quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

NOVO ANO, MUDANÇAS NECESSÁRIAS




  De todos os rincões da Terra, elevam-se à Espiritualidade, pedidos de mais paz e felicidade; felicidade essa, para alguns, representada pelo ganho fácil, pelos bens amoedados, pela fartura de recursos, pelos bens adquiridos e pela posição de destaque... Felicidade essa, passageira e ilusória, pois na verdade não somos donos de nada, visto que nada trouxemos quando chegamos ao mundo e dele nada levaremos, a não ser o mérito ou o demérito das nossas ações praticadas durante a nossa existência.
De diversas partes do mundo, elevam-se também os gemidos das almas desanimadas, famintas, sofredoras e descrentes. Foi-se mais um ano de alegria, paz, harmonia e fraternidade, mas também de muita infelicidade, flagelos, doenças, violências, crueldades, assassinatos, fruto da indiferença e da ignorância de muitas pessoas que se fecham em si mesmas, isolando-se da luz, da fraternidade e do amor, em opção deliberada pela negação, pelo pessimismo, pela insensatez e pelo egoísmo.
Entretanto, novas esperanças e novos projetos, novas expectativas de um mundo melhor, animam muitas outras pessoas que ainda possuem fé, praticam a fraternidade e acreditam na Providência Divina, que rege todos os fatos.
Novo ano, um tempo ainda não passado; talvez símbolo de novas realizações construtivas. Tempo de história ainda não escrita, que só a nós, caberá determinar, se um tempo de harmonia ou de discórdia, de conquistas passageiras ou de reais aquisições; tempo de lutas ou de paz.
Reflitamos neste início de novo ano, o que faremos do tesouro das horas, dias e meses que nos será confiado. Fechemos o livro de páginas tristes, de lutas inglórias e dos tormentos mentais do passado, e fitemos com esperança e confiança o futuro e as páginas brancas de um novo tempo, onde poderemos escrever uma história de paz verdadeira, de amor fraterno, de real felicidade, que nos dignifique a existência, enobrecendo o nosso próprio viver e a nossa consciência, que nos fará prosseguir na nossa evolução espiritual.
Para isso, eliminemos do nosso pensamento e coração, quimeras e sonhos voltados exclusivamente para as conquistas de bens terrenos, no imediatismo do hoje ter e de querer agora. Lancemos o nosso olhar para o alto, nos dispondo à conquista paciente, nas lutas de cada dia, na Paz por tesouro inalienável, trabalhando com amor e fraternidade, sem esmorecimento, para que a Luz do Mestre Amado nos alcance e transforme o nosso tempo de labor, na direção do Reino de Deus.
Que o Novo Ano, nos traga a Paz, a Saúde, a Harmonia, a Fraternidade e o Amor... São as súplicas que fazemos em nossas orações ao Pai de Infinita Bondade e que desejamos para todos. . .
                                                    Jurandy  Castro e família
NOVO ANO
No livro “Boa Nova”, psicografado por Chico Xavier, o Espírito de Humberto de Campos comenta que Jesus passou por Jerusalém, antes do início das suas pregações. Aproximou-se dele o sacerdote Hanã e passou a inquiri-lo e, ao ser informado sobre o desejo de Jesus de implantar um reino de amor na Terra, passou ele a ironizá-lo, por não contar com o apoio dos poderosos. Hanã então lhe perguntou se ele já havia visto alguma estátua perfeita modelada em fragmentos de lama. Jesus então lhe respondeu que nenhum mármore existe mais puro e mais formoso que o sentimento. . .
Todo final de ano é quase sempre igual, na esperança de dias melhores que virão; uma mudança no tempo, ao toque da meia-noite tudo parece mudar para melhor; explodem os fogos, abraços são dados, num toque mágico, tudo mudou de um dia para o outro. Mas o que mudou? Situações extremas nos cercam. Riqueza de um lado, miséria do outro. Opulência e pobreza, obesidade e desnutrição, alegria e tristeza, guerra e paz e sofrimentos para muitos. Onde está a mudança que desejamos com tanto fervor?
Sonhamos com o oposto da miséria, da pobreza, da violência e da guerra, Desejamos o respeito, a paz, a fraternidade, com as pessoas entrelaçadas pela tolerância e o amor. Isso, no entanto, como é natural, não se faz a um toque de relógio, nem em um dia.  É um processo trabalhoso e vagaroso, no tempo, um processo que se alcança com a maturidade. Para esse mundo que sonhamos externamente, é necessário que o interior das pessoas se transforme. É necessário que usemos o mais puro mármore que é o sentimento. É preciso buscar sempre o conhecimento que se puder e trabalhar o sentimento. É para os ensinos de Jesus que devemos nos voltar para a modificação de nossos sentimentos que precisamos para nos tornarmos mais afáveis, dóceis e fraternos.
O novo ano nos chega como sempre. Será apenas mais um modificar de ponteiros do tempo, ou o modificador de nossos sentimentos nesse tempo? Meditemos... Para um mundo melhor é preciso que sejamos melhores. Não é fácil esse processo, mas Jesus bem o disse, quando asseverou que, com boa vontade tudo é possível.
Aproveitemos então o tempo, pois vemos que ele sempre passa e a nossa existência na Terra é breve. Façamos o melhor ao nosso alcance, edificando o reino de Deus em nossa mente e em nosso coração.

Editorial do jornal “O Imortal” – 01/2014
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 27/12/2017

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A MAGIA DO NATAL




  Dentre as muitas tradições da Humanidade, em todas as épocas, comemoramos o Natal, em que festejamos o nascimento de Jesus.

Há dois mil anos atrás, na Judéia, na Palestina, na Galileia, e em outros lugares próximos, não se falava de outra coisa que não fosse à vinda do Messias, o Salvador da Humanidade. Por isso, judeus descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas para recebê-lo. As profecias eram lidas e comentadas, e, preparados com devotamento, tecidos, tapetes; perfumes raros eram trazidos de outros lugares. Palácios eram reconstruídos, pomares eram cuidados e animais eram tratados para serem sacrificados no grande banquete.

O Enviado Celeste desce ao mundo na pequenina cidade de Belém e pequena manjedoura serve-lhe de berço. Nem príncipes, nem doutores, nem sábios nem os grandes lhe assistem a chegada. Apenas humildes pastores em peles surradas, camponeses simples e pobres mulheres se achegam a Ele. Por terem os pastores, visto a estrela que os guiou e ouvindo as vozes do Céu que diziam: “Glórias a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade entre os homens”, eles se achegaram até a manjedoura.  Jesus, com o povo inicia uma nova era de progresso... Mateus, em seu Evangelho, diz que tendo nascido o Messias, guiados pela estrela vieram do Oriente três magos para adorá-lo e o presentearam com Ouro, Incenso (resina perfumada que se queima) e Mirra (resina perfumada medicinal).

Avancemos até o século IV (400 anos depois). O Imperador Constantino, ao ter a visão de uma cruz e a inscrição: “In Hoc Signus Vinci”, e ao colocar a cruz e a inscrição em seu estandarte, vence o exército inimigo. Julgando que Jesus o ajudara, resolve adotar a crença cristã como mais uma religião oficial, onde o culto aos deuses do Olimpo continuavam, sendo Júpiter o deus dos deuses, seguido de Hermes, Ceres, Afrodite e outros deuses menores...

Avancemos mais um pouco até o século VI (600 anos depois). Nesse tempo o papa Gregório decide que Jesus deveria ter uma data para comemoração de seu nascimento. Mas, que dia seria esse?  Ninguém sabia!  - Alguns diziam que Jesus nascera no ano 750 depois da Fundação de Roma; outros afirmavam que tinha sido na época do recenseamento, porém não sabiam precisar. Muitas outras datas foram citadas e eram todas contraditórias. O que fazer? O papa Gregório então decide: O nascimento de Jesus seria na data em que na Europa e no Oriente, se comemorava a entrada do inverno que se iniciava em 22 de dezembro. Como em Roma era realizada no dia 25 de dezembro, a procissão ao deus Júpiter, que durava vários dias ficando o povo a comer e beber, louvando o deus Júpiter, o papa decidiu então que nessa data também fosse comemorado o nascimento de Jesus, para agradar aos romanos pagãos e aos cristãos.

Eis porque o Natal de hoje, para muitas pessoas que se dizem “cristãos”, continua sendo uma festa pagã, em que as barrigas se enchem de comidas e de bebidas alcoólicas, trocam-se votos de felicidade e presentes, mas o aniversariante que é Jesus fica esquecido, porque na verdade, para muitos, a festa não é de sentimento e agradecimento pela sua vinda de Jesus a Terra, mas apenas uma versão atualizada da festa dos romanos, apresentando ainda a figura grotesca do papai noel criada para promover o consumismo e enganar as crianças fazendo-as esquecer Jesus, o benfeitor da Humanidade.

Avancemos agora até o século XII (1200 anos), na mesma Itália na comunidade de Lácio.  Francisco havia completado 42 anos, mas parecia ter muito mais idade. Sua existência de sacrifícios, privações e dificuldades, voltada para os seus semelhantes, havia deixado marcas em seu rosto e dores pelo corpo. Seu Espírito, entretanto, tinha um desejo e sua preocupação naqueles dias era como aproximar-se das pessoas que não saiam de suas casas em virtude do frio, e passavam o Natal sem uma noção clara do seu significado. Eram pessoas simples que preferiam não se esforçar para entender a sua fé. Seus companheiros, frades, estavam sempre em andanças pela região, sempre procurando levar o Evangelho de Jesus aos camponeses, em virtude das distorções que os teológicos medievais haviam disseminados. Lembrava Francisco de seus primeiros Natais; seu pai trazendo presentes caros e farta comida, parecendo não se lembrarem de que a festa celebrava o nascimento de Jesus! Sua memória lhe trazia as imagens descritas pela mãe e, passados tantos anos, continuava a lembrar de cada personagem do estábulo onde nascera Jesus, que havia gravado na sua imaginação infantil.  

De repente, o passado e o presente se uniram e Francisco vislumbrou a resposta para a questão de como se aproximar das pessoas. Eufórico, chamou seu companheiro, Frei Leão e, repetindo cada palavra materna, foi descrevendo ao amigo a cena do nascimento de Jesus. Era isso que precisava: criar uma imagem que reproduzisse o nascimento de Jesus. Todos, enfim, poderiam entender a posição de Jesus, o desvelo de Maria, a proteção de José, os Magos, a presença dos pastores, dos animais, e que ficariam à mostra, o tempo necessário para os fieis. Frei Leão disse a Francisco que não sabia onde encontrar esses bonecos. Chamado Frei Gil, este disse que não daria certo e foi deitar. Frei Leão, cansado, despediu-se de Francisco e também foi embora.

