quarta-feira, 15 de julho de 2015

O SERMÃO DA MONTANHA - 1ª Parte





 vE vendo Jesus a grande multidão do povo, subiu a um monte e depois de se ter sentado, se achegaram para junto dele os seus discípulos. E Ele abrindo a sua boca os ensinava, dizendo: - Bem-aventurados os pobres de espírito; porque deles é o reino dos céus.
Não devemos ver na expressão  “pobres de espírito” um designativo pejorativo. É a correta designação dos espíritos que já compreendem as leis divinas e se esforçam por obedecê-las. “Pobres de espirito” para o mundo são os humildes, os simples os bondosos,
Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra.
Conquanto pareça que os violentos sejam senhores da terra, um dia a violência será banida da face do planeta. À medida que os seres humanos forem ficando esclarecidos à luz da fraternidade universal, irão também desaparecendo os atos violentos que as nações praticam contra nações e pessoas contra pessoas. Os rebeldes que não se submeterem às leis fraternas serão desterrados para mundos inferiores. E então, a terra será possuída pelos mansos, isto é, pelos que não tentam violentar o próximo nem por palavras nem por atos.
Bem-aventurados os que choram; porque eles serão consolados.
O sofrimento é a moeda com a qual pagamos as faltas e os erros que, em nossa ignorância, cometemos em encarnações passadas, e com ele compramos nossa felicidade futura; porque os que sofrem têm contas a ajustar com a Justiça Divina. As lágrimas, quando suportadas resignadamente, lavam as manchas da nossa consciência e purificam o espírito. Por isso Jesus diz que são felizes os que choram; porque já iniciaram o resgate dos seus débitos anteriores; e embora a Terra lhes reserve lágrimas, suaves consolações os esperam no mundo espiritual, onde entrarão libertos de remorsos, originados pelos maus atos praticados no pretérito.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça; porque serão fartos.
A justiça da terra é falha; ignora as causas profundas que levaram alguém a cometer uma falta; por isso julga superficialmente. Além disso, quantos crimes ficam impunes!  Qualquer um de nós pode observar diariamente uma quantidade enorme de erros que ferem nosso próximo, mas que a justiça da terra não corrige, castiga e nem pune. Embora possamos iludir a justiça terrena, é impossível iludir a Justiça Divina.
Jesus, profundo conhecedor da lei de compensação que cada um age pró ou contra si próprio, nos diz: - Não te importes se sofreres injustiças ou se irmãos que te ofenderam não foram alcançados pela justiça dos homens.  No mundo  espiritual para onde  irás, mais cedo  ou  mais  tarde, pontifica um Juiz Incorruptível; Ele te fará justiça. Bem-aventurados os misericordiosos; porque eles alcançarão misericórdia.
Misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso é sentir o coração pulsar de piedade para com os irmãos tocados pela necessidade e pelo sofrimento; é ser amigo, tolerante e bondoso. A misericórdia, porém, deve ser uma virtude ativa; deve procurar os desafortunados e mitigar-lhes a situação dolorosa, dentro das possibilidades que o Senhor concede a cada um, num gesto de ajuda e fraternidade. Os misericordiosos alcançarão misericórdia; porque aquilo mesmo que fizermos aos outros, isso mesmo também receberemos.
Bem-aventurados os limpos de coração; porque eles verão a Deus.
Ser limpo de coração é não dar abrigo a paixões inferiores, tais como: o ódio, a inveja, o egoísmo, a maledicência, o orgulho, porque as paixões inferiores turvam a visão espiritual.
Bem-aventurados os pacíficos; porque eles serão chamados filhos de Deus.
Os pacíficos são aqueles que obedecem à lei da fraternidade porque sabem que todos somos irmãos, filhos de um mesmo Pai, e tratam a todos com brandura, moderação, mansuetude, afabilidade e paciência.
Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor a justiça; porque deles é o reino dos céus.
As nobres ideias que fazem com que a humanidade avance espiritual, moral, política e materialmente, encontram acérrimos opositores, que se esforçam por esmagá-las. E no mundo, formam-se castas que se aproveitam de suas prerrogativas, tirando o máximo proveito de seus poderes e não admitem a mais leve mudança no regime que as mantém e favorece. Jesus torna dignos de recompensa divina os homens esclarecidos e de boa vontade, que lutam para que a justiça reine entre todos os setores das atividades humanas.
Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e perseguirem e disserem tudo de mal contra vós, mentindo por meu respeito. Folgai e exultai, porque o vosso galardão é copioso nos céus; pois assim também perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
A doutrina de Jesus veio estabelecer na Terra as bases definitivas em que as relações e as instituições humanas se apoiarão nela. É natural que tenha de destruir tudo quanto não se conforme com ela. Acontece, porém, que os interessados em ofuscar a luz acendida por Jesus, são muitos e poderosos e, como não lhes convém seguir a lei divina, perseguem impiedosamente os sinceros colaboradores do Mestre. Desde o sacrifício que impuseram a Jesus, o espetáculo dos cristãos lançados às feras, até à calúnia e à mentira injuriosas, quanto amargor foi, é e ainda será vertido nos corações dos que são fieis para o completo triunfo do verdadeiro Cristianismo! Jesus conforta seus trabalhadores prometendo-lhes que no mundo espiritual serão recompensados. 
Vós sois o sal da terra. E se o sal perder sua força, com que outra coisa há de salgar?  Para nenhuma coisa mais fica servindo, senão para ser lançado fora.
A comparação que Jesus faz entre o sal e seus discípulos é bastante explicita. O bom sal salga, preservando da podridão. Os modernos discípulos de Jesus são os espíritas chamados a fazer brilhar novamente no mundo os preceitos do Evangelho. Cumpre-lhes lutar  para que a corrupção não arruíne o corpo e a alma da humanidade.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade que está situada sobre um monte.
A luz destrói as trevas. A ignorância é treva da alma. Os discípulos de Jesus destroem a ignorância, sendo a luz espiritual do mundo. Uma cidade erguida sobre um monte é vista por todos, desde muito longe. Assim é o discípulo de Jesus: todos o observam a ver se não desmente com os atos o que prega com as palavras.
Assim luza a vossa luz diante dos homens; que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem. a vosso Pai que está nos céus.
