sábado, 21 de agosto de 2010

ASCENSÃO ESPIRITUAL

ASCENSÃO ESPIRITUAL


Em Gênese, no cap.28 vr.12, encontramos... “E eis que uma escada era posta na Terra, cujo topo tocava os Céus, e os anjos de Deus desciam e subiam por ela...”

Do ponto de vista corporal, o ser humano pertence à classe dos mamíferos, dos quais difere apenas na forma exterior; tendo a mesma composição química que todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução; ele nasce, vive e morre nas mesmas condições, e, com a morte do seu corpo físico, ele se decompõe como tudo o que vive. Não há em seu corpo, um átomo diferente daqueles que se encontram no corpo dos animais. A analogia é tão grande que se estudam as funções orgânicas de certos animais, quando as experiências não podem ser feitas no ser humano.

Na infância da Humanidade, o ser humano só aplicava a sua inteligência na procura de sua alimentação, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos animais ferozes; mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo incessante de melhorar-se, e é esse desejo que o leva à procura dos meios de melhorar sua posição, que o conduz às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Através das pesquisas, sua inteligência aumenta, sua moral se eleva; às necessidades do corpo sucedem às necessidades do espírito e é assim que o ser humano passa da selvageria à civilização, realizando sua ascensão espiritual.

Sabemos que, todos os desníveis entre dois planos pedem recursos de acesso para chegarmos ao alto, quais sejam: rampa, escada, elevador, teleférico, etc.. Assim também acontece no plano espiritual. Temos nas Revelações, os degraus de acesso aos planos superiores celestiais. A ascensão espiritual assemelha-se a uma escadaria praticamente imensa, cuja base assenta-se na Terra e o topo perde-se nas alturas... Para galgá-la, se fazem necessária á boa-vontade, trabalho, perseverança e fé no objetivo final, sem distorções, desvios, interrupções, nos degraus inferiores. À medida que subimos, o panorama vai se ampliando, e vislumbramos mais longe; chegamos mesmo a ficar pasmos quando nos conscientizamos de nossa anterior limitação, da pobreza de nossa compreensão e visão...

Nosso primeiro degrau foi construído por Moisés, ao nos trazer as primeiras noções de justiça e as Leis de Deus, constantes no Decálogo. O segundo degrau foi construído pelo próprio Jesus, e nesse nível, já nos foi possível vislumbrar o horizonte espiritual que então se descortinou às nossas vistas. O terceiro degrau, correspondendo aos ensinos complementares da Doutrina dos Espíritos, necessários para alcançarmos o plano superior, foi construído pelos Espíritos Superiores, sob a orientação do Mestre, e com a colaboração de Allan Kardec e dos demais mensageiros de Jesus.

Outro referencial do movimento de ascensão é o tempo. Ao que sabemos a Humanidade teve aproximadamente dois mil anos para percorrer cada um desses dois estágios. Levando-se em conta que dois estágios já foram vencidos, e os tempos são chegados, concluímos que temos tão somente mais mil anos para concluir a ascensão ao último e definitivo estágio da fase evolutiva em que nos encontramos. A alternativa para os que não conseguirem a ascensão dentro desse tempo, aproveitando as existências que ainda lhes são concedidas, será a queda, outra vez, para os níveis inferiores, onde as dificuldades serão maiores e os sofrimentos indescritíveis.

Estamos atualmente sendo convocados a ascender para este último nível que facultará a nossa libertação espiritual. Entretanto, sem querermos, em todo momento, estamos ainda sujeitos à “escorregões” que podem nos reter mais uma vez, nos abismos existenciais da ignorância, da preguiça e da maldade.

Cairbar Schutel, vale-se de uma parábola filosófica para fazer-nos compreender melhor a questão da ascensão espiritual e o momento evolutivo. Diz ele: “No meio de uma cadeia de montanhas, se eleva um pico isolado sobre o qual se percebe vagamente um antigo edifício. Certa vez um ousado viajante propôs-se alcançá-lo, e pôs-se à tarefa. As ervas suspensas nos flancos dos
precipícios, um tronco carunchoso, uma pedra escorregadia... tudo lhe serve de ponto de apoio; esforça-se , arrasta-se, salta e, finalmente, coberto de suor e fatigado, chega ao desejado cume. Aos seus olhos, espraia-se toda a enorme cadeia de montanhas e os mais belos horizontes se abrem diante dele. O que só via confusamente, agora abrange e domina num lance de vista... Em baixo, ao longe vê os obstáculos contra os quais empregou seus esforços e ri-se da sua inexperiência; de pé contempla os que se deixaram vencer sem tentar e admira-se da própria audácia.

Os companheiros, medrosos e sem força de vontade para vencerem as dificuldades da subida, não o puderam seguira não ser com a vista. Então, desbravando a subida, o viajante descobriu um atalho, porque só era visível do alto do pico. É por esse atalho que desce então o viajante que chegou ao alto, e é por ali, que ele se coloca à frente dos demais que ficaram ao sopé do pico, e lhes diz: “Segui-me!” Ele os conduzirá sem perigos e sem maiores esforços até o cume, cuja conquista lhe custara tanto esforço e sacrifício. Graças a ele a montanha já se tornou acessível ! Todos os viajantes podem agora do alto, admirar o formoso edifício, os panoramas sublimes, os magníficos horizontes que dali se descortinam.

Eis a imagem da nossa ascensão espiritual às gloriosas paragens da Imortalidade. Os seres humanos, na grande maioria, caminham sem se elevar ao cume da montanha, porque vão e voltam em delongas por caminhos da horizontalidade material, que não os conduzem às alturas espirituais. Algumas vezes, elevam-se até certo ponto, mas voltam atraídos aos planos inferiores, porque não desejam transitar pelo verdadeiro caminho do amor, que os
conduziriam com segurança às alturas da montanha espiritual.”

Explicando a parábola de Cairbar Schutel, vemos na cadeia de montanhas a representação das antigas religiões, e no edifício antigo, a Revelação. As ervas suspensas nos flancos são as virtudes que nos ajudam a beneficiar o próximo e nos conduzem ao amor de Deus; a volta aos planos inferiores, são as más paixões, o egoísmo, o orgulho e a maldade. O viajante que subiu ao cume é Jesus, seguido de seus mensageiros, onde se destaca Allan Kardec, que nos ensina o caminho para também chegarmos ao alto. Os companheiros que tentaram e conseguiram chegar até certo ponto, são todos os que atualmente se esforçam por chegar ao cume, mas que presos à atração da Terra e vencidos pelas dificuldades e pelas paixões inferiores, voltaram aos planos infelizes, atrasando o progresso espiritual.

A ascensão espiritual é resultado do esforço, da perseverança, da fraternidade e do amor, associado ao progresso moral e a elevação intelectual. Todos os que estudam, aprendem, trabalham e exemplificam estão caminhando nos dois planos de vida que se entrelaçam; um como complemento do outro; numa permuta constante; são finalmente, espíritos evoluídos que descem a auxiliar os que se encontram na Terra, que pelos seus esforços, também se tornarão melhores, porque estão trabalhando para subir o cume. Ninguém segue só
nessa difícil escalada. Deus e Seus mensageiros estão sempre atentos, e por isso nos enviou o Mestre Amado, o viajou da montanha, em busca das retardatárias ovelhas, para levá-las ao Aprisco Divino, no Reino de Deus.

Os seres humanos progridem, fazendo a ascensão espiritual, por si mesmos e pelos esforços de sua inteligência, mas, entregue às suas próprias forças, esse progresso é muito lento, se não são ajudados por outros seres mais avançados, como o aluno o é por seus professores. Todos os povos tiveram os seus homens de gênio, que viveram, em diversas épocas, para dar impulso aos mais atrasados e tirá-los da inércia.

Impossível é deter-se o progresso da humanidade. Uma nova ordem de coisas está se estabelecendo na Terra, substituindo uma anterior, a fim de que nosso mundo se transforme em um mundo de regeneração, conforme nos esclarecem os Espíritos Superiores. Essa transformação está se operando lentamente, apesar das grandes resistências que se lhe opõem, com nosso ou sem nosso concurso, e não há nesse campo de lutas, a opção da neutralidade. É necessário seguir uma regra de valores, e Paulo de Tarso nos aconselhou: “Cada um permaneça diante de Deus, naquilo a que foi chamado”, melhor dizendo: cada um procure o progresso, de acordo com suas possibilidades e nas condições em que se encontra na sociedade.

Busque, pois, o ser humano, no estudo das diretrizes da Doutrina dos Espíritos, os conhecimentos que poderão ampliar o discernimento, evitando as quedas e facultando-lhe uma escolha mais consciente e segura de seus próprios caminhos, no sentido da evolução espiritual. Somos os trabalhadores convocados a colaborar na Seara do Senhor, e aproveitemos essa oportunidade para progredir. Por isso, não nos basta apenas freqüentar habitualmente os Centros Espíritas, assistir as palestras doutrinárias, como se estivéssemos cumprindo obrigações meramente sociais e rotineiras; ineficiente será recebermos passes assiduamente, se não procurarmos retificar os nossos erros, a fim de transformá-los em verdades libertadoras; ilusão nossa a participação semanal em reuniões mediúnicas, se não brotar em nós o desejo sincero de correção das nossas atitudes; inútil nos apresentarmos com belas exposições às platéias espíritas, se não houver os bons exemplos, o desejo sincero e os esforços de reforma íntima; a nossa participação em encontros, congressos e outros eventos espíritas, será sempre apenas momento de lazer, se não surgir o dever da prática cristã, a vivência do companheirismo, da fraternidade, do “unir-vos e do amai-vos”.

Sem essas duas máximas que serviram de lema para os apóstolos e discípulos de Jesus, os outros que os seguiram e os que nos antecederam nessa jornada de trabalho, o nosso desejo de Ascensão Espiritual, através do nosso progresso será sempre prejudicado e realizado somente a custa de maiores sacrifícios, apesar dos nossos sinceros propósitos de cristão. Daí o convite de Jesus, harmonioso no Amor e na Misericórdia de Deus, para com todos os Seus filhos: “Segui-me !”


