domingo, 21 de março de 2010

IDE E PREGAI

IDE E PREGAI

Jesus ao se despedir de seus apóstolos, lhes recomendou: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. Pregar e praticar; não desmentir com os atos, o que prega com as palavras. Nunca pregar o Evangelho com o propósito de explorar o seu próximo. Os pregadores sinceros devem se fortificar pela vigilância e oração, sabendo que dificilmente terão amigos, porque a Verdade nem sempre agrada aos irmãos terrenos.

Mateus, no Cap. IV, nos diz: “O povo que estava nas trevas, viu de repente uma grande luz”. Desde então, Jesus começou a pregar dizendo: “Está próximo o Reino dos Céus”. E Jesus ia por toda a parte da Galiléia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho; curando todo tipo de doenças e enfermidades do povo.

Os judeus tinham um único templo onde cultuavam a Deus, que era o Templo de Salomão, em Jerusalém, onde celebravam suas principais festas; Páscoa, ( pela saída da escravidão do Egito), Pentecostes ( pelo recebimento dos Dez Mandamentos), e Tabernáculos (que relembrava a permanências dos hebreus no deserto) e outras mais, que os judeus deviam participar ao menos uma vez por ano. Nas outras cidades e vilas, possuíam sinagogas, que eram locais onde os judeus se reuniam aos sábados, para suas orações, sob a direção de escribas ou doutores da lei.

Era costume, entretanto, um dos presentes se levantar e pedir a palavra, ler um trecho das Escrituras e comentá-lo. Não era preciso ser sacerdote; qualquer pessoa do povo podia fazê-lo. Por isso, Jesus sem ser sacerdote, aproveitando-se desse costume, no início da sua missão, ensinava nas sinagogas.

Nos primeiros tempos do Cristianismo os cristãos também assim procediam; como acontece hoje, nos Centros Espíritas, em que pessoas que não são formadas em Teologia, como eu, usam da palavra para relembrar os ensinamentos de Jesus e explicar as passagens evangélicas. Somente depois que o Cristianismo se tornou uma das religiões oficiais de Roma, é que tal prática foi abolida e proibida pelo Catolicismo, passando a ser um privilégio da casta sacerdotal que se formou. A ambição pelo mando e o desejo de ajuntar e possuir os bens da Terra, desvirtuaram a missão confiada pelo Mestre Amado.

Trabalhando para que o puro Cristianismo ressurja em nosso tempo, a Doutrina dos Espíritos abre livremente sua tribuna a todos os que de boa vontade, queiram pregar o Evangelho, fazendo reinar novamente a simplicidade da época de Jesus e de seus apóstolos. Entretanto, “a seara é verdadeiramente grande, e os obreiros são bem poucos”, como bem disse Jesus.

Considerando-se que a humanidade ainda está muito afastada dos princípios cristãos, é preciso que o trabalhador se arme de muita boa-vontade, de renúncia, de paciência, de humildade, de persistência e de muito amor ao próximo, e, acima de tudo, de muita fé em Deus, para levar avante o seu serviço. Quando Jesus disse: “Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas”, nos chama à responsabilidade que temos de transmitir aos outros, o conhecimento já adquirido dos seus ensinamentos.

É condição para receber o batismo o crer. Por esse motivo Jesus mandou os seus apóstolos pregarem o Evangelho a toda a criatura, para que o batismo (assistência espiritual) viesse depois pelo Espírito. João Batista adotou o batismo, como maneira para atrair as multidões e poder manifestar ao povo, a presença do Messias. Não teria crédito, Jesus se afirmar como sendo o Messias, pois todos sabiam ser ele ajudante de carpinteiro e filho de José. Era necessário que fosse apresentado, o que fez João Batista, ao batizá-lo nas águas do rio Jordão e ver o Espírito em forma de pomba descer sobre Jesus, enquanto todos ouviam uma voz que dizia: “Este é o meu filho dileto em quem me comprazo”. Disse ainda João: “Eu batizo-vos com água, porém, este que é mais poderoso do que eu, é que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Finda a missão de João Batista, que era apresentar Jesus como o Messias ao povo, o ritual do batismo com água, não mais foi praticado.

Jesus usou a imposição das mãos para abençoar, curar, acariciar, amparar e expelir os espíritos impuros que obsediavam as pessoas. “Pregai a todos”, isto é, fazei com
que as criaturas tomem conhecimento do Evangelho e se redimam, aplicando os ensinamentos no dia-a-dia. Promover a educação da criança e do adolescente ensinando-os a amar a Deus e ao seu próximo; a serem humildes, boas, caritativas, indulgentes e laboriosas, eis o começo do preparo para a recepção do batismo do Espírito Santo, cuja tarefa está confiada a Jesus.

Quando Jesus manda seus apóstolos ensinar a todas as pessoas, temos que refletir nas suas recomendações: - Não somente pregar, mais também praticar. Que os nossos atos não desmintam o que dizemos com as palavras. Jamais pregar o Evangelho com intenções de ganhos materiais. O Evangelho deve ser vivido para ser ensinado com amor e com sentimento do bem. “Daí de graça o que de graça recebei”, disse Jesus.