Os modernos discípulos de Jesus trazem consigo uma luz que deve luzir diante dos homens. Essa luz é a mediunidade. Para que a luz da mediunidade brilhe em todo o esplendor, o médium é obrigado a travar lutas, por vezes bem ásperas. Há duas espécies de lutas para que a luz luza diante dos homens: Uma é a luta que se desenrola em seu próprio íntimo, lutando contra si mesmo, para vencer o comodismo, a inércia, a rotina, e deverá saber sobrepor-se a seus gostos e a seus caprichos, sacrificando suas vaidades, em todas as oportunidades a serviço do Altíssimo, em socorro dos necessitados e em esclarecimento aos ignorantes. A outra luta é contra os preconceitos sociais, entre os quais, está incluída a incompreensão dos familiares. A esse respeito, Emmanuel assim se expressa: “A missão mediúnica, se tem os seus percalços e suas lutas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e redenção, concedidas por Deus a seus filhos”.
Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim a destruí-los, mas sim a dar-lhes cumprimento..
A lei a que Jesus se refere é o Decálogo, dado a Moisés e transmitido a todos. Os profetas que vieram depois de Moisés, chamaram sempre a atenção do povo para a observância dos Dez Mandamentos. Jesus não veio invalidar o Decálogo ou o que disseram os profetas, mas fazer com que os homens o cumprissem à risca. Assim também a Doutrina dos Espíritos; não veio destruir e combater as religiões, mas ensinar-nos a viver de acordo com o Evangelho.
Porque em verdade vos afirmo que enquanto não passar o céu e a terra, não passará da lei um só i ou til, sem que tudo seja cumprido.
Ao afirmar que da lei não passará um único til sem que tudo seja cumprido, Jesus se refere ao progresso contínuo a que está sujeito o que segue o Evangelho. À medida que for estudando o Evangelho e se esforçando por viver de acordo com ele, a lei divina se gravará em seu períspirito e chegará o dia em que saberá cumpri-la sem exceção de um i ou til.
Aquele, pois, que quebrar um destes mandamentos e que assim ensinar aos homens, será chamado pequeno, mas o que guardar e ensinar a guardá-los, esse será reputado grande no reino dos céus.
Jesus nos adverte da grande responsabilidade dos que ensinam. Se seus ensinos não forem pautados no Evangelho, tremendas contas lhes serão tomadas, porque retardaram o progresso espiritual do mundo. E grandes recompensas aguardamos que ensinamos os povos a se encaminharem  para Deus. Entretanto, notemos que não é só ensinar; é preciso ensinar e praticar o que ensina; nunca desmentir com os atos o que prega com as palavras, nem mandar que os outros pratiquem e se eximir de também praticar.
Porque eu vos digo que se a vossa justiça não for  maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus.
Quanto mais evoluídos estivermos, mais serão nossas responsabilidades. Dada a grande soma de conhecimentos espirituais que os espíritas receberam, são eles os que mais obrigados estão para com o Pai. Sem dúvida, os espíritas são indicados a praticarem com mais perfeição os ensinos evangélicos, do que                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              seus irmãos de outras crenças menos evoluídas.
Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar será réu no juízo. Eu vos digo que todo o que se ira contra seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: Raca, será réu no conselho; e o que disser: és um tolo, será réu no fogo.
A existência dos nossos semelhantes não nos pertence. Quem mata seu irmão, conquanto não aniquile o Espírito que é imortal, faz a pessoa desencarnar violentamente, acarretando-lhe sofrimentos diversos.  E, ainda, lhe corta as oportunidades de progresso, que a encarnação lhe proporcionaria. É bom saber que uma encarnação não se consegue facilmente; por vezes é conseguida à custa de muitos sacrifícios e trabalhos no mundo espiritual. Além disso, não é só o progresso da vítima que o assassino  interrompe: também o dos entes que dependiam dela, porque o trabalho estabelecido  no plano espiritual, fica sem um dos elementos que, pode ser o principal, para a sua realização. Não somente causar a morte material, mas também evitar causar mortes morais. Há pessoas que são incapazes de matar uma barata, mas não evitam em matar as reputações alheias, a harmonia existente num lar e matar a fé e a esperança que enxuga as lágrimas dos aflitos; tudo isso é morte moral.
Portanto, se tu estás fazendo a tua oferta diante do altar e te lembrar de que teu irmão tem contra ti alguma coisa. Deixa ali tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e depois virás fazer a tua oferta.
Nos, que adoramos a Deus em Espírito e Verdade, temos por altar a nossa consciência, e a oferta que fazemos ao Pai são nossas orações sinceras. E quando estivermos orando a Deus, nossa consciência nos acusar de termos prejudicado a um irmão, quer por palavras ou por atos, devemos em primeiro lugar, procurar o irmão e pedir-lhe que nos perdoe. Isto feito, podemos continuar nossa oferta ao Pai, e, em caso contrário, Ele não a aceitará.
Reabilita-te com teu adversário, enquanto estás a caminho com ele; para que não suceda que ele te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao guarda e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá enquanto não pagares o último ceitil.
O caminho em que estamos com nosso adversário, é a existência presente, durante a qual houve o atrito. Enquanto estamos juntos, ambos encarnados,  é que convém desfazer os agravos e transformar as inimizades, por menores que sejam em estima, porque se não fizermos assim, as ações malévolas ficarão em nossa consciência e seremos colhidos pelas reencarnações dolorosas.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu porém, vos digo:  Que aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela.
O simples pensar com maldade revela inferioridade de uma pessoa. E se não realiza o seu mau pensamento, é porque não se lhe apresentou ocasião favorável; tivesse tido oportunidade e o mal que guardou consigo, se traduziria em ação. Se alguém pensa no mal e não o pratica, nem por isso está livre da responsabilidade de expurgar do seu pensamento os sentimentos ruins. Onde há pensamentos malévolos, ainda não há pureza de alma.
E se teu olho te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; e se tua mão te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque é melhor que se percam dois dos teus membros do que todo o teu corpo vá para o inferno.
A palavra escândalo aqui empregado, é tudo quanto é mal, e as causas de escândalo são os meios pelos quais o ser humano pratica o mal. Os olhos postos a serviço da cobiça, da inveja e do mal; as mãos que usam do poder para esmagar os fracos; a língua quando maldizente; o cérebro que se serve da inteligência para prejudicar seus semelhantes e afastá-los de Deus; enfim todos os órgãos do corpo e os bem intelectuais e os materiais, quando usados para a satisfação de apetites inferiores, são causas de escândalo.
