sábado, 12 de março de 2011

ADOÇÃO DE CRIANÇAS

ADOÇÃO DE CRIANÇAS

Adoção (do latim, adoptione) Adotar, (do latim, adoptare).

De maneira geral, segundo o dicionário Aurélio, estas duas palavras significam optar ou decidir-se por escolher, preferir, abraçar, tomar, assumir, aceitar, acolher, atribuir (a um filho de outrem) os direitos de filho próprio, perfilhar, legitimar.

Diante do Consolador Prometido, podemos compreender o sentido da ação “adotar” em sua plenitude. Por não termos ainda alcançado a perfeição no passado e com a necessidade de depurar-nos, Deus em sua infinita misericórdia, nos convida à prova de uma nova existência, com a finalidade de darmos um passo na estrada da evolução.

Contudo, nós Espíritos eternos, enquanto na erraticidade, nossos orientadores do plano espiritual, especializados em conhecimentos biológicos da existência terrena, elaboram, de acordo com o grau de nosso adiantamento e com o serviço que nos é designado no corpo carnal, o que é necessário para a nossa nova existência. Assim, somos atraídos para tal ou qual família, por razões de simpatia ou por ligações anteriores, que não nos são reveladas na atual existência.

Os pais genealógicos transmitem aos filhos apenas a semelhança física, pois entre os descendentes das raças há apenas a consangüinidade. Os pais têm o dever de desenvolver nos Espíritos dos seus filhos quer, adotivos ou não, a educação moral antes e sobre a educação intelectual. O ato de adotar é pelo fato da nossa parentela se originar bem antes da nossa atual existência e, conseqüentemente, nos leva a lembrar que a Doutrina da reencarnação aumenta os deveres da fraternidade. A adoção vem antes de tudo, salvar o nascituro do crime do aborto e resguardá-lo de ser órfão de pais vivos. A opção sincera, o livre-arbítrio nos esclarece que “querer” e “cuidar” de um filho, é muito mais do que simplesmente “ter” um filho.

A adoção de filhos não obedece a circunstâncias fortuitas. Há uma ampla mobilização da Espiritualidade no sentido de encaminhar órfãos aos lares a que se destinam. Ficaríamos surpresos se tivéssemos noção plena do trabalho desenvolvido pelos mentores espirituais nesse sentido. “Quando encontram instrumentos dóceis (pais que desejam adotar), eles realizam prodígios para colocar filhos que precisam de pais no endereço certo de pais que precisam de filhos”.

A adoção é uma atitude voluntária, iniciada no sentimento de amor, que assim como acontece aos pais genealógicos, acarretará culpas e conseqüências aos adotantes, ao falhar na lei do progresso do Espírito que Deus os confiou. Na verdadeira adoção não há necessidade de aparência física, pois a lei do amor sobrevive às feições transitórias
do corpo material, enaltecendo as aparências morais perante o nosso mestre Jesus. Infelizmente, para muitas pessoas a adoção ainda é um tabu. Há mulheres que
não querem ter filhos que preferem passar por um sofrido processo de inseminação artificial a aceitar uma criança que não carregue a sua herança genética.
Os pais adotivos recebem os anjos enviados por Deus geralmente no início de sua infância. Nesta fase, o Espírito de uma criança tem o objetivo de se aperfeiçoar, pois neste período é mais acessível às impressões que recebe e que podem auxiliar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-los. Através do choro de uma criança, quando ainda não sabe falar, admiramos a Providência Divina para estimular o interesse da mãe e provocar os cuidados que lhe são necessários. E mesmo assim, vemos diariamente sob nossos olhos a grande maldade que é deixar uma criança abandonada, sozinha perante a sorte do mundo.