Temos o dever de nos melhorar pelo estudo, pela oração e pelo trabalho, para não cairmos no dito popular que diz: “Faça o que eu mando, não faça o que eu faço”. Não nos iludamos pensando que vamos agradar aos nossos irmãos terrenos, com a nossa pregação. Pouquíssimos serão os que aceitarão a palavra e seguirão os ensinamentos. Entretanto, o que a nós recebe, recebe a Jesus e também recebe Aquele que o enviou. No mundo cheio de trevas e ignorância, onde quer que se encontre um humilde e pequenino seguidor do Mestre, junto dele estará um mensageiro de Jesus, amparando, fortificando, e inspirando o trabalhador de boa vontade e da Boa Nova.

Vem a propósito, uma história que Sérgio Lourenço conta com seu estilo simples e objetivo. Diz ele que certa vez conheceu, em uma cidade do interior, um cego que estava parado numa esquina, e quando ele se aproximou, querendo ajudá-lo com alguma moeda, ele agradeceu e pediu que lhe concedesse cinco minutos, lendo uma página do livro que trazia debaixo do braço: O livro era ”O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Depois de fazer a leitura, Sérgio Lourenço ouviu o agradecimento do cego, e relata em seguida: Bati-lhe às costas, como a me despedir e saí intrigado com aquela criatura. Parei alguns metros adiante, e como ele não saia do lugar, fiquei a observá-lo. Logo outro senhor foi abordado, e a cena se repetiu por mais seis vezes. Não resistindo à curiosidade, voltei até o cego e me identifiquei como uma das pessoas que havia lido o Evangelho, e fui logo perguntando: - “Meu amigo, estou a observá-lo e vejo que o mesmo que fez comigo, fez com as outras pessoas, e, ao que parece você vai continuar fazendo. Qual o motivo dessa atitude?”

O cego então contou a sua história a Sérgio Lourenço, dizendo: - A curiosidade é algo maravilhoso quando bem aplicada. Espero que o que vai ouvir possa lhe servir. Sou morador desta cidade, onde nasci cego. Minha família, procurando recursos para curar-me, acabou chegando a um Centro Espírita, e lá, foi dado o medicamento certo e a cura que eu e minha família precisávamos; a resignação... Cresci dentro dos ensinamentos espíritas e desde pequeno, a passagem evangélica que mais me chamou a atenção, sempre foi o “Ide e Pregai”. Queria eu ir pregar aquelas mensagens maravilhosas de Jesus, que conheci, mas como fazê-lo? – Certo dia, há alguns anos passados, me veio à idéia de usar a minha abençoada cegueira, para esse fim. Resolvi então que, 15 dias por mês, deveriam ser dedicados a essa tarefa em vários locais, e os outros 15 dias, dedicaria ao meu trabalho, na indústria da família. E aqui estou, graças a Deus, cumprindo a minha tarefa. Ao pedir que as pessoas leiam o Evangelho para mim, elas estão lendo também para elas, e desta maneira, o Evangelho está sendo pregado...

Sérgio Lourenço enaltecendo o exemplo de abnegação e fraternidade, conclui a sua narrativa com, uma exortação para todos nós: “Não é alegando carências, que o ser humano fica isento do trabalho de levar a palavra do Senhor, pois as próprias deficiências, usadas com sabedoria, podem conduzir à Paz que a humanidade reclama e precisa.”

Como conclusão, lembremos a lição de Kardec: “Se o Espiritismo deve, assim como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade, só poderá faze-lo pelo melhoramento das pessoas, o qual só se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento do ser humano.” Todos nós podemos ser educadores; educamos com o que dizemos, educamos com o que fazemos, educamos com o nosso exemplo. Quem não educa no sentido positivo, melhorando, edificando, educa no sentido negativo, prejudicando e danificando o caráter das pessoas. Quem não tem educação não pode educar. Quem não tem disciplina não pode disciplinar. Quem não teve e não sabe amar não pode dar amor. Só se pode dar, aquilo que se possui. Precisamos iniciar um grande esforço de regeneração das pessoas, dentro do Evangelho, para que se realiza a melhora na auto-educação.

Para fazermos a nossa evolução, existem dois degraus de grande importância. São eles representados por dois verbos: Servir e Amar. Jamais devemos desanimar ante as circunstâncias que se nos apresentam no trabalho de divulgação do Evangelho. Servir e amar a todos e a tudo, ajudando o progresso das pessoas e do mundo que nos recebeu generosamente, deve ser a nossa meta, como discípulo de Jesus.

Façamos a nossa parte, na tarefa de divulgar o Evangelho, para melhorar-mos o mundo em que vivemos, e, vivem e viverão os nossos filhos e netos...


Bibliografia:
Livro “Evangelho dos Humildes”
“ “Parábolas e Ensinos de Jesus”
Livreto “Minuto de Sabedoria”

Jc.
13/01/1994

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