Também foi dito: Qualquer que se desquitar de sua mulher, dê-lhe carta de repúdio.  Mas eu vos digo: Que todo o que repudiar sua mulher, a não ser por causa do adultério, o faz ser adúltera.
O casamento serve para unir dois seres para evoluírem juntos e providenciarem corpos materiais para que outros espíritos encarnem e progridam. Nele o que é imutável é somente o que vem de Deus, e tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos para operar a reposição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de ordem tão humana, que não há  na cristandade, dois países em que elas sejam iguais. Mas, nem a lei civil, nem os compromissos que ela faz contrair, pode suprir a lei do Amor que preside a união. Quando Jesus disse: “Vós não separeis o que Deus uniu”, deve-se entender da união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei variável dos homens. O divórcio é uma lei humana civil, que tem por fim separar legalmente o que está separado de fato; não é contrária à lei de Deus, uma vez que modifica apenas o que os homens fizeram, e não foi levada em conta a lei divina do amor. Os casais que vivem essa lei, não precisam do divórcio.
Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás ao Senhor os teus juramentos. Eu porém vos digo: Que não jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o assento dos seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei; nem jurarás  pelo tua cabeça, pois não podes acrescentar um fio a mais ou que seja branco  ou negro. Mas seja o teu falar: Sim, sim; não, não; porque tudo o que daqui passa procede do mal.
Os juramentos que fazemos, traduzem sempre presunção, porque não sabemos se poderemos cumprir. Se nas mínimas coisas temos que nos sujeitar à vontade divina, quanto mais nas grandes?  Vamos ser sinceros em nossas afirmativas e em nossos compromissos, e no tocante à parte religiosa, maior deverá ser a nossa sinceridade. Como cristãos e espíritas, seguindo o Evangelho, nosso comportamento deve confirmar a religião que professamos.
Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho e dente por dente.
No tempo em que Moisés legislou, teve ele de ordenar para povos primitivos e quase ferozes, que não tinham compreensão alguma da espiritualidade. Ele foi obrigado a recomendar que retribuíssem a violência pela violência, para que fossem contidos pelo medo de receberem o mesmo que fizessem aos outros.
Eu, porém vos digo que não resistais ao que vos fizer mal; se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que demandar-te em juízo e tirar-te a tua túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir carregado mil passos, vai com ele mais outros mil.
Jesus aqui nos ensina que a lei divina proíbe rigorosamente a vingança. Estando já os povos mais adiantados em compreensão espiritual, Jesus lhes demonstra que o castigo deve sempre vir do Alto, o qual sabe como obrigar ao que errou a corrigir o erro cometido contra o próximo. Ao Senhor compete punir os seus filhos rebeldes; pois, afirmou Jesus que serão saciados os que clamam por justiça. Então porque procurar fazer justiça por suas próprias mãos? A vingança tem enchido prisões, arruinado lares e perdido existências preciosas. Jesus que veio combater as causas das infelicidades materiais e espirituais da humanidade recomenda-nos que procuremos harmonizar as situações sem recorrer a vingança, mesmo que tenhamos de arcar com prejuízos materiais ou morais. Dizendo que andemos mil passos com quem nos obriga a andar mil,  Jesus nos aconselha a obediência para com os nossos superiores sem murmurar. Se não obedecermos aos homens, como poderemos obedecer a Deus e cumprir-lhes as ordens, vivendo conforme sua vontade? 
Dá a quem te pede e não voltes ás costas ao que deseja que lhe emprestes.
Prestar auxílio a quem o solicita é uma lei divina. A quem nos pedir, quer sejam auxílios materiais ou espirituais, precisamos socorrer na medida de nossas possibilidades. É verdade que nem sempre estamos em condições de atender os pedidos que nos fazem, porém com um pouco de boa vontade e de bom coração, sempre encontramos meios de atender os pedidos que nos são dirigidos. Jesus nos ensina á colocarmos o pouco ou o muito que possuímos, a serviço da fraternidade entre as pessoas.
Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai a vossos inimigos, fazei o bem ao que vos tem ódio: orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Os homens, pertença, a que raça pertencerem, são irmãos e filhos de um único Pai. Moisés teve que ensinar a amarem pelo menos os de sua tribo ou família. Jesus dilata ensinando-nos que o nosso inimigo, é nosso próximo, pois é nosso irmão em Deus. Este ensino de Jesus poderia ser um contra senso, se não houvesse a lei da reencarnação. Se vivêssemos na Terra apenas uma vez, e  depois da morte mergulhássemos no nada, ou fôssemos viver em beatitude ou em tormentos eternos, conforme  ensinam os homens, por que haveríamos de forçar nosso coração a amar quem nos odeia? Por que orar pelos que nos espezinham? Sabemos que nossa vida não termina com a morte física. A lei da reencarnação faz com que os espíritos que se odeiam, encarnem no mesmo grupo, a fim de os sofrimentos e as alegrias que suportarem em comum, transforme em fraterna amizade, a repulsa que os separava, livrando-os do pesado fardo, e harmonizando os contendores.
Para serem filhos de vosso Pai que está nos céus; o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus e vir a chuva sobre justos e injustos.
Porque Deus permite que também os maus gozem dos bens da Natureza, na mesma proporção dos bons? Porque Deus sabe que seus filhos rebeldes de hoje, por força da lei do progresso, hão de ser bons no futuro, assim como os bons de hoje, já foram maus no passado. O bem é a lei suprema do Universo e o mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.  Assim, quando um espírito malévolo procura a luz, as trevas da ignorância e maldade que o envolviam, dissipam-se e ele se torna do bem.
Porque se vós não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?
O progresso espiritual se verifica quando a pessoa combate seu excessivo amor próprio. Ele é um das mais comuns manifestações do orgulho, causa principal, que impede se estabeleça a fraternidade entre os homens. Sacrificando seu amor próprio, cada um encontrará os meios de fazer com que desapareçam as inimizades e a fraternidade existirá no mundo.
Sede vós perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito.
Parece que este preceito de Jesus seja impossível de ser praticado. Se meditarmos um pouco sobre ele, veremos que é um mandamento lógico e cujo cumprimento está ao alcance de qualquer pessoa de boa vontade. Deus não ama mais a um filho em detrimento de outro. O forte e o fraco, o rico e o pobre, o são e o doente, o sábio e o ignorante, o justo e o pecador, todos são amados por Deus e a Divina Providência vela por todos; guiando-os e amparando-os para a Perfeição. Para sermos perfeitos como nosso Pai celestial é perfeito, precisamos amar todos os nossos irmãos, a toda a humanidade. Todos merecem nosso carinho, nosso amor sem exceção de pessoas.
