domingo, 21 de março de 2010

AS TRES REVELAÇÕES

AS TRÊS REVELAÇÕES

1ª Revelação – MOISÉS

A Palestina era um pequeno pais, situado entre o Mar Mediterrâneo e os desertos da Arábia, na Ásia. Seu solo era irrigado pelo rio Jordão que viaja de norte a sul e deságua no Mar Morto. A Palestina na antiguidade era habitada pelos cananeus. No fim do II milênio A/C, começaram a entrar na Palestina, tribos hebraicas. Os hebreus originários do deserto da Arábia, eram nômades, deslocando-se constantemente em busca de melhores pastagens. Fixando-se na Palestina, tornaram-se agricultores. Obedeciam às ordens de chefes chamados “Patriarcas”, com autoridade absoluta. Foram eles, Abraão, Isaac, Jacó, José, Moisés e Josué. Abraão, nascido na cidade de Ur, no reino babilônico, com 75 anos, mudou-se com seu povo para a Palestina. Ele é considerado o “pai dos hebreus”.

Moisés, a maior figura da história dos hebreus, nasceu no Egito. Foi educado na corte do Faraó Seti I. Anos depois, expulso do Egito por Ramsés II, vagou pelo deserto de Madiã. Retornando ao Egito, retirou os hebreus da escravidão. Na sua viagem para a terra prometida, recebeu no Monte Sinai, o Decálogo, os “Dez Mandamentos”, que são:

1- “Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito. Não tereis outros deuses
estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem talhada, nem nenhuma figura de
tudo o que está no alto do céu e embaixo na Terra, nem tudo o que está nas águas
sob a Terra. Não os adorareis, nem lhes rendereis culto soberano;

2- Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus;

3- Lembrai-vos de santificar o dia de sábado;

4- Honrai o vosso pai e a vossa mãe;

5- Não matareis;

6- Não cometereis adultério;

7- Não furtareis;

8- Não prestarás falso testemunho contra vosso próximo;

9- Não desejareis a mulher do vosso próximo;

10-Não desejareis a casa do vosso próximo nem seus bens.

Moisés após receber o Decálogo, continuou a viagem mais morreu antes de chegar ao seu destino. Seu sucessor foi Josué, que conduziu os hebreus até a Palestina.
O Judaísmo, religião criada por Moisés, caracterizava-se pela crença em um único Deus, que chamavam de Jeová, invisível, incorpóreo, todo poderoso, justo, criador do Céu e da Terra, presente em Espírito, em todos os lugares; na imortalidade da alma; no juízo final; nas recompensas e castigos após a morte, e, na vinda do Messias As festas religiosas dos hebreus, eram três: Páscoa, em memória à saída dos hebreus da servidão do Egito; Pentecostes, em recordação ao recebimento dos Dez Mandamentos; e Tabernáculos, que relembra a permanências dos hebreus no deserto.

Três seitas disputavam entre si, o domínio sobre os hebreus. Os fariseus, os saduceus e os essênios. Depois de várias crises e domínio estrangeiro, o monoteísmo hebraico degenerou-se, influenciado pelo politeísmo dos dominadores. Surgiram então os profetas, grandes reformadores, oriundos do povo que pregavam contra os atos contrários à religião, procurando restabelecer a antiga crença em Jeová. Os mais notáveis, foram: Elias, Amós, Ezequiel, Daniel, Niquéias, Oséias, Jeremias e Isaías. Por ser o povo hebreu o único a acreditar em um único Deus, foi escolhido para receber o Messias.

A contribuição da primeira revelação foi o recebimento do Decálogo, revelação divina, visto que, as demais leis e disciplinas criadas por Moisés, mesmo as alegadas de ordem superior, eram transitórias e apropriadas àquela época, em que os povos ainda eram muito primitivos.



2ª Revelação – JESUS DE NAZARÉ

No reinado do imperador Otávio Augusto, foi realizado o recenseamento do império, para efeito de recebimento de impostos, tendo durante essa época, nascido Jesus Cristo, na cidade de Belém, na Judéia. O nascimento da Jesus dá início à Era Cristã.

Com alguns meses de existência, seus pais o levaram para o Egito, fugindo às perseguições do rei Herodes. Após a morte deste, a família de Jesus voltou a Palestina (Israel), fixando-se na cidade de Nazaré, onde Jesus viveu como humilde auxiliar de carpinteiro, até quando iniciou a sua missão evangélica. Aos trinta anos de idade, Jesus após ter sido batizado por João Batista, seu primo, nas águas do rio Jordão, e ser anunciado como o Messias, foi a Cafarnaum, a beira do Mar da Galiléia, e reuniu um pequeno grupo de seguidores em número de 12, e começou a fazer as suas pregações.

