sábado, 26 de fevereiro de 2011

AUGUSTO ELIAS DA SILVA

AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Augusto Elias da Silva reencarnou em Portugal em 1848, justamente no ano em que uma onda de renovação espiritual, se irradiaria de Hydesville para o mundo inteiro. Como sabemos, em 31 de março de 1848, registraram-se no pequeno povoado americano os fenômenos que dariam, anos depois, origem à Doutrina dos Espíritos.

Fotógrafo de profissão, Elias da Silva despertou para o Espiritismo aos 33 anos de idade, como ele mesmo contou pelas páginas da revista “Reformador” de 1º de dezembro de 1891. Disse ele; “Em 1881, fui convidado a assistir a uma sessão na sala da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, à rua da Alfândega nº. 120. As minhas convicções nessa época eram as do mais forte indiferentismo religioso, não tendo a menor parcela de dúvida sobre a não existência da alma. Não admitindo os fenômenos das diversas religiões, só via nelas agrupamentos de ociosos e amigos de dominar, explorando a ignorância das massas, geralmente supersticiosas e inclinadas ao sobrenatural.

Foi-me aconselhada a leitura das obras de Allan Kardec. A leitura despertou-me o desejo de verificar experimentalmente as teorias que ia recebendo, e comecei a freqüentar as sessões dos grupos e sociedades então existentes, onde gradativamente fui recebendo as provas mais robustas da manifestação dos que eu chamava de “mortos”. Na segunda sessão de que participou, trabalhou como médium sonâmbula, a esposa do irmão Monteiro de Barros, a qual, não tendo produzido trabalho algum intelectual, caiu, em estado sonambúlico, ajoelhada na cadeira em que se encontrava e nessa posição ficou mais de vinte minutos, com os braços erguidos, na mais absoluta imobilidade. Como fotógrafo, Elias da Silva conhecia a dificuldade de se manter tal posição no estado normal e a esse fato, longe de modificar suas idéias, lhe despertou o desejo de investigar as leis que o determinaram.

Aos fatos, seguiu-se o estudo e, a partir daí, estudando com ardor as obras de Kardec e todas as demais que adquiriu para aumentar seus conhecimentos a cerca da Doutrina, em pouco tempo, Elias da Silva manifestou firme vontade de servir à Causa, tornando-se ativo membro da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, fundando em seguida o “Grupo Espírita Menezes”. Fundar e conservar um órgão espírita no Brasil era, naquela época, algo que poucos conseguiriam realizar, uma vez que todas as baterias do Catolicismo estavam assestadas contra a Doutrina Espírita. Amparado, e com o apoio dentro do lar de sua sogra e de sua esposa Matilde Elias da Silvas, com quem teve um filho também chamado Augusto, ambas espíritas convictas, Elias da Silva, lançou então a revista “Reformador”, em 21 de janeiro de 1883, com recursos tirados do seu próprio bolso, sendo a redação e as oficinas instaladas em seu atelier fotográfico, na Rua da Carioca 120, onde também residia com sua família.

Em 27 de dezembro de 1883, Elias da Silva reuniu em sua residência como sempre fazia semanalmente, os companheiros que mais de perto o auxiliavam na revista
“Reformador”. Nesse memorável dia firmou-se entre os presentes o ideal de fundar-
uma Sociedade nova, que federasse todos os Grupos por meio de “um programa equilibrado ou misto” e que difundisse por todos os meios a Doutrina dos Espíritos, principalmente pela imprensa e pelo livro. E, foi assim que, no dia 1º de janeiro de 1884, uma terça-feira, reunidos na residência de Elias da Silva, um grupo de espíritas, movidos pela fé e pela coragem, entre os quais, além da sogra e da esposa, estavam os confrades Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manoel Fernandes Figueira, Francisco Antonio da Silveira Pinto, Romualdo Nunes Vitório, Pedro da Nóbrega, José Agostinho Marques Porto, resolveram instalar a Federação Espírita Brasileira.

Durante vários anos exerceu várias funções na Federação, sendo sua última função o cargo de tesoureiro, para o qual foi eleito em 2/3/1888, sendo esse o último ano em que exerceu funções diretas na Diretoria, por sua própria deliberação, o que não impediu que continuasse a freqüentar as sessões da FEB, junto aos companheiros de lides doutrinárias, com eles estudando um sem número de questões e problemas relacionados a pontos de Doutrina e à orientação geral do Espiritismo em nossa terra, além de que propagava na tribuna os princípios espíritas.

Em face de sua constância nos trabalhos realizados pela entidade, pode-se dizer que, quase até o fim de sua existência, a Federação Espírita Brasileira foi para Elias da Silva, seu segundo lar, a que dedicou todo o seu amor e seu trabalho.

Algum tempo depois, minado seu organismo pela tuberculose pulmonar, aguardou ele sobre uma cama a hora em que passaria deste para o mundo espiritual, o que ocorreu no dia 18 de dezembro de 1903.

Hoje, tanto a revista “Reformador” como a Federação Espírita Brasileira, reverenciam a memória do seu fundador, um português que veio para o Brasil e aqui se notabilizou por criar um veículo de comunicação e uma entidade que congrega até o presente, as diversas instituições espíritas.


Bibliografia:
Jornal “O Imortal”


Jc.
S.Luis, 9/2/2011.

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