quinta-feira, 3 de junho de 2010

PATERNIDADE E MATERNIDADE

PATERNIDADE E MATERNIDADE

A Doutrina dos Espíritos nos ensina que, assim como temos as famílias constituídas pelos laços materiais, temos também, as constituídas pelos laços espirituais. Estes laços espirituais são mais sólidos e duráveis do que os laços materiais, visto que não estão sujeitos às instabilidades da matéria. Destaca ainda, que a família espiritual se forma e se consolida com a prática da Lei do Amor, no convívio da família corporal.

A Lei do Amor deve presidir todos os pensamentos, atos e sentimentos do ser humano; deve presidir também o ato que permite ao Espírito, retornar às experiências terrenas pela reencarnação, especialmente no relacionamento com a mãe que com ele convive, na intimidade, durante a gestação, na formação inicial do corpo físico. Pesquisas vêm demonstrando que a causa de desequilíbrio do ser humano, se situa na fase de gestação e nascimento do bebê. A rejeição que muitos espíritos sentem, desde a simples dúvida dos pais quanto ao seu sexo, até a rejeição ostensiva e odiosa, leva esses seres que retornam a existência terrena, a uma grave instabilidade emocional e comportamental, quer na área da integração social, quer na própria aceitação pessoal. Em sentido oposto, os que são aceitos no lar, com real e manifesto amor dos pais, demonstram melhores condições morais e psicológicas para vencerem os naturais desafios da existência.

Observa-se, desse modo, a importância da paternidade e da maternidade ligadas à prática da Lei do Amor. Quando pais e mães aceitam o filho(a), desde a concepção, com sentimento de amor, constroem as bases de um mundo de paz, uma vez que a primeira lição vivida pelo espírito será a da fraternidade, do amor ao próximo, que lhe servirá de modelo para toda a existência. Nesse sentido, ensina-nos Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitissem aos filhos e que fossem dois, e não apenas um, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir”. Na constituição da família, formam não somente com os familiares já existentes, mas também com os novos membros que se agregarão: filhos, netos e todos os que de alguma forma comporão o conjunto familiar.

A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos, no interesse da conservação deles.
No animal, esse amor se limita às necessidades materiais. . . No ser humano, esse amor persiste por toda a vida e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes, sobrevivendo até à morte e acompanha até no além...

Quando nos casamos e após os primeiros tempos, a preocupação dominante passa a ser a conquista ou manutenção do patrimônio material, entre outros anseios do casal preocupados com o futuro, especialmente considerando-se os filhos que virão. O homem e às vezes a mulher voltam sua atenção nos dias atuais – um tanto diferente do passado – para o sucesso profissional e a
evolução dos valores sociais. Em outros casos, como os do casamento ou das uniões prematuras e das precipitações geradoras da gravidez precoce, ou de jovens casais sem estruturas materiais, psicológicas e emocionais para assumir uma existência a dois, causam dificuldades, desfechos infelizes e traumas.

Consideremos, porém o assunto. Fazemos cursos, nos especializamos, destinamos o tempo e recursos para a formação profissional, buscando um bom nível de vida, mas não somos preparados para a mais importante missão de um casal: educar os filhos. Tornamo-nos pais, sem experiência e sem estrutura para educar, para formar caráter, para direcionar os filhos e lhes possibilitar crescerem moral-intelectual e psico-emocional que todos precisamos para enfrentar os desafios da existência humana. Transferimos a eles nossas neuroses, lhes contaminamos com nossos vícios, influenciamos a conduta, exemplificamos mal com nosso comportamento nem sempre recomendável e agimos na maioria das vezes sem vigiar o que falamos e fazemos. Com isso, ao invés de educar, deseducamos. É certo que há pais e “pais” e não podemos generalizar.

Existem pais e mães notáveis, exemplares, que transmitem como verdadeiros mestres as noções de honestidade, decência, dignidade, respeito, valorização, crença em Deus e amor ao próximo. Mas a grande maioria está ainda deixando a desejar nessa notável e intransferível missão. Para constatar isso, basta observar o comportamento social a quanto anda. . . Nas classes mais abastadas, nas de renda baixa ou nas intermediárias, nas diferentes designações religiosas, no poder ou fora dele, entre homens e mulheres, jovens e idosos, o que se nota é uma carência ou a ausência da base que a família deve oferecer o que vem se refletindo severamente na sociedade. Esta não é uma visão pessimista, mas apenas uma visão do que nos falta fazer. Estimular a criatividade, combater o egoísmo, promover o crescimento intelectual-moral, exemplificar a solidariedade e o amor ao próximo, semear a esperança, fomentar a honestidade e a bondade... estão entre as ações que todos nós, pais e educadores ainda podemos fazer em favor de nossas crianças.

