sábado, 24 de abril de 2010

OS PENTECOSTES NA EVOLUÇÃO

OS PENTECOSTES NA EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE

“O Governo Espiritual do Planeta, deliberou que a mediunidade fosse trazida do colégio sacerdotal e das Igrejas à praça pública, a fim de que a noção de eternidade, através da sobrevivência da alma, despertasse a mente anestesiada do povo”, é a mensagem de André Luis, no livro “Domínios da Mediunidade”.

A revelação divina, em todas as épocas da Humanidade, sempre foi gradativa. Os povos primitivos, iniciantes na fé, receberam pequenas doses de ensinamentos espirituais, condicionados sempre à capacidade de entendimento. Os médiuns – atendendo as próprias condições e limitações – em todas as épocas da história das religiões, foram intermediários das instruções parceladas das Verdades Divinas, estimulando e alavancando o desenvolvimento do raciocínio da crença e o sentimento de fé, aumentando o conhecimento e fortalecendo a vontade dos seres humanos para a conquista do progresso espiritual.

Temos assim, o Pentecostes histórico, entre os costumes do povo judeu, que era uma grande cerimônia, promovida em memória do dia feliz em que Deus entregou para Moisés, as Tábuas da Lei, (os Dez Mandamentos); motivo de grande júbilo para eles, terem sido agraciados, através da mediunidade de Moisés, com a benção espiritual, de receberem em páginas de pedra e letras de fogo, o código da Lei de Deus. O povo judeu fora escolhido devido já possuir a correta crença em um Deus único, facilitando assim a idéia superior de amor, obediência e respeito aos ditames do Pai Criador. Moisés, foi sem dúvida, o grande porta-voz da Espiritualidade Superior, em receber conceitos morais tão elevados de amor a Deus, de justiça divina, da disciplina moral, do profundo respeito às criaturas humanas e o princípio do direito individual.

Para os Cristãos o Pentecostes, é uma festa que se celebra cinqüenta dias depois da Ressurreição de Jesus, em memória da descida do Espírito Santo sobre a cabeça dos apóstolos. Estes, mediunizados e inspirados fizeram as mais belas pregações, em vários idiomas, atendendo a necessidade de divulgação da revelação divina, para os diversos povos que estavam reunidos nessa festa. Emmanuel descreve esse acontecimento memorável para toda a cristandade dizendo: “... os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes, quando associadas as suas forças, por se acharem todos reunidos, os emissários espirituais do Senhor, produziram fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos, vozes diretas, fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os judeus e outros povos de regiões diversas”.

Os apóstolos portaram-se como verdadeiros médiuns, sintonizados com os Espíritos Iluminados, e, falando com grande energia e inspiração. Em Atos dos Apóstolos, cap.2 v.6, está registrado esse acontecimento que deixou todos admirados e assustados, pela magnitude e beleza dos fenômenos reveladores: “Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu à multidão, que ficou perplexa, porquanto cada um ouvia na sua própria língua os ensinos transmitidos”.

Na antiguidade, as revelações espirituais eram ensinadas exclusivamente aos iniciados que fizessem por merecer, depois de demonstrar amadurecimento e interesse perseverante no aprendizado das leis espirituais. A verdade que esteve oculta, tendo em vista o pouco conhecimento dos seres humanos, deverá no Terceiro Milênio, ser conhecida por todos, dos mais simples e analfabetos aos mais orgulhosos e sábios. Assim está escrito no Evangelho de Lucas cap.12 v.2 que mostra a impossibilidade da Verdade ser aprisionada no culto secreto: “Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido”. As Verdades do Céu serão ensinadas doravante não apenas em locais fechados, mas à luz do dia, ao ar-livre da liberdade religiosa, nas praças, nos pátios e em qualquer lugar onde haja o interesse pelo conhecimento espiritual. Profetiza Jesus, quando da chegada do Pentecostes Espiritual, para a humanidade inteira, ao dizer: “Porque tudo o que dissestes às escuras, será ouvido em plena luz, e o que dissestes aos ouvidos, será proclamado dos terraços”. Lucas cap.12 v.3.

Na França, no século XIX, ocorreu outro monumental Pentecostes Espiritual, quando dezenas de médiuns de variadas potencialidades psíquicas, deram sua colaboração de forma eficiente ao Codificador Allan Kardec, na formação das obras básicas da Doutrina dos Espíritos. Sem a participação ativa e edificante de médiuns sinceros, abnegados e anônimos, impossível seria ao Codificador reunir tantos textos doutrinários, da autoria de diversos espíritos, podendo selecionar os melhores entre os bons, pela linguagem e beleza, conteúdo e explicação didática, e registrá-los nas obras básicas... Afirmando essa autoria elevada encontramos no Evangelho de João, cap.14 v.26, o seguinte: “Mas o Consolador, que é o Espírito de Verdade, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. Esse Consolador é a legião de Espíritos Superiores – sábios e amorosos – que, sob a orientação de Jesus, trabalharam com Allan Kardec, na constituição segura, objetiva e clara das obras básicas da Doutrina dos Espíritos.

No prefácio do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, encontramos esta bela explanação: “Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, como um imenso exército que se movimenta, ao receber a ordem de comando, espalham-se por sobre toda a face da Terra”. Os Espíritos sábios não operaram somente com Kardec, mas com todos os médiuns sérios em diversos grupos na França e em vários outros países da Europa. Surgiram por toda parte belas mensagens, textos doutrinários de profunda moral, grandeza filosófica e clareza científica, de ótimo conteúdo, possibilitando a Kardec aproveitá-los nas obras da Codificação e na Revista Espírita. O Pentecostes espiritual do século XIX na verdade, era a invasão grandiosa e poderosa de legiões invisíveis – Espíritos de Luz – que trabalharam com muito amor e responsabilidade, união e fraternidade, tendo como único e sagrado objetivo, a Codificação da Doutrina dos Espíritos.

Chegou o momento exato em que o Pentecostes da Verdade será ensinado a todas as criaturas, e a todos os povos, no íntimo de todas as classes sociais, no seio de todas as famílias, no meio de todas as organizações religiosas, em todos os ambientes intelectuais e científicos, e em todos os círculos do pensamento humano. Mesmo que os seres humanos não estejam preparados e nem queiram ouvir e conhecer a Verdade, ela será trombeteada por todos os lugares e recantos da Terra. Os Espíritos do Senhor têm a sagrada missão de espalhar com amor, as sementes da Verdade. Não encontrarão barreiras intransponíveis, nem portas fechadas, nem grades de ferro da intolerância, pois penetrará a Verdade com facilidade, a maneira do ar, que corre livre e solto, da luz solar, que avança dando vida, e das ondas hertzianas que atravessam com rapidez, imensas distâncias. As certezas espirituais deverão penetrar de forma gradativa, crescente e esclarecedora, na mente e nos corações das criaturas descrentes e indiferentes...

A humanidade está alcançando a face do amadurecimento em que a mediunidade não mais será tratada como coisa do demônio, pacto com as trevas, instrumento de feitiçaria e fenômeno do ocultismo. A manifestação dos fenômenos mediúnicos na humanidade, fará com que os seres humanos passem a tratar de maneira natural, sem estranheza e sem medo, sem condenação e sem proibição. Eles perceberão nela o sentido espiritual, despertando as criaturas de todas as classes, raças e religiões, para o contato com o mundo invisível, recebendo comprovações, advertências e ensinamentos.

Será o desabrochar das faculdades mediúnicas em todos os lares, ocorrendo nos jovens como nos mais idosos; todos receberão ensinamentos devido à presença benigna mais intensa dos espíritos no cotidiano dos encarnados. Será a Espiritualidade Superior bem mais perto dos pensamentos e sentimentos, idéias e anseios das criaturas, trazendo-lhes as luzes de que tanto necessitam. A mente das criaturas já está amadurecida para melhorar a qualidade e aumentar o conhecimento das leis espirituais, tão necessárias para a regeneração da humanidade, tão afastada das coisas divinas.

O Pentecostes mundial está cada vez mais presente no cotidiano espiritual pela mediunidade das pessoas. Pela multiplicidade dos fatos e acontecimentos espirituais, os seres humanos serão levados a pensar na existência do espírito, no mundo espiritual, na imortalidade da alma, na individualidade do espírito, na existência de Deus, na reencarnação e na comunicação dos espíritos, na importância dos valores morais e no valor imenso do amor e da caridade para a felicidade humana. Sob a direção bondosa de Jesus, essa presença aconteceu em todo o século XX e vai acontecer de forma crescente em todo o século XXI e em todo o terceiro milênio.

“Os Espíritos Iluminados estão liberados para entrar em contato mais direto, tanto encarnando no mundo como assistindo as criaturas, no sentido de esclarecê-las e despertá-las para a realidade da vida espiritual”. Tudo isso acontece a fim de que a humanidade seja convocada ao conhecimento das verdades divinas, tão necessárias para a melhora do mundo. As comunicações inteligentes e as aparições dos espíritos acontecerão nos lugares mais diversos, desde o ambiente familiar até às enfermarias dos hospitais, na tela dos televisores, vozes ao telefone, como também no socorro espiritual ante os perigos da existência humana. Doravante, multiplicar-se-ão os fenômenos mediúnicos e as comunicações inteligentes e instrutivas, atrairão a atenção dos seres humanos para meditar e refletir acerca das verdades espirituais.

É oportuno ressaltar que foi por intermédio do processo mediúnico, em materializações sublimes, que Jesus ergueu o ânimo dos apóstolos, incutindo-lhes inabalável convicção quanto à imortalidade e a grandiosidade daquele movimento renovador a que eram convocados. Sob inspiração das gloriosas manifestações de Jesus, foi que a primitiva comunidade cristã enfrentou toda sorte de perseguições, regando com suor, sangue e amor, a árvore nascente do Cristianismo, para que o Evangelho se estabelecesse na Terra, como supremo marco de luzes, alicerce sublime para a edificação do Reino de Deus.

O mais grave equívoco dos dirigentes cristãos foi eliminar o intercâmbio com o Além, a partir do Cristianismo adotado como uma das religiões oficial. Atrelado ao poder temporal, o movimento nascente perdeu o contato com a espiritualidade maior, já que as orientações que chegavam dos Espíritos Superiores, contrariavam as tendências assumidas, voltadas para o culto exterior, as pompas e regalias, ignorando os propósitos preconizados pelo Mestre Amado. Isso tudo apenas veio confirmar as previsões de Jesus, na última ceia, quando informou Ele aos seus apóstolos que seus ensinamentos seriam esquecidos.

A partir de então, sem as diretrizes da espiritualidade, os teólogos cristãos enveredaram pelos caminhos percorridos pelos romanos, na concepção fantasiosa dos rituais, dos dogmas, que serviram de instrumentos terríveis de aniquilamento da razão e dos ensinos de Jesus...