Os seus apóstolos foram: 1- Simão Pedro, de Betsaida, pescador, filho de Jonas; 2- André, irmão de Simão Pedro, pescador; 3- Tiago maior, de Betsaida, pescador, filho de Zebedeu; 4- João, filho de Zebedeu, pescador, irmão de Tiago; 5- Felipe, de Betsaida, pescador; 6- Bartolomeu, de Caná da Galiléia, pescador; 7- Tomé ou Dídimo, de Dalmanuta, pescador; 8- Mateus ou Levy, filho de Alfeu, cobrador de impostos; 9- Tiago menor, de Nazaré, filho de Maria; pescador; 10- Judas Tadeu, de Nazaré, irmão de Tiago menor, pescador; 11- Simão, o zelote, da Cananéia, pescador; 12- Judas Iscariotes, de Queirote na Judéia, comerciante. Com a morte deste, foi escolhido Matias para seu lugar.

A doutrina ensinada por Jesus, bem como a história de sua existência na Terra, foi reunida em diversos livros, ficando para a posteridade, por determinação da Igreja Católica, apenas 4 livros, que são os Evangelhos de Mateus, Lucas, Marcos e João. Entre os princípios dessa doutrina, podemos citar: a- O Amor a Deus sobre todas as coisas; b- O Amor e a Caridade a todas as pessoas; c- A ressurreição dos mortos para outra vida. Durante três anos, exerceu Jesus a sua missão, ensinando a Bôa-Nova, exemplificando os ensinamentos, curando os doentes, mostrando a renovação por meio da fé, da bondade e do amor. Traído por Judas Iscariotes, um de seus apóstolos, foi preso, julgado e condenado a morrer crucificado, o que foi efetuado no monte chamado Calvário.

O Cristianismo desenvolveu-se rapidamente por que:
1- Correspondia a uma necessidade de esperança para os desprotegidos;
2- Tinha um caráter universal, diferenciando-se das demais religiões que eram locais;
3- Perseguidos, mantinha seus seguidores mais unidos e convictos de suas verdades;
4- Admitia mulheres no culto.

Os primeiros cristãos formavam pequenos grupos, aprendiam os ensinamentos de Jesus, pela palavra dos apóstolos e de seus sucessores. Os ensinamentos e a história de Jesus, que estão narrados nos Evangelhos, formam com os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse, o “Novo Testamento”. O Sermão da Montanha, com as Bem-Aventuranças, é a expressão máxima dos seus ensinamentos. Estes podem ser reduzidos a apenas duas máximas, sintetizadas por Jesus: “Amar a Deus, acima de todas as coisas” e “Amar ao próximo como a si mesmo”; aí estão como bem disse Ele: “Toda a lei e os profetas”.

Saulo de Tarso, convertido na estrada de Damasco, mudou seu nome para Paulo. Pregando ele, o Evangelho aos pagãos, afirmou que Jesus veio para ensinar e salvar todas as pessoas e não somente os judeus. Parece incrível, mas o povo judeu é o único ciente da vinda de Jesus, que não o aceita e ainda aguarda a vinda do Messias prometido. No século I da era Cristã, Paulo chega a Roma. Nos arredores da cidade, havia extensa rede de corredores subterrâneos, conhecidos como catacumbas. Perseguidos que eram os cristãos se escondiam nas catacumbas para rezar, curar os doentes e transmitir os ensinamentos de Jesus. Foi nesses cemitérios subterrâneos que apareceu pela primeira vez, o símbolo idealizado para identificar os cristãos; dois traços que se cruzando formavam a figura de um peixe, simbolizando o pescador de almas.

Muitos apóstolos e discípulos foram perseguidos e mortos por causa da crença; alguns crucificados como Jesus, outros apedrejados e muitos outros devorados pelas feras nos circos romanos, anfiteatros para a distração do povo. Apesar de todas as perseguições e martírios por que passaram os cristãos, o Cristianismo se espalhou pelos continentes. Durante séculos, vêm convidando as pessoas, à Fé, à Esperança, a Caridade e o Amor, qual uma árvore frondosa cujos ramos cobrem grande parte do mundo, oferecendo seus frutos de vida; porém, quão poucos os colhem.

Assim como Jesus disse que não tinha vindo para destruir a lei ou os profetas, mas dar-
lhes cumprimento, desenvolvê-la, ensinar seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de desenvolvimento daquela época, assim também prometeu que o Pai enviaria outro Consolador, o Espírito de Verdade, que nos ensinaria todas as coisas e nos faria relembrar de tudo aquilo que Ele nos tinha ensinado e muitas mais coisas, que o mundo de então não estava preparado para receber. A contribuição da 2ª Revelação, personificada em Jesus, nos legou um novo código doutrinário, reaproximando a criatura ao seu Criador, agora ensinado como Pai de Bondade e de Amor; foi o marco de uma nova era para a humanidade.