Bibliografia:
Livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
“ “A Gênese”


Jc.
S.Luis, 02/02/2005

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

CILÍCIO - (SOFRIMENTO VOLUNTÁRIO)

CILÍCIO (SOFRIMENTO VOLUNTÁRIO)


O dicionário define “cilício” como sacrifício ou mortificação a que alguém se submete, voluntariamente, atendendo a um propósito qualquer. É muito antiga a crença de que impor sofrimentos ao próprio corpo, constituiria uma forma de alcançar benefícios espirituais. Amplamente difundida no passado, ela ainda hoje sobrevive, em casos isolados, sempre como expressão de fanatismo, ignorância e superstição.

O ser humano ainda pouco esclarecido, comete com freqüência excessos e enganos na utilização do seu corpo, na falsa suposição de que o mesmo seria o causador de tais desvios de comportamento, pelo que, castigá-lo por meio de privações ou sevícias, constituiria o remédio para evitar ou corrigir tal tendência, impedindo suas manifestações. Isso é um equívoco, pois o corpo apenas atende, passivamente, às determinações de seu condutor – o Espírito. Por outro lado, tanto o cilício como o vício é danoso, pois enquanto o primeiro enfraquece e cria problemas diversos ao corpo, o segundo cria dependência que prejudica física e moralmente as pessoas.

Há um componente, não raro, de ignorância e fantasia no cilício, sugerindo, por exemplo, que a não satisfação de um desejo, declarado por uma grávida, envolvendo um alimento qualquer, possa marcar o filho que a gestante guarda no ventre, com um angioma (mancha vermelha no rosto). Pior acontecia na Idade Média, quando os cristãos, inspirados na ignorância, levaram a extremos a afirmativa de Jesus, contida no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mateus 5:4).

Entendendo esse consolo como uma compensação pelos sofrimentos, o ideal seria então sofrer bastante na Terra para garantir recompensas maiores no Céu. Tal entendimento, amplamente divulgado, gerou comportamentos absurdos, com destaque para as várias Cruzadas, guerras promovidas pelos reis cristãos na Europa, sob a alegação de que estavam libertando o solo sagrado da Palestina, em poder dos árabes. – Deus quer o sofrimento! - era o grito de guerra. Em função dessa orientação, envolveram-se milhares de fiéis ingênuos, dispostos ao tormentoso cilício dessa aventura, com a fantasia de que todos os “cruzados” (os que lutavam nessas guerras) seriam levados para o paraíso. Por outro lado á idéia do cilício como auto-flagelação, sugeria um comportamento alienado. Havia os que se internavam em mosteiros ou lugares ermos, totalmente isolados, com o propósito de fugir dos males e contatos com a sociedade. Muitos se propunham ao mutismo absoluto, passando anos sem pronunciar uma palavra. Outros açoitavam o próprio corpo para se livrarem dos seus pecados...

Em meados do século VI, em Antioquia, na Síria, um piedoso cristão chamado Simeão, instalou-se no alto de elevado monte. Inteiramente dedicado à devoção, era atendido em suas necessidades por amigos que mais tarde imitaram o
seu exemplo. Submetido às intempéries e ao desconforto, passou os restantes trinta anos de existência sem jamais descer do monte. Algum tempo após sua morte foi canonizado, recebendo o título de São Simeão. Nos dias atuais, se alguém tentasse realizar a mesma proeza, certamente seria internado em algum manicômio; mas na Idade Média, tais aberrações eram comuns, consideradas como atos de extrema piedade e fé. Não obstante o progresso alcançado pela humanidade, subsiste até hoje, pessoas ignorantes com a idéia do cilício, da mortificação, em favor da depuração do corpo, como passaporte para o Céu.

Há quem se proponha a carregar uma cruz, imitando o sacrifício de Jesus; outros subindo de joelhos as escadarias de igrejas por penitência. As próprias rezas, envolvendo intermináveis e cansativas repetições, nos rituais religiosos, representam uma forma amena de cilício a que se propõem certas pessoas, crendo com isso merecer os favores celestiais. Outras pessoas acreditam que o muito rezar, na maioria das vezes, apenas com os lábios, ficando o pensamento ocupado com outros assuntos, é que vai lhes garantir a assistência Divina. O que tem valor na oração é o pensamento e o sentimento voltado para a sintonia com o Pai Celestial, no sentido de sermos amparados pela Sua infinita misericórdia.

Temos um exemplo de sinceridade e fé, na pequena história do pedreiro Zé. Ele era analfabeto e trabalhava próximo a uma igreja; todos os dias ao sair do trabalho, ele entrava na igreja embora não soubesse rezar. Passado alguns meses, ele adoeceu e foi internado em uma enfermaria de hospital. As enfermeiras notaram que ele em determinada hora do dia, ficava alegre e muito feliz. Curiosas, elas perguntaram ao pedreiro Zé, qual o motivo daquela alegria diária. Ele então respondeu dizendo: “Quando eu trabalhava, todos os dias entrava na igreja e dizia: “Jesus, vim te visitar”. Agora que estou aqui, é Ele quem vem me visitar.

No capítulo V item 26 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, diz um Espírito protetor: “Se quereis fazer um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos corpos; fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações, eliminai o vosso egoísmo, deixai de ser ambicioso pelas posses terrenas. Aí tendes o verdadeiro cilício, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus”. Fica, portanto, bem claro que o verdadeiro cilício está no combate às imperfeições espirituais, causas geradoras de nossos males.

As ciências psicológicas têm avançado bastante nesse particular, demonstrando que os males do paciente se originam muitas das vezes de complexos de culpa. Essas idéias aproximam-se dos princípios espíritas, faltando apenas, aos psicólogos, avançar nas pesquisas e descobrir que essas situações estão vinculadas ás nossas atitudes infelizes do presente e de existências passadas.

Na legislação penal humana, há as penas alternativas para crimes leves e para criminosos primários. Alguém que comete uma agressão ou outras infrações simples, ao invés de sofrer a privação da liberdade, assume o compromisso de realizar serviços comunitários por determinado período, ou o pagamento de cestas básicas a entidades filantrópicas. Assim vemos a justiça terrena imitando a Justiça Divina.

Sejam os nossos débitos determinados pelo que estamos fazendo ou pelo que fizemos, de comprometimento no presente ou no passado, é preciso lembrar uma afirmativa importante do profeta Oséias, citada por Jesus, em Mateus 9:13 que diz: “Misericórdia quero, e não sacrifícios”. A mesma idéia está no Sermão da Montanha, quando Jesus firma: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Mt. 5:7.

Deus não quer que mortifiquemos o nosso corpo, que nos isolemos da sociedade, que carreguemos complexos de culpa conscientes ou inconscientes a nos infelicitar. O Pai Celestial espera apenas que cultivemos a misericórdia, e poderíamos defini-la como a capacidade de nos compadecermos das misérias
dos nossos semelhantes, fazendo algo por amenizá-las. O supremo cilício consiste em lutar contra a tendência que temos ao acomodamento, à inércia; para que participemos efetivamente em favor de nosso semelhante. Todo aquele que cultiva o bem e ajuda o próximo, já tem o bem no coração, libertando-se de
temores, dúvidas, sacrifícios e superstições.

Uma dirigente de uma creche filantrópica deixou admirada uma repórter que preparava uma matéria sobre entidades de atendimento a crianças carentes. Observou a repórter que tudo estava organizado, limpo, trabalho impecável, funcionários dedicados, e ela comentou com a dirigente: - “Soube que a senhora é o cérebro e o coração desta entidade, dando-lhe essa feição acolhedora e eficiente, e comentam de sua dedicação e desprendimento na atividade”. A dirigente falou que “era um exagero, inspirado na bondade dos que trabalhavam com ela. Sou apenas uma peça na engrenagem, e saiba que não tenho mérito algum. Estou aqui cumprindo pena alternativa”. – A repórter espantou-se: - “Pena alternativa?” E completou dizendo: “Não posso imaginar a senhora praticando algum delito...” A dirigente voltou a dizer: - “Hoje não, minha filha; mas no passado fui uma criminosa”.

Falo agora como espírita. “Na existência anterior pratiquei várias vezes o aborto delituoso, acumulando desajustes que nesta existência se manifestaram desde a juventude, na forma de grande angústia, que terminou me levando para a depressão. Com isso sofri muito até conhecer a Doutrina dos Espíritos. Tomei conhecimento do meu passado e a Bondade Divina concedeu-me, por abençoada alternativa, me engajar nesta entidade. Estou resgatando meus débitos sem tristezas, sem reclamação, exercitando o amor que neguei outrora a outras crianças de quem deveria ser mãe. Abençoada Misericórdia Divina que nos oferece o trabalho no amor, substituindo a dor, no resgate dos nossos débitos!”

O Evangelho nos informa que Deus fez o ser humano, não para viver isolado, mas em sociedade, uns ajudando aos outros, progredindo todos. Os que fazem votos de silêncio, prescrito por certas seitas, apenas cometem uma tolice. Entretanto, o silêncio é útil, porque permite a concentração e a paz necessária ao espírito para entrar em contato com as forças da Natureza e da Espiritualidade.
Não há mérito em procurar as aflições por sofrimentos voluntários, a não ser quando o sofrimento ou a privação têm por objetivo o bem do próximo. Nesse caso é um ato de caridade, mas quando o objetivo é para si próprio, resulta em fanatismo, sem merecimento algum.

Contentai-vos com as provas que Deus vos possibilita e não aumenteis sua carga, orienta o Evangelho. Torturar e martirizar voluntariamente vosso corpo é desrespeitar a Lei de Deus, declara os Protetores Espirituais. Vejamos um exemplo de cilício na história de um jovem: - Será que sou um covarde ? Os “velhos” me avisaram sempre para não experimentar, pois depois não tem volta. Mas... se todo mundo avisa que é ruim e a turma fuma, é porque não é tão mau assim. Que será que eles sentem ? – “Tá com medo, em cara ? Bem que eu sabia que tu não era de nada”, falou o chefe da turma. E as risadas de deboche estavam em meus ouvidos. Não agüentava mais ser gozado na presença das garotas, além do mais eu queria ser admitido na turma. Eles eram admirados e ninguém se metia e podia com eles. Afinal, uma experimentadinha só, uma única
e se eu não gostar deixarei. Aí eu experimentei a droga . . .

(8 meses depois) Meu Deus! Estou ficando louco; acho que o meu velho já desconfia, pois a última vez que roubei dinheiro dele peguei demais! – Aquele desgraçado vendedor subiu o preço; mas eu precisava conseguir mais e tinha de arranjar o dinheiro de qualquer jeito. Acho até que o velho prefere que eu pegue o dinheiro dele do que de outra pessoa. Será? – Que importa, se não conseguir dele, vou conseguir de qualquer jeito e de qualquer um.