Mas Francisco de Assis ficou pensando em sua idéia e, de repente, foi como se tivesse sido transportado até onde estava sua mãe. Maria Picallini olhava para ele e contava a história do nascimento de Jesus. Na medida em que ela descrevia um personagem, ele modelava a figura em argila... Assim ele foi criando várias figuras representadas no Natal. Ao amanhecer, Francisco tinha diante de si o mais expressivo painel pedagógico já criado, para enaltecer o nascimento do Mestre Amado. Ali estavam todos os personagens que compunham a mística histórica, e não havia dúvidas, toda a população do Lácio iria ficar enternecida e entender o espírito do Natal.

Os frades, quando vieram dar a saudação matinal a Francisco, ficaram admirados com aquele painel tridimensional e Frei Leão, chamou a representação de “presépio”, lembrando a língua materna de Jesus. O povo, no serviço religioso foi convidado para ir até o local onde o painel estava montado. Foi um sucesso, os frades se revezavam explicando o significado da vinda de Jesus, aos diferentes grupos convidados que silenciosos e atentos estavam emocionados. ... Era o ano de 1223, e Francisco não ficaria muito mais tempo na existência terrena. Se ele não fosse lembrado na história do Cristianismo, por sua grande contribuição na construção do amor entre os seres humanos, teria seu lugar garantido na lembrança de todos, pelo único momento, naquela época de tanta ignorância, em que Jesus verdadeiramente havia nascido, trazendo sua mensagem de simplicidade, humildade e amor. . .

Assim, devemos fazer uma reformulação nas comemorações do nosso Natal. De forma alguma devemos imitar as comemorações pagãs voltadas somente para os comes e bebes e as trocas de presentes, se nos consideramos realmente cristãos. A nossa comemoração deve ser uma festa de sentimento, de fraternidade, de amor para com nossos semelhantes, tanto nas nossas reuniões, como em família; troquemos votos de paz, felicidade, porém não nos esqueçamos de elevar nossas preces a Deus e a Jesus, pedindo que nos ajude e aos nossos irmãos, nas nossas imperfeições e nos auxilie no nosso desejo de evolução espiritual. Devemos repartir com nosso irmão ou irmã necessitada, nossa alegria, nossa esperança, nossa amizade e também um pouco do nosso pão. Com essa atitude, o Natal do Mestre Amado estará sendo sempre lembrado em todos os dias da nossa existência. . .

NATAL TODO  DIA
Um clima de sonho se espalha no ar,         
Pessoas se olham com brilho no olhar,      
A gente já sente chegando o Natal,              
É tempo de Amor, todo mundo é igual!       

Os velhos amigos, irão se abraçar,
E os desconhecidos, irão se falar,
E quem for criança, vai olhar ao léu,
Fazendo um pedido do Papai do Céu.

Se a gente é capaz de espalhar a alegria,  
Se a gente é capaz de toda essa magia,     
Eu tenho certeza que a gente podia,            
Fazer com que fosse Natal todo dia...          

Um jeito mais manso de ser e falar,                 
Mais calma, mais tempo pra gente se dar,      
Me diz por que só no Natal é assim?              
Que bom se ele nunca tivesse mais fim...       

Se a gente é capaz de espalhar alegria,
Se a gente é capaz de toda essa magia,
Eu tenho certeza de que a gente podia,
Fazer com que fosse Natal todo dia...

Que o Natal comece no seu coração,
Que seja pra todos sem distinção,
Um sorriso, um abraço, o que assim for,
O melhor presente é sempre o Amor!...

Se a gente é capaz de espalhar a alegria,      
Se a gente é capaz de toda essa magia,        
Eu tenho certeza que a gente podia,           
Fazer com que fosse Natal todo dia...          

Fazer com que fosse... Natal todo dia!...   

========================                  
        Fonte:  Messenger - Internet                          
Produzido por João Vitor                             
Letra e música (Roupa Nova)                      
Escolhidas por Barbara Rayssa.                           


Desejando saber como adultos e crianças pensam sobre essa festividade, façamos uma pesquisa sobre o que representa as comemorações do Natal:

Que nome tomou o Messias, aqui na Terra? 
Em que cidade Ele nasceu?
Quem eram os seus pais? 
Pessoas importantes lhe visitaram;  Quem?
Em que palácio Ele nasceu?  
O que ouviram do Céu, os pastores?  -   
Por que nos reunimos hoje?  
Como devemos comemorar o Natal?

Muitas delas com certeza não saberão responder, ou dirão que o aniversariante é “papai noel”, o símbolo criado para o comércio e o consumismo das coisas.

Eu, seguindo a tradição da minha querida mãe, monto todos os anos, um “presépio” em nosso lar, como uma singela homenagem ao Espírito mais perfeito que veio a Terra, nos trazer uma mensagem de humildade, fraternidade, caridade e amor... Finalizando este artigo, desejo um FELIZ NATAL com muita Paz, Harmonia e Saúde para todos os meus irmãos e irmãs em Humanidade, e seus entes queridos, e que o NOVO ANO lhes possam trazer bênçãos de realizações positivas...

Fonte:
Boletim do “SEI”
+ Acréscimos diversos

Jc.
São Luís, 6/12/2010
Atualizado em 20/12/2017

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

MUITOS CONQUISTADORES VIERAM AO MUNDO




  Desde as eras da selvageria primitiva, muitos foram os conquistadores que apareceram no mundo. Muitos deles, postados em soberbos carros de triunfo, exibiram troféus sangrentos e foram recebidos com aplausos ruidosos. Sorridentes e felizes aceitaram as ovações do povo e foram exaltados pelas vitórias,  deixando um rastro de misérias, lágrimas e mortes nos campos de batalhas.  Ainda hoje, os conquistadores, magnânimos com os amigos e cruéis para com os adversários, espalhando condecorações e sentenças condenatórias, são julgados pelas mesmas vozes que lhes cantavam louvores.
Dario, rei dos persas, impôs terríveis sofrimentos à Índia, a Trácia e à Macedônia, conhecendo depois, a amargura e a derrota, à frente dos gregos. Alexandro Magno, admirado na história do mundo, em plena mocidade, infligiu grandes padecimentos aos lares gregos, egípcios e persas; entretanto, apesar das glórias bélicas, rendeu-se à doença que lhe imobilizou o corpo em Babilônia. Aníbal, o grande guerreiro, espalhou o terror entre os romanos; contudo, foi vencido por Cipião e transformou-se num foragido, tendo se suicidado num terrível complexo de vaidade e loucura. Júlio César, o general romano, submeteu a Gália, e, governando Roma como magnífico triunfador, foi vítima do punhal de Brutus, seu protegido, assassinando-o em pleno Senado. Napoleão Bonaparte sagrou-se imperador da França, vencedor de grandes batalhas, e afinal, deposto, morre numa ilha apagada, na vastidão do mar. Adolfo Hitler, após ordenar a tortura e a morte de milhões de pessoas, em virtude de sua megalomania de poder mundial e raça pura, é morto em seu bunker em Berlim.
Todos eles, dominadores e tiranos, passaram no mundo, entre as púrpuras do poder, a caminho dos desencantos da morte. Em verdade, deixaram algum bem utilizado pela civilização, entretanto, os lares desertos, as lágrimas das mães, as aflições da orfandade, a destruição dos campos e o horror das mortes, acompanha-os por toda parte, destacando-os como execráveis conquistadores. . .  
Um só conquistador houve no mundo, diferente de todos os outros, pela singularidade de sua missão entre as criaturas. Desde o seu nascimento, conquistou com o seu infinito amor ás pessoas, e desde esse dia Jesus, o conquistador diferente, começou o serviço sublime da edificação espiritual, em bases de fraternidade, justiça e amor, acima da sombria animalidade, da maldade, do egoísmo e da aparente morte.
Não possuía legiões armadas, nem poderes políticos, nem tronos ou mantos de gala. Nunca expediu ordens a soldados, nem deu ordens de dominação.  Jamais humilhou ou feriu alguém. Cercou-se de cooperadores aos quais Ele chamava de irmãos. Dignificou a existência, abençoou as crianças, libertou os oprimidos, consolou os tristes e sofredores, curou os cegos, leprosos e paralíticos. E, por fim, aceitou com humildade e resignação, acusações, para que ninguém as sofresse; submeteu-se à prisão, conheceu o abandono dos que amava, recebeu sem revolta, insultos, ironias e bofetadas, foi coroado com espinhos, e obrigado a carregar a cruz em que foi imolado, como se fosse um ladrão.
Estamos revivendo hoje, embora simbolicamente, esse nascimento, ouvindo as vozes angelicais: “Glória a Deus nas Alturas, Paz na Terra e Boa Vontade para com os homens!” Ele veio e nunca mais se apartou de nós. Nas nossas comemorações, não devemos imitar os pagãos, voltadas somente para comes e bebes, se realmente nos consideramos cristãos. Façamos do Natal uma festa de sentimento, da alma, do espírito, de união, nos confraternizando com os familiares, sem esquecer as preces a Jesus e a Deus, pedindo que nos ajude na presente existência e nas nossas imperfeições.
Recordando que Jesus em sua missão elegeu por primeiros amigos, aqueles que nada possuíam, devemos imitá-lo repartindo com nosso irmão necessitado, a nossa alegria, nossa esperança, nossa amizade e um pouco do nosso pão de cada dia. Com essas atitudes, aprendemos que o Espírito do Natal, deve estar conosco, em todos os dias de nossa existência.
Devemos fazer do período do Natal, um momento de paz, de fraternidade com as pessoas para as quais Ele veio ao mundo. Hoje, quando novamente a violência e o crime se dão as mãos, a dor e o desespero explodem em todo lugar, devemos relembrar Jesus, trazendo-O de volta aos que ainda não O conhecem. Que o Natal possa ser para você, meu irmão e para todos os seus entes queridos, de muita Paz, Harmonia e Saúde. . .
Quando Deus abriu a janela do Céu e me viu, perguntou: - “Qual o teu desejo, filho?”  Eu respondi: “Senhor, por favor, cuide bem da pessoa que está lendo esta mensagem, pois ela é minha irmã e meu irmão e também parte da Sua  criação...”

Bibliografia:
Irmão X
Revista “Resenha Espírita” Nº 4/2012
Alguns acréscimos e modificações.

