domingo, 10 de junho de 2018

O BEM QUE FALTA E O MAL QUE SOBRA





 
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”                                Paulo  (Romanos, 7:19)
Quando o “homem velho” começa a vislumbrar o horizonte espiritual que lhe cumpre palmilhar, e, olhando para dentro de si mesmo, verifica quão vazio estão os alforjes para a viagem, queda-se então em mil perplexidades embrenhando-se nas intrincadas e traiçoeiras regiões do desânimo...
A Doutrina dos Espíritos, revelando a reencarnação de forma cristalina e insofismável, vem em socorro dessas limitações, explicando, consoante ensino do Mestre Lionês:  uma única existência corporal é manifestamente insuficiente para que o Espírito adquira todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. Como poderia o selvagem, por exemplo, em uma só encarnação, nivelar-se moral e intelectualmente ao mais adiantado europeu? É humana e materialmente impossível essa possibilidade! Deve ele, pois, ficar eternamente na fase da ignorância e barbárie, privado dos gozos suavíssimos da Alma que só o desenvolvimento das faculdades pode proporcionar-lhe? O simples bom senso repele tal suposição, que seria não somente a negação da Bondade e Justiça Divinas, mas também das próprias Leis evolutivas e progressivas da Natureza.
Mas Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito tantas encarnações quantas forem necessárias para atingir o seu objetivo: a perfeição relativa. Para cada uma nova existência à matéria, entra o Espírito com o cabedal adquirido nas existências anteriores, em aptidões, nos conhecimentos intuitivos, na inteligência e moralidade. Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso. A volta à existência terrena é inerente à inferioridade dos Espíritos, deixando de ser necessária desde que estes, transpondo-lhes os limites, ficam aptos a progredir nas existências corporais ou no estado espiritual para habitarem Mundos mais Evoluídos, que nada têm da materialidade terrestre. Os que já habitam                                             os mundos evoluídos, a encarnação sempre será voluntária, tendo por fim exercer sobre os encarnados uma ação mais direta e tendente ao cumprimento da missão que lhes compete junto aos mesmos. Desse modo aceitam abnegadamente as vicissitudes e sofrimentos da encarnação sem reclamações.
No intervalo das existências corporais o Espírito volta ao Mundo Espiritual, onde é feliz ou desgraçado segundo o bem ou o mal que praticou. Uma vez que o espiritual é o estado definitivo do Espírito; o que morre é o corpo físico, por ser o estado corporal transitório e passageiro. É na condição de Espírito que ele colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho na reencarnação; é também nesse estado que ele se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há de pôr em prática no seu retorno à humanidade.
O Espírito progride tanto na encarnação como  na Erraticidade, adquirindo conhecimentos que não poderia obter na Terra, e modificando as suas ideias. Os estados corporal e espiritual se constituem a fonte de dois gêneros de progresso, pelos quais o Espírito tem de passar alternadamente, nas existências a cada um dos dois mundos.
Desde já podemos aferir nossa posição evolutiva, auscultando com isenção e humildade o nosso coração, procedendo ao levantamento do bem e do mal que existe em nós. Se já conseguimos fazer o bem que queremos e evitar o mal que não queremos, podemos nos considerar no limiar da tão almejada fronteira da promoção espiritual que nos fará seguir para os Mundos de Regeneração. Se, pelo contrário, ainda não fazemos o bem que queremos e só conseguimos realizar o mal que desejamos evitar, muito ainda teremos que nos ver com as dores e causticantes pesares em dolorosos processos de reajustamento.
A escolha é individual: somos livres para escolher; só não temos essa liberdade com relação à colheita, que é compulsória, conforme revela Jesus, no relato do apóstolo Mateus em seu Evangelho, no capítulo 16:27 que diz: “a cada um será dado de acordo com as suas obras.”

Fonte:
Allan Kardec
Livro “O Céu e o Inferno”
+ Pequenos acréscimos.

Jc.
São Luís, 18/5/2018

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