(Mais 4 meses depois) Não acredito, não posso acreditar! Será verdade? Disseram-me que ontem à noite, bati na minha “velha” porque ela não quis me dar dinheiro. Afinal, tinha tomado uma dose extra e ainda não estava satisfeito. Peguei na “marra” e ela quis me impedir de sair de casa e eu a derrubei violentamente, ficando ela desacordada no chão; e que me acharam tempo depois desmaiado na calçada do beco... Como é que eu não consigo me lembrar de nada? Como fui ficar nessa situação?

(Mais 6 meses depois) Estou preso. Nunca poderia imaginar que isso fosse me acontecer. Fui além do que me falaram. A prisão é horrível; a solidão e a vergonha de estar aqui é terrível. Será que o inferno é pior que isto? Estou um farrapo humano, desfigurado, cadavérico, doente e desprezado. Mas o pior não é a aparência externa; é no que me transformei; sem vontade própria, sem liberdade, e com o remorso na consciência do que fiz passar os meus “velhos”...
Onde estão os caras ‘bons”; aqueles que as garotas olhavam com admiração; os corajosos, os que sabiam das coisas? – Dois estão cumprindo pena aqui comigo, e me disseram que outros já morreram de over-dose. Daquela turma, só lembro do fornecedor da droga e também da lembrança do crime praticado. Eu fui um covarde e me deixei levar pela conversa dos outros, sem ouvir os conselhos dos meus “velhos”. . . (soluços) Meu Deus, como gostaria de continuar “não sendo de nada”, como disse o chefe da turma. Eu só queria ter uma chance de voltar atrás no tempo, mesmo que todos zombassem de mim... por que não segui os conselhos dos meus velhos ?- Aqui termina a história desse jovem.

A Doutrina dos Espíritos sempre se posicionou contra os sofrimentos voluntários, mostrando a sua inutilidade e seu caráter nocivo. Qualquer gênero de cilício que traga sofrimento nunca é agradável a Deus e a Doutrina Espírita nos alerta sobre tais práticas. É oportuno lembrar por fim, que o castigo imposto ao próprio corpo, assume muitas das vezes, caráter psicológico, por julgar-se, aquele que errou indigno de reparação e de ser feliz. Servir-se alguém da liberdade, de alguma ocasião de lazer sadio, para ajudar o próximo, é uma caridade legítima que trás felicidade sempre a todos os que gozam desse privilégio. Este é o único cilício que é agradável a Deus


Bibliografia:
Evangelho de Jesus
“Evangelho Segundo o Espiritismo”


Jc.
S.Luis, 22/8/2006

domingo, 15 de agosto de 2010

INSEGURANÇA ATUAL E A DOUTRINA

INSEGURANÇA ATUAL E A DOUTRINA


No Livro dos Espíritos, na pergunta 926, encontramos a seguinte resposta: “Os males deste mundo, estão em razão das necessidades fictícias que criais para vós mesmos. Aquele que sabe limitar seus desejos e vê sem inveja o que está acima de si, poupa-se a muitas decepções na existência. O mais rico não é o que tem maiores posses, mas aquele que tem menos necessidades”.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, vamos encontrar o espírito de Fénelon a nos advertir, dizendo: “De tormentos se poupa, aquele que sabe contentar-se com o que tem; que observa sem inveja o que não possui; que não procura aparentar mais do que o que é. Esse é feliz, porquanto, se olha para baixo de si, vê sempre outras pessoas que têm menos do que ele. Ele é calmo porque não cria para si, desejos e necessidades quiméricas... Não será a calma, uma felicidade em meio das tormentas da existência?”

Muitas pessoas têm medo de tudo, de doenças, de tempestades, da situação econômica difícil, de desastres, da violência, enfim, de coisas que podem nunca acontecer com elas. É claro que, entrar em pânico não vai resolver nada; o que nos compete fazer é tomar as precauções para evitar o que pode ser evitado; jamais pensar o pior. A propósito, o psicólogo inglês Engler, apurou em pesquisa que, apenas 2%, vejam bem, 2% das nossas preocupações, são justas e merecem nossa atenção. Isso significa que 98% das nossas preocupações não têm sentido, só servindo para sobrecarregar nossa mente.

A melhor coisa para mantermos o equilíbrio emocional diante da existência é dirigirmo-nos diretamente ao Pai Celestial, para vencermos a insegurança, o medo e a ansiedade. Orar é um ato de fé, de confiança na bondade de Deus e no Seu imenso amor para com todos nós, pois Ele nos criou para sermos felizes. Há pessoas que vivem estressadas, no dizer popular: “com os nervos a flor da pele”. O ser humano sofre mutações psíquicas de acordo com o que vê, ouve e aprende. Tudo isso vai influenciar no que ele pensa, sente e faz, causando por vezes, danos materiais, morais e espirituais para si próprio. Para outras pessoas mais equilibradas, as mesmas coisas poderão passar despercebidas, sem maior importância, sem provocar reações que causem mal estar. Para evitar mágoas, constrangimento ou aborrecimentos é bom que vigiemos os nossos pensamentos, as palavras e as ações, administrando bem as nossas emoções e evitando a precipitação ou a preocupação antecipada dos fatos.

Vivemos difícil período com mercados em crise, bolsa em baixa, bancos quebrando e o desemprego rondando a existência de muita gente. A verdade é que a crise não veio como um furacão repentino para causar na sociedade o caos. Como tudo na vida segue padrões estabelecidos pela Natureza, com a crise não foi diferente. Ela veio de fininho, entranhando-se em nossas vidas, pelo exagero do consumismo; foi crescendo sem que percebêssemos e hoje chegou firme, pujante e mal-educada, ameaçando todos nós. Sim, fomos nós que plantamos essa crise mundial com nossas atitudes de alto consumo, no exagero e na busca do ter, que gerou toda essa situação em que hoje nos vemos envolvidos.

A sociedade de consumo exagerado plantou a ilusão de que devemos ter tudo, sem, entretanto, termos o poder aquisitivo para ter tudo de tudo. Produtos e mais produtos são lançados no mercado e grande parcela da população invade as lojas de todos os segmentos para adquirir as novidades, com e sem as condições necessárias. E, para que possamos ser felizes e bem-sucedidos, como prega a propaganda, temos que comprar, e para isso nos oferecem créditos e mais créditos; e com essas facilidades fomos comprando o necessário e também os supérfluos, não com dinheiro, mas com créditos, que é um dinheiro de “mentirinha”. Lógico que, com tanto crédito fácil, um dia as contas iriam ultrapassar nossos ganhos e fatalmente, as dívidas bateriam em nossa porta. Aí não adianta lamentar, natural é que paguemos pelo que compramos...

Há alguns meses atrás, víamos anúncios assim: “Compre seu carro sem entrada e pague em 100 meses”. Conhecemos pessoas que não tinham nem carteira de motorista e nem necessidade e compraram carro para impressionar os visinhos. Hoje, os meses estão sendo reduzidos juntamente com o crédito oferecido, enquanto os juros passaram a aumentar. Chegou o momento de se refletir e chegar à conclusão de que não precisamos de tantas coisas para viver. No momento, há ainda algo mais importante a considerar: A natureza que tanto nos concede está fatigada; chegou o momento de preservá-la; necessitamos voltar nossos olhos para a reciclagem, de modo que retiremos da natureza, somente o necessário do necessário. A crise é, portanto, para exercitarmos a criatividade e rever nossas necessidades e valores.

Imaginemos qual seria a postura de Allan Kardec, se estivesse encarnado nos dias de hoje, em relação à crise econômica. Quais seriam suas palavras, suas atitudes. Será que o Codificador vivendo no Brasil, compraria em carro financiado em 100 meses? Tomando como base suas idéias e seu ideal dirigido para a educação da alma humana, não é difícil prever quais seriam suas opiniões que, em realidade, já estão impressas em “O Livro dos Espíritos”, mais precisamente na resposta a questão nº 713, em que os Espíritos afirmam: “Os prazeres têm o limite traçado pela natureza, mas os seres humanos chegam ao extremo e são punidos pela própria volúpia, por seus desejos desregrados”.

A crise que se instalou mundialmente é um mecanismo para que nos eduquemos e aprendamos a viver com o necessário, sem o exagero do supérfluo. Não estamos aprovando à miséria; estamos apenas fazendo um apelo ao bom senso. Senão vejamos: Cerca de 80 milhões de brasileiros estão endividados por conta dos abusos do consumismo. A facilidade do crédito dá a falsa ilusão de alto poder aquisitivo. Há muito tempo, afirmam os economistas que, o cartão de crédito e limites bancários são utilizados como complemento de renda, o que equivale a dizer que, não sabemos viver com o que ganhamos, querendo sempre mais, e aí as dívidas e os juros nos tiram o sossego e a paz. Aliás, os altos preços de alguns bens, são frutos da procura frenética que empreendemos por eles.

Fazemos qual uma criança que quando vê uma coisa diferente, embora tenha muitos brinquedos, logo deseja essa coisa. A lei de mercado nos indica que quanto mais procurado, mais valorizado estará o bem e certamente mais caro será o seu preço. É possível viver bem e confortavelmente aproveitando os benefícios da tecnologia, sem partir para o consumismo exagerado que trás grande prejuízo para nós como também para á economia, à ecologia e o meio ambiente que é degredado. Buscar a existência com simplicidade, sem exageros, é fundamental para afastarmos toda e qualquer crise, além de evitar cobranças e dores de cabeça na hora de liquidá-las. Afinal, nossos objetivos na Terra são muito mais amplos, do que nos afogarmos em dívidas e juros.

A Doutrina dos Espíritos ensina-nos a viver com simplicidade; basta estudarmos atentamente as questões aqui mencionadas e teremos uma notável aula de economia e orçamento familiar. O Evangelho nos informa que as causas atuais das nossas aflições são devidas a nossa má conduta, e por não termos limitado nossos desejos. Quantos males e enfermidades são conseqüências dos nossos excessos de todos os gêneros. O nosso desejo de possuir mais e mais e o apego a esses bens terrenos é um dos mais fortes fatores do entrave ao nosso adiantamento moral e espiritual.