Jc.
S. Luís,  20/12/2017


domingo, 10 de dezembro de 2017

AGRADEÇO AOS SEGUIDORES , AMIGOS E IRMÃOS




  “Se você não desejar ser esquecido quando partir para a Espiritualidade, escreva coisas que vale a pena ler, ou faça coisas que vale a pena escrever”.
                                           Benjamim Franklin
Estou de volta hoje em que se completa mais um ano (8) do surgimento do meu blog ( http://ortsac13.blogspot.com ), para agradecer a todos os que acessaram a minha página na Internet, e que já chegou a 451 artigos, inicialmente sobre assuntos religiosos, temas morais e biografias, e depois, outros assuntos que foram sendo agregados,  no decorrer do tempo, que possibilitou, até esta data, chegar a 147.316  acessos, efetuados por 111  países pelo mundo.
Que os seguidores, amigos e irmãos se sintam tão estimados quanto às pessoas que amo. Que eu não os desaponte, pois sei que apenas uma palavra basta para acabar uma amizade. Amigos, nós os conquistamos mostrando o que somos. Pessoas amigas e queridas vêm e se vão de nossa companhia, entram e saem da nossa existência. Tenho visto muitos irmãos e amigos irem-se deste mundo, de repente, sem ao menos um “adeus”, sem terem o prazer de se tornarem idosos, como eu que já cheguei aos 87 anos de idade.
Os nossos olhos piscam juntos, movem-se juntos, choram juntos, veem as coisas juntos e dormem juntos. Ainda que nunca possam ver-se um ao outro... A amizade deve ser assim. Agradeço a todos, encarnados e desencarnados que  foram e são presentes em minha existência, e que eu possa ser um simples ponto de luz na existência deles. A fraternidade e a amizade, a solidariedade e o amor ao próximo, não sairão de moda; basta apenas que assim queiramos...
Humilde e honrado com a aceitação do meu blog pelos 50 seguidores, os amigos e irmãos de diversas partes do mundo, desejo expressar meus agradecimentos a todos os que conheceram o meu blog, e que dado o grande número de acessos, devem ter também informado aos seus amigos para acessá-lo, “pois valeu a pena escrever”, no dizer do eminente Benjamin Franklin.

ARTIGOS MAIS ACESSADOS NO ANO DE 2017
01- Biografia de Cáritas.................10.636
02- As Dores e as Doenças.............9.704
03- Eutanásia....................................4.642
04- Maranhão – Seus Encantos..... 4.530
05- Ananda – Além do Amor...........4.164
06- Augusto Elias da Silva..............3.320
07- Camilo Rodrigues Chaves....... 2.377
08- Aparecida Conceição Ferreira. 1.924
09- Brilhe a Vossa Luz.....................1.631
10- Parábola Festim das Bodas..... 1.396
11- Cálculos Renais.........................1.369
12- A Impaciência............................ 1.346
13- Doenças Sexual Transmitidas..1.303
14- Luiz Olímpio Telles Menezes....1.178
15- Jésus Gonçalves........................1.179
16- Hanseníase..................................1.037
17- Energias Sujas.............................  989
18- Não Devemos Julgar Ninguém..   989
19- A Educação................................... 984
20- Melancolia e Serenidade.............  982
21- Os Mortos na Terra......................  972
22- A Porta Mais Larga.......................  961
23- Folhas Esparsas...........................  960
24- A Corrupção  Cultural................... 958
25- A Natureza Humana......................  952
26- A Língua Esperanto......................  951
27- Uma Perigosa Retaliação.............  948
28- Os Roubos, Os Assaltos..............  945
29- Operação Lava a Jato...................  945
30- Temos Reinventar a Educação...   910
31- As Crianças.................................... 908
32- Agradecimento aos Internautas..  901
33- Cilício – Sofrimento Voluntário...  901
34- Frei Luiz – O Lírio do Vale............  891
35- A Força das Ideias......................... 883
36- O Que Esperar do Novo Ano?.....  863
37- A Magia do Natal............................ 861
38- Laços Simpáticos.......................... 841
39- Algumas Modificações................. 837
40- Quando Chegar a Hora..................829
41- Vultos Espíritas Maranhenses..... 818
42- Eurípedes Barsanulfo....................799
43-Todos Tem Fome............................ 798
44- Alerta aos Eleitores........................772
45- Meimei..............................................744

Países que mais acessaram o blog:

01-   Brasil  =   72.576      

02- E. U. da América =  44.921

03- Alemanha =   13.445 

04-  Rússia =  4.172

05-  Itália =   1.671        

06-  Portugal =  1.373

07-  Angola =   823              

08-  Ucrânia =  800

09-  França =   770  

10-  Moçambique =  481
                   
Ao me despedir dos seguidores, amigos e irmãos do Brasil e dos países dos outros continentes, quero renovar aqui, meus agradecimentos,  desejando a todos que tenham um Feliz Natal e um Novo Ano, com muita Paz, Harmonia e Saúde, extensivos aos seus entes queridos, e que o  Pai Celestial nos abençoe, hoje, amanhã e sempre. . .  

Jc =  Jurandy Castro
Blog:  http://ortsac13.blogspot.com
Início do Blog:   10/12/2009
São Luís, 10/12/2017  = 9 anos.

sábado, 9 de dezembro de 2017

A SUA EXISTÊNCIA É MUITO CORRIDA?




  Se a sua resposta for “sim”, saiba que você não é o único nessa situação, porque quase todas as pessoas neste mundo parecem estar preocupadas e com pressa.
Em 2015, foi feita uma pesquisa com pessoas de oito países e muitos responderam que achavam difícil conciliar o trabalho com as necessidades do lar. Eles citaram alguns motivos que foram: As responsabilidades no trabalho e no lar; o custo de vida cada vez maior, fazendo com que tivessem que fazer horas extras de trabalho e a dificuldade de conseguir um novo emprego. Nos Estados Unidos a jornada de trabalho é em média 47 horas por semana. De cada cinco pessoas, uma trabalha 60 horas ou mais por semana. O Brasil também já foi um dos países onde os trabalhadores mais faziam horas extras. Outra pesquisa, que incluiu 36 países, mostrou que, de cada quatro pessoas, uma não consegue relaxar nem no seu tempo livre! As crianças também podem se sentirem sobrecarregadas, se forem muito cedo para a escola (o ideal seria 8 horas) e tiverem muitas atividades para fazerem.
Quando sempre tentamos fazer mais coisas do que nosso tempo permite, podemos acabar ficando estressados, ou até sermos vítimas da chamada “doença da pressa”. Mas será que é possível levarmos uma existência mais equilibrada e mais tranquila?  E como nossas escolhas e metas influenciam a forma como usamos o nosso tempo? – Isso é o que vamos ver: Primeiro, vamos considerar quatro motivos que levam muitas pessoas a ter uma existência tão corrida. 
1º - O desejo de proporcionar o melhor para a família. Certa pessoa declarou que trabalhava a semana inteira!  “Fazia isso porque queria dar o melhor para a minha esposa e os meus filhos. Queria que meus filhos tivessem o que eu não tive.” Mesmo tendo boas intenções, os pais precisam pensar bem em quais são suas prioridades, porque pesquisas mostram que adultos e crianças que dão muita importância ao dinheiro e ao que ele pode comprar, geralmente são menos felizes e menos satisfeitas com a existência. Também têm uma saúde pior do que aqueles que não dão tanta importância às coisas materiais. Muitas das vezes os pais ficam preocupados demais em garantir o futuro dos filhos e os sobrecarregam com muitas atividades, embora bem intencionados, mas isso acaba sempre  resultando em sofrimentos para os filhos e para os pais.
2º -  A ideia de que quanto mais, melhor.  As propagandas tentam nos convencer de que estamos perdendo alguma coisa se não comprarmos os produtos mais modernos. Hoje em dia existem tantas opções de compra que o nosso tempo às vezes simplesmente desaparece. Isso porque perdemos muito tempo escolhendo o que comprar, o que assistir ou o que comer. Em 1940, um economista disse que os avanços tecnológicos iam fazer os trabalhadores terem mais tempo livre. Como ele estava errado. Elisabeth Kolbert, redatora de uma revista americana, disse: “Em vez de terem mais tempo livre as pessoas acabaram trabalhando mais para conseguir comprar coisas que na verdade elas nem precisavam.” O resultado disso é que acabam gastando não só mais dinheiro como também o tempo.
3º -  Tentar agradar os outros.  Algumas pessoas fazem muitas horas extras de trabalho só pelo medo de desagradar o chefe. Além disso, colegas de trabalho podem fazer você se sentir culpado se não trabalhar até mais tarde. Alguns empregados têm tanto medo de perder o emprego que ficam o tempo todo à disposição da empresa ou trabalham mais do que devem. Da mesma forma, alguns pais se sentem pressionados a fazer uma vida corrida só porque outras famílias fazem isso, e se não conseguem ter o mesmo padrão de vida que elas, os pais se sentem culpados por estarem, por assim dizer, “negando algo de bom” para a família.
4° -  A busca por destaque e realização.  José, uma pessoa que pensava assim: “Eu amava o meu trabalho e me matava nele!  Pra mim, isso provava para os outros o meu valor.” O resultado disso é, assim como ele, muitas outras pessoas acham que só vão se sentir realizadas se tiverem uma existência bem corrida, porque, no mundo de hoje, só se destaca se for uma pessoa ocupada, e quanto mais ocupada for, mais importante vai parecer.
Resumindo.  Devemos nos esforçar no trabalho, mas também é aconselhado ter equilíbrio, porque o equilíbrio faz bem ao nosso corpo e nossa mente e precisamos descansar para que renovemos as energias. Mas, se o nosso dia a dia é corrido, será que não podemos diminuir um pouco o nosso ritmo? É possível! Veja quatro sugestões de como fazer isso.
1º -  Pense no que você quer da existência.  É normal querer ter uma boa situação financeira que nos deixe tranquilos. Mas de quanto dinheiro precisamos para viver? Além disso, o que determina se somos bem sucedidos e felizes? Será que isso depende somente do dinheiro e das coisas que temos? – O mesmo José disse: “Eu e minha esposa pensamos bem na nossa situação e resolvemos simplificar. Nós fizemos uma lista que mostrava o tipo de vida que estávamos levando e quais eram as nossas novas metas. Nós conversamos sobre as consequências das decisões que tínhamos tomado e o que a gente precisava fazer para alcançar nossas metas.”
2° -  Não deixe o materialismo dominar você.  Devemos controlar o desejo dos olhos, o que inclui o desejo de ter mais coisas. As propagandas podem aumentar o nosso desejo, nos levando á trabalhar mais horas para conseguir coisas bem mais caras e até dispensáveis. Não podemos controlar as propagandas, mas podemos pensar se vamos dar atenção a elas ou não. Outra coisa que nos ajuda é parar e pensar no que realmente precisamos. Também não esqueça que as amizades influenciam muito o que você faz. Será que eles só pensam em dinheiro e compras? Nesse caso, é melhor você fazer amizade com outras pessoas que têm outras prioridades, que não sejam as mencionadas. Quem anda com quem é muito materialista acaba se tornando compulsivo.
3º -  Coloque o trabalho no seu devido lugar.  Converse com seu chefe sobre a quantidade de horas que você trabalha e lhe explique que você está vivendo sem dar maiores atenções à sua família. As pessoas que estabelecem limites entre o trabalho e a família, ou que tiram férias, percebem o seguinte: - O mundo não vai acabar se você não estiver trabalhando. Eu conversei com a minha família e sugeri que nós devíamos simplificar nosso estilo de vida, e aos poucos, nós fomos fazendo isso de maneira mais simples e agradável.
4° -  A sua família é a prioridade. Emprego podemos ter vários, mas a família apenas uma; as vezes, mais outra. Os pais precisam dedicar tempo para estar com os filhos, e estes passar tempo com os pais. Não fiquem tentando levar uma vida corrida só porque outras famílias fazem isso. Separem um tempo livre, só para estarem juntos e deixem de lado coisas que não tem tanta prioridade. Quando a família estiver junta, conversando,deve ser evitado ligar  a televisão, o  celular, porque essa tecnologia pode se tornar um inimigo e evitar a comunicação entre os familiares. Se possível, aproveite a hora das refeições para a conversação em família.
Conclusão. - Pergunte-se: O que eu desejo para minha existência? E o que eu quero para a minha família? -  Se quiser realmente ser bem sucedido e ter uma existência mais feliz e saudável, estabeleça prioridades que estejam de acordo com os ensinos e conselhos de Jesus, para que eles realmente funcionem...