Chegou o momento esperado em que a Verdade Espiritual vai de forma contínua e insistente, a todas as portas fechadas pela ignorância e descrença, fanatismo e dogmatismo, abrindo-as, pacificamente, para o entendimento das realidades espirituais e a pureza e beleza dos ensinamentos de Jesus. Falará com paciência aos débeis de fé, abrirá os olhos dos incrédulos, enternecerá o coração dos endurecidos, confundirá os negadores sistemáticos e fanatizados, fará brotar a esperança nos desiludidos e oferecerá oportunidades aos que desejam entendê-la com fé racional, sustentada na lógica e no bom senso. Desse modo, os Espíritos sábios e amorosos, sob a orientação de Jesus promoverão o Pentecostes Mundial, atendendo a vontade soberana de Deus: A Luz da Verdade será para todos os Seus bem amados filhos...

“E acontecerá nos últimos dias, disse o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos...”


Bibliografia:
Livro “Domínios da Mediunidade”
“ “Bíblia”
“ “Evangelho Segundo o Espiritismo”


Jc.
S.Luis, 16/05/2004.

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

Para uma melhor compreensão de como definir a mediunidade, sabemos que ela se divide em duas denominações: Mediunidade Natural: À medida que o ser humano evolui e se moraliza, adquire mais faculdades psíquicas e aumenta consequentemente, sua percepção espiritual; Mediunidade de Prova; Esta aflora em determinada ocasião, para utilização imediata, na prática mediúnica, como cooperação compulsória e em benefício de todos.

Há muitas teorias e explicações sobre os fenômenos da mediunidade. Vamos comentar algumas delas. Comecemos pela 1ª teoria da mistificação: Esta prega que tudo é arranjos, truques, ilusão. 2ª teoria da ilusão: Esta alega que nada há de real; só ilusionismo. 3ª teoria demoníaca: Esta declara que tudo é obra dos demônios, pois só o diabo pode falar com os vivos e fazer-se passar por espíritos dos mortos. (segundo esta teoria, Jesus ao invocar os espíritos de Moisés e Elias no Monte Tabor, para demonstrar a imortalidade dos espíritos, estava praticando um ato demoníaco?) 4ª- teoria dos elementais: Os elementos da natureza, seres não humanos, como gnomos, silfos, fadas, gênios, etc., podem atuar sobre os seres humanos em certas circunstâncias, produzindo manifestações e fenômenos. 5ª- teoria da loucura: Afirma que todos os médiuns são pessoas anormais, loucas pacíficas, e tudo o que dizem e fazem é resultado de sua própria perturbação mental. 6ª- teoria do automatismo psicológico: Toda idéia tende a realizar-se e as manifestações ditas mediúnicas são simples fenômenos do subconsciente individual. 7ª- teoria da força psíquica: Informa que há pessoas que possuem uma força especial; magnetismo, fluido nervoso, ou outra qualquer coisa que produz os fenômenos. 8ª- teoria de São Martinho: Aceita que pode-se chegar, pela graça dos próprios méritos, a estabelecer ligações com a divindade. 9ª- teoria do Dom: Declara que a mediunidade é um dom que será derramado sobre uns, segundo a vontade de Deus. 10ª- teoria do batismo do Espírito Santo: A mediunidade é uma virtude que baixará sobre todos aqueles que forem beneficiados pelo Espírito Santo. 11ª- teoria do animismo: Declara que o médium sofre um desdobramento de consciência que produz os fenômenos, psíquicos e físicos. 12ª- teoria Espírita: Informa que as pessoas denominadas médiuns, possuem uma aptidão especial para servirem de intermediários entre o mundo espiritual e o mundo físico. Esta é a teoria dominante, que explica a maioria dos fatos, e é confirmada pela realidade. A Doutrina Espírita não nega que haja fenômenos de psiquismo, de animismo individual, como se costuma dizer.

Se as próprias Escrituras dão à mediunidade como uma herança do ser humano compreende-se que ela não é privilégio de alguns, mas patrimônio comum de todos, apenas ressalvando, em graus diferentes. A faculdade mediúnica, tanto a natural como a de prova, não é fenômeno dos nossos dias, conforme explica a Doutrina dos Espíritos, mas sempre existiu, desde quando existe o ser humano. Foi principalmente por meio dela que os Espíritos Superiores puderam interferir na evolução do mundo, orientando-o, guiando-o, protegendo-o. Nas épocas em que a humanidade vivia no regime de clãs ou de tribos, a mediunidade era atribuída a poucas pessoas, que exerciam um verdadeiro reinado espiritual sobre as outras pessoas. Passou depois para os círculos fechados dos colégios sacerdotais, criando então castas privilegiadas; e por fim, foi difundido entre os povos, dando nascimento aos videntes, profetas, adivinhos, pitonisas, que passaram a exercer influência nos meios onde atuavam.

Na Índia, na Pérsia, no Egito, na Grécia e em Roma, ela sempre foi utilizada como fonte de poder e de dominação, e tão preciosa era que originou a condição de ser concedida por meio de iniciação, a poucas pessoas. Ainda hoje verificamos a existência de seitas e fraternidades que realizam a iniciação sob as mais rigorosas condições de mistério e formalismo. Somente após o advento da Doutrina dos Espíritos, as práticas mediúnicas se popularizaram e foram postas ao alcance de todos, sem restrições, formalismos e segredos.

A Bíblia está cheia de passagens e manifestações obtidas por meio da mediunidade. Samuel, no Livro I, cap. 9 v. 9, assim o demonstra, dizendo: “Dantes quando se ia consultar a Deus dizia-se vamos ao vidente; porque os que se chamam profetas, chamavam-se videntes”. As pragas que Moisés lançou sobre o Egito; o maná que alimentava os judeus; as fontes que jorravam das rochas, tudo era afirmação do poder mediúnico de Moisés. Temos também os fenômenos de transporte, constante em II de Reis, cap.6 v.6; de levitação, Ezequias, cap.3 v.14/15, e Atos dos Apóstolos, cap.8 v. 39/40; de escrita direta, em Êxodo, cap. 32 v.15/16; de consulta feita por Saul, invocando o Espírito de Samuel, na gruta do Endor, Samuel I, cap. 28 v. 7 a 20.

No Novo Testamento, temos Maria de Nazaré, recebendo o Espírito que veio lhe anunciar a gravidez. Jesus no Monte Tabor, ao se transfigurar e aparecerem os espíritos de Moisés e Elias, materializados aos apóstolos, não foi uma manifestação mediúnica? Jesus quando apareceu a Madalena, após se libertar do corpo físico, não foi outra manifestação mediúnica? E quando apareceu por duas vezes aos seus apóstolos que, com receio dos judeus, estavam trancados em um quarto, e Jesus apareceu no meio deles, não foram outras manifestações mediúnicas de materialização?.

Léon Denis pergunta: “Os apóstolos de Jesus foram escolhidos por serem sábios ou por que possuíam notáveis qualidades mediúnicas? Tanto os apóstolos como os discípulos, durante o tempo de seus trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando mencionar Paulo e João Evangelista; um o mais dinâmico e culto, o outro o mais amorável e místico. O que representou o Pentecostes, senão uma entrega de faculdades mediúnicas aos seus seguidores? Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos, que instruções eram dadas escritas e enviadas às comunidades, para regular a sua prática.

Entretanto, a partir do Concílio de Nicéia, no ano de 325, formaram-se duas correntes opostas; uma querendo permanecer no cristianismo primitivo e a outra se esforçando por progredir no mundo dos homens. A partir daí, a Igreja, mais tarde chamada católica-romana, esquecendo os três séculos de vida exemplar, e repudiando os ensinos do Mestre, no sentido da humildade e pobreza, da fraternidade e do amor, associa-se aos poderosos para obter o domínio do poder temporal. Essa Igreja toda poderosa pela oficialização feita por Constantino, declara que a mediunidade é ilegal, herética, obra de magia demoníaca, passando a mover-lhe grande perseguição, renegando todos os atos mediúnicos praticados por Jesus e seus apóstolos, e seguindo o exemplo dos fariseus do Sinédrio, que já taxavam de práticas do demônio, os atos praticados por Jesus.

Apesar dos testemunhos e protestos apresentados por vários luminares da Igreja, como: Gregório de Nissa, Clemente de Alexandria, Tomás de Aquino, frade Agostinho e outros que praticavam o mediunismo, ela não voltou atrás, e, por séculos e séculos, procurou abafar o pensamento e o espírito de compreensão dos fenômenos mediúnicos, por meio de julgamentos sumários, condenações e sacrifícios de milhares de vítimas. Não satisfeita a Igreja criou a Inquisição numa época de obscurantismo, para destruir a revelação divina. Foi então que os Espíritos Superiores tiveram que intervir para orientar o movimento e impedir que essa situação perdurasse por mais tempo e ultrapassasse os limites permitidos, prejudicando o progresso ou retardando-o demasiadamente.

Para modificar essa situação os Mentores Espirituais determinaram o aparecimento de novos médiuns de ampla capacidade, em todas as partes do mundo. Esses médiuns foram realmente excepcionais; submeteram-se a toda espécie de testes e os relatórios firmados por comissões científicas de várias partes foram acordes em reconhecer que a vida realmente continuava além túmulo, e que era inegável o intercâmbio entre os vivos e os mortos. Essa foi a missão das irmãs Fox, de Allan Kardec o Codificador, de notáveis cientistas, como: Crookes, Du Prel, Lombroso, Myers, Flamarion, Leon Denis, Conan Doyle, Bozzano, Delane, para citar somente os mais conhecidos. E assim, com o auxílio desses sábios, foi posto um freio ao materialismo da Igreja dominante, dada à nova orientação do pensamento religioso, através da Doutrina dos Espíritos, e o retorno ao cristianismo primitivo, com a implantação dos fundamentos da verdadeira espiritualidade, por meio da mediunidade.

Jesus foi, na verdade, o grande médium de Deus, junto aos seres humanos, transmitindo e realizando Suas tarefas. O mundo desde então, vem evoluindo mais depressa. Graças aos cientistas e médiuns que foram inegavelmente os artífices dessa grande vitória O conhecimento atual, porém, é ainda restrito porque estamos, em relação ao Universo, muito abaixo na escala evolutiva; o ser humano vai aprendendo lentamente. Para as ações e experiências no terreno material, bastam à inteligência e os sentidos físicos; mas para as ações no campo extra-físico, necessita de faculdades outras, de elementos novos e da consciência espiritual. Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, Deus deu ao ser humano a visão, os sentidos e órgãos especiais. Assim como o telescópio projeta nossos olhares nos espaços infinitos, com o microscópio, descobrimos o mundo infinitamente pequeno. Para penetrar no mundo invisível, Deus deu-nos a mediunidade, cuja missão é santa, porque sua finalidade é rasgar os horizontes da vida eterna.

Portanto, a sensibilidade individual, desenvolvida além dos limites considerados comuns, resulta na faculdade de ver coisas que os outros não vêem; ouvir o que normalmente não é ouvido, sentir de modo anormal, e produzir fenômenos considerados absurdos, em face das leis gerais de análise e julgamento. Esse indivíduo é considerado um desequilibrado, segundo o modo de entender dos leigos e dos pretensos sábios, que não entendem nada de mediunidade.