Deus conhece nossas necessidades, e as provê segundo o nosso merecimento; mas o ser humano, insaciável em seus desejos, não sabe se contentar com o que tem; o necessário não lhe basta, quer sempre mais e mais, mesmo sendo supérfluo. É então que a Providência Divina o deixa entregue a si mesmo; frequentemente é infeliz por sua própria culpa e por não ter ouvido a sua consciência que o advertia. Deus o deixa sofrer as conseqüências, a fim de que lhe sirva de lição para o futuro.

A Terra e a Natureza sempre produziram o bastante para alimentar todos os seres humanos. O alimento que a Terra generosamente produz para o sustento de todos, devia ser um patrimônio de toda a humanidade. A aquisição e a posse de bens terrenos, que consiste a felicidade na Terra para muitos, é uma quimera, ilusão para àqueles que não agem sabiamente, que, por uma semana, um mês ou um ano de completa satisfação, todo o resto se passa numa seqüência de amarguras e decepções; e notai que estamos falando dos felizes da Terra, daqueles que são invejados pelas multidões.

Jesus recomendou: “Não ajunteis tesouros na Terra, que são perecíveis; mas formai tesouros no Céu, porque são eternos”. Em outras palavras: Não vos preocupeis com a posse dos bens materiais, que são passageiros, mas sim com os bens espirituais; porque o ser humano só possui aquilo que pode levar deste mundo. Um espírito protetor, em mensagem no Evangelho Segundo o Espiritismo, declara: “Quando considero a brevidade da existência terrena, fico dolorosamente impressionado pela grande preocupação da qual o bem-estar material é para vós o objeto, ao passo que ligais tão pouca importância e não consagrais senão pouco ou nenhum tempo ao vosso aperfeiçoamento moral que deve ser contado para a vossa eternidade”.

Jesus, ainda falando da bondade do Pai Celestial, nos disse: “Observai os pássaros do Céu; eles não semeiam e não colhem e não amontoam em celeiros, mas vosso Pai Celestial os alimenta; não sóis vós muito mais do que eles? Procurai, pois, primeiramente o Reino de Deus e Sua bondade, e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo”.

Chega de medos, chega de preocupações, chega de insegurança; vivamos com simplicidade e confiantes de que somos filhos bem amados, e que devemos trabalhar para progredir, cientes de que nosso Pai Celestial está sempre amparando todos nós. . .



Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Jornal “O Imortal”


Jc.
S.Luis, 25/5/2009

A CASA ESPÍRITA

A CASA ESPÍRITA


Uma casa só tem sentido a partir de sua finalidade, porque esta define a razão de ser daquela existir no mundo. Vale o mesmo para o mundo, enquanto casa dos espíritos encarnados, nossa morada, porque somos nós que lhe damos sentido. Se o mundo é de expiações e provas é porque os seres que o habitam ainda não se constituem de homens e mulheres de bem. (L.E.- questão 1019)

Devemos, pois, trabalhar o ambiente de regeneração na casa espírita, antecipando-se, assim, ao que vai ocorrer também com o mundo. Para que isso ocorra, cabe a nós espíritas dar sentido à casa espírita na qual trabalhamos voluntariamente, auxiliando, de modo direto ou indireto, a sociedade e as pessoas que por ela passam todos os dias. (L.E. 793-842)

As pessoas freqüentam a Casa Espírita porque nela se sentem bem, ora como participantes, ora como assistentes, e assim vão melhorando a existência. Mas será que elas conhecem a nossa Casa? Como ela começou quem foram seus fundadores, quais as atividades desenvolvidas? A Casa é própria ou alugada, qual o valor das despesas com água, luz, limpeza, IPTU e outras? Estamos colaborando no pagamento dessas despesas?

Quando chegamos para a reunião, encontramos tudo organizado. Se, gostamos de ler, existe uma modesta biblioteca com livros selecionados sobre a Doutrina dos Espíritos, tanto para emprestar como também para vender em outras Casas.
Necessitando de assistência espiritual, encontramos sempre as pessoas para nos atender. Incomoda-nos um problema familiar ou uma perturbação espiritual, nos socorremos do passe, da água fluidificada, das palestras e da orientação dos guias espirituais, para vencermos as dificuldades ou sabermos como conviver e administrá-las. Antecedendo outras necessidades, participamos da prece de abertura e ouvimos a leitura do Evangelho de Jesus com as devidas explicações à luz da Doutrina Espírita.

Na Casa Espírita tem também as mensagens que a Espiritualidade Superior nos oferece, através dos médiuns sérios que, com sabedoria, nos vão equilibrando pouco a pouco. Quem ainda se lembra da primeira vez que veio à Casa Espírita?
Há também na Casa, um quadro de avisos e, curioso é que quase ninguém lê, e que com freqüência, nele há informações importantes sobre cursos, eventos campanhas, que são realizados na Casa ou em outros Centros. Quando precisamos, por estar com algum problema psíquico ou alguém da nossa família, fomos assistidos pela equipe espiritual, tudo gratuitamente e com carinho, coisas raras de se encontrar hoje em dia.

Conta-nos, o confrade José Antonio de Paula, de Cambé no Paraná, que certa vez encontrando um conhecido, este lhe afirmou que as Casas Espíritas estavam se esvaziando, como se ninguém mais se interessasse pela Doutrina dos Espíritos, e completou dizendo, já ter sido espírita e freqüentado muitos Centros Espíritas, e que atualmente não era mais espírita. É evidente que quando uma pessoa diz
que já foi espírita, na verdade essa pessoa nunca foi. Pode ter acontecido de haver freqüentado algumas Casas Espíritas, com o propósito de resolver algum problema, receber algum benefício, ou até mesmo para conhecer, mas não entendeu os postulados da Doutrina e nem deixou que a Doutrina alcançasse sua consciência e entendimento.

O fato é que essa afirmação do conhecido pôs o confrade José a pensar, principalmente, quando foi convidado para fazer uma palestra numa pequena cidade do interior, e sendo logo informado pelo dirigente, de que não estranhasse as poucas pessoas que estariam presentes, em virtude do Centro Espírita estar com pouca freqüência. Ele então pediu ao dirigente que lhe fez o convite, para programar a palestra para um ambiente neutro, fora do Centro Espírita, mas que mantivesse nos convites, a palavra “Espiritismo”, e o tema: “Uma visão espírita do sofrimento”. Para surpresa do dirigente do Centro, mais de cem pessoas compareceram a palestra, ficando ele impressionado e aliviado. Então uma pergunta surgiu na mente do confrade José de Paula: - Se as pessoas se interessam pela Doutrina Espírita, por que não vão ao Centro Espírita? – Seria culpa dos próprios dirigentes dos Centros? Os trabalhos espíritas são tão fechados que acabam afastando as pessoas que gostariam de freqüentar? Será que qualquer pessoa que se aproxima da Casa Espírita, não recebe atenção e nem lhe perguntam se precisa de alguma ajuda?

Na verdade é que há pessoas que agregam, juntam, e outras que desagregam. Nem sempre os que têm mais conhecimentos da Doutrina, são os que estão mais qualificados para assumir a direção da Casa Espírita. Isso não impede que ocupem outros espaços, ministrando palestras, cuidando de outros setores. Só quem tem em sua personalidade, a firmeza de caráter, a compreensão e a caridade para com o próximo, que o cargo exige, deveria dirigir uma Casa Espírita. A Doutrina dos Espíritos pede conhecimento e responsabilidade, porém em maior proporção, precisa do exemplo daqueles que representam a Casa Espírita.

O Centro Espírita que é a nossa segunda casa, é uma Instituição jurídica, e tem compromissos legais, além de ter livro de atas, caixa, etc. Então caberia a pergunta: Por que diante de tantas dificuldades, as pessoas abrem Casas Espíritas? Porque maiores que sejam os problemas, é a vocação dos espíritas para a caridade. Cada Centro aberto evita que muitas pessoas acabem internadas em manicômios. A orientação evangélica e a assistência espiritual contribuem para diminuir a venda de psicotrópicos, porque orienta a alma e, por conseqüência, harmoniza a saúde. Cada reunião de desobsessão retira das trevas, espíritos que viveram desordenadamente, e hoje, escravizam por sintonia inferior à existência das pessoas. O trabalho executado no Centro Espírita representa oportunidade de valores morais e espirituais. A segurança que nos envolve quando estamos no acolhedor espaço da Casa Espírita, é comprovado por quantos a freqüentam. Em tais momentos, tornam-se parte de nossas existências, e o Centro torna-se realmente uma segunda casa para nós. E qual tem sido nosso comportamento perante essa Casa que nos acolhe?
O que temos oferecido como retorno? Qual a nossa cota de colaboração a essa Casa que para nós representa a escola, a oficina, o templo e o hospital? Pelo menos, prestigiamos os irmãos que se esforçam na divulgação da Doutrina, geralmente com sacrifício pessoal? Comparecemos à Casa Espírita para sermos melhor a cada dia, ou é apenas para buscar uma melhora? Instruímo-nos com a Doutrina, como convêm a todo espírita, ou estamos na Casa Espírita apenas a procura de benéficos materiais? Quais os progressos em nossas ações, pensamentos e sentimentos? Prestamos atenção ao irmão ou irmã que veio cumprir a sua missão voluntária, mantendo-se no serviço... ou será que pensamos que os trabalhadores espíritas são isentos ao cansaço e ao sofrimento?

É importante analisarmos o nosso proceder na Casa Espírita, junto aos nossos irmãos de ideal. Devemos colaborar com as atividades da nossa Casa, doando de nós para que o bem que sentimos se faça mais forte, de maior alcance aos outros e com mais amor. Sejamos irmãos e amigos, e não estranhos ou adversários uns dos outros. Por isso Jesus disse: “Conhecereis meus discípulos por muito se amarem”.

Após este esboço do que acontece na Casa Espírita, onde até o amor entre as pessoas algumas vezes está ausente, é necessário que todos nós nos unamos, cada um fazendo aquilo que pode, pois, todos nós formamos essa redentora Doutrina que não depende de ministros, sacerdotes, pastores ou mestres. Somos o exemplo da Doutrina do auxílio mútuo, onde não há maior ou menor, conforme a lição de Jesus, a fim de que as pessoas possam ser beneficiadas. Cada um que servir, estará dando o exemplo e animará o que está ao seu lado para que participe também. No momento atual em que a palavra crise é a mais pronunciada, somente existe uma saída para mudar a situação das pessoas – Fraternidade.