Fonte:
Revista “Despertai” – nº4 – 2017
+ Várias modificações e supressões.

Jc.
São Luís, 14/11/2017

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A DOUTRINA ESPÍRITA E A COMUNICAÇÃO



   Com o surgimento da Internet e o avanço da tecnologia os veículos de comunicação se proliferaram. Até pouco tempo os canais se restringiam à mídia impressa (jornais e revistas), ao rádio e a TV, mas com a chegada da rede mundial de computadores, uma infinidade de veículos foi criada, entre eles sites, blogs, revistas e jornais digitais, webs digital, que realizam transmissões via Internet. Devemos ter sempre responsabilidade no que divulgamos pela Internet.
Recentemente tomamos conhecimento de uma mensagem. Ela continha  um vídeo de 3 minutos e um texto que dizia tratar-se de um vídeo destinado a crianças, estimulando-as a praticar o suicídio. Ocorre que o vídeo divulgado como algo destinado a provocar a prática de suicídio, na verdade, é um pequeno trecho de uma animação francesa, lançada no ano de 2012, e que, segundo seu diretor, tem por objetivo fazer com que a sociedade reflita sobre a prática do suicídio e os motivos que levam os seres humanos a pensarem nessa suposta solução para problemas variados que a existência possa oferecer.
Cabe frisar que essa mensagem é indicada para a faixa etária a partir de 16 anos, ou seja, não se destina a crianças, talvez por ser uma animação às pessoas tenham imaginado ser dirigida ao público infantil.  Essa mensagem mostra ainda outro ponto. A responsabilidade que precisamos ter antes de passar adiante qualquer mensagem que nos chega. A facilidade na nova mídia, das novas tecnologias, que enviam informações em segundos, com um simples toque de nossos dedos, não nos oferece carta branca para passarmos adiante toda noticia que nos chega. É preciso que tenhamos certeza de tratar-se de um fato verídico e, ainda mais, ter a consciência do que ele vai provocar nas pessoas que dele tiverem conhecimento.
Como não poderia deixar de ser, o meio espírita passou a utilizar esse veículo de informação para divulgar sua mensagem, eventos e outras ações do meio espírita. Somos bombardeados diariamente por assuntos que nos chegam via correio eletrônico, pelas redes sociais, vídeos, periódicos, etc. Não há dúvidas de que a Doutrina dos Espíritos merece todos os nossos esforços na divulgação de seu conteúdo, isso porque ela esclarece conforta e fortalece. Devemos comemorar
a enxurrada de mensagens “espíritas” que nos chegam? Depende, haja vista que quantidade nem sempre significa qualidade. Em outras palavras, há um número enorme delas que não honram o Espiritismo, em virtude de oferecer conteúdos conflitantes com a Codificação de Allan Kardec; misturando espiritualismo com o Espiritismo; ter textos mal elaborados com erros gramaticais e ser usado para divulgar apenas ideias pessoais, etc.
Muitos até sabem usar a ferramenta escolhida para se comunicar (seja visualmente, seja na tecnologia ou ambas), mas o conteúdo deixa a desejar. Claro que o aspecto visual e a utilização adequada da tecnologia são requisitos necessários para um veículo de comunicação de qualidade, mas se a mensagem não for clara, escrita de forma correta e agradável e, acima de tudo, se ferir os preceitos doutrinários (leia-se: contidos no Evangelho e na Codificação), de nada adiantará os demais cuidados. Independente do veículo escolhido cabe à pessoa ou equipe que for produzi-lo, pensar e planejar cuidadosamente a pauta a ser abordada e, posteriormente, ser muito criteriosa na elaboração da mensagem espírita. A Doutrina Espírita não merece de nós, seus adeptos e divulgadores, nada menos do que o máximo de qualidade possível em tudo o que fizermos em seu nome. Isso vale também para os artigos apresentados na Internet.
Ultimamente, um assunto tem surgido nas conversas entre os dirigentes espíritas: a disponibilização de mensagens de cunho  doutrinário pela Internet, em especial vídeos de palestras e transmissão ao vivo de atividades promovidas por instituições espíritas que podem desmotivar o público a ir até os Centros Espíritas. Muitos afirmam que houve diminuição na frequência das pessoas nas Casas Espíritas por conta da facilidade em acessar esses conteúdos, assim como o aumento da violência também seja um item apontado, quando se fala na ausência das pessoas nas reuniões espíritas.
Não podemos culpar o avanço da tecnologia por essa diminuição de público presente nas instituições espíritas, mesmo porque, quando bem utilizada, ela serve de ferramenta de divulgação da Doutrina Espírita, ampliando o alcance de sua mensagem pelo mundo. Avaliar sempre, cada trabalho, cada ação executada é uma das formas de garantir a qualidade, mas
de nada adianta se o ambiente não for pautado no respeito e na amizade sincera que deve nortear as relações dentro das instituições espíritas. Não podemos impedir as pessoas de optarem pela assistência e o estudo em seus próprios lares, em função da comodidade e segurança que tal escolha oferece. Podemos, porém, informar a elas que sentimos a falta de suas presenças “ao vivo e a cores” em nossa companhia.
Devemos fazer com que cada ida ao Centro Espírita seja uma ocasião especial de confraternização para nós e para todos os que ali vão. Demonstrar que nada supera um abraço e um sorriso sincero e amigo. E, acima de tudo, que o aprendizado da Doutrina Espírita é muito mais rico e prazeroso quando podemos compartilhar com os presentes, as nossas dúvidas,  experiências e conhecimentos da Doutrina que abraçamos... O mais importante é cumprirmos o nosso dever de nos harmonizarmos com os nossos semelhantes e seguir e exemplificar os ensinamentos de Jesus e de Kardec, para alcançarmos a nossa evolução espiritual.

Fontes:
Boletim “Meditando” - meses 5,6 e 8/2017
Autora: Martha          Rios Guimarães
+ Pequenas modificações e acréscimos

Jc.
São Luís, 15/10/2017

HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS




1-  PEQUENA HISTÓRIA – Um dia, a Gota d’Água, O Raio de Luz, a Abelha e o Ser Humano Preguiçoso, chegaram ao Trono de Deus. O Todo Poderoso recebeu-os, com bondade, e perguntou pelo que faziam.
A Gota d’Agua se adiantou e disse: - Senhor, eu estive num terreno quase deserto, auxiliando uma raiz de laranjeira.  Vi muitas árvores sofrendo de sede e diversos animais que passavam, aflitos, procurando um manancial. Fiz o que pude, mas venho pedir-te outras Gotas d’Agua que me ajudem a socorrer quantos necessitam de nós. – O Pai, satisfeito, exclamou: - Bem-aventurada sejas pelo entendimento de minhas obras. Dar-te-ei os recursos das chuvas e das fontes. Logo após, o Raio de Luz, adiantou e falou: - Senhor, eu desci... Desci... e encontrei o fundo do abismo. Nesse antro, combati a sombra, quanto me foi possível, mas notei a presença de muitas criaturas suplicando claridade. Venho rogar-te outros Raios de Luz que comigo cooperem na libertação de todos aqueles que, no mundo, ainda sofrem a pressão das trevas. – O Pai contente, respondeu: - Bem-aventurado sejas pelo serviço à Criação. Dar-te-ei o concurso do Sol, da Lua, das lâmpadas, dos livros iluminados e das boas palavras e ações que se encontram na Terra.
Depois disso, se apresentou a Abelha explicando: - Senhor, tenho fabricado todo o mel, ao alcance das minhas possibilidades. Mas vejo tantas crianças fracas e doentes que lhe venho implorar mais flores e mais Abelhas, a fim de aumentar a produção e atender os necessitados... O Todo Poderoso, muito feliz, abençoou-a e replicou: - Bem-aventurada sejas pelos benefícios que prestaste. Conceder-te-ei novos jardins e novas companheiras.
Em seguida, o Ser Humano Preguiçoso foi chamado a falar. Ele fez uma cara desagradável e informou: - Senhor, não consegui fazer nada. Por todos os lados, encontrei a inveja, e a perseguição, o ódio e a maldade. Tive os braços atados pela ingratidão dos meus semelhantes. Tanta gente má permanecia em meu caminho que, em verdade, nada pude fazer. O Pai bondoso, com expressão de descontentamento, exclamou: - Infeliz, por que desprezaste os dons que te dei? Adormeceste na preguiça e nada fizeste.  Os seres pequeninos,   humildes,   alegraram  meu  Trono,  com  o  relatório  de  seus trabalhos,  mas tua boca  apenas sabe  se queixar,  como se a  inteligência e as mãos que te confiei para nada valessem. Retira-te da minha presença! Os filhos inúteis e ingratos não devem buscar-me a presença. Regressa ao mundo e não voltes a procurar-me enquanto não aprenderes a trabalhar e a servir...
A Gota d’Água regressou cristalina e bela; o Raio de Luz tornou aos abismos, brilhando cada vez mais; a Abelha desceu zumbindo feliz; o Ser Humano, porém, retirou-se muito triste, regressando a Terra em extrema necessidade.  