Nos homens primitivos, que viviam ainda muito pelo instinto, a sensibilidade não ia além da epiderme, e agia somente nos limites do ambiente, para a manutenção da existência. Sentia o calor, o frio, a fome, o medo, etc... Depois, passou o ser humano a compreender a natureza externa, naquilo em que ela influía diretamente na sua existência. Sentiu o vento e não mais se atemorizou; produziu o fogo e aqueceu-se nele; viu a chuva e a abençoou; passou a caçar e saciou a fome. Aplicou-se mais e promoveu a ligação entre as comunidades, iniciando assim os primeiros passos no terreno da coletividade; sentiu os reflexos e as conseqüências da vida em grupo e esboçou então os primeiros rudimentos de leis. De esforço em esforço foi avançando lentamente e sempre.

Assim, vem sendo até hoje, quanto mais evoluído, inquieta-se com o sofrimento alheio, organizando a vida social em padrões mais justos e legislando com maior expressão fraternal, a caminho do mundo renovado, em bases aproximadas do ideal evangélico. Num grau diferente, o sensitivo, médium renovado, penetrará nos mundos além-matéria, surpreendendo seus aspectos e mais ainda, devassará os mundos espirituais, vedados aos olhos e entendimento dos que ainda se encontram em atraso espiritual. Infelizmente, como estamos vendo, a grande maioria dos seres humanos permanece à margem da extensa renovação espiritual que está se processando no planeta, por não ter ainda sua atenção despertada para essas verdades, as únicas capazes de reformá-los moralmente, em virtude de estarem ainda vivendo exclusivamente para a vida material e reduzindo suas satisfações nas paixões dos instintos. De nada lhe valem os convites, os esforços e a dedicação dos companheiros encarnados e desencarnados, que se inquietam com a posição de inferioridade evolutiva, porque se fazem cegos e surdos, impermeáveis a todos os esclarecimentos.
Para eles, a Terra ainda é a moradia natural e bem agradável.

Apesar dos avanços extraordinários da ciência, e porque este avanço ainda não se deslocou do terreno material, o intercâmbio entre os mundos físico e extra-físico continuou a depender inteiramente da faculdade mediúnica. A Doutrina dos Espíritos, como a Terceira Revelação, levantou grande parte do véu misterioso que se opunha a esse intercâmbio e criou um corpo doutrinário perfeito e facilmente acessível, para benefício de toda a humanidade. Por outro lado, os médiuns, em sua generalidade, não são missionários como muitos pensam; quase sempre são espíritos que regressam ao orbe terráqueo para se redimirem e se sacrificarem em favor do grande número de almas que talvez tenham prejudicado e desviado das sendas luminosas das virtudes da fé e da caridade.

Já sabemos que as manifestações mediúnicas se dividem em dois aspectos fundamentais. A faculdade própria do espírito, chamada Natural, conquista realizada durante as existências anteriores, quando adquiriu e atingiu graus mais elevados da escala evolutiva. Entretanto, existem pessoas com moral inferior, de sentimentos imperfeitos, que possuem faculdades mediúnicas as mais diversas. Se a posse de faculdade depende da elevação espiritual, como pode tais pessoas possuí-las, enquanto outras pessoas mais evoluídas não as possuem? Como entender isso? Trata-se, porventura, de anomalias ou de privilégios? – Sabemos que nem uma nem a outra coisa! Aí é que entra o 2º aspecto das manifestações; a faculdade transitória, chamada de Prova. É uma dádiva de Deus, concedida a título provisório, a certos espíritos, em determinadas situações, para que, através do trabalho mediúnico, servindo como intermediário aos espíritos desencarnados, para suas manifestações, tenham oportunidade de quitar e resgatar dívidas do passado, despertando para o esforço redentor. Nestes casos, os que cumprirem a missão sobem um degrau na escala da evolução e os que fracassam, sofrem as conseqüências do trabalho que deixaram de executar.

Verdadeiras multidões de espíritos recebem as faculdades de Prova e reencarnam principalmente, quando o mundo está passando por um novo período de perturbação, que antecede a um novo processo de renovação e progresso. Claro que os médiuns que possuem hoje sensibilidade já evoluída, colhem o que plantaram em existências anteriores; recebem o resultado das experiências que já realizaram, das provas que suportaram, da evolução que conquistaram. São esses os que, sem passarem pela dor, adotam mais depressa e sem vacilações, os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos, porque já têm, para as verdades que ela ensina, mais acentuada a afinidade espiritual.

Finalizando, vejamos o que dizem os Espíritos Superiores sobre este particular: “Quando encontramos um médium com o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua existência atual, e o seu espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em existências anteriores, de natureza a nos facilitar as manifestações mediúnicas, facilitando as comunicações, dele de preferência nos servimos porque com ele o fenômeno do intercâmbio se torna mais fácil, do que com o médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos”.

Dessa maneira, compreendemos que o valor das manifestações mediúnicas e suas naturezas, residem no grau de evolução e na sensibilidade orgânica possuída pelo médium, em contato com os planos espirituais...



Bibliografia:
“Mediunidade” de Edgard Armond
A Bíblia
Doutrina dos Espíritos


Jc.
24/05/2003

sábado, 17 de abril de 2010

OS TEMPLOS DE ADORAÇÃO

OS TEMPLOS DE ADORAÇÃO

Os estudos antropológicos afirmam que as sociedades mais primitivas, já desenvolviam o culto de adoração às divindades. Inicialmente, os elementos da Natureza foram divinizados; mais tarde, tomando o efeito pela causa, os seres humanos elevaram os mensageiros espirituais ao grau de deuses... Depois, passaram a edificar templos para adorar as forças superiores, os diversos deuses. Templo é uma denominação genérica dada a qualquer estrutura arquitetônica, destinada ao culto de um ou mais deuses.

A princípio, os seres humanos dirigiam suas orações aos deuses, do cimo das altas montanhas, isto quando não procuravam o recolhimento nos bosques e florestas. Os templos datam da época em que alguns sítios destinados ao culto religioso, passaram a ser protegidos por muros, ficando a parte de cima descoberta, a fim de que pudessem, do seu interior, divisar os céus.

Os primeiros templos surgiram na Mesopotâmia, por volta do quinto milênio antes de Cristo. Os templos mesopotâneos, pequenos e em forma de círculo, construídos com tijolos secos ao sol, eram bastante simples, com a abertura de acesso, e ao fundo, uma parede lisa e nela a estátua do deus a cujo culto era o templo dedicado. No terceiro milênio a/C, eles evoluíram para um formato quadrado, adquirindo mais tarde, a configuração retangular. No Egito, na época da 4ª dinastia, eram comuns os templos em forma de pirâmide. Nos templos gregos, cuja arquitetura influenciou a romana, destacavam-se as colunas, que sustentavam o frontão com os encaixes esculpidos, que mais tarde iriam circundar todo o templo. Esse tipo de templo se expandiu por todo o antigo Oriente Médio, influenciando até o Egito, durante o período do Novo Império.

E foi assim que no Oriente, os templos se multiplicaram; no Egito, as pirâmides e túmulos foram edificados; a Acrópole, na Grécia, berço da cultura ocidental, criaram-se muitos santuários. O templo grego era diferente, construído de forma retangular, ocupando o topo de uma base de três degraus. Os mais famosos e antigos templos helênicos foram: O de Diana, em Éfeso; de Apolo, em Mileto; de Júpiter, em Atenas; de Ceres, em Elêusis. Delfos resplandecia com o oráculo erigido em homenagem a Apolo. Já os romanos davam nome de templo às estruturas religiosas fundadas pelos reis e imperadores. Roma era cheia de deuses de pedra, importados da tradição helênica, inclusive, eram construídos altares nas casas das famílias nobres romanas.

Os templos budistas denominavam-se “estupa” na Índia, e “pagode” na Birmânia, contendo algumas relíquias de Buda. Pagodes são também os templos da China e do Japão, que são construídos de madeira. Muitos templos hindus, tibetanos e chineses foram construídos nas rochas, sendo o mais célebre deles o de Ajanta, na Índia.

Os templos maias, incas e astecas, na América, foram construídos de tijolos e madeira, muito similares aos templos do Egito. Somente os silvícolas não possuíam templos, pois adoravam a Natureza, por meio dos totem que representavam animais, plantas e objetos, considerando os antepassados, e por esse motivo, venerados por eles.

Na Judéia, no monte Moriá, os israelitas, representando a idéia monoteísta, fundaram o grande e famoso templo de Jerusalém, idealizado por Davi e construído por seu filho Salomão, que representava toda a grandeza daquele povo. A sua construção levou 3 anos, de 1006 a 1003 a/C.; foi destruído pelos caldeus, em 587 a/C.; reconstruído por Zorobabel, no tempo de Ciro; danificado por Pompeu em 63 a/C. e, reparado por Herodes, o Grande. O templo era constituído de dois retângulos concêntricos, separados por enormes pátios dos gentios. A porta central, no primeiro retângulo, tinha três entradas e várias colunas de mármore. Dessas colunas desciam cortinas azuis, brancas, vermelhas e roxas, simbolizando os quatro elementos da Natureza: ar, água, fogo e terra.

Nos vários pátios, ecoavam as orações ao grande Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó. No ano de 1.118 foi criada em Jerusalém, uma ordem militar e religiosa denominada “Os Templários” com a finalidade de proteger a cidade, o templo e os peregrinos. Por decisão do papa, essa ordem foi declarada extinta em 1.312, dando origem aos maçons, que não se conformaram com a extinção da ordem. Nesse templo majestoso, no pátio dos gentios, Jesus proclamou muitos ensinamentos. Certa ocasião em que Jesus tendo saído do templo, ia-se retirando quando se aproximaram dele os seus apóstolos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: “Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”. Nos anos 70 d/C, conforme Jesus previra, o templo majestoso de Jerusalém, construído pelo rei Salomão, foi completamente destruído, restando apenas um muro que é denominado de “muro das lamentações”, onde os judeus atualmente fazem as suas orações.


A história registra que todos esses templos mundialmente conhecidos, foram ou estão sendo corroídos e consumidos pelo passar dos tempos... Dos oráculos e santuários gregos, restaram apenas as ruínas; nas terras dos faraós, os mausoléus, pirâmides e esfinge, aos poucos vão sendo destruídos pelo tempo. Todos os templos e construções de pedra são perecíveis, pois que estão sujeitos à modificações e as transformações da matéria.

Os grandes sistemas religiosos de formação mais recente, também possuem os seus templos chamados de: Basílicas, igrejas e capelas, onde antigamente também funcionavam como cemitérios de reis, fidalgos e religiosos pertencentes ao Catolicismo; templos, no Protestantismo; mesquitas, no Islamismo e finalmente, Centro Espírita, na Doutrina dos Espíritos, sem o aparato e o luxo das construções arquitetônicas grandiosas.

O Espírito mais perfeito que Deus enviou à Terra para nos servir de guia e modelo, Jesus, no seu diálogo inesquecível com a mulher samaritana, no poço de Jacó, ensinou que “Deus é Espírito, e importa que o adoremos em Espírito e Verdade”, e nos informou existir outro templo mais valioso e imperecível. Jesus fazia do seu corpo um verdadeiro templo de adoração a Deus; seu santuário era a própria Natureza, reveladora da presença divina; seu altar, a própria consciência que se elevava, em qualquer hora e lugar, para a comunhão com o Senhor do Universo, através da oração. O templo verdadeiro é o que existe em nós mesmos e também o da Natureza cheia de esplendor que nos cerca.