Nessa instituição familiar destaca-se a figura da mulher-mãe, pelas suas responsabilidades, pelas suas funções e pelos seus sacrifícios. É no seu corpo que se geram os filhos programados para uma nova existência terrena; espíritos que escolheram ou foram induzidos a aceitar determinada encarnação. O sucesso dos que tomam parte na nova experiência reencarnatória vai depender do desempenho de cada um e do grupo familiar como um todo, sem prejuízo da liberdade individual. A conclusão lógica é que é extremamente importante à educação ética e moral dos que fazem parte do grupo familiar, especialmente dos que iniciam uma nova encarnação, já que na fase inicial é que o espírito tem mais facilidade em substituir velhos hábitos, antigos conceitos e entendimentos errados, por novas formas de vivências proporcionadas por um recomeço correto. A aceitação do Bem e a exclusão do mal, no reinício de uma nova existência é a conseqüência natural de uma educação bem orientada no lar.
As religiões que realmente se interessam pela evolução do ser humano, podem oferecer os fundamentos para o êxito da educação. A Doutrina dos Espíritos fornece orientações seguras nesse particular, já que a criança e o adolescente tomam conhecimento de realidades e verdades que lhes proporcionam segurança, para sempre, a respeito do Criador, das criaturas, de si mesmos, do mundo em que vivem e da vida futura. O lar, rico ou pobre, não só é o berço, mas também a primeira escola das almas que nele aportam para uma nova jornada. Às mães têm a grande responsabilidade de prover as primeiras necessidades dos seus filhos e também orientá-los no decorrer da infância e juventude, o que elas fazem com muito amor, que aperfeiçoa os seres.

Na história do Cristianismo, deparamos com a figura impar e piedosa de Maria, a mãe de Jesus, admirável na sua humildade, perseverança, fé e amor. Ela é um símbolo eterno na mensagem cristã, oferecendo à Humanidade o exemplo puro de Amor, que não se perturba diante dos sofrimentos e das injustiças impostas pela ignorância dos homens, ao seu Filho bem amado. Diz Emmanuel, falando sobre a missão das mães, no livro “O Consolador”: “A missão materna deve sempre lembrar o amor de Deus, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Ela deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam. Deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade plena, controlando-lhe as atitudes e concertando-lhe as posições mentais à edificação das bases da uma existência digna.

As ingratidões dos filhos não te desanimam, as vicissitudes da existência não te desarmonizam, os embates do cotidiano não te enfraquecem, e prossegues a mesma, sofrida às vezes, perseverando sempre nos deveres a que te entregas com doação total. Aprendeste a sorrir quando os teus filhos estão alegres, e a chorar ante as suas preocupações e fracassos, porém, nunca em desespero ou revolta, quando eles não conseguem superar os momentâneos fracassos. Estejas na opulência ou na pobreza total, a tua maternidade é sinal do poder de Deus, que te consagrou como co-criadora, na condição de anjo do lar, a fim de que o mundo avance e a existência humana alcance a meta destinada. É certo que nem todos os filhos sabem compreender a tua grandeza, os teus sacrifícios, mas isso não te é importante. Sabes que as melhores condecorações para as mães, são as cicatrizes internas que permanecem no coração e na alma dos que lutam as refregas, e por isso mesmo, continuas sem descanso, trabalhando com esses diamantes que deves lapidar.

