segunda-feira, 30 de abril de 2018

A PATOLOGIA LULA





 
No sábado, (7/4/2018)  enquanto o Brasil acompanhava o desenrolar da rendição de Lula na sede do sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do  Campo, os agentes da PF envolvidos na operação, permaneciam o tempo todo com um olho no presente e outro no passado. Mais precisamente, em dois trágicos acontecimentos históricos:  A de Jim Jones, um pastor do Templo Popular, com orientação socialista, que no auge de sua insanidade ordenou que seus 918 discípulos cometessem o suicídio coletivo em Jonestown, em 1979, depois de submetê-los a um intenso processo de lavagem cerebral. O segundo trata-se do cerco de Waco – promovido em abril de 1993, em torno da seita “Ramo Davidiano”, na cidade do Texas. Os dravidianos eram liderados por David Koresh, autoproclamado, (como Lula) Cristo reencarnado. Ele havia prometido se entregar caso uma mensagem dele de 58 minutos fosse transmitida pelo rádio. A mensagem foi veicula, mas ele não honrou a promessa o que motivou a polícia a invadir o ‘bunker”. Não poderia ter sido pior, pois com a invasão morreram 75 pessoas, entre elas 25 crianças.
Há um parentesco irrefutável entre Jonestown e Waco e São Bernardo, com pitadas de psicopatia em ambos os casos. Muitos duvidam que, os que se espremiam nos arredores do sindicato estariam dispostos a matar ou morrer por Lula. Para eles, o messias não deveria retroceder nunca; render-se jamais. Mesmo quem estava alheio às negociações poderia vislumbrar uma tragédia, daí a frieza dos escalados para fazer valer a ordem judicial. A partir de então, ou ele dispensava a militância e se entregava, ou poderia ser preso por obstrução de Justiça, ao se negar a cumprir uma ordem judicial.
Na Europa, o fanatismo aliado à política descambou no fascismo de Benito Mussolini na Itália e no nazismo de Hitler, na Alemanha, na década de 1940. O saldo não poderia ter sido mais funesto: milhões de judeus foram parar nas câmaras de gás por discordarem de um louco varrido. Daí o perigo desse comportamento tão alucinante quanto oportunista. Para o bem da democracia, as instituições permaneceram intactas com Lula se entregando aos policiais federais.
O PT que era um partido se transformou em uma seita e deixou de lado programas, propostas e ideologia para venerar seu líder a qualquer custo. As romarias, os cânticos em seu nome, a louvação às suas palavras, tudo leva a crer que os “adoradores” de Lula já o colocaram em um pedestal de divindade, tudo obra do fanatismo, no qual nenhuma acusação de crime, nenhuma prova ou evidência pode alcançá-lo. Nem mesmo erros conhecidos, a clamorosa afronta às instituições, o descaso que demonstrou pela a ordem e a Lei, a incitação á baderna – sugerindo aos seguidores “queimar pneus”, “fazer passeatas”, “obstruir rodovias” e “ocupações nas cidades e no campo” – serão capaz de denegri-lo. Não para esses fieis fanáticos, cegos na adoração.
Não importa, não tem valor os desmandos; não maculem a imagem do “protetor dos desassistidos” – mesmo que ele tenha se apropriado do dinheiro alheio, justamente de muitos daqueles a quem prometia a salvação. É perjúrio dizer isso; pecado capital. O próprio Lula em sua imensa vaidade no rumo ao calabouço descortinou o caminho da fé, ao dizer: ”eu não sou mais um ser humano, sou uma ideia”.  Talvez o grau etílico no momento da fala naquele sábado da paixão petista, tenha contribuído para o delírio. Cada um deles, congressistas de carteirinha, tratou logo de pedir à plenária, a inclusão da menção “Lula” em seus respectivos nomes parlamentares: Assim, Gleisi “Lula” Hoffmann, Paulo “Lula” Pimenta e outros da noite para o dia.
A turma petista, nos dias que se seguiram a prisão de seu líder maior, arrastou uma patológica massa de romeiros para Curitiba, sede da masmorra/recanto de seu mentor, e ali fincou em acampamento, revezando hordas de peregrinos nos gritos de saudação: “bom dia Lula”, “boa noite Lula”, e maquinou a ressurreição do demiurgo. Levou governadores partidários para visitas improváveis, articulou comissões para averiguação das condições da cadeia, promoveu algazarra e violência a intimidar o local. Em suma, rezou conforme a cartilha de insanidade do lulopetismo. Horas antes, no palanque improvisado em um carro de som, exibiu-se à imagem e semelhança de um cadáver político. Dava para notar no tom inconformado com o próprio fim. Lula pedia a militância de muitos “lulinhas”;  já era o ente falando, e eles deviam rever as encíclicas para incluir o nome do novo santo, Lula.
Disse ele certa vez que “as pessoas deveriam ler mais a Bíblia para não usar tanto meu nome em vão”, e cravou a memorável frase de que “não existe uma viva alma mais honesta do que eu”.  Não há na política brasileira mais espaço para um messias oportunista. As previsões apocalípticas não se confirmaram: O mundo não acabou com a sua prisão, como ele e a pelegada petista vaticinaram. Lula é agora apenas um número no Cadastro Nacional de Presos. Detento ficha 700004553820, Até a soltura vai uma penosa provação, se ressurgir... Mesmo após transformar a sua prisão em um espetáculo deprimente, Lula continua mandando no PT de dentro da cadeia, tendo gleisi “Lula” Hoffman como porta-voz.  Ao abandonarem seus gabinetes de trabalho em Brasília e se instalarem na cidade de Curitiba, senadores como Roberto Requião (MDB), além de Gleisi e Lindbergh, passaram a  dar expediente na porta da Polícia Federal. Cada senador custa para a União, 1 milhão e duzentos mil por ano. Segundo um levantamento da Transparência Brasil, se eles ficarem por lá um mês, o país estará desperdiçando uma verdadeira fortuna.
Antônio Palocci, que conhece como as coisas funcionam no PT, disse: “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?” O desencanto dos petistas de raiz: “Lula é muito mais esperto do que vocês pensam. Lula não tem caráter; ele é um oportunista”, diz Francisco de Oliveira, sociólogo, foi um dos intelectuais mais ativos na formação do PT. “O PT trocou um projeto de Brasil por um projeto de poder”, afirma Frei Beto, dominicano. Petista histórico, participou da formação do PT pela ala progressista da Igreja Católica.  “O espírito do PT que fundamos em 1980 era outro. O partido precisa fazer autocrítica”, diz Francisco Weffort, cientista político que foi secretário-geral do PT, duro na crítica da política centralizadora.  “O PT é uma página suja que precisa ser virada, de uma vez por todas, da nossa história. A prisão de Lula só confirma o que sempre falei sobre a cleptocracia petista”, afirma Hélio Bicudo, um dos mais conceituados juristas do País, que participou da fundação do PT. “O partido acabou. O que restam nele, são resquícios religiosos que fazem do PT uma seita”, conclui Paulo de Tarso Venceslau, economista e jornalista. Participou da fundação do partido, sendo o primeiro a denunciar a corrupção, logo nos anos de 1990.