Vivendo numa época caracterizada por dogmas e crendices, Jesus freqüentou as sinagogas e o majestoso templo do monte Moriá (Jerusalém), sem apegar-se às fórmulas e normas vigentes. Interessava-se pelas almas e precisava ir onde o povo se reunia, a fim de pregar a sua mensagem, dando destaque a essência dos ensinos, aproveitando o espaço físico destinado às atividades espirituais, dando preferência a lugares onde a natureza lhe permitisse maior assistência aos necessitados.

Hoje, vinte séculos depois, ainda são construídos templos suntuosos para orgulho e admiração de muitos, onde Jesus ainda é representado por imagens de barro, estátuas de madeira ou bronze, em altares luxuosamente ornamentados, em contraste com a simplicidade dos montes e das cidades onde Jesus fazia suas pregações. Erguem-se também templos magníficos para impressionar as pessoas, onde é lida a Bíblia, sem maiores preocupações com a fraternidade e a caridade exemplificadas por Jesus; também são feitas construções modestas, núcleos espíritas, com simplicidade, para o estudo das lições contidas no Evangelho de Jesus e na Doutrina dos Espíritos, o Consolador prometido por Jesus, para restaurar o Cristianismo primitivo. Sendo uma religião do Espírito, dispensa toda e qualquer prática exterior de adoração, todo e qualquer simbolismo, desenvolvendo, através do estudo doutrinário, da fé raciocinada, a prática da fraternidade, pela caridade e pelo amor ao próximo.

Vários são os rituais praticados nesses templos. Ritual é formado de um conjunto de regras; ações relacionadas às religiões e ao misticismo, que podem ser realizadas individualmente ou em conjunto. O ritual também é chamado de simbolismo, destinado a lembrar fatos, crenças ou mitos de fé, como também de cerimonial, quando há necessidade de vestimentas e outros aparatos que são utilizados em casamentos, formaturas, velórios, etc.

O ritual é considerado psíquico quando pretende interferir ou modificar o estado físico. É usado para acionar ou bloquear as energias e/ou forças sobrenaturais (espirituais). Nesse ritual são usados certos elementos, como: Orações, destinadas a pedir e agradecer a Deus, as bênçãos recebidas; palavras, que têm poder e força e, por isso, devem ser usadas cautelosamente; mãos, que Jesus usava, impondo sobre as pessoas, liberando as energias que curavam, e que devem ser usadas de acordo com as necessidades; e ainda, outras utilidades como, incenso, imagens, roupas, bebidas, charutos, etc.

São também usados alguns instrumentos (objetos) que servem de auxílio, como: Livros, que contêm as orientações, os ensinos e as ordenações; água que é usada ainda para o batismo; taças, que servem para colocar água ou vinho; sal, que serve para limpar o ambiente e dar proteção; velas, que representam o ato de vigília, usada também como luz que protege da escuridão.

De todos esses instrumentos, a Doutrina dos Espíritos adota a oração (prece), que é feita para agradecer e pedir benefícios para todos os que estão necessitados do amparo espiritual; os livros, que nos trazem os conhecimentos para que possamos fazer através das boas ações, a nossa evolução; as palavras, usadas nas palestras para transmitir aos outros os ensinos do Evangelho; as mãos, usadas para transmissão de energias aos necessitados, através do passe; água, que é o veículo mais receptivo às energias espirituais, que fluidificada pela oração, pode trazer benefícios a quem necessita, e, segundo o merecimento da pessoa, a cura das suas enfermidades.

Se, queremos seguir os ensinos de Jesus devemos nos concentrar no estudo e na vivência do aspecto doutrinário, a fim de contribuir para o esclarecimento e o entendimento do que seja o Evangelho de Jesus e a Doutrina dos Espíritos; quais as responsabilidades do Centro Espírita e de seus integrantes. Que estas palavras possam chegar ao seu coração, despertando-lhe para a necessidade e responsabilidade do serviço evangélico, a fim de que possa reconhecer que, se há almas enfermas tentando contra a obra do Senhor, aproveitando as fraquezas humanas, também existem muitos benfeitores espirituais que apóiam, protegem e incentivam todo aquele que coopera de maneira honesta e verdadeira, sem lhe tirar a oportunidade, o mérito do aprendizado e seu testemunho.

Pratiquemos a vigilância, a oração, o estudo e o trabalho, guardando a certeza de que: - o que quer que venha a nos acontecer, fruto da nossa boa ou má atuação, será sempre a colheita do que houvermos praticado, além de comparecermos ao tribunal da própria consciência, convertida em juiz das leis divinas, na prestação de contas dos nossos atos praticados na presente existência.


Que o Senhor nos dê o entendimento e a força necessária para seguirmos o bom caminho ensinado por Jesus.



Bibliografia:
“Novo Testamento”
Livro “O Redentor”


Jc.
S.Luis, 10/03/2009

sábado, 27 de março de 2010

OS TALENTOS

OS TALENTOS

Em Mateus, Cap.XXV vrs. 14 a 30, encontramos a “Parábola dos Talentos”, que diz: “Um senhor que, partindo para outro país, chamou os seus servos e entregou-lhes alguns bens: ao primeiro, deu 5 talentos; ao segundo, deu 2 talentos; e ao terceiro, deu 1 talento, de acordo com a capacidade de cada um, e disse-lhes: Negociai até eu voltar”, e seguiu viagem. O que recebera 5 talentos, foi imediatamente negociar com eles e após algum tempo ganhou outros 5 ; o segundo fez do mesmo modo que o primeiro e ganhou também outros 2. Mas o que tinha recebido só 1 talento, fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor.

Depois de algum tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera 5 talentos, apresentou-lhe mais outros 5, dizendo: “Senhor, entregaste-me 5 talentos e aqui estão outros 5 que ganhei”. O seu senhor lhe disse: “Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entre no gozo do seu senhor”. – Chegou também o que recebera 2 talentos, e disse: “Senhor, entregaste-me 2 talentos; aqui estão outros 2 que ganhei”. Disse-lhe o seu senhor: “Muito bem servo bom e fiel, já que foste também fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do seu senhor”. – E chegou por fim o que havia recebido só 1 talento, dizendo: “Senhor, eu sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não puseste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu”. Porém o seu senhor respondeu: “Servo mau e preguiçoso, sabias que era severo e por que então não entregaste o meu dinheiro ao banqueiro, e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros? Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez talentos; porque a todo que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não têm até o que tem ser-lhe-á tirado. E a esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”.

É interessante notar que Jesus ao contar esta parábola, não fez menção a “dracma”, que era o dinheiro em circulação naquela época. Falou Ele de “talentos”, na narrativa de Mateus, que foi seu apóstolo e que vamos analisar.

Todos somos filhos de Deus, e o Pai reparte igualmente com todos, os talentos; a uns dá mais, a outros dá o necessário, a outros menos; sempre de acordo com a capacidade e o merecimento de cada um. A uns, dá bens materiais, a outros, dá sabedoria; a outros mais, dá dons espirituais; a alguns, concede todas estas dádivas reunidas; e a muitos, dá outros talentos, como: Saúde, paz, resignação, humildade, fé, esperança, que possibilitam o crescimento espiritual. Mesmo aqueles que nos parecem sem talento nenhum, possuem os sentidos e os membros que são bens inestimáveis, que nem sempre sabemos dar valor. Ninguém é excluído na Lei Divina, como não existem privilégios. O que parece ser privilégio é apenas o fruto do trabalho com os talentos recebidos. Os que se dedicam mais conseguem duplicar os talentos; enquanto os que não trabalham os bens recebidos, é igual ao servo que enterrou o talento recebido, sem querer trabalhar e fazê-lo crescer. . . Onde estão os servos e os talentos de que nos fala o Evangelho, nos dias atuais? Os servos somos todos nós, e os talentos são: A existência, a paz, a saúde, a família, os sentidos, a inteligência, os bens materiais, as oportunidades, os dons espirituais e a mediunidade; sendo que todos esses talentos devemos empregá-los em nosso benefício e também dos nossos semelhantes. Deus que reparte os talentos com todos os Seus filhos; que faz nascer o sol para bons e maus, e descer a chuva para justos e injustos; exige que esses talentos sejam acrescidos por nós, para nossa própria felicidade. Os que obedecem a Seus designos, têm o mérito de suas obras; os que desobedecem, são responsabilizados pela não observância de seus deveres, iguais ao servo inútil que foi lançado nas trevas, para sofrer as conseqüências de sua imprevidência. Os talentos nos foram concedidos para serem usados com sabedoria, assim como os dons espirituais nos foram concedidos para aumentarmos a nossa fé, através do trabalho de caridade e amor que devemos ter para com toda a criação divina. Quanto mais nos dedicarmos a aplicação desses talentos, mais e mais talentos nos serão confiados, conforme diz a parábola: “A todo que tem, dar-se-lhes-á, e terá em abundância”.

Os bens da Terra pertencem a Deus, que os dispensa à Sua vontade, e nós somos apenas usufrutuários, assim mesmo, temporários, porque o ser humano é possuidor apenas daquilo que trás quando chega ao mundo e que pode levar quando dele partir. E o que trouxemos quando chegamos e o que levamos? Somente trouxemos o patrimônio espiritual conseguido em outras existências, como a inteligência, a bondade o amor, ou seja, apenas o mérito das nossas boas ações ou o demérito de nossas ações más, praticadas anteriormente. Nada material ou que é para o uso do corpo nos pertence e podemos levar. Levamos, quando partir, apenas o que foi conquista da alma, que são os conhecimentos adquiridos, as qualidades morais desenvolvidas, o mérito das boas ações, praticadas com amor, que nos servirá como evolução no mundo espiritual. Não nos será perguntado o que fomos o título nem a posição que ocupamos na Terra; apenas o que fizemos de bem para o nosso semelhante. Pensem bem nisso.

Se os talentos foram conseguidos pelo nosso trabalho, deles nos serviremos tanto na Terra como no plano espiritual. Entretanto, bens colocados em mãos de alguns, servem de instrumento a tentações pela fascinação que exercem, excitando o orgulho, o egoísmo, e a existência de orgias. Porém, se os talentos são a fonte de muitos males, é preciso reconhecer que é o ser humano que deles faz mal uso. Se a riqueza produzisse somente o mal, Deus não a teria colocado sobre a Terra. Cabe ao ser humano que é possuidor temporário, dela, fazer bom uso criando oportunidades de trabalho, produzindo o progresso material, intelectual e o progresso moral, que conduzem ao caminho do bem.

Mas, nem todos possuem os bens materiais necessários ao socorro fraterno, ou de modo a cooperar nas realizações indispensáveis. Nem sempre dispomos de valores culturais suficientes para alcançarmos a solução dos problemas sociais. Nem sempre conseguimos ter bastante saúde para mobilizar o corpo no rumo dos serviços que desejaríamos executar... Porém, ninguém está deserdado do talento das horas para consagrar-se ao bem. O tempo, na realidade, é o talento que o Supremo Senhor nos proporciona para usarmos em todas as direções e em favor de todas as criaturas. Se dispomos de uma hora, não lhe percamos o sublime valor inutilmente. Com ela, é possível a obtenção de novos conhecimentos, o cultivo da fraternidade, o consolo ao irmão que padece nos braços da enfermidade, a conversação sadia que esclarece e auxilia o próximo necessitado, a plantação de alguma árvore que, mais tarde poderá nos oferecer fruto e sombra amiga, a oração em favor dos necessitados e sofredores. Não desperdicemos o sagrado talento dos minutos, comprando com eles as espinhosas sementes da leviandade, as aflições da maledicência, as amarguras da crueldade nem os remorsos do crime...