2- PRÊMIO DO SACRIFÍCIO – Três irmãos dedicados a Jesus leram no Evangelho que cada ser humano receberá sempre, de acordo com as próprias obras, e prometeram cumprir as lições do Mestre.
O primeiro empregou-se na indústria do fio de algodão e, de tal modo se aplicou ao serviço que, em pouco tempo, passou à condição de interessado  administrativo. Dentro de vinte e cinco anos, era o chefe da indústria.   Ganhava dinheiro com facilidade e socorria infortunados e sofredores, adquirindo logo o título de benfeitor do povo. Dividia o trabalho com justiça e distribuía parte dos lucros, com bondade, aos seus empregados. O segundo estudou muito tempo e tornou-se juiz famoso.  Embora gozasse do respeito e da estima dos demais companheiros, jamais deixou os compromissos que assumira com o Evangelho. Defendeu os humildes, auxiliou os pobres e libertou muitos prisioneiros perseguidos pela maldade. De juiz tornou-se legislador e cooperou na confecção de leis que beneficiaram muitos. Viveu sempre honrado, rico, feliz correto e digno.
O terceiro era paralítico. Não poderia comandar uma fábrica, nem dominar um tribunal. O leito era sua residência, pois tinhas as pernas mirradas. Porém, lembrou-se que poderia fazer um serviço de oração e começou a tarefa pela humilde mulher que lhe fazia a limpeza doméstica. Viu-a triste e chorosa e procurou conhecer-lhe as mágoas com discrição e fraternidade.  Confortou-a com ternura de irmão. Convidou-a para orar e pediu para ela as bênçãos divinas. Bastou isto e, em pouco tempo, trazidos pela servidora reconhecida, outros sofredores vinham rogar-lhe o concurso da oração. O  aposento singelo encheu-se de necessitados.  Ele orava em companhia de todos; oferecia-lhes o sorriso de  confiança  na bondade  celeste.  Comentava os benefícios da  dor  e expunha
suas esperanças no Reino de Deus. Dava de si mesmo, gastando emoções e energias no santo serviço do bem. Escrevia muitas cartas, consolando viúvas e órfãos, doentes e infortunados, insuflando-lhes  a esperança, a paz e a coragem.  Ele comia pouco e repousava menos ainda. Tanto sofreu as dores alheias que chegou a esquecer-se de si mesmo e tanto trabalhou que perdeu o dom da vista. Cego, não ficou sozinho. Prosseguiu ajudando os sofredores, através cada vez mais da oração.
Após muitos anos, morreram os três irmãos, em idade avançada, com pequenas diferenças de tempo. Quando se reuniram na espiritualidade, apresentou-se um anjo do Senhor, a fim de  lhes examinar as obras com uma balança. O industrial e o Juiz apresentaram grande bagagem, que se constituía de várias bolsas, recheadas com dinheiro e com as sentenças que haviam distribuído em benefício de muitos.  O servidor da prece trazia apenas pequeno livro, onde costumava anotar os nomes das pessoas por quem orar.
O primeiro foi abençoado pelo trabalho criado e pelo conforto que espalhou com os necessitados, e o segundo foi também louvado pela justiça que semeara sabiamente. Quando o anjo abriu o livro do paralítico, dele saiu uma grande luz, que tudo envolveu numa coroa resplandecente. A balança foi incapaz de medir-lhe a grandeza. Então ele falou-lhe, feliz: - Teus irmãos são benditos na Casa do Pai pelos recursos que distribuíram, em favor do próximo, mas, em verdade, não é muito difícil ajudar com o dinheiro e com a fama que se multiplicam facilmente no mundo. Sê, porém, bem-aventurado, porque deste de ti mesmo, no amor santificante. Gastaste as mãos, os olhos, o coração, as forças, os sentimentos e o tempo a benefício dos semelhantes, e a Lei do Sacrifício determina que a tua morada seja mais alta... Não transmitiste apenas os bens da vida: irradiaste os dons de Deus. E aquele servidor humilde, que não distribuiu dinheiro a ninguém, a exemplo de Jesus, foi conduzido a um céu mais elevado, de onde passou a exercer autoridade sobre muita gente...
        
P.S. A história desse paralítico se assemelha muito a existência do saudoso irmão Jerônimo Mendonça, de Ituiutaba-MG.
       
3- O SERVO FELIZ -  Certo dia, chegaram ao Céu, um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador. Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.
O marechal aproximou-se, reverente e falou: - Mensageiro do Supremo Senhor, venho da Terra distante. Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens em monumentos que me honra o nome.  – Que deseja em troca de seus grandes serviços? – indagou o Enviado. – Quero entrar no Céu. O anjo respondeu sem vacilar: - Por enquanto, não pode receber essa dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente na Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.
O filósofo acercou-se do preposto divino e pediu: - Anjo do Criador, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres. – Que pretende pelo que fez? – perguntou o Emissário. - Quero entrar no Céu.  – Respondeu o mensageiro divino:  - Por agora, porém, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as ideias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.
O político tomou a palavra e acentuou: - Ministro do Todo Poderoso, fui administrador dos interesses públicos. Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais. – Perguntou o Missionário do Alto: - Que pede em compensação? – Quero entrar no Céu. O enviado celeste, no entanto, respondeu firme: - Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas lhe pronunciam o nome com amargura e esses clamores chegaram até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz íntima e volte depois.
Aproximou-se, então, o Lavrador e falou com humildade: - Mensageiro do Nosso Pai, fui cultivador da terra... Plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes e flores,  nos frutos,  no amor e na terra de meus filhinhos... O anjo sorriu e disse: - Que prêmio deseja?  O lavrador pediu, com grande emoção: - Se Nosso Pai permitir desejaria voltar ao campo e continuar o meu trabalho. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... O Sol surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando pela vontade Suprema, o trigo a se multiplicar!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina, a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga... Não aspiro á outra felicidade senão a de continuar aprendendo, semeando, louvando e servindo!...   O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, com grande júbilo: - Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque diante do Trono Celestial, apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem recompensa e com amor...

4- O GRANDE PRÍNCIPE - Um rei oriental, poderoso e sábio, achando-se envelhecido e doente, reuniu os três filhos e deu a cada um deles dois camelos carregados de ouro, prata e pedras preciosas, e determinou-lhes gastar esses tesouros em viagens pelo reino, durante três meses, com a obrigação de voltarem, a fim de que ele pudesse efetuar a escolha do príncipe que o sucederia no trono. Eles se foram e findo  o  prazo estabelecido, os  jovens  regressaram à  casa  paterna.
Os dois mais velhos exibiam mantos riquíssimos e chegaram com enorme ruído de carruagens, mas o terceiro vinha cansado e ofegante, arrimando-se a um bordão qual mendigo, despertando a ironia e o assombro de muita gente. O rei bondoso abençoou-os discretamente e dispôs-se a ouvi-los, perante grande multidão. O primeiro aproximou-se, fez reverência e declarou: - Meu pai e meu soberano, eu  viajei em todo o centro do país e adquiri, para teu descanso, um admirável palácio, onde teu nome será venerado para sempre. Comprei escravos vigorosos que te sirvam e reuni,  nesse castelo, digno de ti, todas as maravilhas do nosso tempo. Dessa moradia resplandecente poderás governar sempre honrado, forte e feliz. O monarca pronunciou algumas palavras de agradecimento, mostrou gesto de aprovação e mandou que o segundo filho se adiantasse.
O segundo então falou: - Meu pai e meu rei. Trago-te a coleção de tapetes mais ricos do mundo. Dezenas de pessoas trabalharam a fim de tecê-los. Aproxima-se da cidade uma caravana de vinte camelos, carregados de preciosidades que te ofereço, ó augusto dirigente, para revelares tua fortuna e poder!...  O monarca expressou gratidão numa frase carinhosa e recomendou que o mais moço dos filhos tomasse a palavra.
O filho alquebrado e mal vestido ajoelhou-se e falou: - Amado pai, não trouxe qualquer troféu para o teu trono venerável e glorioso... Viajei pela terra que o Supremo Senhor te confiou, e vi que os súditos esperam do teu governo a paz e o bem-estar, tanto quanto o crente aguarda a felicidade no Céu... Nas montanhas, encontrei a febre devorando corpos mal abrigados e movimentei médicos e remédios, em favor dos sofredores. Ao Norte, vi a ignorância dominando milhares de crianças e jovens desamparados e instalei escolas em nome de tua administração justiceira. No Oeste, nas regiões pantanosas, fui surpreendido por bandos de leprosos e dei-lhes conveniente asilo em teu nome. Nas cidades do Sul, notei que centenas de mulheres e crianças são vilmente exploradas pela maldade humana e construí oficinas em que o trabalho edificante as recolha. Nas fronteiras, conheci muitos escravos de ombros feridos, amargurados e doentes, e libertei-os, anunciando-lhes a bondade de teu reinado!...  A emoção interrompeu-o.  Fez-se grande silêncio e viu-se que o velho soberano mostrava os olhos cheios de lágrimas. Então, o rapaz com novo ânimo, terminou: - Perdoa-me se entreguei teu dinheiro aos necessitados e desculpa-me se regresso à tua presença, em extrema pobreza, por haver conhecido, de perto, a miséria, a enfermidade, a ignorância  e a fome nos domínios que o Céu conferiu às tuas mãos benfeitoras...  A única dádiva que te trago, amado pai, é o coração reconhecido pelos ensinamentos que me deste, permitindo-me o serviço que me cabe fazer...  Aprendi que as necessidades dos filhos do povo são iguais às dos filhos do rei!...
O velho monarca, em pranto, muito trêmulo, desceu do trono, abraçou demoradamente o filho esfarrapado, retirou a coroa e colocou-a sobre a cabeça do filho, exclamando, solene: - Grande Príncipe: Deus, o Eterno Senhor te abençoe  para sempre! É a ti que compete o direito de governar, enquanto viveres. A multidão aplaudiu delirante de júbilo, enquanto o jovem ajoelhado em frente ao pai soluçava de emoção e reconhecimento...

5- O BURRO DE CARGA - No tempo em que não havia automóveis,  na cocheira de famoso palácio real, um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e deboches dos companheiros. Reparando-lhe o pelo maltratado, as fundas cicatrizes no lombo e na cabeça humilde, aproximou-se um formoso cavalo árabe, que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse orgulhoso: - Triste sina a que recebeste! Não invejas minha posição nas corridas?  Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra de reis! - Pudera! Como conseguirá um burro entender o brilho das corridas e o gosto pela caça? – exclamou um potro de fina origem inglesa.  O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente. Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou: - Há dez anos, quando estava nas pastagens vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Ele nasceu para carga e pancada, e é vergonhoso lhe suportar a companhia. Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo e acentuou sem piedade: - Lastimo reconhecer nesse burro um parente próximo. É um animal desonrado, fraco e inútil... Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas, se me obrigam a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar.
As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou no recinto, em companhia do chefe das cavalariças. – Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade. Animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança – informou o monarca. O empregado perguntou: - Não prefere o árabe, Majestade?  - Não, não, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância - – falou o monarca. – Que tal o potro inglês?  -  De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça. - Não deseja o húngaro? – continuou o empregado. – Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho. – O jumento serviria? – insistiu o servidor. – De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança – respondeu o rei.  Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou: - Onde está o meu burro de carga? – O chefe das cocheiras indicou-o, entre os outros animais. Então o próprio rei puxou-o  carinhosamente para fora e mandou ajaezá-lo com as armas
resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem... Assim também acontece na vida. Em todas as ocasiões, temos sempre grande número de conhecidos, companheiros, amigos, mas somente nos prestam serviços de utilidade real, aqueles que já aprenderam a ser humildes, a suportar, servir e sofrer, cumprindo com o seu dever, sem cogitar de si mesmos e sem esperar recompensas...