Allan Kardec alertou no livro “Gênese” (cap. III item 8), onde chamou de mal a ausência do bem, naquele que pode fazê-lo e não faz. Enumeramos a seguir, alguns itens que podem ser identificados em nossa conduta, que consideramos importantes e devem ser combatidos: l- Quando deixamos a preguiça, o comodismo, a falta de ânimo nos impedir, quando temos que desempenhar uma tarefa doutrinária a nós confiada (Livro dos Espíritos, questão 192-A); 2- Quando aceitamos os desvios doutrinários realizados por pessoas pseudo-sábias que se intrometem indevidamente (LE. Questão 812); 3- Quando perdemos a noção de justiça e amor, do bom humor ou da boa vontade, no trato com nossos semelhantes (l.E. questão 828); 4- Quando nos deixamos levar pela teocracia mediúnica que imobiliza as iniciativas e ações das pessoas, na decisão de tudo, dentro da Casa Espírita (LE. questão 532); 5- Quando não evitamos o disse-me-disse e a formação de subgrupos, que não se assemelham aos esperados irmãos, na prática do bem geral com humildade e amor (L.E. questão 303); 6- Quando o espaço da divulgação doutrinária é ocupado por elite, distante dos menos favorecidos e dos que não possuem dotes intelectuais (L.E. questão 980); 7- Quando não realizamos a evangelização das crianças, dos jovens e adultos e não preparamos alguns destes últimos, para futuras substituições no quadro de
direção da Casa Espírita (L.E. questão 199-A); 8- Quando isolamos a Casa Espírita do contato com o Movimento Espírita, evitando assim que irmãos compartilhem da salutar troca de experiências, no esforço de unificação do Movimento Espírita brasileiro, regional ou nacional (L.E. questão 768); 9- Quando a Casa Espírita deixa de se orientada basicamente pelas obras fundamentais da Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, mesmo que outras obras espíritas estejam sendo utilizadas como roteiro das atividades doutrinárias (l.e. Conclusão item VIII 6º).

Algumas vezes ouvimos a pergunta que nos é feita: “Você é espírita kardecista?”
A resposta deve ser sempre: “Sou espírita”. Todo espírita é kardecista, pois, Espiritismo e Espírita foram palavras criadas por Allan Kardec para definir a Doutrinas dos Espíritos e seus seguidores, e está na introdução de “O Livro dos Espíritos”.

Atualmente, algumas obras têm sido consideradas patrimônio a ser incorporadas às obras de Kardec. Não questionamos o valor e a qualidade, mas, considerá-las como verdades inquestionáveis e serem simplesmente seguidas, vai uma longa distância. Vejamos o que diz o evangelista João: “Meus amados, não creiais em qualquer espírito; experimentai se os espíritos são de Deus”. Assim, devemos colocar em questão as mensagens de espíritos, seja qual for o médium, e o nome dado pelo espírito comunicante, conforme já ensinava Kardec: “Devemos por força da razão, investigar qualquer informação transmitida, independentemente da projeção alcançada”.

O desejo de venerar e seguir nomes famosos, por vezes cega o espírita, que quer santificar homens e espíritos, ao invés de respeitá-los por suas contribuições intelectuais, passível, como qualquer outro, de estudo e discordância, mesmo porque, muitos espíritos inferiores usam nomes famosos para darem comunicações absurdas, destituídas de lógica e moralidade, com o propósito de pregar peças nos incautos e nos ingênuos. Esses complementos à obra de Allan Kardec acabarão por igualá-lo às religiões dogmáticas, obrigando seus adeptos a acatarem como certezas os mais mirabolantes sistemas e idéias. Diante dessas coisas, cheguei à conclusão de que sou espírita convicto, bem diferente de outros irmãos que estão em casas autodenominadas de espíritas.

A Casa Espírita abriga a causa. A Causa dá sentido à Casa e aos que a freqüentam. Os bons espíritas é que mantêm a Causa Espírita viva e atuante dentro e fora do Centro, através do estudo da Doutrina dos Espíritos e da prática constante da Caridade. Que outra Casa abriga e incentiva uma Causa tão feliz para a sociedade humana? A Doutrina dos Espíritos é o Consolador Prometido por Jesus, e para nós, é uma honra servir como humilde tarefeiro nessa Causa do Bem, na Casa Espírita. (Conclusão L.E. item 5 parag.4)

Só assim estaremos realmente fazendo do nosso convívio no Centro Espírita, uma casa de amor, uma reunião de família. É nosso dever principal confraternizar, pois só assim estaremos seguindo as recomendações de Jesus,
quando disse: “Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei. Assim fazendo, todos saberão que sois meus discípulos”.

É chegado o tempo em que haverá a renovação espiritual da Terra e os espíritos que não procurarem evoluir através do amor e da caridade, lamentarão depois a oportunidade desperdiçada. Grande, portanto, é a nossa responsabilidade tanto no convívio no lar, na Casa Espírita, ou em qualquer outro lugar, nesta hora de definição.

O nosso futuro está em jogo; a época não é mais de acomodação, mas de realização e isto só depende de nossa decisão...

Que a Paz do Senhor, esteja em nossos corações, orientando-nos no bem.



Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Livro “A Gênese”


Jc.
S.Luis, 22/10/2004.

sábado, 26 de junho de 2010

O PAPEL DA MULHER

O PAPEL DA MULHER

A mulher, a partir do século passado, sofreu as conseqüências das diversas modificações ocorridas na humanidade. Durante o processo industrial iniciado na Europa, ocorreu uma intensa urbanização nas grandes cidades, decorrente da modernização dos sistemas produtivos. Verificou-se uma sensível corrida das pessoas do meio rural para o meio urbano, em busca de novas oportunidades de trabalho oferecidas pelas indústrias e, consequentemente, a família se reduziu, ao sair daquele amplo núcleo que existia nas sociedades agrícolas, para a pequena família urbana. Nesse novo ambiente social, a mulher passou a suprir a mão de obra nas fábricas e a exigir seu espaço na sociedade, o que deu início aos movimentos feministas e a um novo papel para a mulher na sociedade.

Analisemos, então, à luz da Doutrina dos Espíritos, o papel da mulher na sociedade e as transformações que a presença feminina tem influenciado no sistema da humanidade. As duas grandes guerras mundiais, ocorridas durante a primeira metade do século passado, na Europa, obrigaram o deslocamento de imensos contingentes de homens para as frentes de batalha, fato que resultou na admissão do trabalho feminino para suprir a carência de mão de obra nas fábricas, causando a redução da autoridade masculina na família, o que motivou o aparecimento de movimentos organizados em defesa dos direitos da mulher.

Mas, o que diz a Doutrina dos Espíritos a respeito desse movimento e do papel da mulher? – A doutrina ensina que todos somos espíritos reencarnados em trânsito para a perfeição; que as diferenças de sexo são transitórias, pois Deus não criou espíritos masculinos e femininos, mas que os espíritos escolhem renascer como homens e mulheres, conforme as provas pelas quais necessitam passar para alcançar mais rapidamente o progresso almejado, e que, para obter da presente existência, todo o proveito possível, é necessário seguir os ensinamentos de Jesus, sintetizados nas máximas: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.

Essa emancipação, no entanto, tem sido costurada a um custo elevado. A sociedade atual não espera da mulher que ela apenas abrigue e alimente as novas criaturas, mas também que ela seja capaz de dar sua cota de produção à coletividade. As mulheres estão emergindo de um passado de submissão e subalternidade e começam a ocupar o seu espaço, participando mais decisivamente da construção de uma nova sociedade e um novo estilo de vida. Apesar desse avanço conquistado pelas mulheres, predomina ainda nas relações entre o homem e a mulher, o jogo da força, o que gera distorções e conflitos sempre crescentes.

Apesar de Jesus, nas suas pregações, em nenhum momento ter discriminado a mulher, a igreja primitiva absorveu a influência judaica que via a mulher como pecadora no mundo. Por sua vez a Doutrina Espírita resgatou essa
condição ao revelar que, perante Deus, são iguais o homem e a mulher, pois a ambos outorgou o Pai Celestial o discernimento do bem e do mal e a capacidade de progredirem. Esclareceu também que as funções atribuídas à mulher são mais importantes do que as funções do homem, uma vez que cabe à mulher, influir mais decisivamente sobre os seres que renascem, transmitindo-lhes as primeiras noções de vida. Informa ainda que uma legislação humana, para ser justa, deverá garantir aos homens e mulheres igualdade de direitos. Adverte, entretanto, que igualdade de direitos não significa igualdade de funções, segundo muitos pensam, mas que cada um deverá assumir as funções que lhe são próprias. Por outro lado, não é aconselhável a mulher querer imitar os homens no que eles tenham de mais inferior, como ambição, vícios, prostituição e violência, rebaixando-se de sua condição de portadora voltada para os sentimentos nobres e o amor.

O grande desafio para a sociedade atual, está em se estabelecer uma interação harmoniosa que possibilite o equilíbrio entre o papel do homem e o da mulher, tanto na família como em sociedade. É nessa busca do ponto ideal de harmonia que os movimentos feministas acabaram por gerar uma tendência de exaltação dos valores masculinos, motivando as mulheres a rejeitarem funções próprias da área feminina. Isso tem gerado um grande desequilíbrio na sociedade moderna. Nesse contexto, a mulher deverá conquistar espaços sociais, deixando emergir a sua sensibilidade e a sua intuição, marcas fortes do modo de ser feminino. Daí, ser extremamente importante o conselho dos Espíritos Superiores ao dizerem: “Cuide o homem do exterior e a mulher do interior, cada um conforme a sua aptidão”. Isto significa dizer: - realize cada um a sua função no mundo, sem subverter os valores da condição em que se apresentam na atual encarnação.

A Doutrina Espírita não apóia às propostas que promovem a participação da mulher em atividades que possam comprometer a função divina de criar e educar os filhos. A proposta do Espiritismo é a renovação da humanidade, pela reeducação do ser humano, e sem dúvida, o papel da mulher é relevante para a obtenção dessa meta, já que ela é quem abriga os que retornam à existência terrena para uma nova encarnação, na intimidade do seu organismo. Porém, destacar a relevância do papel da mulher como educadora de seus filhos e mediadora nos conflitos que surgem na intimidade doméstica, pela reunião de inimigos de outras existências, não significa afirmar que haja incompatibilidade absoluta entre a função de mãe, e o exercício de uma profissão. E experiência de inúmeras mulheres que são mães dedicadas e trabalham fora, prova que não existe essa incompatibilidade.