Muitas pessoas exigem do mundo, valiosos recursos de abastança e de felicidade, mas não se animam a gastar uma simples hora na construção dos alicerces indispensáveis à paz da própria consciência. Não esperemos pelo dinheiro, pelo poder pessoal, pelo título acadêmico, ou pelas situações favoráveis, para realizar a nossa evolução espiritual. Aproveitar o talento do tempo na prática do bem é armazenar tesouro. Vale a pena utilizar todos os momentos disponíveis para aumentar nossos talentos e a possibilidade de uma existência melhor. Jamais temores injustificados perante os acontecimentos da existência. Temos todos, oportunidades diversas nos caminhos do progresso. Crie o hábito de ler ou estudar para adquirir o conhecimento das lições que a própria existência nos apresenta a todo o instante. Não agir apressadamente, pois a correria cansa, desgasta e rende pouco. Preservar a saúde como valioso patrimônio que merece cuidados. Não deixe que o mau humor envenene a alegria de viver. Não empreste seus ouvidos para conversas tolas; audição bem aplicada é sintonia com a paz.

Ocupar a mente com valores e pensamentos reais e elevados; cabeça vazia ou mal direcionada, representa existência em desequilíbrio. Agir sempre, pois a inércia atrofia o corpo e impede o progresso. Não se impressione com as pessoas que gostam de ironizar, elas estão em desarmonia. Recomeçar, após um insucesso, é dom de quem é perseverante e acredita na vitória. Ajudar os sofredores e desiludidos, amparar os necessitados, reerguer os caídos, não é atributo dos fortes; é a qualidade das pessoas que se preocupam com o próximo por serem de bem. O Céu para nós, começa aqui na Terra. Procuremos viver na escalada rumo a Deus, através dos ensinamentos e exemplos deixados por Jesus. Um sorriso afetuoso, uma frase de compreensão, um pensamento de auxílio, uma oração fervorosa, podem ser os talentos que empregamos na direção do Paraíso que desejamos atingir. Não nos esqueçamos de que o dia que passa, não volta jamais...

Esta parábola dos talentos é bem apropriada a nós espíritas, que estamos convencidos de que a Doutrina dos Espíritos é a única capaz de nos conduzir ao caminho da verdade e da evolução. O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, pela fé consistente que proporciona, da qual temos que dar testemunho, como também multiplicará o número de pessoas voltadas para o bem. Aos espíritas, muito será cobrado, porque muitos foram os talentos recebidos. Por essa razão, não podemos ficar acomodados nem recuar diante das tarefas a que fomos chamados a desempenhar, como trabalhadores da última hora. Alguns espíritas, por medo de reprovação, por medo de serem ridicularizados em função da sua fé, ou de serem minoria na sociedade, negam a sua condição de espírita; traem a própria consciência escondendo suas convicções, qual o servo que escondeu o talento que lhe foi confiado.
Os talentos bem aplicados, são uma fonte de felicidade; quando porém, enterrados ou mal aplicados, são remorsos cravados nas consciências e causa de sofrimentos, para os que não trabalharam. Aqueles que recebem os esclarecimentos da Doutrina, e os aplica em proveito próprio e dos seus semelhantes, são os que recebem os talentos e os fazem frutificar. A estes, Jesus dirá: “Servos bons, entrai no gozo do vosso Senhor”. Na “Parábola dos Talentos” devemos procurar descobrir quais tenham sido as vantagens a nós confiadas pelo Senhor. Algumas pessoas desoladas costumam afirmar: “O Senhor não me confiou talento algum aproveitável; não possuo fortuna, posição elevada, inteligência ou mesmo cultura excepcional, nem mesmo mediunidade que possa eu aplicar no serviço do Mestre”.

Entretanto, devemos saber que, muitas das vezes, os talentos que foram distribuídos para nós, surgem sob feição desfavorável, aparentemente, impossibilitando seus possuidores de maiores realizações, podendo se manifestar de várias maneiras, até mesmo como escassez material, incapacidade intelectual, falta de saúde e outras dificuldades. Resta a nós, descobrir de que forma se manifesta para nós a generosidade do Senhor, que a ninguém desampara, e a todos concede os recursos necessários ao próprio progresso espiritual e à prestação do auxílio fraternal aos semelhantes. Se não temos bens materiais, se não temos saúde para trabalhar em benefício dos outros, possuímos a mente, e por meio dela podemos fazer orações em favor daqueles nossos irmãos, também filhos de Deus como nós, que se encontram em piores situações do que a nossa. A verdade é que não podemos desperdiçar os talentos que recebemos, sejam eles quais forem, a fim de que não percamos a nossa preciosa existência terrena atual.

Ao finalizar esta exposição, relembro as palavras de Jesus quando disse: “Se alguém quer vir após mim, que renuncie a si mesmo (abra mão dos seus vícios, das suas frivolidades, das suas ambições terrenas), carregue sua cruz (aceite com resignação tudo o que vai passar na Terra e lhe melhorar na espiritualidade) e siga-me (vivencie os meus ensinamentos); porque aquele que quiser salvar a si mesmo (que acha que pode comprar o céu), se perderá; e aquele que se perder por amor a mim e ao Evangelho (que segue a Lei da caridade e do amor, ensinada por Jesus) se salvará. Se alguém se envergonha de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará também dele na presença do Pai”. Assim o será para com todas as pessoas e para os adeptos da Doutrina dos Espíritos, uma vez que esta doutrina não sendo outra senão a aplicação do Evangelho é aos espíritas principalmente, que são dirigidas estas palavras de Jesus. Semeiem na Terra o quer colherão na Espiritualidade: lá colherão os frutos da coragem e do trabalho, ou da covardia e da inércia, que hajam realizado. A nossa responsabilidade, como espíritas, é muito grande, pois com os talentos recebidos através da doutrina, não poderemos jamais alegar ignorância...

Bibliografia:
Novo Testamento
Evangelho Segundo o Espiritismo

Jc
S. Luis, 23/5/2000
Refeito em 05/2/2009.

domingo, 21 de março de 2010

IDE E PREGAI

IDE E PREGAI

Jesus ao se despedir de seus apóstolos, lhes recomendou: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. Pregar e praticar; não desmentir com os atos, o que prega com as palavras. Nunca pregar o Evangelho com o propósito de explorar o seu próximo. Os pregadores sinceros devem se fortificar pela vigilância e oração, sabendo que dificilmente terão amigos, porque a Verdade nem sempre agrada aos irmãos terrenos.

Mateus, no Cap. IV, nos diz: “O povo que estava nas trevas, viu de repente uma grande luz”. Desde então, Jesus começou a pregar dizendo: “Está próximo o Reino dos Céus”. E Jesus ia por toda a parte da Galiléia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho; curando todo tipo de doenças e enfermidades do povo.

Os judeus tinham um único templo onde cultuavam a Deus, que era o Templo de Salomão, em Jerusalém, onde celebravam suas principais festas; Páscoa, ( pela saída da escravidão do Egito), Pentecostes ( pelo recebimento dos Dez Mandamentos), e Tabernáculos (que relembrava a permanências dos hebreus no deserto) e outras mais, que os judeus deviam participar ao menos uma vez por ano. Nas outras cidades e vilas, possuíam sinagogas, que eram locais onde os judeus se reuniam aos sábados, para suas orações, sob a direção de escribas ou doutores da lei.

Era costume, entretanto, um dos presentes se levantar e pedir a palavra, ler um trecho das Escrituras e comentá-lo. Não era preciso ser sacerdote; qualquer pessoa do povo podia fazê-lo. Por isso, Jesus sem ser sacerdote, aproveitando-se desse costume, no início da sua missão, ensinava nas sinagogas.

Nos primeiros tempos do Cristianismo os cristãos também assim procediam; como acontece hoje, nos Centros Espíritas, em que pessoas que não são formadas em Teologia, como eu, usam da palavra para relembrar os ensinamentos de Jesus e explicar as passagens evangélicas. Somente depois que o Cristianismo se tornou uma das religiões oficiais de Roma, é que tal prática foi abolida e proibida pelo Catolicismo, passando a ser um privilégio da casta sacerdotal que se formou. A ambição pelo mando e o desejo de ajuntar e possuir os bens da Terra, desvirtuaram a missão confiada pelo Mestre Amado.

Trabalhando para que o puro Cristianismo ressurja em nosso tempo, a Doutrina dos Espíritos abre livremente sua tribuna a todos os que de boa vontade, queiram pregar o Evangelho, fazendo reinar novamente a simplicidade da época de Jesus e de seus apóstolos. Entretanto, “a seara é verdadeiramente grande, e os obreiros são bem poucos”, como bem disse Jesus.

Considerando-se que a humanidade ainda está muito afastada dos princípios cristãos, é preciso que o trabalhador se arme de muita boa-vontade, de renúncia, de paciência, de humildade, de persistência e de muito amor ao próximo, e, acima de tudo, de muita fé em Deus, para levar avante o seu serviço. Quando Jesus disse: “Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas”, nos chama à responsabilidade que temos de transmitir aos outros, o conhecimento já adquirido dos seus ensinamentos.

É condição para receber o batismo o crer. Por esse motivo Jesus mandou os seus apóstolos pregarem o Evangelho a toda a criatura, para que o batismo (assistência espiritual) viesse depois pelo Espírito. João Batista adotou o batismo, como maneira para atrair as multidões e poder manifestar ao povo, a presença do Messias. Não teria crédito, Jesus se afirmar como sendo o Messias, pois todos sabiam ser ele ajudante de carpinteiro e filho de José. Era necessário que fosse apresentado, o que fez João Batista, ao batizá-lo nas águas do rio Jordão e ver o Espírito em forma de pomba descer sobre Jesus, enquanto todos ouviam uma voz que dizia: “Este é o meu filho dileto em quem me comprazo”. Disse ainda João: “Eu batizo-vos com água, porém, este que é mais poderoso do que eu, é que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Finda a missão de João Batista, que era apresentar Jesus como o Messias ao povo, o ritual do batismo com água, não mais foi praticado.

Jesus usou a imposição das mãos para abençoar, curar, acariciar, amparar e expelir os espíritos impuros que obsediavam as pessoas. “Pregai a todos”, isto é, fazei com
que as criaturas tomem conhecimento do Evangelho e se redimam, aplicando os ensinamentos no dia-a-dia. Promover a educação da criança e do adolescente ensinando-os a amar a Deus e ao seu próximo; a serem humildes, boas, caritativas, indulgentes e laboriosas, eis o começo do preparo para a recepção do batismo do Espírito Santo, cuja tarefa está confiada a Jesus.