Fim da 1ª parte:
os que colocam os deveres da fraternidade acima de tudo. “Ricos de espírito” para o mundo são os orgulhosos, os que se julgam melhores do que os outros e os que pensam que todos devem se dobrar a seus caprichos.

O SERMÃO DA MONTANHA - 2ª PARTE




 Não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; de outra maneira não tereis a recompensa de vosso Pai que está nos céus.
No coração dos homens há dois sentimentos que impedem a execução das boas obras: o orgulho e a vaidade. A humildade é o sentimento que leva o homem a praticar o bem pelo bem, sem esperar recompensa a não ser a satisfação de ter concorrido para a felicidade de um irmão. O orgulho leva o ser humano a praticar o bem com ostentação.
Quando deres a esmola, não faças tocar a trombeta, como praticam os hipócritas nas ruas, para serem honrados pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas quando deres a esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita. Para que tua esmola fique escondida e teu Pai, que vê o que tu fazes te recompensará.
Quando praticarmos qualquer ato bom para  o próximo, não seja o  orgulho que nos mova, mas o sentimento de fraternidade. Dizendo que não devemos beneficiar ninguém à vista de todos, Jesus nos ensina a não humilhar o irmão que recorre a nós. Há sofrimento no irmão necessitado e não devemos lhe aumentar as amarguras, fazendo-o alvo de uma ação orgulhosa. Devemos imitar o Pai em sua perfeição: Ele está nos socorrendo e amparando sempre.
E quando orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos templos, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entre em teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai; e teu Pai que vê o que se passa em secreto, te dará a paga.
A prece é uma demonstração de humildade da criatura para com o Criador; não pode, por conseguinte, servir de estímulo ao orgulho dos homens. Ele recomenda que oremos secretamente dentro de nosso quarto, para que o ato da prece seja realizado na maior simplicidade possível e na mais perfeita humildade e harmonia.
E quando orares, não fale muito como os gentios; pois cuidam que pelo muito falar serão ouvidos. Não quereis, portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que vos peçais.
A prece não vale pelas palavras com que é formula, mas pelo sentimento que a inspira. Não são os lábios que devem orar, mas o próprio coração. É verdade que o Pai sabe o que é necessário a cada um de nós, antes que lhe peçamos. Velando pela criação inteira, está a Providência Divina, que a tudo provê, se tivermos merecimento, pelas nossas ações na prática do bem. E para corrigirmos as imperfeições a prece é um auxiliar que fortifica nossa vontade.
Assim, pois, é que vós haveis de orar: “Pai nosso que estais em todo o infinito e também em nosso íntimo, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino de Paz e Amor, seja feita a vossa vontade assim na Terra como em todo o Universo. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje e sempre que merecermos, perdoa as nossas dívidas, nos possibilitando resgatá-las, e nos dê a força para também podermos perdoar os nossos irmãos, não nos deixeis cair nas tentações da nossa inferioridade, e livra-nos do mal que ainda existe em nós mesmos, pois sois todo poder, bondade, justiça, misericórdia e amor. Assim, seja se for da vossa vontade e do nosso merecimento.”  (pequena modificação no texto)
O auxílio divino está sempre subordinado aos atos que praticamos para com o nosso próximo. Se fizermos o bem, teremos o merecimento para sermos atendidos. Roguemos ao Pai que nos livre do mal, mas não o pratiquemos nem por pensamento, palavras e atos.
Porque se vós perdoardes aos homens as ofensas que tendes deles, também o vosso Pai celestial perdoará os vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens, tampouco o vosso Pai vos perdoará os vossos pecados.
Os atos que praticamos na existência são a favor ou contra nosso próximo. Quando a favor, são atos bons que nos dá o merecimento, e quando são contra são atos maus que nos causará sofrimentos. Por isso, Jesus, que veio à Terra ensinar-nos como terminar com o sofrimento que nos infelicita, recomenda-nos insistentemente a lei do perdão e do amor.
E quando jejuares, não fique triste como os Hipócrates, porque eles desfiguram os seus rostos, para fazer ver aos homens que jejuam; na verdade vos digo que já receberam sua recompensa.
O jejum da alma são as expiações, por meio das quais se corrigem os erros do passado e se purificam as imperfeições.  Ao praticarmos o jejum espiritual, devemos notar que Deus não impede nem proíbe que trabalhemos para suavizar nossas provas e expiações. Ele nos deu a inteligência, justamente para nos melhorar, com nossos próprios esforços, as condições materiais e espirituais em que nos encontramos.
Não quereis entesourar para vós tesouros na terra,, onde a ferrugem e a traça os consomem e onde os ladrões os desenterram e roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde não os consomem a ferrugem nem a traça e onde os ladrões não o roubam. Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.
Jesus nestas palavras não condena as riquezas, quando utilizadas de acordo com a vontade divina e criam três ordens de progresso em nosso mundo, que são: O progresso material, por fornecer trabalho ao povo; o progresso intelectual, por desenvolver as ciências e as artes; o progresso espiritual, por  proporcionar a prática do bem, beneficiando a todos. As riquezas terrenas são transitórias e concedidas a título precário, enquanto que a riquezas espirituais são aquisições do  espírito  que  permanecem  sempre. As riquezas na Terra, às quais ligamos nossos corações são ilusões a atormentar-nos, quando o desencarne nos levar para a realidade da vida espiritual. Devemos ligar nossos corações, aos bens da alma, que são: a caridade, a fé, a esperança, a prece e o amor a Deus e ao próximo, que são as verdadeiras riquezas da alma.
O teu olho é a luz do teu corpo. Se teu olho for simples, todo o teu corpo será luminoso. Mas se o teu olho for mau todo o teu corpo estará em trevas, e quão grandes serão essas trevas.
Os nossos olhos nos fazem ver o bem e o mal. Na Terra cada criatura tem o seu lado bom e o seu lado mau, isto é, o seu lado  ainda imperfeito. Jesus nos aconselha que vejamos em nosso próximo, somente o lado bom, o lado luminoso que já começa a apresentar alguma perfeição; se fixarmos nas más qualidade de nossos irmãos estaremos criando trevas para nós próprios.