Comentando sobre a mulher-mãe, o Irmão X (Espírito Humberto de Campos), apresenta bela página com o título: “Perto de Deus”, diz ele: “Entre a alma, prestes a reencarnar na Terra e o Mensageiro Divino, travou-se expressivo diálogo: - Disse a alma – “Anjo bom, já tive numerosas existências no mundo. Cansei-me de prazeres e posses inúteis... Se posso pedir algo, desejaria agora colocar-me em serviço, perto de Deus, embora deva achar-me entre os seres humanos...” – Respondeu o Mensageiro: - “Sabes o que aspiras? Quando falham aqueles que servem perto de Deus, a existência deles é perturbada nos mais íntimos mecanismos!” – Voltou a insistir a alma: “Por misericórdia, mensageiro amigo! Dê-me as instruções...” Replicou o Mensageiro: “Conseguirás aceitá-las?” – “Assim espero, com o amparo do Senhor”, disse a alma. – “O céu então te concederá o que solicitas”, voltou a dizer o Mensageiro. – A alma então perguntou: “Posso informar-me quanto ao trabalho que me aguarda?” – O Mensageiro então lhe disse: “Porque estarás mais perto de Deus, embora entre os seres humanos, recolherás dos homens o mesmo tratamento que eles habitualmente dão a Deus... Amarás com todas as fibras de teu espírito, mas ninguém conhecerá nem reconhecerá a tua ternura!... Viverás abençoando e servindo, qual se carregasse no próprio peito a suprema felicidade e o desespero supremo. Nunca te fartarás de dar... e os que te cercam, jamais se fartarão de exigir... Dar-te-ão no mundo um nome bendito, como se faz com o Pai Celestial, contudo, qual se faz igualmente até hoje na Terra com o Todo-Misericordioso, reclamarão tudo de ti, sem que te dêem coisa alguma. Nutrirás as criaturas queridas com a essência do próprio sangue, no entanto, serás apartada geralmente de todas elas, como se o mundo te apunhalasse o coração. Muitas vezes serás obrigada a sorrir, engolindo as próprias lágrimas; embora venhas a residir na vizinhança de Deus, respirarás no fogo invisível do sofrimento!...”

Fazendo pequena pausa o Mensageiro foi interrompido pela alma: “Que mais?” – O Mensageiro então continuou: “Todas as profissões na Terra são honradas com salários correspondentes às tarefas executadas, mas teu ofício, porque estejas em mais íntima associação com Deus, e, para que não comprometas a Obra da Divina Providência, não terás compensações amoedadas. Outros trabalhadores terrestres serão beneficiados com horários especiais, contudo, já que o Supremo Pai serve dia e noite, não disporás de ocasião para descanso certo, porquanto o amor te colocará em permanente vigília!... Não medirás sacrifícios para auxiliar, com absoluto esquecimento de ti; no entanto verás teu carinho e abnegação apelidados quase sempre, de excessivo e fanático... Zelará pelos outros, mas os outros muito dificilmente se lembrarão de zelar por ti... Farás o alimento dos entes amados... porém, na maioria das vezes, será a última pessoa a servir-se dos restos da mesa, e, quando o repouso felicite aqueles que te consumiram as horas, velarás, noite a dentro, sozinha, esquecida, entre a prece e a aflição... Finalmente, viverás espiritualmente mais perto de Deus, e, em razão disso, terás por dever agir com ilimitado amor com que Deus ama as suas criaturas...”

A alma em pranto de emoção, perguntou ao Mensageiro Divino: “Que missão será essa?” – O Emissário Divino endereçou-lhe profundo olhar e respondeu num gesto de bondade: “Serás mãe !...”

Foi em reconhecimento da sua abnegação que os homens resolveram manifestar admiração pela missão e pelas tarefas das mães, instituindo o “Dia das Mães” comemorado no segundo domingo do mês de maio de cada ano. Quando finalmente, as criaturas da Terra dedicam um dia ao teu amor, entre 365 outros dias, já estão despertando para o significado da tua missão, apesar dos que esperam ainda pela tua servidão, quando todos deveriam oferecer-te somente amor, envolvendo-te em ternura e em gratidão. . .

ONDE ESTARÁ ?

Uma mulher que partiu,
Por Determinismo de Deus,
Uma mulher que nos deixou,
Sem ter tempo de nos dizer adeus!
Uma mulher de olhos castanhos,
Cabelos grisalhos, bem brancos,
De uma simplicidade enorme,
De um amor sem igual;
Uma mulher alquebrada pelo tempo,
Mas de profunda fé e resignação.

Esta mulher me receber,
Me acalentou, me agasalhou,
Me protegeu e me criou.
Me ensinou a rezar e a viver.
Sorria com as minhas alegrias,
Chorava nos meus sofrimentos,
Para ela, eu nunca cresci, pois
Sempre me considerou sua criança.

Onde quer que ela hoje esteja,
Quero um dia, ir ao seu encontro,
E matar a saudade que me leva ao pranto;
Só não me perguntem o nome dela,
Porque eu sempre a chamei de MÃE...

Quero que todos saibam que esta poesia, que não recordo o autor, eu dedico para a minha mãe, e para todas as mães do mundo, em homenagem ao dia delas. Você que ainda tem a felicidade de ter sua mãe, dê um abraço de respeito e gratidão, ou faça uma oração a Deus, todos os dias, pedindo por ela, se não for mais possível abraçá-la.


Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
“Doutrina dos Espíritos”
“Evangelho de Jesus”
“O Consolador”
“Perto de Deus”

Jc.
S.LuiS, 19/06/2000

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