Fica em nossa alma, no entanto, um estranhamento: daqui pra frente, quem está condenado é que dita as condições em que poderá ser preso? É o condenado quem diz quando, como e onde ele vai ser detido? Tal estranheza  se justifica porque Lula só foi prezo vinte e seis horas após o prazo dado pelo juiz Moro. É a nossa surpresa explicável porque vivemos num País em que gente desvalida e honesta, até quando é despejada, tem de sair correndo com o filho porque, caso contrário, o trator ronca e passa por cima, pondo tudo abaixo. Se o objetivo era evitar gente ferida, foram justamente os petistas que mandaram para o hospital, um empresário com traumatismo craniano, e o mínimo que se espera é que seus agressores sejam pronunciados por tentativa de homicídio doloso (e não  por lesão corporal). Jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos também foram agredidos, e as entidades formadas por proprietários de meios de comunicação defenderam os seus funcionários agredidos e feridos e os sindicatos da categoria, dos quais se esperava veementes protestos, silenciaram.
Finalmente, há dois outros fatos em nosso estranhamento. O primeiro: Lula mandou dizer a PF que ele garantia a segurança dos agentes. O que é isso? Não é ao Estado que tem a legalidade e a legitimidade do monopólio da violência, que cabe dar tal garantia? O segundo ponto: Lula manifestou aos seus “companheiros” a sua insatisfação com os ministros do STF indicados pelo PT e que votaram contra o seu habeas corpus. Quer dizer, então, que o partido indicou os ministros na esperança de eventuais barganhas? Isso desenha, claramente, a concepção autoritária, utilitarística e totalitária que Lula tem da Justiça. 
Haverá, com certeza, uma mobilização para tirar Lula da cadeia, pois a sua salvação é também a sobrevivência da elite corrupta, entenda-se a elite não só a política, mas os empresários, os altos funcionários do Estado e das empresas  e bancos, e ainda, com a conivência de alguns membros do STF. Tendo em vista o teto do cargo vitalício até os 75 anos, dos ministros do STF, o ideal seria a aprovação da PEC 35/2015, que determina o tempo que um ministro pode permanecer na corte em 10 anos. O Congresso deveria também criar uma lei, para todas as instâncias do Judiciário, (inclusive para o STJ e STF) determinando que o ministro ou responsável por processos, só possa permanecer com ele em suas mãos pelo prazo máximo de um ano, sob pena de perder o cargo, para evitar o que acontece atualmente, dele prescrever, sem o devido julgamento, como no caso do processo em que o réu Flaviano Melo, acusado de gestão fraudulenta e desvio de recursos públicos quando governou o Acre em 1980, (hoje, deputado federal), que chegou às mãos do decano Celso de Melo, em março/2008, durando dez anos, (prescrevia em junho) e que ele extinguiu o processo, mesmo sendo pressionado pela dirigente da PGR, Raquel Dodge, para colocá-lo em julgamento.
É preciso essa Lei para evitar esse e outros casos como o do senador Renan Calheiros que também já prescreveu, e nos livrar de termos que aturar os ministros protetores dos corruptos até os seguintes prazos:   Marco  Aurélio, até 2021;  Lewandowski  2023;  Gilmar até 2030; e o Toffoli  até 2042.
Fonte:
Revista “Isto É” edição nº 2521
Editorial de Carlos José Marques
Artigos de: Sérgio Pardellas, Elvira Cançada
Marco Antônio Villa, Germano Oliveira, Tábata
Vlaplana e Antônio Carlos Prado.
+ pequenos acréscimos e supressões.

Jc.
São Luís, 23/4/2018

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