Quando Jesus manda seus apóstolos ensinar a todas as pessoas, temos que refletir nas suas recomendações: - Não somente pregar, mais também praticar. Que os nossos atos não desmintam o que dizemos com as palavras. Jamais pregar o Evangelho com intenções de ganhos materiais. O Evangelho deve ser vivido para ser ensinado com amor e com sentimento do bem. “Daí de graça o que de graça recebei”, disse Jesus.

Temos o dever de nos melhorar pelo estudo, pela oração e pelo trabalho, para não cairmos no dito popular que diz: “Faça o que eu mando, não faça o que eu faço”. Não nos iludamos pensando que vamos agradar aos nossos irmãos terrenos, com a nossa pregação. Pouquíssimos serão os que aceitarão a palavra e seguirão os ensinamentos. Entretanto, o que a nós recebe, recebe a Jesus e também recebe Aquele que o enviou. No mundo cheio de trevas e ignorância, onde quer que se encontre um humilde e pequenino seguidor do Mestre, junto dele estará um mensageiro de Jesus, amparando, fortificando, e inspirando o trabalhador de boa vontade e da Boa Nova.

Vem a propósito, uma história que Sérgio Lourenço conta com seu estilo simples e objetivo. Diz ele que certa vez conheceu, em uma cidade do interior, um cego que estava parado numa esquina, e quando ele se aproximou, querendo ajudá-lo com alguma moeda, ele agradeceu e pediu que lhe concedesse cinco minutos, lendo uma página do livro que trazia debaixo do braço: O livro era ”O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Depois de fazer a leitura, Sérgio Lourenço ouviu o agradecimento do cego, e relata em seguida: Bati-lhe às costas, como a me despedir e saí intrigado com aquela criatura. Parei alguns metros adiante, e como ele não saia do lugar, fiquei a observá-lo. Logo outro senhor foi abordado, e a cena se repetiu por mais seis vezes. Não resistindo à curiosidade, voltei até o cego e me identifiquei como uma das pessoas que havia lido o Evangelho, e fui logo perguntando: - “Meu amigo, estou a observá-lo e vejo que o mesmo que fez comigo, fez com as outras pessoas, e, ao que parece você vai continuar fazendo. Qual o motivo dessa atitude?”

O cego então contou a sua história a Sérgio Lourenço, dizendo: - A curiosidade é algo maravilhoso quando bem aplicada. Espero que o que vai ouvir possa lhe servir. Sou morador desta cidade, onde nasci cego. Minha família, procurando recursos para curar-me, acabou chegando a um Centro Espírita, e lá, foi dado o medicamento certo e a cura que eu e minha família precisávamos; a resignação... Cresci dentro dos ensinamentos espíritas e desde pequeno, a passagem evangélica que mais me chamou a atenção, sempre foi o “Ide e Pregai”. Queria eu ir pregar aquelas mensagens maravilhosas de Jesus, que conheci, mas como fazê-lo? – Certo dia, há alguns anos passados, me veio à idéia de usar a minha abençoada cegueira, para esse fim. Resolvi então que, 15 dias por mês, deveriam ser dedicados a essa tarefa em vários locais, e os outros 15 dias, dedicaria ao meu trabalho, na indústria da família. E aqui estou, graças a Deus, cumprindo a minha tarefa. Ao pedir que as pessoas leiam o Evangelho para mim, elas estão lendo também para elas, e desta maneira, o Evangelho está sendo pregado...

Sérgio Lourenço enaltecendo o exemplo de abnegação e fraternidade, conclui a sua narrativa com, uma exortação para todos nós: “Não é alegando carências, que o ser humano fica isento do trabalho de levar a palavra do Senhor, pois as próprias deficiências, usadas com sabedoria, podem conduzir à Paz que a humanidade reclama e precisa.”

Como conclusão, lembremos a lição de Kardec: “Se o Espiritismo deve, assim como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade, só poderá faze-lo pelo melhoramento das pessoas, o qual só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento do ser humano.” Todos nós podemos ser educadores; educamos com o que dizemos, educamos com o que fazemos, educamos com o nosso exemplo. Quem não educa no sentido positivo, melhorando, edificando, educa no sentido negativo, prejudicando e danificando o caráter das pessoas. Quem não tem educação não pode educar. Quem não tem disciplina não pode disciplinar. Quem não teve e não sabe amar não pode dar amor. Só se pode dar, aquilo que se possui. Precisamos iniciar um grande esforço de regeneração das pessoas, dentro do Evangelho, para que se realiza a melhora na auto-educação.

Para fazermos a nossa evolução, existem dois degraus de grande importância. São eles representados por dois verbos: Servir e Amar. Jamais devemos desanimar ante as circunstâncias que se nos apresentam no trabalho de divulgação do Evangelho. Servir e amar a todos e a tudo, ajudando o progresso das pessoas e do mundo que nos recebeu generosamente, deve ser a nossa meta, como discípulo de Jesus.

Façamos a nossa parte, na tarefa de divulgar o Evangelho, para melhorar-mos o mundo em que vivemos, e, vivem e viverão os nossos filhos e netos...


Bibliografia:
Livro “Evangelho dos Humildes”
“ “Parábolas e Ensinos de Jesus”
Livreto “Minuto de Sabedoria”

Jc.
13/01/1994

AS TRES REVELAÇÕES

AS TRÊS REVELAÇÕES

1ª Revelação – MOISÉS

A Palestina era um pequeno pais, situado entre o Mar Mediterrâneo e os desertos da Arábia, na Ásia. Seu solo era irrigado pelo rio Jordão que viaja de norte a sul e deságua no Mar Morto. A Palestina na antiguidade era habitada pelos cananeus. No fim do II milênio A/C, começaram a entrar na Palestina, tribos hebraicas. Os hebreus originários do deserto da Arábia, eram nômades, deslocando-se constantemente em busca de melhores pastagens. Fixando-se na Palestina, tornaram-se agricultores. Obedeciam às ordens de chefes chamados “Patriarcas”, com autoridade absoluta. Foram eles, Abraão, Isaac, Jacó, José, Moisés e Josué. Abraão, nascido na cidade de Ur, no reino babilônico, com 75 anos, mudou-se com seu povo para a Palestina. Ele é considerado o “pai dos hebreus”.

Moisés, a maior figura da história dos hebreus, nasceu no Egito. Foi educado na corte do Faraó Seti I. Anos depois, expulso do Egito por Ramsés II, vagou pelo deserto de Madiã. Retornando ao Egito, retirou os hebreus da escravidão. Na sua viagem para a terra prometida, recebeu no Monte Sinai, o Decálogo, os “Dez Mandamentos”, que são:

1- “Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito. Não tereis outros deuses
estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem talhada, nem nenhuma figura de
tudo o que está no alto do céu e embaixo na Terra, nem tudo o que está nas águas
sob a Terra. Não os adorareis, nem lhes rendereis culto soberano;

2- Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus;

3- Lembrai-vos de santificar o dia de sábado;

4- Honrai o vosso pai e a vossa mãe;

5- Não matareis;

6- Não cometereis adultério;

7- Não furtareis;

8- Não prestarás falso testemunho contra vosso próximo;

9- Não desejareis a mulher do vosso próximo;

10-Não desejareis a casa do vosso próximo nem seus bens.

Moisés após receber o Decálogo, continuou a viagem mais morreu antes de chegar ao seu destino. Seu sucessor foi Josué, que conduziu os hebreus até a Palestina.
O Judaísmo, religião criada por Moisés, caracterizava-se pela crença em um único Deus, que chamavam de Jeová, invisível, incorpóreo, todo poderoso, justo, criador do Céu e da Terra, presente em Espírito, em todos os lugares; na imortalidade da alma; no juízo final; nas recompensas e castigos após a morte, e, na vinda do Messias As festas religiosas dos hebreus, eram três: Páscoa, em memória à saída dos hebreus da servidão do Egito; Pentecostes, em recordação ao recebimento dos Dez Mandamentos; e Tabernáculos, que relembra a permanências dos hebreus no deserto.

Três seitas disputavam entre si, o domínio sobre os hebreus. Os fariseus, os saduceus e os essênios. Depois de várias crises e domínio estrangeiro, o monoteísmo hebraico degenerou-se, influenciado pelo politeísmo dos dominadores. Surgiram então os profetas, grandes reformadores, oriundos do povo que pregavam contra os atos contrários à religião, procurando restabelecer a antiga crença em Jeová. Os mais notáveis, foram: Elias, Amós, Ezequiel, Daniel, Niquéias, Oséias, Jeremias e Isaías. Por ser o povo hebreu o único a acreditar em um único Deus, foi escolhido para receber o Messias.

A contribuição da primeira revelação foi o recebimento do Decálogo, revelação divina, visto que, as demais leis e disciplinas criadas por Moisés, mesmo as alegadas de ordem superior, eram transitórias e apropriadas àquela época, em que os povos ainda eram muito primitivos.



2ª Revelação – JESUS DE NAZARÉ

No reinado do imperador Otávio Augusto, foi realizado o recenseamento do império, para efeito de recebimento de impostos, tendo durante essa época, nascido Jesus Cristo, na cidade de Belém, na Judéia. O nascimento da Jesus dá início à Era Cristã.

Com alguns meses de existência, seus pais o levaram para o Egito, fugindo às perseguições do rei Herodes. Após a morte deste, a família de Jesus voltou a Palestina (Israel), fixando-se na cidade de Nazaré, onde Jesus viveu como humilde auxiliar de carpinteiro, até quando iniciou a sua missão evangélica. Aos trinta anos de idade, Jesus após ter sido batizado por João Batista, seu primo, nas águas do rio Jordão, e ser anunciado como o Messias, foi a Cafarnaum, a beira do Mar da Galiléia, e reuniu um pequeno grupo de seguidores em número de 12, e começou a fazer as suas pregações.

Os seus apóstolos foram: 1- Simão Pedro, de Betsaida, pescador, filho de Jonas; 2- André, irmão de Simão Pedro, pescador; 3- Tiago maior, de Betsaida, pescador, filho de Zebedeu; 4- João, filho de Zebedeu, pescador, irmão de Tiago; 5- Felipe, de Betsaida, pescador; 6- Bartolomeu, de Caná da Galiléia, pescador; 7- Tomé ou Dídimo, de Dalmanuta, pescador; 8- Mateus ou Levy, filho de Alfeu, cobrador de impostos; 9- Tiago menor, de Nazaré, filho de Maria; pescador; 10- Judas Tadeu, de Nazaré, irmão de Tiago menor, pescador; 11- Simão, o zelote, da Cananéia, pescador; 12- Judas Iscariotes, de Queirote na Judéia, comerciante. Com a morte deste, foi escolhido Matias para seu lugar.

A doutrina ensinada por Jesus, bem como a história de sua existência na Terra, foi reunida em diversos livros, ficando para a posteridade, por determinação da Igreja Católica, apenas 4 livros, que são os Evangelhos de Mateus, Lucas, Marcos e João. Entre os princípios dessa doutrina, podemos citar: a- O Amor a Deus sobre todas as coisas; b- O Amor e a Caridade a todas as pessoas; c- A ressurreição dos mortos para outra vida. Durante três anos, exerceu Jesus a sua missão, ensinando a Bôa-Nova, exemplificando os ensinamentos, curando os doentes, mostrando a renovação por meio da fé, da bondade e do amor. Traído por Judas Iscariotes, um de seus apóstolos, foi preso, julgado e condenado a morrer crucificado, o que foi efetuado no monte chamado Calvário.

