segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

QUEM AJUDA OS OUTROS, SE AJUDA

QUEM AJUDA OS OUTROS SE AJUDA

Doar é um ato de amor e faz bem à saúde. Esta frase, que mais parece um dito popular, é na realidade, a conclusão a que chegou um estudo recente, realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos. Exames feitos no Instituto Nacional de Saúde de Bethesda, nos Estados Unidos, em voluntários, usando um equipamento que faz uma ressonância magnética, permitiu saber a reação do cérebro no exato instante em que alguém se mostra disposto a ajudar uma causa nobre. Durante os testes, foram feitas aos voluntários, perguntas do tipo: “Você doaria seu dinheiro às entidades que trabalham pela paz?” ou “Você doaria seu dinheiro para entidades que cuidam de crianças?” Os pesquisadores observaram que toda vez que a pessoa respondia sim, duas áreas próximas ao tronco cerebral apresentavam mais atividades que as outras, justamente onde se dá a fabricação da dopamina, uma substância ligada à sensação do prazer. A pesquisa chegou ainda a outra conclusão que vai deixar muita gente surpresas: que essa satisfação não se associava ao fato de se ganhar dinheiro, mas somente à satisfação de se ajudar uma causa nobre ou de se doar por alguém.

“As decisões de doar foram relacionadas à sensação de compaixão e de admiração. São as duas emoções morais relacionadas a esse ato de se sacrificar para doar por uma causa nobre, por um princípio, por uma boa ação” – explicou o neurocientista Jorge Moll Neto, que concedeu entrevista ao programa “Fantástico” da TV-Globo, realizado em 24 de dezembro de 2006.

No livro “Para uma vida melhor na Terra”, a benfeitora espiritual Rosângela, pela psicografia de José Raul Teixeira, fala sobre a importância do amor na existência, dizendo: ”Se tiveres um pouco de atenção e olhares em torno de ti, encontrarás variadas maneiras de vidas que se reportam ao amor do nosso Criador, em cada movimento. A natureza está sempre oferecendo valores à vida, em homenagem ao Pai Celestial, enquanto também se enriquece de luz, de cores e de harmonia. Se de longe vires um canteiro, onde existam flores, alcançarás somente os matizes multicolores das corolas; porém se te aproximares, sentirás que quando beijada pela brisa, as flores exalam perfumes, dando um pouco mais na beleza terrena. Se olhares a exuberante queda d’agua que despenca da montanha, observarás apenas um soberbo espetáculo de força e vigor. Mas, se te acercares dela, verás um risonho arco-íris que se desenha sobre as gotículas suspensas no ar, a fim de que, ao refletir os matizes da luz, possa ofertar um pouco mais em favor da beleza terrena. Se contemplas ao longe, a neve que inspira friagem e desolação, na branca vastidão do inverno, e se te achegares mais perto, descobrirás as miríades de cristais a refletir os raios do Sol, como pequeninos brilhantes pingentes, no anseio de cooperar um pouco mais no embelezamento do mundo”.

“Se olhares o velho tronco de árvore, apodrecido pelo tempo e abandonado, terás à frente dos olhos apenas um poleiro de múltiplas aves. Entretanto, se te avizinhares, descobrirás um ninho aconchegante e bem arranjado que abriga os filhotes que piam ensaiando o canto do futuro, a fim de tornar mais belas as paisagens terrenas. Se, por entre ameaçadores zumbidos, o enxame de abelhas que se agita te deixa temeroso, não consegues te dar conta do que ocorre de fato. Ao te aproximares, encontrarás uma sociedade organizada, com os trabalhos devidamente distribuídos, sob ordem e obediência, produzindo o mel para quem os necessite, homens e animais, de modo á dar um pouco mais para o bem estar do mundo. Enfim, para onde voltares os olhos, perceberás sempre o louvor que se estabelece com a natureza, dirigido ao nosso Pai Criador. Deus quer que ames e que ofereças um pouco mais de ti à vida. Não te furtes desse destino; não te negues a atender a esse anseio que o Pai Celestial espera de ti. Busca aprender sempre mais, a fim de mais te libertares das cadeias do egoísmo; trabalha com afinco e alegria, para te tornares afinado instrumento nas mãos do Senhor, e ama, porque foste feito a Sua semelhança e porque não deves mais deter o vôo que te fará alcançar o teu destino de felicidade, cujos fundamentos estão na ajuda aos teus semelhantes.”