 6-  O ENSINAMENTO VIVO – Existem pessoas que são quase sempre boas, animando e elogiando sejam elas, pequenas ou grandes realizações. Em contra partida, encontramos outras pessoas que sempre estão observando qualquer edificação ou serviço, e se preocupam em encontrar qualquer deslize para criticarem. Essa situação vivenciava Maria, sempre pronta a encontrar uma razão para à crítica. Ante um vestido das amigas, exclamava sem-cerimônia:  - O conjunto é tolerável, mas as particularidades deixam muito a desejar. A gola foi muito mal feita e as mangas estão defeituosas. Perante um móvel qualquer, rematava as observações irônicas com a frase: - Não poderiam fazer uma coisa melhor? E a frente de qualquer obra de arte, encontrava traços e ângulos para condenar. Diante do almoço feito pela sua mãe, com tanto carinho, sempre encontrava algum motivo para criticar; o arroz estava grudento, o feijão estava duro, a carne não estava boa, etc.
A sua mãe preocupada, estudou recursos de dar-lhe proveitoso ensinamento. Foi assim que, certa manhã, convidou a filha a visitar, em sua companhia, a construção de um edifício. A jovem que não podia adivinhar-lhe o plano seguiu-a surpreendida. Percorreram algumas ruas e pararam diante de um edifício a levantar-se. A senhora pediu a colaboração do engenheiro e passou a mostrar à filha os vários procedimentos da construção. Enquanto muitos servidores abriam buracos para os alicerces, no chão duro, veículos pesados transportavam terra daqui para ali com rapidez e segurança. Os pedreiros preparavam o concreto para as edificações, suarentos e ágeis, sob a orientação dos técnicos que orientavam os trabalhos. Caminhões e carroças traziam material de longe. Outros corriam na execução do serviço. O encarregado das obras, convidado pela senhora a pronunciar-se sobre a construção, esclareceu, gentil: - Seremos obrigados a investir volumoso capital para cobrir as despesas. Requisitaremos ainda a colaboração de outros muitos  operários especializados, como: carpinteiros, estucadores, vidraceiros, pintores, bombeiros, eletricistas, que virão completar o serviço. Qualquer construção reclama toda uma grande quantidade de operários dedicados.
A menina,  revelando-se  impressionada,  respondeu: -  Quanta
gente a planejar, a cooperar e servir!  – Sim, edificar é sempre muito difícil e trabalhoso – respondeu o chefe sorrindo. Logo em seguida, mãe e filha apresentaram as despedidas, encaminhando-se, agora, para um velho bairro. Passaram por ruas e praças menos agradáveis e chegaram finalmente à frente de uma antiga casa em demolição. Viam-se as linhas nobres, no estilo colonial, nas alas ainda em pé. Um homem, apenas, ali se encontrava, usando um martelo de tamanho gigantesco, abatendo alvenaria e madeiras. Ante a queda das paredes a ruírem com estrondo de minuto a minuto, a jovem observou: - Como é terrível arruinar, deste modo,  o esforço de tantos!
A mãe serena interveio, então e falou com carinho:   - Chegamos filha, ao fim do ensinamento vivo que buscamos. Toda a realização útil na Terra exige paciência e o suor, o trabalho e o sacrifício de muitas pessoas. Edificar é muito difícil, mas, destruir, eliminar sempre é muito fácil. Bastará uma pessoa de martelo à mão para prejudicar a obra de milhares. Assim, também, a crítica destrutiva é um martelo que usamos criminosamente, ante o respeitável esforço alheio. Compreendeu? A jovem fez um sinal afirmativo com a cabeça e, daí em diante, procurou ajudar a todos ao invés de macular, desencorajar e criticar...

7- A FALSA MENDIGA -  Zélia pedia esmolas, havia muitos anos. Não era tão doente que não pudesse trabalhar, produzindo algo de útil, mas não se animava a enfrentar qualquer disciplina de serviço. – Esmola pelo amor de Deus! – clamava o dia inteiro, dirigindo-se aos transeuntes, sentada em um banco de praça. De quando em quando, pessoas caridosas, depois de lhe darem uma moeda, aconselhavam: - Zélia, você não poderia fazer um serviço de limpeza?  - Não posso... – respondia logo. – Zélia, quem sabe você poderia cuidar de uma criança? – Quem sou eu, minha filha? Não tenho forças...  – Você gostaria de lavar roupa e ganhar algum dinheiro? – indagavam damas bondosas.  – Nem pensar nisso. Não aguento...  Outra pessoa dizia: -   Zélia ajude-me  a vender flores! -  Não posso andar, minha filha!... – exclamava, suspirando. – Você quer aprender a bordar? – interrogava a vizinha, prestativa, afinal, você tem as mãos livres. A agulha é uma boa companheira e você receberá uma recompensa. – Não tenho os dedos seguros, e falta-me suficiente energia... Não posso minha senhora...  E assim, Zélia vivia prostrada sem vontade e disposição. Afirmava ela sentir dores por toda parte do corpo. Dava noticias da tosse, da tonteira e do resfriado com longas palavras que poucas pessoas tinham tempo para ouvir. Além das lamentações contínuas, informava que ainda não tinha tomado café por falta de dinheiro.
Tanto anos pediu, chorou e se queixou que, um dia ela foi encontrada, morta, e a caridade pública lhe enterrou o corpo com muita piedade. Todos os vizinhos e conhecidos julgaram que a alma de Zélia fora diretamente para o Céu, entretanto não foi o que aconteceu. Ela acordou num campo muito escuro e muito frio. Achava-se sozinha e gritou, aflita, pelo socorro de Deus. Depois de muito tempo, um anjo do Senhor apareceu e disse-lhe bondoso: - Zélia, que deseja você? –  Ah!  Já sou conhecida na Casa Celestial? – observou muito vaidosa. – Há muito tempo – informou o emissário divino.  Zélia então começou a chorar e rogou em prantos: - Tenho sofrido muito!...  preciso do  amparo do Alto!...
O mensageiro esclareceu, dizendo:  -  Mas, ouça! O auxílio divino é para quem trabalha. Quem não planta não tem a colher. Você não lavrou a terra, não cuidou das plantas, não ajudou os animais, não cuidou das crianças,  não fiou o algodão,  não costurou o pano, não fez o pão, não lavou roupa, não varreu a casa, não tratou nem mesmo de sua saúde e de seu corpo...  Como pretende receber as bênçãos do Supremo?  A infeliz observou, então:- Nada podia fazer...  era mendiga...  O anjo replicou: -  Não, Zélia! Você não era mendiga você foi simplesmente, preguiçosa e inútil na sua existência, explorando os seus semelhantes.  Quando você aprender a trabalhar em benefício seu e de seus irmãos, chame por nós e receberá o socorro celeste...
Cerrou-se lhe aos olhos o horizonte de luz  e,  às  escuras,  Zélia
(Espírito), voltou a Terra, a fim de em nova reencarnação renovar-se no trabalho e amor aos seus semelhantes...

8- O BARRO DESOBEDIENTE  -  Houve um oleiro que chegou ao pátio de serviço e com  alegria, reparou um pequeno bloco de barro. Contemplou-o, enlevado, em face da cor viva com que se apresentava o barro e falou: - Vamos! Farei de ti delicado pote de laboratório. O analista alegrar-se-á com teu concurso valioso.  Muito surpreendido, porém, notou que o barro retrucava: -  Oh!  Não, não quero!  Eu num laboratório tolerando produtos químicos? Por favor, não me obrigues para semelhante fim!  O oleiro, espantado, considerou: - Desejo dar-te forma por amor, não por ódio. Sofrerás o calor do forno para que te faças belo e útil... Entretanto, porque te recusas ao que proponho te transformarei numa caprichosa ânfora destinada a depósito de perfumes.  – Oh!  Nunca, nunca!...  Isto não! Estaria exposto ao prazer dos inconscientes.  Não estou inclinado a suportar essências. – disse o barro.  O oleiro meditou muito na desobediência da lama orgulhosa, mas, entendendo que tudo devia fazer por não trair a confiança do Céu, ponderou: -  Bem, te farei,  então, um prato honrado e robusto. Comparecerás à mesa de meu lar. Ficarás conosco e será companheiro dos meus filhinhos.  – Jamais! Isso seria humilhação demais!...  Transportar arroz cozido e aguentar caldos gordurosos na face!  Não, não me submeta!... – bradou o barro, na indisciplina...
O trabalhador dedicado perdoou-lhe a ofensa e acrescentou: - Modificarei o programa ainda uma vez. Será um vaso amigo, em que a límpida água repousará. Ajudarás aos sedentos que necessitarem de ti. Muita gente te abençoará a cooperação. Despertarás o contentamento e a gratidão nas criaturas!...  – Não, não! Não quero!  Seria condenar-me a tempo indefinido nas cantoneiras poeirentas ou nas salas escuras de pessoas desclassificadas. Por favor, poupe-me!  O oleiro então considerou, preocupado:  - Que será de ti quando te conduzirem ao forno?  Sem sacrifício e disciplina, ninguém se eleva aos planos da vida superior.  O barro, todavia, recusou a advertência, bradando: - Não aceito sacrifício, nem disciplina...
Antes que pudesse prosseguir, passou o enformador, arrebanhando a argila pronta e o barro desobediente foi também conduzido ao forno em brasa. Decorrido algum tempo a lama vaidosa foi retirada e – ó surpresa! – não era um pote de laboratório, nem uma ânfora de perfume, nem um prato de refeição, nem um vaso para água e, sim, feio pedaço de terra requeimada e morta, sem qualquer utilidade, sendo imediatamente atirada ao pântano...
Assim acontece a muitas criaturas no mundo.  Revoltam-se  contra  a  vontade  do Criador, que as convida ao trabalho de aperfeiçoamento mas, depois de levadas pela vaidade e orgulho se transformam em verdadeiros fantasmas de desilusão e sofrimento, necessitando de longo tempo para retornarem às bênçãos do trabalho dignificante e da vida mais nobre...