O Cristianismo desenvolveu-se rapidamente por que:
1- Correspondia a uma necessidade de esperança para os desprotegidos;
2- Tinha um caráter universal, diferenciando-se das demais religiões que eram locais;
3- Perseguidos, mantinha seus seguidores mais unidos e convictos de suas verdades;
4- Admitia mulheres no culto.

Os primeiros cristãos formavam pequenos grupos, aprendiam os ensinamentos de Jesus, pela palavra dos apóstolos e de seus sucessores. Os ensinamentos e a história de Jesus, que estão narrados nos Evangelhos, formam com os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse, o “Novo Testamento”. O Sermão da Montanha, com as Bem-Aventuranças, é a expressão máxima dos seus ensinamentos. Estes podem ser reduzidos a apenas duas máximas, sintetizadas por Jesus: “Amar a Deus, acima de todas as coisas” e “Amar ao próximo como a si mesmo”; aí estão como bem disse Ele: “Toda a lei e os profetas”.

Saulo de Tarso, convertido na estrada de Damasco, mudou seu nome para Paulo. Pregando ele, o Evangelho aos pagãos, afirmou que Jesus veio para ensinar e salvar todas as pessoas e não somente os judeus. Parece incrível, mas o povo judeu é o único ciente da vinda de Jesus, que não o aceita e ainda aguarda a vinda do Messias prometido. No século I da era Cristã, Paulo chega a Roma. Nos arredores da cidade, havia extensa rede de corredores subterrâneos, conhecidos como catacumbas. Perseguidos que eram os cristãos se escondiam nas catacumbas para rezar, curar os doentes e transmitir os ensinamentos de Jesus. Foi nesses cemitérios subterrâneos que apareceu pela primeira vez, o símbolo idealizado para identificar os cristãos; dois traços que se cruzando formavam a figura de um peixe, simbolizando o pescador de almas.

Muitos apóstolos e discípulos foram perseguidos e mortos por causa da crença; alguns crucificados como Jesus, outros apedrejados e muitos outros devorados pelas feras nos circos romanos, anfiteatros para a distração do povo. Apesar de todas as perseguições e martírios por que passaram os cristãos, o Cristianismo se espalhou pelos continentes. Durante séculos, vêm convidando as pessoas, à Fé, à Esperança, a Caridade e o Amor, qual uma árvore frondosa cujos ramos cobrem grande parte do mundo, oferecendo seus frutos de vida; porém, quão poucos os colhem.

Assim como Jesus disse que não tinha vindo para destruir a lei ou os profetas, mas dar-
lhes cumprimento, desenvolvê-la, ensinar seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de desenvolvimento daquela época, assim também prometeu que o Pai enviaria outro Consolador, o Espírito de Verdade, que nos ensinaria todas as coisas e nos faria relembrar de tudo aquilo que Ele nos tinha ensinado e muitas mais coisas, que o mundo de então não estava preparado para receber. A contribuição da 2ª Revelação, personificada em Jesus, nos legou um novo código doutrinário, reaproximando a criatura ao seu Criador, agora ensinado como Pai de Bondade e de Amor; foi o marco de uma nova era para a humanidade.


3ª Revelação – O ESPÍRITO DE VERDADE/ESPIRITISMO

Os tempos eram chegados, a humanidade já alcançara um estágio avançado para receber novos ensinamentos. Um dia, Deus na sua infinita misericórdia, permitiu ao ser humano ver a verdade dissipar as trevas; foi o advento de Jesus. Depois da luz viva, as trevas voltaram; o mundo na obscuridade se perdeu de novo. Então à semelhança dos profetas, os Espíritos do Senhor se põem a falar. O Espírito de Verdade, enviado pelo Pai, vem nos relembrar tudo o que fora ensinado por Jesus e nos esclarecer muitas outras coisas que não foram ditas. As manifestações desta vez, não se fizeram ouvir apenas num local; espalharam-se por todos os lugares da Terra e as comunicações dos espíritos, dão início a uma nova era de progresso espiritual.

Hipólyte Leon Denizard Rivail, nascido na religião católica, educado na Escola Pestalozzi, já professor em Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc., atraído pelas manifestações das “mesas falantes”, entregou-se a observações perseverantes sobre esses fenômenos, e percebeu desde logo, o princípio de novas Leis que regem as relações entre o mundo visível e o invisível. Reconheceu existir uma força com conhecimentos, que haveria de lançar novas luzes sobre uma imensidade de problemas até então, tidos como insolúveis.

Fruto dos seus estudos e das manifestações dos espíritos nasceu a primeira obra, cuja edição apareceu pela primeira vez em 18 de abril de 1857, com o título: “O Livro dos Espíritos”, dando início a Codificação e surgindo então a Doutrina dos Espíritos, com o nome de Espiritismo. Para não prejudicar e ser reconhecida como obra sua, pois era muito conhecido no meio científico, ele adotou o pseudônimo de Allan Kardec. O Espírito de Verdade aprofundava ainda mais os conceitos de suas elevadas mensagens, todas incluídas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando afirmava: “Pelo Espiritismo, a humanidade deve entrar numa nova fase de progresso moral e espiritual, que é sua conseqüência natural.”

São postulados fundamentais do Espiritismo: 1)- A existência de Deus, inteligência cósmica suprema, criadora do Universo e de todas as coisas; 2)- A existência do espírito que habita o corpo material, que após a morte do corpo, retorna à espiritualidade, conservando a lembrança de todas as experiências terrenas; 3)- A crença na reencarnação, através da qual os espíritos vão evoluindo gradativamente; 4)- A crenças nas comunicações dos espíritos desencarnados com os humanos; 5)- A crença na existência de vida em outros mundos; 6)- A crença na lei de Causa e Efeito que determina os destinos sucessivos do espírito, pelo uso que fizer do direito do livre-arbítrio.

As obras básicas da nova doutrina codificada por Allan Kardec, são: “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno”, e, “A Gênese”, ou “Os Milagres e as Predições”. Estimulados pela Revelação Espírita, grupos de estudos foram sendo organizados. Oferecendo campo propício às novas idéias, o Brasil viu o Espiritismo crescer e se transformar em gigantesca obra evangélica, segundo a própria formação de seu povo. Em 1932, o Brasil viu a semente frutificar e crescer com o aparecimento da primeira obra psicografada por um moço simples, chamado Francisco Candido Xavier, com o título: “Parnaso de Além-Túmulo”.

Em seguida, novas obras foram surgindo e novos agrupamentos foram se formando; novos Centros Espíritas e entidades de assistência social foram surgindo. Os Centros Espíritas passaram a atender as pessoas, tentando ajudá-las e consolá-las; foram criadas instituições beneficentes, escolas de evangelização, creches, asilos, hospitais; enfim, todo um conjunto de trabalhos fraternais em que se doam no serviço de caridade; grupos mediúnicos se reúnem para realizar trabalhos destinados à doutrinação de espíritos desencarnados e para afastar obsessores que prejudicam a existência das pessoas; também nos Centros Espíritas as pessoas esperam e recebem o passe, a água fluidificada, e o auxílio para as suas necessidades, além de ouvirem explanações sobre as obrigações morais.

Cada uma destas atividades é própria de um Centro Espírita, mas a finalidade primordial da Doutrina dos Espíritos é ajudar o ser humano, a tomar nova consciência de si mesmo, rompendo com os modelos existentes, nem sempre aconselháveis. A esta operação, Paulo o discípulo de Jesus, chamou: “A substituição da velha pessoa, despojada das suas imperfeições, pela nova criatura, onde tudo significa reconstrução para um futuro melhor e eterno”. E, ao nos transformarmos em uma nova pessoa, o Espiritismo cumpriu em nós, a sua função primordial, e, renovados, estaremos indo ao encontro de Jesus, e penetrando no santuário do seu Amor.

A Doutrina Espírita é sem dúvida, a dádiva maior concedida ao ser humano. Erigida sobre os sólidos fundamentos das mensagens de Jesus, ela é, a escola, o abrigo, o templo, assegurando aos que a buscam, orientação e segurança, confiança na Bondade de Deus, e a certeza de que cultivando o coração na empreitada re-educativa de Caridade e Amor, sob a proteção de Jesus, estaremos edificando um novo mundo de Paz e Felicidade para todos nós e nossos entes queridos...


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.


Jc.

S.Luis, 21/6/1995

domingo, 7 de março de 2010

ESQUECIMENTO DAS EXISTÊNCIAS PASSADAS

ESQUECIMENTO DAS EXISTÊNCIAS PASSADAS

Na questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta: “Por que perde o espírito encarnado a lembrança de seu passado? – Resposta dos Espíritos Superiores: “Não pode e nem deve o ser humano, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido do seu passado o ser humano é mais senhor de si mesmo.”

Dentre os obstáculos interpostos para a compreensão, o entendimento e a aceitação da reencarnação como verdade irrecusável que é, encontra-se o questionamento feito com freqüência, sobre o fato de não nos lembrarmos das existências anteriores. Vários e numerosos são os argumentos explicativos sobre essa deliberação divina para cada retorno à existência corporal, podendo-se citar, do ponto de vista científico, o seguinte: O momento exato da reencarnação ocorre quando da fecundação do óvulo feminino, mas, precedendo esse momento tão especial, onde a atuação divina se faz presente, muitas outras ações são necessárias, no Plano Espiritual.

No livro, “Missionários da Luz”, de André Luiz, são descritas de forma clara, no capítulo que trata da reencarnação de Sigismundo. A ligação fluídica do reencarnante com os futuros pais implica na perda dos contatos que consolidou na esfera espiritual; dos quais é necessário que se desfaça, para penetrar com êxito, a corrente da existência carnal. Por interveniência da espiritualidade, atuando através de poderosa carga magnética, é procedida uma redução do corpo perispiritual do reencarnante, até que sua forma se assemelhe à de um bebê. Os espíritos induzem a vontade do espírito reencarnante, através de mensagens de incentivo: “Imagine sua necessidade de tornar a ser bebê para aprender a ser um homem”.

O instrutor espiritual Alexandre informa: “Necessário diga-se, que o procedimento de restringimento do perispírito, não é o mesmo em todos os processos reencarnatórios. Há espíritos de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa da Terra, em apostolado de serviço e iluminação, quase sempre dispensam o nosso concurso. Outros espíritos, contudo, procedentes de zonas inferiores, necessitam de operação mais complexa, como o caso de Sigismundo.” O mentor Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, oferece novas luzes sobre este assunto, dizendo: “Aceitando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, o espírito recebe energias físicas, cerebrais, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em letargia, muito tempo antes de acolher-se ao útero materno. Na melhor das condições, quando o espírito desfruta de grande atividade mental nas esferas superiores, só é compelido ao sono profundo, durante o tempo fetal. Em ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos, em que ele está mais envolvido com a vida espiritual e também devido a instrumentação e desenvolvimento fisiológico, tempo esse em que se desliga da espiritualidade e que se lhe reaviva a experiência terrestre.

Temos assim, no mínimo 270 dias aproximados de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações no corpo do espírito, as quais, acrescidas às conseqüências dos fenômenos naturais de “restringimento do corpo espiritual”, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações de existências passadas, para que a mente fique aliviada, na direção de novas aquisições.