As crianças transmitem as aparências de inocência, com a finalidade de seus pais (adotivos ou não), amarem incondicionalmente seus rebentos na fragilidade infantil, pois, os Espíritos, só entram na vida corporal, para se aperfeiçoarem, para se melhorarem espiritualmente. È na infância que se pode reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Esse é o dever que Deus conferiu aos pais, especialmente aos pais de coração e que um dia, mais cedo ou mais tarde, terão de dar conta de seus feitos. A semeadura é livre, porém a colheita é obrigatória. “Cada um segundo as suas obras”, como ensinava Jesus.

O amor materno é uma virtude, um dom, um sentimento instintivo comum aos seres humanos e os animais. No animal o amor é limitado às necessidades materiais; no ser humano o amor persiste pela existência inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são benefícios quando em equilíbrio; sobrevive mesmo à morte. A dor da perda de um filho é brutal, avassaladora e necessita da assistência de Jesus em nossos pensamentos e atos. Quem perde um marido, fica viúva; quem perde uma mãe fica órfão; porém, quem perde um filho fica o que? Essa dor não tem nome.

Não devemos jamais julgar uma mãe que odeia e/ou abandona um filho. Não sabemos o que houve no passado de suas encarnações. Temos a obrigação de lembrar sempre que, ao violarmos as leis da natureza ninguém ficará impune, e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos que haja superado. Perante este fato, visualizamos mães e pais, semeando o bem no terreno do coração de seus filhos amados e queridos, para colherem durante sua velhice o amor eterno e leal plantado e regados com fé, paciência, coragem e bons exemplos.

Assim sendo, os filhos perfilhados deverão ter sincera benevolência, indulgência e perdão das ofensas para com seus pais biológicos, livrando-se da revolta, e agradecidos a Deus por enviar Espíritos abnegados, benignos e que anulam em si o egoísmo, a vaidade para receberem junto ao seu seio doméstico, os filhos de outros que necessitam receber e aprender a amar para exemplificar o amor. Os pais adotivos não devem ter medo de admitir a adoção e devem abrir os olhos de seus filhos e livrá-los do preconceito do mundo através do amor que recebem. Afinal, se
fossem filhos biológicos, era obrigação e dever dos pais; sendo filhos adotivos, não existe a obrigação, mas o sentimento espontâneo de fraternidade, carinho e de amor.

Muitas pessoas pensam que para adotar uma criança é preciso estar em uma ótima
Situação financeira, o que é um engano. Existem diversas famílias que levam uma
existência modesta e, nem por isso deixaram de experimentar a felicidade sem preço, de ter uma criança brincando dentro de casa. Imaginemos a nossa situação quando era necessária a nossa vinda ao mundo, para evoluirmos e os nossos pais nos recusassem essa oportunidade? Vejamos a alegria que uma criança trás ao nosso lar com suas falas, perguntas, brincadeiras, e a tristeza quando elas se ausentam e deixam à casa vazia, silenciosa, triste e sem a alegria, sem a sua presença. Só quem tem criança em casa, sabe o que elas representam de felicidade para nós outros.

A maior dificuldade que a adoção enfrenta no Brasil não é a lentidão da justiça ou a baixa renda da população, mas sim o preconceito. Nos orfanatos, é comum as pessoas que desejam fazer uma adoção, darem preferência às crianças com pele, cabelos e olhos claros, enquanto as demais são obrigadas a permanecerem numa espera interminável. Existe atualmente cerca de 80 a 100 mil crianças e adolescentes vivendo em orfanatos no Brasil; 10% desses meninos e jovens estão disponíveis para adoção. 87% deles têm família; 60% deles ainda recebem a visita de familiares; 7% desconhecem a família; 5% são órfãos. Crianças negras, já crescidinhas e com irmão, compõem um perfil que está além das expectativas dos candidatos a pais substitutos. Eles querem apenas uma criança (99%), com menos de 3 anos (83%), e de pele branca (50%), só que os abrigados são diferentes do bebê idealizado. A maioria tem a pele negra ou parda (56%), já passou de 3 anos (87%) e tem irmão (52%). A diferença entre a criança disponível e a sonhada cria duas filas que não diminuem, nem se encontram: órfãos e abandonados esperam por pais que não chegam; pais que aguardam um filho idealizado e que não há. Um retrato da contradição brasileira, da rejeição dissimulada que infelizmente ainda existe em nossos corações.