9-  SOMOS TODOS CHAMADOS A SERVIR -  O legislador, com a
pena, traça decretos para reger o povo;  o escritor utiliza o mesmo instrumento e escreve livros que renovam o pensamento do mundo.  Mas, não é só a pena que, manejada pelo ser humano, consegue expressar a sabedoria, a arte, e a beleza, na vida.  Uma simples vassoura faz a alegria da limpeza e, sem limpeza, o legislador ou o escritor não consegue trabalhar. O arado cava sulcos na terra e traça linhas das quais nascerão o milho, o arroz, a batata e o trigo, enchendo os celeiros. A plaina corrige a madeira bruta, cooperando na construção do lar. O malho toma o ferro e transforma-o em utilidade preciosa;  o prato recolhe o alimento e nos sugere a caridade;  o moinho recebe os grãos e converte-os no milagre da farinha; a janela é um poema silencioso a comunicar-nos com a natureza externa; o leito é um santuário horizontal, convidando ao descanso...
Todos os instrumentos de trabalho no mundo, tanto quanto a pena, concretizam os ideais superiores, as aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma. Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade intelectual manifestada. Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes agasalha o corpo. Se os juízes se congregam nas mesas de paz e justiça, são os lavradores quem lhes ofertam recursos alimentares.
Louvemos, pois, a Divina Providência que dirige os serviços no mundo! Se cada árvore produz, segundo sua espécie, a benefício da prosperidade comum, lembremo-nos de que somos todos chamados a servir, na obra do Senhor, de maneira diferente.  Cada trabalhador, em seu campo de atividade, seja honrado pela cota de bem que produza, e que permaneça convencido de que a maior homenagem de ser prestada por nós, ao nosso Criador, é a correta execução do nosso dever, em qualquer tempo e qualquer lugar...

10- O DESCUIDO IMPENSADO - No orfanato em que trabalhava, Irmã Clara era  idolatrada  por todas as pessoas, pelas virtudes que lhe adornavam o caráter. Era meiga, devotada, diligente. Daquela boca educada não saíam más palavras. Se alguém comentava faltas alheias, vinha solícita aconselhando:  - Tenhamos compaixão!... Inclinava a conversa em favor da benevolência e da paz. Insuflava em quantos a ouviam o bom ânimo e o amor ao dever. Além do mais, estimulava, acima de tudo, em todas as pessoas, a boa-vontade de trabalhar e ser para o bem.
- Irmã Clara, eu tenho necessidade do vestido para o sábado próximo – dizia uma educadora. Ela, que era a costureira dedicada de todos, respondia contente: - Trabalharei até mais tarde. A peça ficará pronta. – Irmã Clara, preciso do avental – dizia uma das criadas. Ela respondia sorrindo: - Amanhã será entregue. Em todas as atividades, mostrava-se devotada criatura, qual anjo de bondade e paciência. Invariavelmente rodeada de novelos de linha, respirava entre agulhas e a máquina de costura. Nas horas da prece, demorava-se contrita na oração. Com o passar do tempo, tornava-se cada vez mais respeitada. Seus conselhos eram procurados por muitas pessoas. Transformara-se em admirável autoridade da vida cristã. Amparava sem alarde e auxiliava sem preocupação de recompensa. Sabia ser bondosa sem humilhar a ninguém com
demonstrações de superioridade.
Rolaram os anos como sempre, e chegou o dia em que a morte
a conduziu para a vida espiritual. Na Terra, o corpo da inesquecível benfeitora foi rodeado de flores e bênçãos, homenagens e cânticos e sua alma subiu até o Céu. Um anjo do Senhor recebeu-a, carinhoso e alegre. Cumprimentou-a e reportou-se aos bens que ela espalhara, entretanto, sob impressão de assombro, Irmã Clara ouviu-o informar:  -  Lastimo, mas não pode demorar-se conosco senão por três semanas. – Oh! Por que? – interrogou a valorosa missionária. Será compelida a voltar ao mundo, tomando novo corpo  - disse o Mensageiro Divino.  – Como assim? -  perguntou a Irmã Clara. O anjo fitou-a, bondoso e respondeu:  -  A Irmã foi extremamente virtuosa; porém na posição espiritual em que se encontrava não poderia cometer tão grande descuido. Você desperdiçou uma enormidade pedaços de fios de linha. Essa linha que perdeu, por alhear-se à noção de aproveitamento, dava para costurar alguns milhares de roupas de crianças desamparadas...
- Oh! Deus me perdoe!  E como resgatarei essa dívida? – Exclamou a santa desencarnada. O anjo abraçou-a, carinho, e reconfortou-a dizendo: - Não tema. Todos nós a ajudaremos, mas a querida irmã recomeçará sua tarefa no mundo, plantando um algodoal...
   
Obs:  Estas dez histórias, fazem parte do livro  “Alvorada Cristã”, ditadas pelo Espírito de Neio Lúcio, psicografia de Chico Xavier.
       
11- HÁ SEMPRE UMA ESPERANÇA -  Já era noite, quando o ônibus procedente do Nordeste chegou à estação rodoviária do Rio de Janeiro. Foram quatro dias de uma longa viagem, atravessando paisagens secas e poeirentas, cruzando a ponte sobre o Rio São Francisco. Mais adiante, foi possível apreciar os cacaueiros do sul da Bahia, as lavouras do Espírito Santo, e os canaviais do estado do Rio de Janeiro. Tudo fora motivo de admiração e novidade para Raimundo Nonato, conhecido por “Mundico”, que da sua poltrona, se encantara com seu Brasil tão grande e cheio de coisas bonitas, que ele jamais vira lá na fazenda do coronel Tito, perto da cidade de Floriano, no Piaui. Ele se sentia cansado, mas os olhos brilhavam de contentamento, porque estava no Rio de Janeiro, com que tinha sonhado desde que ouvira no rádio, a transmissão de um jogo de futebol realizado no estádio do Maracanã... Ele tinha se imaginado que um dia, estaria no meio daquele povo, gritando pelo seu time favorito...
Voltando a realidade, ele apanhou sua mala e foi procurar o ônibus 740, que o levaria à casa da madrinha Carolina, no bairro da Penha. Depois de alguns minutos, chegou ao bairro. Perguntando a um e outro, acabou chegando a uma casa modesta. Bateu na porta até que ouviu passos. Receosa, D. Carolina entreabriu a porta e perguntou: - O que você quer rapaz? – Ele abrindo um sorriso tímido, respondeu: - Eu sou o Mundico, lá do Piaui. A senhora é a minha madrinha Carolina? Ela concordou com a cabeça, ele entrou e logo se iniciou uma conversa. D. Carolina indagou do afilhado porque tinha vindo para o Rio, deixando sua terrinha tranquila, para aventurar-se num lugar tumultuoso, difícil e violento, onde as pessoas se olham com desconfiança. Ele respondeu que esse era o seu sonho. Vir para o Rio, trabalhar, ganhar bastante dinheiro e depois mandar buscar Maria das Graças, pra se casar e viver feliz com o povo daqui.
D. Carolina não quis decepcionar seu afilhado nem destruir o projeto de vida daquele brasileirinho ingênuo, de lugar tão distante. – É, Mundico, vamos descansar porque já é tarde e amanhã você vai procurar trabalho...  Alguns dias depois de chegar, lá estava Mundico com um capacete de plástico na cabeça, empurrando um carrinho de mão com massa, numa obra na Barra da Tijuca. Seu mundo passou a ser aquele prédio em construção, tendo até autorização para dormir no local. À noite, acomodado, os braços e as costas moídos de cansaço, o sono só chegava depois de lembrar-se na fazenda do coronel Tito, sol causticante, montado no cavalo, arrebanhando o gado, enquanto as juritis cantavam perto do riacho das grutas. E no domingo, quando ia à missa na igreja. Era ali que ele espiava Maria das Graças, ajoelhada, rezando um terço para Nossa Senhora. Ele lembrava como ela era bonita, com as tranças amarradas com fita vermelha e no pescoço o colar de contas.  Ela correspondendo, também lançava um olhar para ele, enquanto rezava o terço de caroços de jussara...
Um ano já se passara e Mundico tinha conquistado a amizade do pessoal da obra e, orientado pelo mestre, já conseguira juntar algum dinheiro na caderneta de poupança. Mas a saudade começava a lhe deixar tristonho. Ele então começou a desejar a volta para sua terra e se encontrar com sua amada Gracinha. Eis que, um belo dia, um novo companheiro de obra, vendo-o triste, falou-lhe: - Mundico, larga essa tristeza; vamos para São Cristóvão; hoje vai ter um  forró no  “Clube dos Paraíbas”.  Ele ainda relutou,  mas era um sábado e o convite o animou e quando chegou a noite, lá se foi ele com o novo companheiro para a festa. A sanfona do Zé Inácio já estava tocando os forrós do Luiz Gonzaga. Os pares riam e rodopiavam na dança contagiante dos nordestinos. Ele começou a se entusiasmar.  – Está gostando, Mundico? Perguntou o companheiro. – Tem razão, o forró está legal e cheguei até a lembrar das nossas danças lá em Floriano, - respondeu ele. O amigo retirando-se por uns instantes, disse a Mundico: - Vou falar com um velho amigo e não demoro. Toma conta da minha mochila até eu voltar. – Logo em seguida, ouviu-se uma barulheira na entrada do clube e Mundico meio assustado, sem saber o que se passava, viu a polícia entrar. Antes que tomasse qualquer reação, levou pancadas na cabeça e nos braços; arrancaram-lhe a mochila e gritaram: - Tá preso, seu Paraíba maconheiro. – Surpreso, ele foi conduzido ao rabecão, cheio de dores e depois foi jogado numa cela da Delegacia, onde se encontravam vários elementos mal-encarados. Ele ainda não entendera bem o que se passara.  Lembrava-se apenas que o Delegado asperamente lhe dissera: - Vai curtir um tempo atrás das grades, traficante duma figa. Tua mochila estava cheia de drogas. -  Mundico entendeu então que ele era uma vítima. Aquele companheiro que o levara à festa em São Cristóvão era o dono da mochila, que agora servia de prova contra ele. Como explicar isso? Como poderia provar que era inocente? – Com a mão enxugou as lágrimas que teimavam em rolar pelo seu rosto. Aquela gente da cadeia não podia ver que ele chorava. Um ano e meio se passou e muitos pesadelos e sonhos visitaram as suas noites, e ele só acordava feliz quando aquele anjo parecido com a Gracinha vinha conversar com ele. Finalmente um dia, em dezembro, Mundico foi chamado à direção do presídio e informado que estava em liberdade, por ter sido esclarecido que ele não traficava drogas e que os seus antecedentes eram limpos. Só então ficou sabendo que a madrinha Carolina e seu antigo mestre de obras tinham colaborado para sua liberdade.
Antes que chegasse o Natal, ele retirou o dinheiro da poupança, despediu-se da madrinha e vibrando de alegria e esperança nova, voltou para sua querida terra. As horas pareciam longas até a chegada a Floriano e à fazenda, onde esperava reencontrar-se com a dignidade e a felicidade que há anos o mundo lhe havia roubado.  A terra,  ainda era ressequida;  o gado magro,  e poucas eram as árvores no pé da serra. Antes que falasse com qualquer pessoa, ele dirigiu-se para uma velha mangueira, e ajoelhando-se junto ao tronco, orou do fundo do coração, dizendo: - Meu Deus!  Eu estou Te reencontrando nesta Terra que me colocaste...  seca  árida e às vezes até hostil, mas é nela que eu Te conheci e que recebo a benção da felicidade que volto a sentir.   Em seguida, baixando a cabeça, beijou o chão poeirento que ficou molhado com suas
lágrimas de felicidade...