Do ponto de vista moral, o Codificador Allan Kardec enumera as principais razões para o esquecimento do passado: 1º-Razão: As perturbações da existência, no lar e na sociedade. Se o reencarnante reconhecesse as pessoas a quem havia odiado, talvez o ódio reaparecesse; sendo certo que ficaria humilhado perante quem houvesse ofendido. Devemos acrescentar que o reencarnante, normalmente, volta no mesmo círculo de relacionamento da existência anterior. Como seria o relacionamento entre pai e filho, se um reconhecesse no outro, seu assassino de existência passada? As conseqüências seriam desastrosas para ambos.

No livro “Nosso Lar” de André Luiz, o espírito que foi sua mãe na última encarnação, comunica-lhe que deverá partir para nova existência terrena, quando então será, novamente, esposa de Laerte, seu pai carnal, o qual no plano espiritual, acha-se em zona de trevas, ainda obsidiado a duas entidades femininas, suas amantes na última existência. Dizia ainda o espírito da mãe de André Luiz, que iria receber as duas entidades (amantes) como suas filhas, na futura existência, para harmonização. Convenhamos: Sem o esquecimento do passado, como seria o relacionamento dessas três criaturas em família?

2º-Razão: O maior mérito em praticar o bem e exercitar o livre-arbítrio: Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo V item II, encontramos a orientação: “Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas. O ser humano, trás ao nascer, tudo o que adquiriu em existências anteriores. Ele nasce exatamente como se fez ou era antes. Cada existência é para o espírito um novo ponto de partida. Leon Denis, no livro “O Grande Enigma”, lembra-nos a citação evangélica: “Infeliz aquele que, pondo a mão na charrua, olhar para trás.” Efetivamente, neste mundo de provas e expiações, onde o peso das dificuldades, às vezes, abate a maior vontade, se fossem somados ou lembrados os equívocos do passado, a criatura não poderia cuidar de seu progresso, sendo um obstáculo à sua evolução.

Quantas ocorrências nesta existência somos levados a esquecer, propositadamente, para liberar a nossa vontade e mente de agir. Neste caso, como nos outros, o esquecimento é estímulo ao progresso. Com muito mais razão, é justo que seja promovido o esquecimento das existências anteriores, onde os erros, possivelmente, serão tão mais marcantes. Ainda no livro “Nosso Lar”, o espírito de D. Laura, informa a André Luiz que lhe fora permitido o acesso ao registro de suas anteriores reencarnações, até o limite de 300 anos, porque mais do que isso, não suportaria. Leon Denis, no livro “O Problema do Ser, do Destino”, informa: “é necessária à ignorância do passado para que toda a atividade de ser humano se consagre ao presente; para que se submeta à lei do esforço e se conforme com as condições do meio em que renasce.”

3º-Razão: A justiça da lei de ação e reação: Muitos são os que se insurgem contra o determinismo divino para a existência. Às vezes, enfermidades surgem, confinando aos leitos, pessoas de comportamento ilibado e benévolo, numa ocorrência aparentemente inexplicável, diante da Justiça Divina. Indaga-se: Por que? – Pela lei, a explicação encontra-se em outra existência, que é onde a culpabilidade se acha. Então, se paga na existência atual por culpa de outra existência? – No livro “Solar de Apolo”, o espírito de Vitor Hugo menciona o fato de um delinqüente cometer um crime e, depois de algum tempo, esquecer a perversidade cometida. Por essa razão, ele deixa de merecer as penas da lei, por ter esquecido? – Leon Denis, indaga: “Se um criminoso condenado pelas leis humanas, cai doente e perde a memória de suas ações, segue-se daí que sua responsabilidade desaparece ao mesmo tempo que as suas lembranças?”

4º-Razão: Recordações humilhantes e orgulhosas. Diz ainda Leon Denis: “Todos os criminosos da História, reencarnados para expiar seus crimes, seriam desmascarados; as vergonhas, as traições, as perfídias, as iniqüidades de todas as encarnações seriam de novo colocadas à nossa frente.” – Com que proveito? Se tivéssemos tido uma existência de grandes realizações no bem; tais fatos não funcionariam como impeditivos à nossa evolução, ao nos sentirmos orgulhosos por tal comportamento? – Em “Obras Póstumas”, Allan Kardec faz excelente observação a respeito, no item “O Caminho da Vida”: “Que proveito pode o homem tirar de suas existências anteriores?” – A Doutrina dos Espíritos responde que a lembrança de existências desgraçadas, juntando-se às dificuldades da existência presente, ainda mais penosa se tornaria esta última. Desse modo, poupou Deus às suas criaturas um acréscimo de sofrimentos. Se assim não fosse, qual não seria a nossa humilhação, ao saberem os outros, o que já fomos? Para o nosso melhoramento, aquela recordação seria inútil. Durante cada existência, sempre avançamos adquirindo algumas qualidades e nos despojando de algumas imperfeições. Cada uma das existências, é, portanto, um novo ponto de partida, sem nos preocuparmos com o que tenhamos sido.”

5º-Razão: Os preconceitos raciais, sociais e religiosos. – Sabemos que prevalecem em nosso mundo os preconceitos. Imagine-se as criaturas tendo lembranças de terem sido de outra raça; de terem sido integrantes de famílias nobres ou extremamente humildes; de terem credos religiosos diferentes; de ter sido judeu na existência anterior e renascido como palestino; de ter sido irlandês católico e na atual ser um inglês protestante? – No livro “Renúncia” de Emmánuel, encontramos uma frase que encerra toda uma filosofia a respeito de esquecimento das existências passadas: ”Sem a paz do esquecimento transitório, talvez a Terra deixasse de ser uma escola de trabalho abençoado, para ser um ninho abominável de ódios e vinganças perpétuas.”

A Doutrina dos Espíritos nos ensina que examinando as nossas aptidões e inclinações, podemos deduzir de nosso passado e buscar elementos para reestruturar e melhorar nossa condição. Mais ainda: não é somente após a desencarnação que o espírito terá recordações de suas outras existências. Muitas vezes, quando Deus julga útil, permite ao espírito, durante o sono, que tenha lembranças fragmentadas de outras existências. Mesmo não recordando totalmente delas ao acordar, as manterá no campo psíquico sob a forma de reflexos e condicionamentos positivos, que, nos momentos oportunos, podem ser preciosos elementos de auxílio na tomada de decisões corretas. São as “Reminiscências Construtivas” de que nos informa Martins Peralta, no livro “O Pensamento de Emmánuel”, concluindo: “Embora vagas, constituem incentivo e sustentação para o espírito em nova existência, considerando-se valiosa ponte entre o Ontem e o Hoje, na áspera caminhada para o Amanhã.”

Deus dá aos seus filhos tantos instrumentos, melhor dizendo, existências, quantas sejam necessárias para que cumpram suas missões e evoluam. Alguns descrentes alegarão: “Se assim fosse, certamente nos lembraríamos da nossa existência anterior, ou das nossas existências passadas.” Há fatos que ocorrem na nossa existência e que não temos a mais leve recordação. Por exemplo: Nesta existência, alimentamo-nos no seio materno e não nos recordamos desse ato. Mesmo depois de adultos decoramos uma lição, um verso, uma poesia ou um discurso e no correr do tempo, esquecemos das palavras das frases e até do assunto. O esquecimento do passado é necessário ao nosso bem-estar presente e ao nosso progresso. Se todos conservassem a lembrança das existências passadas, ficaríamos conhecendo não só a nossa existência anterior como também a dos outros que nos cercam. E o que resultaria daí? – A existência de todos ficaria devassada para uns e outros. Herodes ou Caifás, por exemplo, se estivessem em nosso meio, teria de suportar o ódio e o desprezo de todos, e quem sabe se não lhes seria negado o pão? Como ficaria a nossa situação, se os outros viessem a saber que fomos um dos que martirizaram a Jesus, ou que participamos da morte de algum apóstolo ?

Para evitar esses constrangimentos foi que Deus em seu determinismo não permite que nos recordemos de nossas existências passadas. Entretanto, existem pessoas que se lembram não só da sua existência anterior, como até de outras existências que tiveram na Terra.

A Drª Helen Wambach, PHD em psicologia, utilizando-se do processo de regressão de memória, conseguiu reunir importante acervo de dados científicos acerca dos antecedentes do ser humano. Seu trabalho, aplicado em 750 pessoas, consistia em fazer o paciente regredir até a fase intra-uterina, quando então fazia algumas perguntas básicas. Os resultados foram surpreendentes.. Eis algumas: a)- 87% das pessoas consultadas em regressão, declararam haver conhecido seus pais e amigos atuais, de uma outra existência anterior; b)- 90% delas, lembravam-se das mortes anteriores e que estas, foram experiências agradáveis, mas que os nascimentos, constituiram momentos de desventuras; c)- 81% dos pacientes disseram que eles próprios haviam decidido renascer; d)- Disseram eles que quanto a objetivos ou planejamento para a existência presente, não foi observado nenhum projeto especial de desenvolver talentos ou faculdades; mas, “prioritariamente, aprender a relacionar-se com os outros em paz e amor, sem ser exigentes ou possessivos.”

Complementando tudo o que já foi dito, nos servimos do livro “A Gênese”, no capítulo XI itens 20 e 21 que diz: “Desde que o espírito é preso pelos laços fluídicos que o liga ao corpo, a perturbação se apodera dele, e nos últimos momentos o espírito perde toda a consciência de si mesmo, de sorte que ele geralmente nunca é testemunha de seu nascimento na Terra. No momento em que o bebê passa a respirar, o espírito recobra as suas faculdades que se desenvolvem, à medida em que se formam e se consolidam os órgãos que devem servir a ele. E, ao mesmo tempo em que o espírito recobra a consciência de si mesmo, ele perde a lembrança de seu passado, sem perder o vínculo com a espiritualidade e as faculdades, as qualidades e as aptidões que vão desabrochar para ajudá-lo a fazer mais e melhor do que fazia anteriormente. Aqui ainda se manifesta a bondade do Criador, porque a lembrança do passado, frequentemente penoso, poderia perturbá-lo ou entravá-lo; ele só se lembra daquilo que aprendeu e que lhe será útil na existência.

Entretanto, quando retorna à espiritualidade, o seu passado, incluindo a última existência, se passa como um filme no cinema, para sua ciência, e ele julga se empregou bem ou estacionou na sua jornada terrena. Não há, pois, descontinuidade na vida espiritual, apesar do esquecimento do passado, quando na Terra,; o espírito é sempre o mesmo, antes, durante a existência terrena e depois dela; sendo a reencarnação uma fase especial de aprimoramento da sua eterna existência, voltada para o amor. . .



Que a Paz, a harmonia e a saúde sejam as companheiras de todos nós.




Bibliografia:
Livro “Missionários da luz”
“ “Religião dos Espíritos”
“ “Nosso Lar”
“ “O Grande Enigma”
“ “O Problema do Ser e do Destino”
“ “Solar do Apolo”
“ “Obras Póstumas”
“ “Renúncia”
“ “O Pensamento de Emmanuel”
“ “A Gênese”