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer um e amar o outro, ou há de acomodar-se a este e desprezar aquele. Não podeis servir a Deus e as riquezas.
Jesus nos mostra a incompatibilidade reinante entre os bens materiais e os espirituais. Não podemos amar com a mesma intensidade as coisas da terra e as do céu, e sem que o percebamos, começamos a nos dedicar mais a uma do que a outra. Ele não quer que abandonemos as coisas do mundo e entreguemo-nos à vida contemplativa, em criminosa inatividade. Primeiro preocupar-se com as coisas da alma, que é imortal; depois preocupai com as coisas terrenas, que são perecíveis, e assim estareis no caminho certo.
Portanto, vos digo; não andeis cuidadosos de vossa vida, que comereis, nem para o vosso corpo, que vestireis. Não é mais a alma que a comida e o corpo mais que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem segam, nem fazem provimento nos celeiros; e, contudo vosso Pai celestial as sustenta. Por ventura não sois vós mais do que elas?
A excessiva preocupação do ser humano pelas coisas materiais é responsável por grande parte do desassossego em que vivemos. Mantemos uma luta diariamente, não só para conseguirmos o necessário, mas também o supérfluo com receios de que as coisas nos faltem. A providência divina sempre providenciará para que tenhamos o que é necessário, na medida justa de nosso merecimento. Cuidar unicamente das coisas materiais apresenta dois graves perigos: Embrutece a alma; afasta-nos de Deus. A Providência divina não abandona nem os mais pequeninos e humildes viventes, cuidando que eles tenham o alimento, assim também não nos deixará faltar nada que seja realmente necessário para a existência e o progresso do nosso espírito.
E qual de vós, pode acrescentar um côvado à sua estatura?  E por que andais vós solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam. Digo-vos, porém, que nem Salomão, em toda a sua glória se cobriu jamais como um deles. Se ao feno do campo que existe hoje e amanhã é lançado no forno, Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé?  Não vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que  beberemos  ou com que nos cobriremos?  Porque os
gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidades de todas elas.
É formosa a maneira pela qual Jesus nos faz ver a Providência Divina cuidando da Criação. Desde a pequenina ervinha do campo até o ser humano, tudo é objeto dos carinhos do Pai Celestial. Nada está abandonado e ninguém está desamparado; não há órfãos. Por certo cada um receberá o seu quinhão de acordo com a sua necessidade e seu merecimento. A ervinha do campo e as aves do céu recebem seus alimentos através dos canais da Natureza, mas o ser humano, que já atingiu a idade do raciocínio, deve providenciar a sua própria subsistência. Deus sabe do que necessitamos, e todas as facilidades nos serão concedidas para vivermos.
Buscai, pois, primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas se vos acrescentarão. E assim, não andeis inquietos pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua aflição.
O nosso primeiro e principal dever é lutar por conseguir os bens imperecíveis da alma, os bens do espírito, pautando nossa existência segundo as leis divinas, essa é a finalidade da nossa existência; quanto às coisas materiais, podemos estar tranquilos; A Providência Divina fará com que elas nos cheguem às mãos. Trabalhemos confiantes hoje e resolvamos nossos problemas e nossas dificuldades. O futuro pertence a Deus e só Ele o pode solucionar, e a solução vai depender de nossas obras e nosso merecimento.
Não queirais julgar, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes vos medirão a vós. Por que vês tu a aresta no olho de teu irmão e não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás como hás de tirar a aresta do olho do teu irmão.
Jesus condena a maledicência, a qual consiste em esmiuçar a vida alheia. Ser maledicente é comentar a vida do próximo, procurando descobrir  e propalar o lado imperfeito dos atos de cada um. Cada um de nós age de acordo com sua inteligência e com o grau de evolução a que chegou e ainda, segundo o momento, que são os fatores que levam uma pessoa a agir. Todos nós reconhecemos facilmente o erro dos outros; mas não temos nenhuma propensão para reconhecer os nossos próprios erros. O orgulho não permite que percebamos as imperfeições em nossa alma; porém, assim como vemos as imperfeições dos outros, do mesmo modo os outros veem as nossas. Não podemos dar o que não temos; e muito menos exigir que os outros observem e pratiquem os ensinos que nós nos esquecemos de observar e exemplificar. Para dar, precisamos possuir; para corrigir, precisamos ser evoluídos, pelo menos naquilo que desejamos corrigir  nos outros. O argueiro são os defeitos que notamos na vida dos outros, esquecidos de que temos uma trave a nos embaraçar o caminho. Tirar a trave de nossos olhos significa corrigir nossos erros e extirpar nossas imperfeições.
Não deis aos cães o que é santo; nem lanceis aos porcos as vossas pérolas e suceder que eles tornando-se contra vós, os despedacem.
 Ao ministrar os ensinos divinos tem que ser gradualmente de conformidade com a compreensão das criaturas, com a boa vontade delas e com as circunstâncias do momento. Ao passo que o ensinar a esmo, sem que repare na situação e na percepção dos ouvintes, é perder tempo e, sobretudo arriscar-se a não ser compreendido. Assim, em primeiro lugar preparar-se a si próprio para adquirir a autoridade moral, depois trabalhar com bom ânimo para criar um ambiente onde possa lançar suas ideias.
Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á. Ou qual de vós porventura é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou porventura, se lhe pedir um peixe, dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai  que está nos céus , dará bens aos que lhes pedirem?
Jesus nos recomenda o trabalho, a ação, o esforço próprio, condenando a preguiça ou à inatividade. Para melhorar nossas condições materiais e, principalmente, as espirituais, podemos pedir ao Pai celestial que nos facilite o que for necessário ao nosso progresso material e espiritual. Jesus nos diz que nos sirvamos da prece, contudo, é necessário saber que só receberemos o que for de real interesse ao progresso do nosso espírito. A Providência Divina estará sempre aberta para atender aos nossos justos pedidos, em quaisquer circunstâncias em que estejamos.
O pai que ama seus filhos, atenderá os pedidos deles, nas suas necessidades; porém evitará dar-lhes coisas que poderão lhes prejudicar. Algumas vezes, o que os filhos pedem, poderá originar desastres, então o pai previdente não lhes dará. Assim é Deus; Ele só dá a seus filhos, que somos todos nós, aquilo que realmente contribuirá para nossa felicidade espiritual, e recusa tudo quanto poderá causar danos ao nosso espírito, embora lhe peçamos.