Quanto às realizações da mulher no papel de mãe, o grande problema atual não é a ausência da mulher no lar, por causa da realização profissional ou pela necessidade de ganhar o pão de cada dia. Na verdade, não é a quantidade de tempo passado com os filhos, que vai determinar a qualidade dessa ligação. A qualidade dessa relação vai depender é do grau de conscientização e de
abnegação da mãe. Para isso é necessário que ela procure conhecer-se, avaliar
as próprias emoções, entender as raízes de sua insatisfação, das frustrações,
das emoções negativas que ainda fazem parte do seu psiquismo, por ser ainda um espírito em evolução, sem tentar colocar e ocultar-se sob máscaras.

Caberá à sociedade, ao compreender a importância da presença materna na formação da mente infantil, criar leis que possibilitem à mulher assistir os próprios filhos, sem prejuízo de sua atuação profissional. O ideal para a mulher é o trabalho de expediente único ou meio expediente que lhe permitiria, além da atenção e cuidados indispensáveis aos filhos, cuidar da casa, dos seus afazeres pessoais e profissionais, o que seria um estilo prazeroso para o setor feminino.

Um dos principais fatores que determina a existência emocional da mulher relaciona-se com o problema sexual. O equilíbrio nesse setor é sinônimo de amadurecimento, meta desejável, mas ainda raramente conseguida. Os movimentos de libertação feminina, desencadeados nas últimas décadas, contribuíram de maneira definitiva para estimular a plena participação da mulher na sociedade, libertando-a de discriminações e do atraso intelectual, de modo que tem ela colaborado com sua sensibilidade, na solução dos grandes problemas humanos, mas têm-se conduzido com pouco esclarecimento quanto ao assunto sexual. O importante é que o sexo seja exercitado dentro de um clima de espontaneidade, afinidade e responsabilidade. Isso dependerá do que o casal sentir e sublimar. Daí, a necessidade da conscientização de que os compromissos da vida sexual estão subordinados à Lei de Causa e Efeito e, segundo esse princípio, tudo o que dermos a outrem, no mundo afetivo, também devemos receber.

Uma nova ordem, está se estabelecendo na Terra e o papel da mulher se insere nessas modificações em curso. É necessário seguir uma regra de valores. O trabalho tem seu valor, mas não pode comparar-se ao valor que representa ter um filho. Se a mãe não puder deixar de trabalhar, existem diversas profissões que se ajustam para a mulher hoje em dia, e grande número delas não é incompatível com a saída da mulher de casa. As mulheres que estiverem integradas no labor doméstico devem realizar seu trabalho sem se sentirem marginalizadas pelo contexto social, conscientes da importância da função fundamental dentro de um lar, apesar de ser repetitivo e muito mais cansativo que outro qualquer trabalho. As mulheres que estiverem dando sua contribuição profissional exerçam com dedicação e responsabilidade, usando sua sensibilidade na criação de um ambiente de amizade e respeito. As que receberam funções no plano político, saibam adotar a postura do diálogo equilibrado sem se envolverem em corrupção e na impunidade.

Agora, fugindo um pouco da seriedade do assunto e, como subsídio do assunto abordado, passo a narrar a situação vivida por duas mulheres ao se candidatarem a uma atividade. A primeira chamada Ana, foi fazer um cadastro numa empresa e lhe pediram para informar qual era a sua profissão. Ela hesitou, sem saber como responder. O funcionário voltou a interrogar: “O
que quero saber é se a senhora tem um trabalho”. Ana então respondeu: “Claro que tenho um trabalho! Sou mãe!” – O funcionário disse friamente: “Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar “dona de casa”.

Algum tempo depois, uma outra pessoa chamada Joana, que tomara conhecimento do acontecido, por ser amiga da Ana, voltou a se lembrar dele quando se encontrou na mesma situação. A funcionária que lhe atendeu era segura, eficiente na função, e lhe perguntou: “Qual a sua ocupação?” Indecisa Joana sentia as palavras brotarem-lhe da boca para fora: “Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas”. A funcionária olhou-a sem entender bem. Joana então repetiu pausadamente as mesmas palavras e reparou maravilhada que a funcionária ia escrevendo no questionário oficial. – Ela voltou a perguntar: “Posso saber o que faz exatamente?”, com novo interesse, por estar na presença de uma doutora. – Calmamente, sem qualquer agitação na voz, nova inspiração fez Joana responder: “Desenvolvo um programa á longo prazo (qualquer mãe faz isso), sendo responsável por uma equipe (uma família), e já recebi e desenvolvo quatro projetos (filhos). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mãe discorda?), e o horário de trabalho é de 16 horas por dia, quando não existe horas extras”.

A funcionária acabou de preencher o formulário, se levantou e, gentilmente abriu a porta com todo respeito para eu passar. Quando Joana chegou em casa com o título da sua atividade, foi recebida pela equipe – uma filha de 8 anos, outra com 6 e uma outra com 3 anos. Do andar de cima, ouviu o novo projeto (em bebê de 6 meses) testando a tonalidade de sua voz... Sentiu-se triunfante! Maternidade... que atividade gloriosa e abençoada. Assim sendo, todas as mães, avós, bisavós, deviam ser chamadas: “Doutoras executivas em desenvolvimento infantil e relações humanas”, pois merecem esse título, pela responsabilidade e pelo trabalho que Deus lhes confiou....

O espírito de Batuíra disse que “a mulher é sempre mãe – não só dos próprios filhos, mas também dos grandes ideais das abençoadas realizações da vida, dos estímulos ao progresso e, sobretudo, das boas obras”.

Busque a mulher, no estudo da Doutrina Espírita, os conhecimentos que ampliarão seu discernimento, facultando-lhe uma escolha mais consciente e segura de seus próprios caminhos, para a realização a que foi chamada na presente existência. Mães, recebam os sinceros agradecimentos dos filhos...



Bibliografia:
Doutrina dos Espíritos
Batuíra

Jc.
S.Luis, 10/02/2005

domingo, 20 de junho de 2010

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Jesus nos exortou ao amor a Deus e ao próximo, pois, ninguém pode amar plenamente a Deus, se não ama ao seu próximo, do mesmo modo, ninguém pode amar o seu próximo sem amar a Deus. Só podemos chegar a Deus, através do amor que é a mola propulsora do crescimento interior e da evolução espiritual. Por outro lado, o crescimento interior só se opera quando vamos deixando o nosso orgulho e o egoísmo; quando deixamos de ser o centro das nossas próprias atenções, é sinal de que estamos conseguindo algum progresso. É o momento certo para deixar desabrochar o nosso lado divino; de permitir que a nossa origem de filhos de Deus, aflore, fazendo com que a nossa centelha de luz se projete para fora.

Paremos um pouco, na agitação da existência atual e procuremos meditar, refletir, sentir a presença de Deus, e o encontraremos em toda parte. Sentimos a Sua presença em todos os lugares do Universo; no Céu e na Terra, nas montanhas e nos mares, nas florestas e nos rios, nas aves e nos peixes, nos animais e nos seres humanos. Essa presença nos dá a certeza de sermos integrantes de uma peça na engrenagem universal, um grão de areia na construção divina. Dessa certeza resulta o amor e o respeito que se deve ter por toda a obra de Deus; pela Natureza, pela ecologia, pela fauna e flora e, principalmente pelo nosso próximo. E é justamente no ser humano, no nosso semelhante, no nosso próximo, naquele que está mais próximo de nós, é que vamos achar a maior fonte para a nossa evolução rumo à perfeição. Cabe-nos, portanto, encontrar e trilhar esse caminho, usando os meios que estão à nossa disposição, para atingirmos a meta a que nos propomos.

Jesus nos convida a amar o próximo, mostrando-nos o caminho do amor, da compreensão e da fraternidade. Para o exercício do amor ao próximo, surge em nossa mente á idéia de realizar uma grande obra, de se engajar em um movimento assistencial de vulto, que nos faça sentir que estamos realmente trabalhando em benefício dos outros. Essa atitude, na verdade, representa um grande passo para sairmos do nosso casulo de egoísmo. Porém, não são as grandes obras que somente oferecem oportunidades de crescimento. Os pequeninos atos praticados no cotidiano, muitas das vezes, valem mais do que grandes tarefas que por ventura queiramos nos envolver.

Ao convivermos com parentes difíceis, que são necessários para resgatarmos erros do passado, tentemos empregar com eles toda a nossa capacidade de compreensão, tolerância e carinho. Às vezes, para nosso próprio bem e progresso, os próximos mais necessitados estão na nossa própria casa, na nossa família. É um filho que passa por alguma dificuldade; um pai ou uma mãe angustiados com algum problema; um parente necessitado de uma orientação... Experimentemos nos colocar no lugar dessas pessoas e vamos saber o que seria bom para nós, em um momento como aquele. A resposta nos indica como agir com os outros nessa situação.

É muito mais fácil ajudar a um estranho que nos é simpático, do que auxiliar aquele parente com quem não nos afinamos. Entretanto, devemos fazer o possível para prevalecer à orientação maior que manda empregarmos a compreensão, a tolerância e a benevolência, para não dizer também o amor. Porque, amar é ouvir aquele que precisa falar que se acha cheio de dúvidas, de angústias, de incertezas, precisando de uma palavra amiga na hora que necessita. Amar o próximo é aceitá-lo tal como ele é, com seus defeitos e limitações, sem querer modificá-lo, para ser aquilo que achamos que deveria ser; porém orientando-o para melhorar sua condição de ser humano destinado ao bem.

Amar o próximo é saber sorrir para as pessoas, para os amigos, os colegas de trabalho, para os vizinhos, para as pessoas que nos atendem, para o motorista do ônibus que nos leva ao nosso destino, a empregada que nos serve e até mesmo para o gari que recolhe o nosso lixo, e é principalmente, ter o desprendimento para doar o que de mais precioso temos que é o nosso tempo... Quando ajudamos um cego a atravessar uma rua, quando destinamos uns minutos do nosso dia para atender alguém que está sofrendo; ouvindo-o com amor e lhe dizendo palavras reconfortantes, praticamos uma caridade muito maior do que doando bens materiais, de que somos apenas usufrutuários, pois tudo pertence a Deus. O tempo que doamos esse pertence a nós e podemos deliberar sobre o seu uso e a melhor forma de empregá-lo em proveito do nosso próximo e de nós mesmos.

