotado de dinamismo invulgar, formou a Caravana da Divulgação que, em companhia do seu amigo Marcirio e do médium Jurê Varella e outros companheiros de doutrina, percorria nos fins de semana os povoados dos campos de “Cima da Serra”, fundando núcleos familiares e disseminando a leitura dos obras espíritas que conduziam sobre o lombo de mulas.
Por exigências profissionais, transferiu-se para a Capital gaúcha em junho de 1946, passando desde então a integrar-se em várias sociedades espíritas de Porto Alegre, não tardando a ser eleito presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. A partir de 1947, entregou-se ao desempenho de um verdadeiro apostolado no seio da família espírita, animado por verdadeiro desejo de uni-la num elo de fraternidade e amor. Nos primeiros dias de novembro de 1948 tomou parte nos trabalhos do 1º Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, integrando a delegação do Rio Grande do Sul. Spinelli entendia que não podemos nos acomodar às exigências de pessoas ou grupos, pois compreendia que Unificação é trabalho de entendimento que ninguém pode desdenhar na Seara Espírita. Nesse sentido, realizou incontáveis viagens com o objetivo de divulgar o Espiritismo, fazendo-o com muito idealismo.
Quando na presidência da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, desdobrou-se em dar cumprimento à sua missão e promover a difusão da Doutrina Espírita, além de realizar o trabalho em favor da evangelização das crianças e do preparo espiritual das novas gerações, cooperando incondicionalmente na assistência social mantida pelas entidades espíritas do Estado. Várias iniciativas em prol da maior difusão da Doutrina Espírita foram por ele planejadas e levadas a efeito no âmbito estadual, tendo sempre a preocupação de estender o mérito aos seus valorosos companheiros espíritas.  
Em 5 de outubro de 1949, tomou parte ativa nos trabalhos que culminaram com o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas brasileiros, em memorável reunião levada a efeito na sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, assinando esse importante e histórico documento em nome do Rio Grande do Sul. Em novembro de 1950, Francisco Spinelli juntamente com Artur Lins de Vasconcelos, Leopoldo Machado, Carlos Jordão da Silva, Ary Casadio, Luiz Burgos Filho, Oli de Castro, e outros, tomou parte na Caravana da Fraternidade, percorrendo os estados das regiões norte e nordeste do Brasil, em autêntica divulgação dos ideais de unificação. Por ocasião do conclave havido no mês de agosto de 1955, na sede da FEB, em que tomaram parte os presidentes de quase todas as Federações e Uniões federativas do Brasil, sua voz se fez ouvir para, com sua palavra persuasiva e fraterna, dirimir pontos de vista julgados de difícil solução.
A afabilidade e a doçura norteavam-lhe os passos, quer nas missões, quer nas pregações. Sincera e devotadamente pregada a Doutrina dos Espíritos e muitos lhe ficaram a dever a tranquilidade e a reforma de costumes que desfrutam hoje. Com as virtudes que o revestiam, nunca pensou em esmorecer nem mesmo ante os sofrimentos próprios. Espírito reconhecidamente humilde, seus atos, suas atitudes e decisões jamais se desviaram dos ensinamentos do Mestre, que pregava tanto pela palavra sempre calma e convincente, como pela sublime exemplificação.
Francisco Spinelli, embora nascido na Itália, radicou-se de tal forma em nosso país e tanto o amou que se considerava filho do solo gaúcho. Na presidência da FERGS, incentivou as comemorações do centenário dos fenômenos de Hydesville. Criou ele, a comissão para disseminar os Departamentos de Evangelização da Infância e da Juventude. Criou o programa intitulado “Em cada Centro Espírita uma Livraria”, hoje vitoriosa ideia semeadora de luzes e conhecimento doutrinário.
Mas, como sabemos, todos têm um momento de voltar à pátria espiritual, e assim, depois de ter cumprido seu trabalho na seara bendita, sofrendo de diabete há 55 anos e enfrentando problemas cardíacos, seu corpo já não correspondia à energia de seu Espírito, e veio a desencarnar no Hospital São Francisco, em Porto Alegre, no dia 7 de outubro de 1955, quando ainda exercia a presidência da FERGS. Seu corpo foi levado para sua residência e depois foi transladado para o Instituto Espírita Dias da Cruz, aonde centenas de pessoas compareceram. Seu falecimento foi tema de artigo e homenagens na revista Reencarnação de set/out de 1955, na qual foi publicado também seu último artigo com o título “Mobilizando Forças Superiores”.
Devotado obreiro na Seara Espírita, deixou espalhados em alguns jornais e revistas, principalmente na “Reencarnação”, órgão da FERGS, vários artigos doutrinários, tendo legado ao Espiritismo no Brasil, trabalhos como “Normas e Instruções” para uso das entidades do quadro federativo da FERGS, e ainda “Serviço da Evangelização e Orientação Educacional das Gerações” e colaborando em outras atividades.
Segundo Divaldo Franco, quando ele conheceu Cecília Rocha (grande médium e escritora de obras para a evangelização) teve oportunidade de se contatar com o Espírito de Francisco Spinelli, que a acompanhava, inspirando-a no desenvolvimento das tarefas a que entregara a sua existência. O nobre mentor disse-lhe naquele momento, que se tratava de alguém comprometido com o labor missionário de iluminação das consciências infanto-juvenil, à luz meridiana do Espiritismo...

Fonte:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal” – 02/2013
Assessoria da FERGS.
Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 25/02/2013