12- DRAMAS  DA  EXISTÊNCIA  -  Maria era uma jovem de 16 anos muito bonita, quando perdeu a mãe, ficando na companhia do seu pai, que mantinha seus estudos. Quando ela completou 20 anos, já trabalhava num empresa e foi onde conheceu José. Depois de dez meses de namoro e noivado se casaram. Um ano depois, nasceu Regina. Uma linda criança. O casal com a chegada da filha passou a viver um mar de rosas. Dormiam todos num quarto só, pois o berço da filha ficava ao lado da cama do casal.
Desde pequena, a filha demonstrou a maior satisfação quando o pai a tomava nos braços. Quando ela completou três anos, passou a chorar e só dormia se fosse agarrada ao pai, na cama do casal. Com o passar do tempo, ela foi criando uma verdadeira obsessão pelo pai, ao ponto de inventar mil desculpas para dormir com ele, ficando entre os dois, enquanto passava a odiar a mãe, por julgá-la uma rival no carinho dele. Essa situação, para tristeza de Maria, continuou, e, quando Regina completou quinze anos, já muito bela e atraente, começou a se insinuar para José, seu pai.
Este, não percebeu a tentação, o que não deixou de ser observada pela mãe, que passou a ver na filha, uma mulher a disputar o seu marido. O ambiente hostil e desagregador fez com que mãe e filha entrassem em atrito, tendo o pai ficado a favor da filha, por achar que a mãe não tinha razão e estar exagerando. Um dia, alguns meses depois, num ocasião em que a mãe se ausentou do lar, Regina aproveitou a ausência dela, e foi até onde se encontrava o pai, e passou a lhe acariciar a abraçá-lo e a beijá-lo de forma sensual, ao mesmo tempo em que ia se despindo. Ele aturdido, perdeu o controle, momentaneamente, e se encontrou em relação carnal com sua filha.
A partir desse dia, o ambiente familiar piorou muito e o relacionamento entre eles foi se modificando por causa do pai que não se perdoou, pela filha que continuava a assediá-lo, e pela esposa que tinha a certeza de que algo de muito terrível havia acontecido com eles na sua ausência. Esse ambiente no lar concorreu para que um ano depois, o pai falecia, em virtude dos remorsos e por ter desistido da existência... No velório, a filha ao se despedir do pai e ao observar que ninguém estava olhando, disse: - Perdoa-me, pai!  Você não foi culpado e nem deveria me deixar sozinha. Eu é que quis me entregar a você, por adorá-lo demais!  Sua mãe que vinha entrando no ambiente, de mansinho, ouviu as palavras ditas pela sua filha. O choque do que ouviu foi tão grande que ela desmaiou e caiu, tendo as pessoas julgado que era por causa da perda do marido.
Algumas semanas depois, sozinhas e não suportando o ambiente, a mãe sugeriu e estimulou a filha para procurar um trabalho, não só porque Regina continuava saudosa do pai, como também para que ela, a mãe, tivesse um pouco de tempo e de paz, com a ausência da filha. Regina conseguiu arranjar um emprego e, com o passar de muitos meses ela conheceu um rapaz bem mais velho que ela, chamado Rodrigo, muito parecido com seu pai e eles começaram a namorar. Ele, sabedor de que o pai dela era falecido, e, tendo boas intenções com ela, desejou conhecer a sua mãe. Ela, porém, protelou por muito tempo esse encontro, com várias desculpas, pois não queria que ele percebesse a hostilidade existente entre ela e a mãe. Numa ocasião em que os namorados se despediram, ele a seguiu sem que ela percebesse e terminou chegando a casa dela. Feitas as apresentações a contragosto de Regina, o rapaz logo se encantou com Maria, em virtude de muitas ideias e gostos iguais e ainda, porque tinham quase a mesma idade.
Passou ele a frequentar a casa e a se desmanchar em gentilezas para com as duas. Enquanto namorava Regina, foi se envolvendo emocionalmente com sua mãe. Depois de algum tempo, o namoro era apenas a desculpa para ele estar junto a Maria, porque na verdade, o seu pensamento e os seus furtivos olhares eram para ela, que por seu lado, carente de afeto, por tanto tempo sozinha no mundo, sentia seu coração pulsar de alegria com a nova emoção, muito embora tentasse de todas as formas sufocar esse sentimento.
Certo dia, em que Rodrigo chegou a casa delas, sem que o esperassem e, a Regina não estando, ele falou para Maria que admirava muito sua filha, mas que na verdade, ele estava apaixonado por ela, e que iria romper o namoro com a filha dela, por não ter mais razão de ser, e queria que ela fosse sua mulher, porquanto não havia impedimento legal, visto ser ele solteiro e ela ser viúva. A surpresa de Maria foi muito grande, porque, embora já gostasse de Rodrigo, jamais havia pensado que essa situação chegasse a esse ponto. Apesar de se sentir amada e feliz com a declaração, como enfrentar essa nova realidade? Como aceitar essa relação se estava envolvida também sua filha?
Uma coisa era preciso fazer antes que sua filha chegasse e percebesse que algo de anormal estava se passando. Despediu o rapaz se comprometendo, depois de muita insistência dele, a pensar na sua declaração e no seu propósito de viverem juntos. Parecia que o passado voltava a se fazer presente, desta vez como se o destino quisesse lhe oferecer uma oportunidade de vingança, coisa que nunca lhe havia passado pela cabeça. Era preciso tomar uma atitude antes que a situação viesse a piorar, mas qual? – A filha quando chegou do trabalho encontrou a mãe pensativa. Naquela noite Rodrigo não apareceu e Maria se recolheu ao leito, angustiada, ficou horas a procura de uma solução, até que adormeceu.
No dia seguinte, ela acordou pensando nas opções que se apresentavam para a questão: a)- Romper com os preconceitos e aceitar o amor de Rodrigo, refazendo sua existência vazia; b)- Renunciar a esse amor que lhe oferecia  Rodrigo, e continuar a existência sozinha e solitária: c)- Conversar com a sua filha sobre os acontecimentos, a fim de acharem uma solução para o caso; d)- Investir nesse relacionamento com Rodrigo, mesmo sabendo que sua filha se tornará mais sua inimiga que antes. Qual a sua solução para este caso, prezado e prezada leitora desta página!  Faça o final deste drama da maneira que você quiser...
       

13- VOCÊ CONSEGUE! - Na existência tudo depende de esforço próprio. Jesus nos disse que, com fé, conseguiremos tudo o que desejarmos realizar. Então, quando você tiver um sonho ou quiser realizar algum projeto, não desista. Mesmo diante das dificuldades continue tentando. As vitórias são lentas e são conseguidas palmo a palmo. Observe as lições de vida. Um prédio levanta-se tijolo a tijolo; uma floresta inicia-se de algumas sementes; os livros mais famosos foram escritos letra a letra; o maior rio é formado de um conjunto de infinitas gotinhas d’água...
Assim, diante de uma tarefa de matemática, de um brinquedo complicado, de uma página difícil de entender, de um quebra-cabeça que exige atenção, não diga nunca: - Não posso!  Não consigo!  Quando temos perseverança e boa-vontade, enfrentamos qualquer problema com otimismo. As dificuldades são desafios que a existência nos apresenta para nosso crescimento e que são também proporcionais ao nosso aprendizado. Cada fase concluída representa uma conquista que precisamos alcançar para atingir a fase seguinte. Jamais desista de um sonho que pode realizar, pelas dificuldades que sua realização apresente. Utilize sua inteligência, sua força, sua criatividade e sua perseverança para vencer os obstáculos. Diante de um problema maior, lembre-se de fazer uma oração pedindo a ajuda de Jesus e dos guias protetores, e encontrará a resposta que precisa... Então, nunca desista!  Esforce-se e conseguirá. Trabalhando, você vencerá! E sentirá orgulho, a justa satisfação de ter conseguido chegar a realização da sua tarefa. Talvez suas tarefas agora sejam pequenas, mas estará se preparando para realizar outras tarefas, maiores e mais complicadas, mais tarde, quando crescer.  Por isso, siga em frente...    VOCÊ CONSEGUE...

14- PENSAMENTOS PARA VIVER BEM -  1- Adote o hábito de dizer algo amável ao pronunciar as primeiras palavras, pela manhã. Isso estabelecerá sua disposição mental e emocional para todo o dia... 2- Quando sozinho, vigiemos nossos pensamentos; em família, nosso gênio; em sociedade nossa língua! 3- Podemos e devemos ajudar uns aos outros em ocasiões especiais; mas no final das contas, cada um deve aprender a fazer o seu trabalho!... 4- Uma grama de exemplos, vale mais do que uma tonelada de conselhos... 5- Pequeno é aquele que odeia os grandes; grande é aquele que ama os pequenos!.. 6-  É muito bom ser importante; porém é muito mais importante ser bom!
7-  O trabalho, afasta de nós, três males: O vício, a doença e a necessidade... 8-  Quando a ilusão te fizer sentir o peso do sofrimento, como sendo injusto e excessivo, recorda que não segues sozinho. Aprende a entender o serviço e a luta dos semelhantes para que te não suponhas vítima, onde todos somos irmãos, identificados pelas mesmas dores, dificuldades e sonhos... 9- Quantas vezes maltratamos aos outros, tão só por exigir que se realize, de certa forma, aquilo que os outros só conseguem fazer de outra maneira. De atritos mínimos, partimos para atitudes extremas, ferindo até mesmo àqueles a quem mais devemos consideração e amor; implantamos a animosidade onde existia a harmonia. Dediquemos à solução dos problemas, as nossas melhores forças e, vamos reclamar menos e servir mais... 10-  Se o suor te alaga a fronte e se a lágrima te visita o coração, é que a tua carga já se fez menos densa, para a tua ascensão a plano superior. 11-  Creio no Deus que fez o ser humano; não no deus que os homens fizeram! 12-  “... Não vos inquieteis... Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas...”
                                                                                                              
Livro “Otimismo em Gotas”
Livro “Segue-me” de Emmanuel (Espírito)

15- RETRATO DE JESUS - “Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade,  e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, oh César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêm são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são de cor da terra, porém mais reluzentes.
Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.
Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém se a Majestade Tua, oh César, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível. De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.
Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus p têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por esses malignos hebreus.  Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
 Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo...
                                              Públio Lêntulo, presidente da Judéia.

L’indizione sétima, luna seconda”.
(Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tíbério César, em Roma, ao tempo de Jesus).