3ª Revelação – O ESPÍRITO DE VERDADE/ESPIRITISMO

Os tempos eram chegados, a humanidade já alcançara um estágio avançado para receber novos ensinamentos. Um dia, Deus na sua infinita misericórdia, permitiu ao ser humano ver a verdade dissipar as trevas; foi o advento de Jesus. Depois da luz viva, as trevas voltaram; o mundo na obscuridade se perdeu de novo. Então à semelhança dos profetas, os Espíritos do Senhor se põem a falar. O Espírito de Verdade, enviado pelo Pai, vem nos relembrar tudo o que fora ensinado por Jesus e nos esclarecer muitas outras coisas que não foram ditas. As manifestações desta vez, não se fizeram ouvir apenas num local; espalharam-se por todos os lugares da Terra e as comunicações dos espíritos, dão início a uma nova era de progresso espiritual.

Hipólyte Leon Denizard Rivail, nascido na religião católica, educado na Escola Pestalozzi, já professor em Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc., atraído pelas manifestações das “mesas falantes”, entregou-se a observações perseverantes sobre esses fenômenos, e percebeu desde logo, o princípio de novas Leis que regem as relações entre o mundo visível e o invisível. Reconheceu existir uma força com conhecimentos, que haveria de lançar novas luzes sobre uma imensidade de problemas até então, tidos como insolúveis.

Fruto dos seus estudos e das manifestações dos espíritos nasceu a primeira obra, cuja edição apareceu pela primeira vez em 18 de abril de 1857, com o título: “O Livro dos Espíritos”, dando início a Codificação e surgindo então a Doutrina dos Espíritos, com o nome de Espiritismo. Para não prejudicar e ser reconhecida como obra sua, pois era muito conhecido no meio científico, ele adotou o pseudônimo de Allan Kardec. O Espírito de Verdade aprofundava ainda mais os conceitos de suas elevadas mensagens, todas incluídas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando afirmava: “Pelo Espiritismo, a humanidade deve entrar numa nova fase de progresso moral e espiritual, que é sua conseqüência natural.”

São postulados fundamentais do Espiritismo: 1)- A existência de Deus, inteligência cósmica suprema, criadora do Universo e de todas as coisas; 2)- A existência do espírito que habita o corpo material, que após a morte do corpo, retorna à espiritualidade, conservando a lembrança de todas as experiências terrenas; 3)- A crença na reencarnação, através da qual os espíritos vão evoluindo gradativamente; 4)- A crenças nas comunicações dos espíritos desencarnados com os humanos; 5)- A crença na existência de vida em outros mundos; 6)- A crença na lei de Causa e Efeito que determina os destinos sucessivos do espírito, pelo uso que fizer do direito do livre-arbítrio.

As obras básicas da nova doutrina codificada por Allan Kardec, são: “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno”, e, “A Gênese”, ou “Os Milagres e as Predições”. Estimulados pela Revelação Espírita, grupos de estudos foram sendo organizados. Oferecendo campo propício às novas idéias, o Brasil viu o Espiritismo crescer e se transformar em gigantesca obra evangélica, segundo a própria formação de seu povo. Em 1932, o Brasil viu a semente frutificar e crescer com o aparecimento da primeira obra psicografada por um moço simples, chamado Francisco Candido Xavier, com o título: “Parnaso de Além-Túmulo”.

Em seguida, novas obras foram surgindo e novos agrupamentos foram se formando; novos Centros Espíritas e entidades de assistência social foram surgindo. Os Centros Espíritas passaram a atender as pessoas, tentando ajudá-las e consolá-las; foram criadas instituições beneficentes, escolas de evangelização, creches, asilos, hospitais; enfim, todo um conjunto de trabalhos fraternais em que se doam no serviço de caridade; grupos mediúnicos se reúnem para realizar trabalhos destinados à doutrinação de espíritos desencarnados e para afastar obsessores que prejudicam a existência das pessoas; também nos Centros Espíritas as pessoas esperam e recebem o passe, a água fluidificada, e o auxílio para as suas necessidades, além de ouvirem explanações sobre as obrigações morais.

Cada uma destas atividades é própria de um Centro Espírita, mas a finalidade primordial da Doutrina dos Espíritos é ajudar o ser humano, a tomar nova consciência de si mesmo, rompendo com os modelos existentes, nem sempre aconselháveis. A esta operação, Paulo o discípulo de Jesus, chamou: “A substituição da velha pessoa, despojada das suas imperfeições, pela nova criatura, onde tudo significa reconstrução para um futuro melhor e eterno”. E, ao nos transformarmos em uma nova pessoa, o Espiritismo cumpriu em nós, a sua função primordial, e, renovados, estaremos indo ao encontro de Jesus, e penetrando no santuário do seu Amor.

A Doutrina Espírita é sem dúvida, a dádiva maior concedida ao ser humano. Erigida sobre os sólidos fundamentos das mensagens de Jesus, ela é, a escola, o abrigo, o templo, assegurando aos que a buscam, orientação e segurança, confiança na Bondade de Deus, e a certeza de que cultivando o coração na empreitada re-educativa de Caridade e Amor, sob a proteção de Jesus, estaremos edificando um novo mundo de Paz e Felicidade para todos nós e nossos entes queridos...


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.


Jc.

S.Luis, 21/6/1995

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