O Prêmio Nobel da Paz de 2006 foi concedido ao Banco Rural de Bangladesh, na pessoa do seu fundador, o economista Muhamad Yunus, por criar uma rede de microcrédito para os mais pobres, sem qualquer garantia financeira. O Comitê Norueguês da Fundação Nobel, ao anunciar o prêmio, declarou: “A paz duradoura não pode ser alcançada a menos que grandes grupos da população encontrem meios de sair da pobreza”. Esse sistema de microcrédito criado por Yunus, já foi copiado por mais de 100 países, inclusive os Estados Unidos. O prêmio concedido ao bengalês trás a baila a questão da promoção social, prática que não é o assistencialismo – mera doação de bens, sem maiores compromissos com o indivíduo na sociedade. Yunus que é chamado também de “Banqueiro dos pobres”, não dá esmolas, mas ajuda os pobres a ajudarem a si mesmos, proporcionando-lhes o ensejo de iniciar seus próprios investimentos, por menores que sejam. Desse modo incorpora à economia os chamados excluídos sociais, por meio da criação de oportunidades de trabalho...

Algumas pessoas vivem sem despertar suas potencialidades, passando necessidades em função da preguiça e até mesmo por comodismo. Lembramos uma história que ilustra bem esta situação: “Existia uma família que morava em um sítio, em condições de extrema miséria. O panorama era desolador: um casebre em ruína, o matagal cobrindo toda a área, e em cada rosto as marcas do sofrimento. Sobrevivia essa família apenas do leite fornecido por uma vaca. Uma parte era consumida e a outra era vendida. Os vizinhos se compadeciam do sofrimento dessa família e falavam: - Ainda bem que Deus os favoreceu com a vaquinha, pois se não fosse ela, como sobreviveriam? Os dias se sucediam e nada mudava naquele sítio. Porém, num certo dia aconteceu o inesperado – a vaquinha morreu. Diante da situação, apenas uma solução se apresentava para a família, não morrer de fome – trabalhar. Todos então foram à luta; limparam a terra e começaram a plantar. Passado algum tempo, o panorama era outro. Começaram a colher a safra, a casa de taipa deu lugar a uma casa de alvenaria, em vez de uma vaquinha, agora tinham uma vacaria e em cada rosto notava-se a satisfação... Diferente do que parecia uma tragédia, a perda da vaquinha foi a solução para quebrar a preguiça e o comodismo e despertar as potencialidades adormecidas naquela família...”

Todos nós temos os recursos necessários para vencer as crises que a existência nos proporciona. Não devemos permitir que o medo, a preguiça, a acomodação ou mesmo a revolta nos roube a oportunidade de crescimento.

Pelos ensinos dos Espíritos Superiores, pode-se dizer que “promover o ser humano é, acima de tudo, oferecer-lhe condições para superar a situação de penúria sócio-econômica, moral e espiritual em que se encontra. Fazê-lo sentir-se Espírito livre e responsável pelo seu destino é descortinar-lhe as possibilidades que traz adormecidas, em seu interior e que precisam ser trabalhadas por meio do próprio esforço nas experiências do dia-a-dia, a fim de que adquira o de que necessita, não só em termos materiais, mas principalmente, espirituais”. Na visão espírita, a promoção social possui abrangência maior, uma vez que se baseia no verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus, ao recomendar-nos “O amai-vos uns aos outros”, postura a adotar perante o ser em situação de carência, fraternidade, simpatia e respeito, buscando ver nele um irmão em Cristo, para que ele se ligue também a nós pelos laços da amizade.

É nesse sentido que se expressa Allan Kardec: “Amar o próximo como a si mesmo, é fazer aos outros, o que quereríamos que os outros fizessem a nós”; é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do ser humano para com seu próximo, principalmente, aquele que está mais próximo de nós, na família. A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo ainda tão presente no mundo em que vivemos...