“E junto a cruz, estavam a mãe de Jesus e Maria Madalena.
Vendo Jesus sua mãe, e junto a ela o apóstolo amado, disse:
Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse a João: Eis aí tua mãe.
Dessa hora em diante o apóstolo a tomou para casa”.
João, cap.19: 25 a 27.

Jesus, naturalmente, só em olhá-la, sentiu todo o seu sofrimento e sua preocupação com o futuro. E sua bondade se fez notar até nos derradeiros momentos; esquecendo a agonia dolorosa, para tomar providências quanto ao destino de sua mãe e de seu apóstolo amado. Antes que a sua mãe pedisse ajuda ao plano espiritual, Jesus já assinalava a adoção mútua, providenciando uma mãe para seu apóstolo, e um filho para cuidar da mãe em sua velhice; e Maria e João cumpriram o pedido de Jesus.

“Auxilia quanto, como, onde e sempre que possas, para o teu progresso e a
melhora do bem comum. Não esperes que a tua desencarnação obrigue
outros a fazer aquilo quer podes fazer hoje, no amparo aos semelhantes,
para a construção de tua própria felicidade, de vez que tudo aquilo que
damos na existência, é justamente aquilo que a vida nos restitui”.

(Estude e Viva- cap.16)
“Agradeço a Deus, nosso Pai, soberanamente justo e bom. Ao nosso mestre e irmão Jesus, aos Missionários da Luz, pela minha encarnação atual e por minha adoção aos
7 dias de existência (afirmativa da minha mãe do coração). Ela teve 5 filhos e um AVCI (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico) no espaço de 4 anos, desencarnando em 23/10/2006. Em todo o processo de sua enfermidade eu me anulei em todos os sentidos (transcrevo isso sem nenhuma pretensão, apenas fiz o que estava ao meu alcance e em agradecimento); meus irmãos, (filhos biológicos de minha mãe) não conseguiam ver sangue, sentiam-se mal em ambiente hospitalar, com seus empregos, seus compromissos, não poderiam ficar 24 horas ao lado dela, por isso permaneci até o último momento ao seu lado, fazendo o que eu deveria fazer estando solteiro, desempregado e possuindo uma eterna gratidão em meu peito. Deus abençoe a Doutrina dos Espíritos que tanto nos esclarece abrindo meus olhos em relação ao meu futuro espiritual, a verdadeira vida.

Rogo aos Espíritos Superiores, que guie e ilumine os meus queridos e amados pais (Agenor Costa, meu pai adotivo de coração e meu pai biológico que eu não sei quem é), e minhas queridas e amadas mães (Maria Zózimo da Costa, minha mãe do coração, e minha mãe biológica Maria Joana Dias) que já desencarnaram e estão no mundo espiritual trabalhando, servindo, aprendendo e aguardando um novo reencontro”.

Fábio Henrique Zózimo da Costa


“O amor, meu amigo, é o pão divino das almas, o bálsamo sublime dos corações”.

“Nosso Lar”-cap. XX André Luiz

Adotar um animal é um ato benéfico; porém adotar uma criança é um ato que só um sentimento imenso de fraternidade e amor pode promover. Se você, irmão/irmã, sente falta de alegria no seu lar, preencha-o com a contagiante presença de uma criança, que no futuro, poderá ser aquela pessoa a lhe amparar na sua velhice.


Bibliografia:
Allan Kardec
Francisco Cândido Xavier
Evangelho de João
Estude e Viva
Fábio Henrique Zózimo da Costa
“Livro “Nosso Lar”
Jornal “Brasília Espírita” nº. 164


Jc.
S.Luis, 5/3/2011

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