O Evangelho de Mateus narra á parábola do “Bom Samaritano”, que sem conhecer aquele que fora assaltado, lhe socorre e o assiste, é um exemplo vivo de caridade em ação. Tentemos nos colocar no lugar daquele homem que foi vítima dos assaltantes e que se encontrava semi-morto na estrada. Certamente o que mais desejaríamos naquele momento era uma ajuda efetiva, o socorro, o auxílio. Entretanto, os sacerdotes passaram ao largo sem se importarem; só o samaritano movido pela compaixão, parou e atendeu aquele homem que sofria pelos maus tratos recebidos. A atitude do samaritano auxiliando aquela pessoa foi de acordo com as lições de Jesus, quando disse: “Fazei aos outros, tudo o que queirais que vos façam”.

A propósito, vem a história de uma escola que propôs aos alunos a seguinte pergunta: “Qual o ser humano mais importante do mundo?” – A melhor resposta valia uma bolsa de estudos para o ano seguinte. Uma aluna de nome Nina queria muito ganhar o desafio porque sua família passava por dificuldades financeiras e o prêmio ajudaria bastante. Ela então decidiu ir à luta! A primeira parada que fez foi a Biblioteca Municipal, onde havia centenas de biografias de homens e mulheres que foram importantes para a humanidade. Ela fez algumas anotações, mas não encontrou uma resposta satisfatória. Ela então foi perguntar a sua mãe. “Jesus, foi a respostas que ouviu. Ele mudou o mundo. A história e a contagem do tempo se dividem entre o antes(A/C) e o depois(D/C) da sua presença na Terra, e seus ensinamentos são muito importantes para a Humanidade”, completou sua mãe. – Era sem dúvida, uma resposta interessante. Porém, logo em seguida, Nina lembrou que Jesus jamais se consideraria o ser mais importante do mundo. Embora Ele seja o modelo e o guia, o ser mais perfeito que já veio á Terra, Jesus era humilde. Ele mesmo disse que tudo o que Ele fez nós também podemos fazer, pois todos somos irmãos, filhos de Deus, um Pai bondoso e misericordioso.

Ela se lembrou de diversos outros seres humanos que dedicaram sua existência ao auxílio de pessoas carentes e desamparadas: Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Allan Kardec, Bezerra de Menezes, Martin Luther King, Chico Xavier, todos eles exemplos de amor ao próximo. Após ela meditar por algum tempo, exclamou: Descobri quem é o ser humano mais importante do mundo! – Ela então elaborou a resposta que lhe garantiu o prêmio e a bolsa de estudos, e esta dizia: “Segundo ensinado por Jesus, o ser humano mais importante do mundo é. . . o meu próximo; aquele que precisa de mim e me oportuniza realizar a caridade através de pensamentos, palavras e ações. Considerando o meu próximo o ser mais importante do mundo, a quem devo respeitar, fazer o bem e amar, estou cumprindo com minha obrigação e caminhando na direção de Deus, nosso Pai Celestial”.

Bem disse Francisco de Assis: “Quem ajuda hoje, amanhã poderá ser ajudado” e “É dando que se recebe”. Jamais devemos reter, inutilmente, os excessos de objetos sem uso. Sempre temos que prestar contas dos recursos que recebemos do Pai Celestial, pelo bom uso, ou pelo mau uso, e, principalmente pela retenção egoística, em meio à necessidade do nosso próximo. Tudo aquilo que é excesso nos faz mal; mesmo aquilo de que mais gostamos em demasia nos faz mal. Façamos uma experiência como beber ou comer, trabalhar ou descansar, dormir ou ficar acordado, andar ou ficar estacionado, e chegaremos à conclusão de que tudo em excesso, nos faz mal.

É impressionante como nós temos a capacidade de acumular coisas. Abarrotamos gavetas, caixas, cômodos de nossos apertados apartamentos ou casas, para guardar objetos, visando uma eventual necessidade. Roupas, sacolas, bolsas, sapatos, livros, revistas, e por aí vai. E o espaço vai sendo ocupado pelas nossas “posses”, pensando que um dia vamos precisar. . . e esse dia as vezes nunca chega. As roupas saem da moda, outros artigos se deterioram, livros se desatualizam, sem contar o trabalho com traças, mofo, ferrugem, cupins, etc.

Enquanto assim procedemos, a carência do nosso próximo se agrava; oportunidades de auxílio são desperdiçadas e que poderiam ser de utilidade para outros. Façamos um exame do que acumulamos para saber se realmente são necessários à nossa existência; se não seria melhor, pela nossa falta de uso, se estivessem nas mãos das pessoas carentes? Em toda a nossa existência, em todos os momentos de convivência com nossos semelhantes, somos convocados a dar o nosso testemunho de cristão. As oportunidades de fazermos a caridade se multiplicam a cada instante. Basta apenas que
queiramos assim proceder, e se tivermos dúvida de entender os outros, tentemos nos colocar no seu lugar e sentir os seus problemas, suas necessidades, angústias e aflições.

Devemos exercitar a caridade para com nosso próximo, com amor, porque só faz caridade quem tem amor pelo seu semelhante. Sem ele, não há alegria, não há entendimento nem harmonia. Se não aprendemos a nos amar a nos querer bem, se eu não me cuidar e não gostar de mim mesmo, como gostar querer bem e amar o meu próximo? Só podemos dar aquilo que temos e se não amo a mim mesmo e não tenho amor no meu coração como poderei cuidar gostar e amar o meu próximo?

Concede ao teu próximo os mesmos direitos e favores que esperas dele receber, porque ele precisa de boa vontade, assim como todos nós. Nunca devemos nos omitir na tarefa de auxiliar aqueles que pedem a nossa ajuda. Não somente com dinheiro, mas com uma oração, com uma palavra amiga geradora de estímulos e valores que produzem resultados preciosos; socorrendo os que estão caídos a levantarem-se, os que estão aflitos e desesperados a encontrar a paz de espírito, os que estão errados a se corrigirem e os agressivos a se acalmarem, falando com bondade e amor no serviço do bem.

Todos nós podemos auxiliar o nosso próximo; em qualquer classe em que nos encontremos temos sempre algo a partilhar; o que quer que Deus tenha nos dado, devemos repartir um pouco àqueles a quem falta o necessário, porque se estivéssemos em seu lugar bem contente ficaríamos se um outro irmão dividisse conosco. João, no Evangelho Segundo o Espiritismo nos aconselha, dizendo: “Vossos tesouros na Terra serão um pouco menores, mas vossos tesouros no Céu serão mais abundantes, se houverdes semeado benefícios nesse mundo”.

O ser humano só evolui quando começa a deixar de ser egoísta, passando a ver os seus semelhantes como irmãos. E ao irmão, devemos ajudar servir e amar sem esperar recompensa, igual ao Bom Samaritano da parábola. Só assim, chegaremos um dia a um patamar de evolução que nos aproximará de nosso Pai Celestial.

Que o Senhor nos ampare e nos guie na senda do bem.

Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Evangelho Segundo o Espiritismo

Jc.
14/8/2005

quinta-feira, 3 de junho de 2010

PATERNIDADE E MATERNIDADE

PATERNIDADE E MATERNIDADE

A Doutrina dos Espíritos nos ensina que, assim como temos as famílias constituídas pelos laços materiais, temos também, as constituídas pelos laços espirituais. Estes laços espirituais são mais sólidos e duráveis do que os laços materiais, visto que não estão sujeitos às instabilidades da matéria. Destaca ainda, que a família espiritual se forma e se consolida com a prática da Lei do Amor, no convívio da família corporal.

A Lei do Amor deve presidir todos os pensamentos, atos e sentimentos do ser humano; deve presidir também o ato que permite ao Espírito, retornar às experiências terrenas pela reencarnação, especialmente no relacionamento com a mãe que com ele convive, na intimidade, durante a gestação, na formação inicial do corpo físico. Pesquisas vêm demonstrando que a causa de desequilíbrio do ser humano, se situa na fase de gestação e nascimento do bebê. A rejeição que muitos espíritos sentem, desde a simples dúvida dos pais quanto ao seu sexo, até a rejeição ostensiva e odiosa, leva esses seres que retornam a existência terrena, a uma grave instabilidade emocional e comportamental, quer na área da integração social, quer na própria aceitação pessoal. Em sentido oposto, os que são aceitos no lar, com real e manifesto amor dos pais, demonstram melhores condições morais e psicológicas para vencerem os naturais desafios da existência.

Observa-se, desse modo, a importância da paternidade e da maternidade ligadas à prática da Lei do Amor. Quando pais e mães aceitam o filho(a), desde a concepção, com sentimento de amor, constroem as bases de um mundo de paz, uma vez que a primeira lição vivida pelo espírito será a da fraternidade, do amor ao próximo, que lhe servirá de modelo para toda a existência. Nesse sentido, ensina-nos Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitissem aos filhos e que fossem dois, e não apenas um, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir”. Na constituição da família, formam não somente com os familiares já existentes, mas também com os novos membros que se agregarão: filhos, netos e todos os que de alguma forma comporão o conjunto familiar.

A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos, no interesse da conservação deles.
No animal, esse amor se limita às necessidades materiais. . . No ser humano, esse amor persiste por toda a vida e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes, sobrevivendo até à morte e acompanha até no além...

Quando nos casamos e após os primeiros tempos, a preocupação dominante passa a ser a conquista ou manutenção do patrimônio material, entre outros anseios do casal preocupados com o futuro, especialmente considerando-se os filhos que virão. O homem e às vezes a mulher voltam sua atenção nos dias atuais – um tanto diferente do passado – para o sucesso profissional e a
evolução dos valores sociais. Em outros casos, como os do casamento ou das uniões prematuras e das precipitações geradoras da gravidez precoce, ou de jovens casais sem estruturas materiais, psicológicas e emocionais para assumir uma existência a dois, causam dificuldades, desfechos infelizes e traumas.