E assim tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles. Porque esta é a lei e os profetas.
Jesus quis dizer-nos que resume tudo quanto foi ensinado pelos profetas, que é a lei da causa e do efeito. Os atos maléficos dão origem a sofrimentos, para quem os comete, enquanto que os atos benéficos promoverão a felicidade de quem os praticou. Se quisermos ser felizes no futuro, comecemos a fazer o bem, e o mal que tivermos feito no passado, são os nossos sofrimentos atuais.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que guia para a perdição, e muitos são os que entram por ela.
A luta que travamos para a conquista dos bens espirituais constitui a porta estreita e o caminho apertado no fim do qual está a verdadeira vida, livre de reencarnações dolorosas. Os gozos terrenos são a porta larga e o caminho espaçoso que nos leva a novas reencarnações, ao sofrimento e aos planos inferiores.
Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas e por dentro são lobos roubadores.
Falsos profetas são aqueles que trabalham contra os ensinos de Jesus e procuram perpetuar na Terra a ignorância de seus irmãos, a fim de viverem à custa deles. As religiões dogmáticas que tentam manter as pessoas na cegueira espiritual, para auferirem proveitos materiais, são os falsos profetas. A ciência quando nega a imortalidade da alma e a existência do mundo espiritual, matando a Esperança e a Fé dos corações, também é um falso profeta.
Por ventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa dá bons frutos; e a árvore má dá maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos.  Toda árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada ao fogo. Assim pois, pelos seus frutos, os conhecereis.
Temos que manter a vigilância para que não sejamos vítimas dos falsos profetas. As árvores somos nós; os frutos, nossas ações; o fogo é o sofrimento. Seremos conhecidos pelos nossos frutos, isto é, seremos julgados pelas nossas obras. A árvore lançada ao fogo simboliza o sofrimento para os que se distanciam das leis divinas, fazendo atos maus, que são péssimos frutos.
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia (passagem para a Espiritualidade): Senhor, Senhor, nós profetizamos em teu nome e em teu nome expelimos os demônios e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi em voz muito inteligível: Pois eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim os que obrais a iniquidade.
Não são os rótulos religiosos que abrem as portas dos planos felizes do Universo, nem tampouco as palavras piedosas, nem as obras que praticam, quando são o orgulho e a hipocrisia que as ditam ou inspiram. E a vontade do Pai é que não sejamos nem hipócritas, nem mistificares nem orgulhosos, praticando o bem pelo bem, sem qualquer motivo oculto, como a cobrança de qualquer atividade relacionada a prática religiosa.
Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha, e veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa e ela não caiu; porque estava fundada sobre a rocha.
A observância dos ensinos de Jesus nos dará a fortaleza moral com a qual nós nos protegeremos, quando tivermos de sofrer as provas e expiações que merecemos. Os que ouvem Jesus são os que estudam o Evangelho; mas não basta estudar ou ouvir a palavra; é preciso observá-la, viver de conformidade com o que ouviu e aprendeu. Além do estudo do Evangelho, podemos fortificar nosso espírito pela prece, pelo trabalho e pela leitura de bons livros.
E todo o que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa  e ela caiu e foi grande a sua ruína.
Onde podemos fracassar é a não observância das lições do Evangelho, com conhecimento de causa. Os que pregam e ensinam e, todavia, não vivem em harmonia com o que pregam e ensinam, estão construindo a casa sobre a areia. Podemos dizer também que constroem sobre a areia aqueles que não aceitam resignadamente as provas e as expiações que lhes couberem; os que usam dos bens que o Senhor lhes confiou, unicamente para satisfação de seu egoísmo, e os que vivem à custa dos esforços dos seus irmãos.
E aconteceu que, tendo Jesus acabado o sermão, estava o povo admirado de sua doutrina. Porque Ele os ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas e fariseus.
Jesus ensinava amorosamente o povo e a sua doutrina ia direto aos corações de seus ouvintes, relembrando-lhes a ideia inata que traziam, de um mundo de paz, fraternidade e amor. Despertava-lhes, assim, a Esperança; reacendia-lhes a Fé e conduzia-os ás prática da Caridade, ao passo que os escribas e fariseus, os sacerdotes das religiões organizadas, amedrontavam os humildes, ao sobrecarregá-los de formalidades materiais e esquecendo-se de cuidarem da parte espiritual do ser humano.
Aqui se finaliza o Sermão da Montanha, iniciado no capítulo cinco e finalizado no item 28 do capítulo sete, do Evangelho de Mateus.

Fonte:
“Novo Testamento”
“Evangelho dos Humildes”
Eliseu Rigonatti
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 14/7/2015.

terça-feira, 7 de julho de 2015

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA




  De repente estamos todos endividados e inadimplentes – ao menos a maioria de nós brasileiros comuns, sem mansões, nem iates, nem casas em Miami. Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir, lembram-se? Eu não esqueci, e nem consumi porque estava mais alerta e menos confiante. Diziam: “Compre seu carro novo! Troquem a geladeira! Comprem TV plana!, comprem seu apartamento ou casa.  Não deixem de fazer nada disso; as elite brancas não querem que vocês tenham nada”.
E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir – como se consumo, e não investimento de parte do governo fosse um crescimento. Realmente, por um breve período, tivemos a sensação nova de confiança e bem-estar. Disseram, ainda, (e acreditamos) que a miséria tinha sido liquidada no país, e éramos todos da classe média: quem ganhava mais de 350 reais era da classe média.
Nós nos sentíamos modernos e potentes. Crédito abundante e generosos prazos. Juros baixos também, mas isso não importava. E agora, a surpresa: as dívidas. Ficamos nessa situação porque obedecemos a quem nos chamava a gastar; e possivelmente seremos desempregados porque essa ameaça se torna cotidiana.