O governo brasileiro, através da Lei nº. 5063 de 4 de julho de l966, instituiu o “Dia da Caridade”, a ser comemorado anualmente no dia l9 de julho, com o objetivo de difundir e incentivar a todos, a prática da solidariedade entre os brasileiros e os demais povos aqui domiciliados. A Lei estabelece no Artigo 2º o seguinte: “A organização das comemorações ficará a cargo dos Ministérios da Saúde, Educação e Cultura, constando obrigatoriamente de visitas a hospitais, casas de misericórdia, asilos, orfanatos, creches, presídios e a todos os demais lugares onde a necessidade e a dor se façam sentir.” É bem verdade que a Caridade não se tornará, num passe de mágica, uma instituição nacional só porque o Governo estabeleceu mais um dia no calendário das datas comemorativas do país. Mas o dia l9 de julho representa o reconhecimento oficial da sublimidade contida nos ensinos de Jesus, e bem pode se constituir no marco de uma nova era de entendimento e de boa vontade entre as pessoas. 

Sabemos bem que, esmola, filantropia e Caridade, são três coisas distintas. A esmola é uma doação material, geralmente passageira, sem compromisso com as causas que levaram a pessoa a esmolar. A filantropia, que está associada a um processo de doação, ajuda a pessoa a alcançar outro nível da sua situação de miséria. Portanto, esmola é pura doação; filantropia é promoção, maneira de melhorar o ser humano, dando-lhe outra condição. Já a Caridade é mais de ordem espiritual. Pode ela valer-se de situações materiais como a esmola e a filantropia. A Caridade, porém, é benevolência, é bondade, é indulgência, é amor, um conjunto de sentimentos que brotam do íntimo, irradiando e envolvendo as pessoas e seres, objetos da ação. Para dar esmola ou fazer filantropia, necessitamos de recursos materiais, mas, para fazer a Caridade, precisamos abrir e permitir que nossos sentimentos nobres atuem em favor do nosso próximo. 

Jesus que nasceu pobre e assim viveu que não tinha sequer uma pedra onde repousar a cabeça, como afirmou certa vez, foi o primeiro a praticar a Caridade, que passou a partir daí, a ser definida como uma forma de amor ao próximo, não mais como simples ajuda. Ele a exemplificou, distribuindo á Caridade a justos e injustos, bons e maus, pecadores e publicanos; curou cegos, aleijados, paralíticos, doentes e leprosos... Vamos imitar o Mestre Amado, contribuindo com nossa parcela, para a melhora dos necessitados e sofredores. Um olhar de ternura, um gesto de compreensão, uma palavra de esperança, um abraço de irmão, uma prece fervorosa, um pão repartido, um remédio, uma roupa sem uso, uma contribuição dada com carinho e um pouco de nós mesmos, faz bem ao nosso próximo... mas faz bem primeiro a nós mesmos... Experimente assim fazer e verá.

Recordemos Jesus quando disse: “Vinde, vós que fostes benditos por meu Pai; possuí o reino que vos foi preparado; porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; tive necessidade de abrigo e me abrigastes; estive nu e me vestistes, estive doente, e me fostes visitar; estive preso e viestes me ver...” – “Pois em verdade vos digo; quantas vezes o fizestes, a um destes mais pequeninos necessitados e sofredores, que são meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes...”

A verdade é que nós seres humanos estamos quase sempre a pedir, mas bem poucas vezes nos lembramos de ajudar, de dar a quem precisa. Devemos lembrar que a Caridade é a melhor maneira de nos aproximarmos de Deus. Procuremos imitar as ações de desprendimento e de caridade de Lins de Vasconcelos e muitos outros benfeitores da humanidade. Finalizando, recordo o apóstolo Tiago na sua Epístola, cap.4:l7 onde afirma: “Todo aquele que sabe fazer o bem e não o faz... será responsável pelo mal que resulte de não haver praticado o bem”. 

Sinta a alegria e a satisfação de fazer o bem; por outro lado, quando fazemos o mal, nos sentimos tristes, arrependidos e a nossa consciência fica a nos acusar e a nos alertar de que breve esse mal retornará maior até nós, pela lei de “Causa e Efeito” ou de “Ação e Reação”.

Que o Senhor nos ilumine para a prática do Bem...

Bibliografia:
“Para uma vida melhor na Terra”
“Novo Testamento”

Jc.
S.Luis, 19/02/2007.
Refeito em 21/01/2013

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