Consideremos, porém o assunto. Fazemos cursos, nos especializamos, destinamos o tempo e recursos para a formação profissional, buscando um bom nível de vida, mas não somos preparados para a mais importante missão de um casal: educar os filhos. Tornamo-nos pais, sem experiência e sem estrutura para educar, para formar caráter, para direcionar os filhos e lhes possibilitar crescerem moral-intelectual e psico-emocional que todos precisamos para enfrentar os desafios da existência humana. Transferimos a eles nossas neuroses, lhes contaminamos com nossos vícios, influenciamos a conduta, exemplificamos mal com nosso comportamento nem sempre recomendável e agimos na maioria das vezes sem vigiar o que falamos e fazemos. Com isso, ao invés de educar, deseducamos. É certo que há pais e “pais” e não podemos generalizar.

Existem pais e mães notáveis, exemplares, que transmitem como verdadeiros mestres as noções de honestidade, decência, dignidade, respeito, valorização, crença em Deus e amor ao próximo. Mas a grande maioria está ainda deixando a desejar nessa notável e intransferível missão. Para constatar isso, basta observar o comportamento social a quanto anda. . . Nas classes mais abastadas, nas de renda baixa ou nas intermediárias, nas diferentes designações religiosas, no poder ou fora dele, entre homens e mulheres, jovens e idosos, o que se nota é uma carência ou a ausência da base que a família deve oferecer o que vem se refletindo severamente na sociedade. Esta não é uma visão pessimista, mas apenas uma visão do que nos falta fazer. Estimular a criatividade, combater o egoísmo, promover o crescimento intelectual-moral, exemplificar a solidariedade e o amor ao próximo, semear a esperança, fomentar a honestidade e a bondade... estão entre as ações que todos nós, pais e educadores ainda podemos fazer em favor de nossas crianças.

Nessa instituição familiar destaca-se a figura da mulher-mãe, pelas suas responsabilidades, pelas suas funções e pelos seus sacrifícios. É no seu corpo que se geram os filhos programados para uma nova existência terrena; espíritos que escolheram ou foram induzidos a aceitar determinada encarnação. O sucesso dos que tomam parte na nova experiência reencarnatória vai depender do desempenho de cada um e do grupo familiar como um todo, sem prejuízo da liberdade individual. A conclusão lógica é que é extremamente importante à educação ética e moral dos que fazem parte do grupo familiar, especialmente dos que iniciam uma nova encarnação, já que na fase inicial é que o espírito tem mais facilidade em substituir velhos hábitos, antigos conceitos e entendimentos errados, por novas formas de vivências proporcionadas por um recomeço correto. A aceitação do Bem e a exclusão do mal, no reinício de uma nova existência é a conseqüência natural de uma educação bem orientada no lar.
As religiões que realmente se interessam pela evolução do ser humano, podem oferecer os fundamentos para o êxito da educação. A Doutrina dos Espíritos fornece orientações seguras nesse particular, já que a criança e o adolescente tomam conhecimento de realidades e verdades que lhes proporcionam segurança, para sempre, a respeito do Criador, das criaturas, de si mesmos, do mundo em que vivem e da vida futura. O lar, rico ou pobre, não só é o berço, mas também a primeira escola das almas que nele aportam para uma nova jornada. Às mães têm a grande responsabilidade de prover as primeiras necessidades dos seus filhos e também orientá-los no decorrer da infância e juventude, o que elas fazem com muito amor, que aperfeiçoa os seres.

Na história do Cristianismo, deparamos com a figura impar e piedosa de Maria, a mãe de Jesus, admirável na sua humildade, perseverança, fé e amor. Ela é um símbolo eterno na mensagem cristã, oferecendo à Humanidade o exemplo puro de Amor, que não se perturba diante dos sofrimentos e das injustiças impostas pela ignorância dos homens, ao seu Filho bem amado. Diz Emmanuel, falando sobre a missão das mães, no livro “O Consolador”: “A missão materna deve sempre lembrar o amor de Deus, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Ela deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam. Deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade plena, controlando-lhe as atitudes e concertando-lhe as posições mentais à edificação das bases da uma existência digna.

As ingratidões dos filhos não te desanimam, as vicissitudes da existência não te desarmonizam, os embates do cotidiano não te enfraquecem, e prossegues a mesma, sofrida às vezes, perseverando sempre nos deveres a que te entregas com doação total. Aprendeste a sorrir quando os teus filhos estão alegres, e a chorar ante as suas preocupações e fracassos, porém, nunca em desespero ou revolta, quando eles não conseguem superar os momentâneos fracassos. Estejas na opulência ou na pobreza total, a tua maternidade é sinal do poder de Deus, que te consagrou como co-criadora, na condição de anjo do lar, a fim de que o mundo avance e a existência humana alcance a meta destinada. É certo que nem todos os filhos sabem compreender a tua grandeza, os teus sacrifícios, mas isso não te é importante. Sabes que as melhores condecorações para as mães, são as cicatrizes internas que permanecem no coração e na alma dos que lutam as refregas, e por isso mesmo, continuas sem descanso, trabalhando com esses diamantes que deves lapidar.

Comentando sobre a mulher-mãe, o Irmão X (Espírito Humberto de Campos), apresenta bela página com o título: “Perto de Deus”, diz ele: “Entre a alma, prestes a reencarnar na Terra e o Mensageiro Divino, travou-se expressivo diálogo: - Disse a alma – “Anjo bom, já tive numerosas existências no mundo. Cansei-me de prazeres e posses inúteis... Se posso pedir algo, desejaria agora colocar-me em serviço, perto de Deus, embora deva achar-me entre os seres humanos...” – Respondeu o Mensageiro: - “Sabes o que aspiras? Quando falham aqueles que servem perto de Deus, a existência deles é perturbada nos mais íntimos mecanismos!” – Voltou a insistir a alma: “Por misericórdia, mensageiro amigo! Dê-me as instruções...” Replicou o Mensageiro: “Conseguirás aceitá-las?” – “Assim espero, com o amparo do Senhor”, disse a alma. – “O céu então te concederá o que solicitas”, voltou a dizer o Mensageiro. – A alma então perguntou: “Posso informar-me quanto ao trabalho que me aguarda?” – O Mensageiro então lhe disse: “Porque estarás mais perto de Deus, embora entre os seres humanos, recolherás dos homens o mesmo tratamento que eles habitualmente dão a Deus... Amarás com todas as fibras de teu espírito, mas ninguém conhecerá nem reconhecerá a tua ternura!... Viverás abençoando e servindo, qual se carregasse no próprio peito a suprema felicidade e o desespero supremo. Nunca te fartarás de dar... e os que te cercam, jamais se fartarão de exigir... Dar-te-ão no mundo um nome bendito, como se faz com o Pai Celestial, contudo, qual se faz igualmente até hoje na Terra com o Todo-Misericordioso, reclamarão tudo de ti, sem que te dêem coisa alguma. Nutrirás as criaturas queridas com a essência do próprio sangue, no entanto, serás apartada geralmente de todas elas, como se o mundo te apunhalasse o coração. Muitas vezes serás obrigada a sorrir, engolindo as próprias lágrimas; embora venhas a residir na vizinhança de Deus, respirarás no fogo invisível do sofrimento!...”

Fazendo pequena pausa o Mensageiro foi interrompido pela alma: “Que mais?” – O Mensageiro então continuou: “Todas as profissões na Terra são honradas com salários correspondentes às tarefas executadas, mas teu ofício, porque estejas em mais íntima associação com Deus, e, para que não comprometas a Obra da Divina Providência, não terás compensações amoedadas. Outros trabalhadores terrestres serão beneficiados com horários especiais, contudo, já que o Supremo Pai serve dia e noite, não disporás de ocasião para descanso certo, porquanto o amor te colocará em permanente vigília!... Não medirás sacrifícios para auxiliar, com absoluto esquecimento de ti; no entanto verás teu carinho e abnegação apelidados quase sempre, de excessivo e fanático... Zelará pelos outros, mas os outros muito dificilmente se lembrarão de zelar por ti... Farás o alimento dos entes amados... porém, na maioria das vezes, será a última pessoa a servir-se dos restos da mesa, e, quando o repouso felicite aqueles que te consumiram as horas, velarás, noite a dentro, sozinha, esquecida, entre a prece e a aflição... Finalmente, viverás espiritualmente mais perto de Deus, e, em razão disso, terás por dever agir com ilimitado amor com que Deus ama as suas criaturas...”

A alma em pranto de emoção, perguntou ao Mensageiro Divino: “Que missão será essa?” – O Emissário Divino endereçou-lhe profundo olhar e respondeu num gesto de bondade: “Serás mãe !...”

Foi em reconhecimento da sua abnegação que os homens resolveram manifestar admiração pela missão e pelas tarefas das mães, instituindo o “Dia das Mães” comemorado no segundo domingo do mês de maio de cada ano. Quando finalmente, as criaturas da Terra dedicam um dia ao teu amor, entre 365 outros dias, já estão despertando para o significado da tua missão, apesar dos que esperam ainda pela tua servidão, quando todos deveriam oferecer-te somente amor, envolvendo-te em ternura e em gratidão. . .

ONDE ESTARÁ ?

Uma mulher que partiu,
Por Determinismo de Deus,
Uma mulher que nos deixou,
Sem ter tempo de nos dizer adeus!
Uma mulher de olhos castanhos,
Cabelos grisalhos, bem brancos,
De uma simplicidade enorme,
De um amor sem igual;
Uma mulher alquebrada pelo tempo,
Mas de profunda fé e resignação.

Esta mulher me receber,
Me acalentou, me agasalhou,
Me protegeu e me criou.
Me ensinou a rezar e a viver.
Sorria com as minhas alegrias,
Chorava nos meus sofrimentos,
Para ela, eu nunca cresci, pois
Sempre me considerou sua criança.

Onde quer que ela hoje esteja,
Quero um dia, ir ao seu encontro,
E matar a saudade que me leva ao pranto;
Só não me perguntem o nome dela,
Porque eu sempre a chamei de MÃE...

Quero que todos saibam que esta poesia, que não recordo o autor, eu dedico para a minha mãe, e para todas as mães do mundo, em homenagem ao dia delas. Você que ainda tem a felicidade de ter sua mãe, dê um abraço de respeito e gratidão, ou faça uma oração a Deus, todos os dias, pedindo por ela, se não for mais possível abraçá-la.


Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
“Doutrina dos Espíritos”
“Evangelho de Jesus”
“O Consolador”
“Perto de Deus”

Jc.
S.LuiS, 19/06/2000