 O governo do PT gastou mais do que podia e devia, com gestão equivocada, gastos faraônicos em empreendimento diversos, logo abandonados  por faltas de planejamento, e empréstimos para construção do Gasoduto da TGS e da TGN, na Argentina,  no valor de 636,9 milhões de dólares; na Usina Siderúrgica Nacional, na Venezuela, no valor de 865,4 milhões de dólares; no Porto de Mariel, em Cuba, no valor de 682 milhões de dólares; na Termo- elétrica Punta Calina, na República Dominicana, no valor de 656 milhões de dólares; no Projeto de Irrigação Transvase Daule-Vinces, no Equador, no valor de 137 milhões de dólares; na Rodovia Centro-Americana, na Guatemala, no valor de 280 milhões de dólares; na Hidrelétrica Cambambe, em Angola, no valor de 464,4 milhões de dólares; na Barragem Moamba-Major, em Moçambique, no valor de 320 milhões de dólares; todo esse dinheirão fornecido pelo BNDES, para financiar obras no exterior, com dinheiro dos brasileiros. No fim de 2014, a dívida da União  para cobrir as operações, era de 26,1 bilhões de reais. Quando criticado, o governo do PT, defende-se dizendo que as empresas
brasileiras envolvidas nas operações geram empregos e receitas para o Brasil, e que eles não conseguiriam conquistar esses mercados sem a ajuda oficial, enquanto obras de infraestrutura essenciais para o desenvolvimento do Brasil são negligenciadas, e o dinheiro jorra para o exterior. A camaradagem do governo, por meio do BNDES, tem um preço para os pagadores de impostos do Brasil. Isso é que é um banco camarada para os outros.
Agora o governo nos convoca a pagar também suas dívidas – que não são nossas. Há poucos dias fomos informados: O caixa está vazio, o dinheiro do governo acabou; entrou no ralo da imprudência. Suspenderam-se as bolsas de estudo, investimentos em saúde e infraestrutura, e abre-se a dura realidade de projetos, comissões, estudos, palavrórios, mas não sabem o que fazer com o Brasil, a não ser aumentar os impostos.
Para consertar o que parece inconsertável, corta-se na carne... , Sobretudo, na nossa. Cortam-se benefícios como tempo de trabalho para ter o seguro-desemprego, dificulta-se no sentido de obter aposentadoria, reduzem-se as pensões e também os salários aumentando a angústia do povo. Cresce a inflação e os juros, sobe o desemprego, uma combinação fatal. Operários, funcionários, empregados domésticos, gerentes de lojas e de empresas, de repente as voltas com a falta de trabalho e o excesso de dívidas.
O Estado então pede nossa paciência e compreensão. Mas os brasileiros, sem a mínima segurança e garantia, morrendo mais do que em guerras; por toda parte sem escolas, nem postos de saúde onde falta até o algodão, nem condições de higiene, imprensados em velhos ônibus, não podem ter compreensão; o abandono, a  doença, a inanição, não podem esperar; a falta de esperança não pode esperar. Mulheres parindo no chão dos hospitais, doentes terminais sem remédio para suas dores, médicos desesperados porque não há nem aspirina nem macas para oferecer, não podem ter paciência.
A explicação fornecida para a crise é de romance:  a Europa e os Estados Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outras. Promessas retumbantes e discursos otimistas e confusos, não deviam mais nos enganar. Nós precisamos da verdade; precisamos de respeito, precisamos das oportunidades que nos foram tiradas, quando nos colocamos entre os últimos do mundo em educação, saúde, segurança, economia e confiabilidade.
Talvez se possa ainda ajudar o Brasil usando as armas mais eficientes que temos se bem usadas: manifestações ordeiras, não acreditar em promessas vazias, nem dar atenção à dança dos políticos que trocam de partidos e convicções, na festa das benesses que reina no Congresso, e usar o “voto” – gesto mínimo e definitivo que pode derrubar estruturas perversas e chamar de volta entre nós as duas irmãs indispensáveis para uma nação soberana: A esperança e a confiança.
Relevante é a análise do economista Mailson da Nóbrega no artigo “O PSDB, quem diria...” (Veja de 3 de junho)  em que acreditávamos como Oposição, ele diz em seu artigo, que os tucanos estão embarcando numa canoa furada, apoiando medidas ultrapassadas na Previdência, no sigilo bancário, proibindo a terceirização nas estatais, como se fossem medidas corretas para o bom funcionamento da máquina pública, quando na verdade só inibem o crescimento e aumentam o déficit público, coisa que os petistas sempre pregaram e que na prática não é viável, mas eleitoreira. “Esse legado é petista, não é o pensamento moderno que me contagiou e me fez eleitor de Fernando Henrique Cardoso”, diz o  leitor Lailson Corrêa de Souza, de Cuiabá.
“Desde 1994, sou eleitor e ferrenho defensor das ideias do PSDB. Entretanto, a partir da campanha para presidente em 2014 e das recentes posições no Congresso, o partido está nos decepcionando profundamente. A ideia apresentada na última linha do artigo de Mailson da Nóbrega resume bem o nosso sentimento: o PSDB está virando uma cópia ridícula do PT”, diz o leitor Carlos Antônio Lopes, de Santo André-SP.
Eu por minha vez, quando da campanha presidencial de 2014, sugeri ao PSDB que o candidato Aécio Neves devia viajar pelo Nordeste, para tomar conhecimento das necessidades do povo, principalmente os localizados na área do Polígono da Seca, e prometer a conclusão da transposição do Rio São Francisco, para com a água minorar o sofrimento das populações e mantê-las no seu local de moradia. A segunda sugestão foi que prometesse a continuação da Ferrovia Norte-Sul, possibilitando a escoação da produção das regiões Nordeste e Centro, reduzindo o número de carretas e caminhões, que poderiam até ser transportadas pela mesma ferrovia. E o PSDB nem promoveu a vinda do candidato a esta região, e nem prometeu realizá-las em seus debates na TV ou no programa de governo. Isso também me decepcionou e o fez perder a eleição. Atualmente o PT e o PSDB parecem que são comadres comendo no mesmo prato. Pensávamos que tínhamos Oposição, mas não temos mais. Hoje não temos mais no Brasil uma Oposição aguerrida, fiscalizando os atos do governo e votando contra as arbitrariedades pr4aticadas pelo mesmo. Foi-se a minha esperança de ver o nosso Brasil melhorar com outro presidente, responsável e trabalhador em benefício do povo brasileiro.

Fonte:
Artigo de Lya Luft
Revista Veja de 10/6/2014
Opiniões de:
Mailson da Nóbrega “Veja” - 3/6/2015
Leonardo Coutinho – na página Brasil,
de leitores da revista “Veja” de 10/6/2015
 e também minha.

