domingo, 16 de outubro de 2016

ENERGIAS SUJAS





A humanidade depende cada dia mais de energia, mas a produção da energia tem tudo a ver com o aquecimento global do planeta. E o aquecimento se não for controlado ou evitado, pode levar à impossibilidade da existência humana na Terra.
É urgente se questionar: será que a humanidade precisa mesmo de toda a energia que consome para viver e ser feliz? Uma realidade precisa ficar clara: a humanidade não precisa de tudo que as empresas capitalistas produzem. É o marketing que cria as necessidades ilusórias. É possível reduzir muito a quantidade de energia suja, consumida, e suprir com energia limpa, sem prejudicar a vida das pessoas.
Partindo dessa possibilidade, e sendo necessidade imperiosa  rever o consumo de energia, vem à tona a questão: a energia realmente necessária pode ser produzida de forma limpa, sem a emissão de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera, como se dá com o uso do carvão, do petróleo, do gás e das águas das grandes represas,  agravando o problema do planeta.
Ponto de partida: não há nenhuma energia totalmente limpa – a não ser a que o sol e os ventos oferecem naturalmente, sem intervenção humana. Toda geração de energia, atualmente, implica extração de materiais da natureza, sua queima industrial, transformando-os em diferentes fontes de energia. Mas há possibilidade de escolha entre as fontes, assim como é possível tornar mais eficientes e diminuir os efeitos dos processos de industrialização fazendo-os mais eficientes.
É nessa direção que se costuma dizer que a energia produzida pela hidroelétrica seria limpa, porém, afirma-se que a energia eólica é ainda mais limpa, e que a energia solar seria a mais limpa de todas. Em que sentido se usa a expressão adjetiva “limpa?” – O primeiro uso é o comparativo. Por exemplo. A energia hidrelétrica seria mais limpa porque usa fonte renovável, a água dos rios, e não emitiria gases de efeito estufa como as usinas térmicas, que usam como fonte a queima de petróleo, gás, carvão, parecidas com a energia nuclear.
 A prioridade de uma política energética deve ser a diminuição e, se possível, o abandono do uso dos derivados do petróleo, do carvão e do gás. Mas isso não basta. É preciso examinar  os custos sociais e ecológicos da hidroeletricidade. Estudos científicos estão demonstrando que em todas as represas construídas para reter as águas e mover as turbinas, e de modo especial em regiões de alta biodiversidade como a Amazônia, há geração  e emissão significativa de gás metano para a atmosfera. Além disso, sua construção significa interferir nas funções ecológicas dos rios, remoção de algumas comunidades indígenas e ribeirinhas,  derrubada  ou enterro de áreas imensas de florestas, alteração do ambiente de vida de animais das águas e das matas, portanto, nada limpa.
Em relação às usinas nucleares, além dos riscos de contaminação das pessoas, de outros seres vivos, das águas e do próprio solo nos processos de extração, transporte e armazenamento do urânio, basta lembrar os desastres de Fukushima, para perceber que essa energia não pode ser definida como limpa. Outra mentira é a que apresenta os agro combustíveis como energia limpa, por ser gerada a partir de vegetais. Mas, se observarmos no presente o quanto tem aumentado o preço dos alimentos por causa dos solos ocupados com a produção de cana de açúcar, milho, soja, já se percebe como ela é socialmente suja. Além disso, como a produção é feita em imensas monoculturas com muitos produtos químicos e venenos, os estragos socioambientais  são gravíssimos, tornando-a uma energia nada limpa.
Em relação à energia eólica e solar, informamos: 1- Trata-se de fontes renováveis e limpas, proporcionada pelos ventos e pelo sol; 2-  Sua produção e uso é que podem ser consideradas limpas, a saber:  Os processos de produção industrial dos componentes necessários – as torres e hélices dos cata-ventos e as  células fotovoltaicas podem ser realizadas com cuidados e com o uso de mais ou menos energia, e a produção pode ser feita de forma centralizada em grandes usinas ou de forma descentralizada, em casas e prédios, no caso da solar, e em terrenos públicos e espaços comunitários com gestão coletiva, no caso da eólica, tornando-as energias mais limpas. 
Aqui onde moro, na cidade de São Luís, é uma ilha, com ventos e sol muito fortes, principalmente na orla marítima, durante o dia inteiro, onde, se houvesse interesse, seriam colocados os cata-ventos,  usando  a  força  dos ventos,  ou os  painéis  das
células fotovoltaicas, usando o calor do sol, para fornecer a energia limpa necessária a esta cidade e a outros municípios vizinhos. Infelizmente, o setor responsável nada fez até hoje, para aproveitar essas energias que nos são oferecidas pela natureza, e que seriam verdadeiramente limpas sem nenhum prejuízo para os seres humanos.
Esperamos que em algum tempo, as autoridades do Maranhão  se sensibilizem para essa forma de energia barata e limpa e tratem de imitar os outros Estados que já estão agindo assim.

Fonte:
Jornal “Mundo Jovem” – nº 441
Autor:  Ivo Poletto
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Jc.
São Luís, 25/9/2016
                                     


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