Jc
Ortsac1331@gmail.com
São Luís, 7/7/2015

quarta-feira, 1 de julho de 2015

TRANSTORNOS MENTAIS





 De origem grega, o termo psicopata significa “psiquicamente doente” e foi equivocadamente difundido no século XIX como toda espécie de doença mental. Com o tempo, porém, essa disfunção mental foi se enquadrando em um perfil comportamental que revela perturbação específica, e, portanto, catalogada em cenário que aponta para um registro comportamental concreto, passando, dessa forma, a ser tipificada por diversos estudiosos como uma doença mental séria.
São constantes na mídia os inúmeros casos que revelam as marcas da psicopatia e chama a atenção pela frieza e ausência de sentimentos que envolvam os atos praticados por um psicopata. A propósito do assunto, a revista “Superinteressante” de maio de 2012, traz como chamada de capa, o título: “Pequenos Psicopatas”. Embora o artigo não aprofunde a investigação acerca da gênese do problema, o autor, Eduardo Skalarz, consegue estabelecer nove perfis bem definidos de psicopatas, quais sejam: o impulsivo, o predador, o indiferente, o suicida, o incendiário, o sádico, o assassino serial, o pedófilo e o perverso, entretanto nem todos os psicopatas são assassinos.
Embora a matéria da revista Superinteressante aborde as crianças psicopatas, cabe observar que o nosso foco está no espírito, independente do corpo que ele ocupe. Se este é infantil ou adulto não importa, pois os distúrbios comportamentais pertencem ao espírito e não ao corpo físico, por isso mesmo, devemos estar atentos para a emissão de conceitos equivocados, já que não há nenhum estudo que comprove que uma criança vai tornar-se psicopata quando adulto.  Porém, se a criança se comporta de forma cruel com outras crianças, se é cruel com os animais, se mente olhando nos olhos e não demonstra remorso, esses sinais apontam para um comportamento distorcido no futuro.
Em torno de cada perfil, Skalarz revela diversas  características de personalidade doentia, que invariavelmente se manifestam na infância e não têm perspectiva de cura, trazendo, por isso mesmo, muito sofrimento aos pais. O autor deixa claro que, embora os traços se revelem na infância, a ciência médica só tem condições de oferecer um diagnóstico concreto depois dos 18 anos de idade, quando consegue perceber uma maturação desse distúrbio mental.
Nesse mesmo contexto, a American Psychiatric Association estabelece três critérios que permitem a emissão desse diagnóstico: 1- A incapacidade de adequação às normas sociais, no que diz respeito à conduta legal; 2- Presença de falsidade, de impulsividade ou de incapacidade de planejamento antecipado da ação;  3-  Forte irritabilidade e agressividade, não levando em conta a segurança de si próprio e dos outros, revelando total irresponsabilidade e ausência de remorso. Além disso, a psicopatia se caracteriza por uma notória ausência de afetos e incapacidade de expressão de sentimentos nobres.
Não obstante o fato de muitas crianças demonstrarem distúrbios de comportamento, isso não significa que na idade adulta elas serão psicopatas, mas o texto traz depoimentos chocantes de pais angustiados pela situação dos filhos, como por exemplo, o triste depoimento de uma mãe argentina que relata: “Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele estava nos observando dormir. Percebi que poderia nos mataria a qualquer momento”.
Naturalmente o tema é largamente estudado à luz da psicologia e da psiquiatria, mas o nosso grande desafio é examiná-lo à luz da Doutrina Espírita, que nos oferece ampliados mecanismos de entendimento sobre a zona do inconsciente ou espiritual, que, como sabemos, nutre e alimenta a estrutura material. O Dr. Jorge Andréia, ao abordar o assunto na obra “Visão Espírita das Distonias Mentais”, publicada pela Federação Espírita Brasileira, dedica o Capítulo III ao estudo das doenças mentais e examina as personalidades psicopáticas, tratando-as como distúrbios ocasionados pelos desequilíbrios na estrutura do caráter, com marcantes reflexos na vida social.
Ora, desequilíbrios na estrutura do caráter são distúrbios comportamentais do espírito, o que nos leva a concordar que esses transtornos de personalidade estão impressos no Eu, conforme estabelece Jorge Andréa. Portanto, são transtornos mentais de difícil tratamento pelas terapias tradicionais, visto que o espírito ao reencarnar traz consigo esses desajustes estruturais, que se acentuam pelo desenvolvimento das chamadas dores psicológicas. Cabe destacar nesse contexto que o perfil psicopata pode pertencer a qualquer nível social ou profissional, atuando inclusive no mundo corporativo.
Do ponto de vista da análise de personalidade, o psicopata apresenta um perfil superficial, que abriga o chamado “Transtorno da Personalidade Antissocial” e demonstra uma aparente normalidade. Embora eventualmente possa demonstrar impulsos irresistíveis e alterações parciais de conduta, não são de fácil identificação para os leigos, mas com o tempo percebemos que estes indivíduos são invariavelmente problemáticos. Quando desencarnados, essas personalidades psicopatas são identificadas nas obras espíritas e não raramente surgem com líderes das hostes que pululam as regiões infelizes; pregam justiça a qualquer preço e caracterizam-se como estrategistas ou julgadores, demonstrando extrema frieza e pobreza de sentimentos; em suma, não diferem em nada dos encarnados inseridos na mesma temática.
Na revista “Veja” de 1º de abril de 2009, o psicólogo canadense Robert Hare, em entrevista, afirma que “ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia e ela não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso que varia para mais ou menos”.  Depreendemos que é por isso, a diferença de graus de psicopatia e  de diferentes níveis os índices de maldade humana. A ausência de consciência é característica marcante nas personalidades psicopatas, por isso, a ciência médica afirma que a ausência desse atributo permite ao indivíduo praticar crimes, pois eles não conseguem evitar a conduta que os levou a praticar delitos.
Acerca do tema, a Doutrina Espírita vem nos ensinar que não existe efeito sem causa, que tudo tem sua razão de ser e que nenhum ataque às leis de Deus fica sem o reparo correspondente. A Doutrina nos ensina, ainda, que tudo começa na mente e certamente a mente dos psicopatas é um grande painel de inquietações. André Luiz, em “Mecanismos da Mediunidade”, nos esclarece sobre como funciona a mente como elemento idealizador, onde o pensamento pode materializar-se, plasmando formas de longa duração como resultado da ação de ondas mentais emitidas.
A imensurável capacidade bio-psíquica do cérebro humano permite que este desenvolva funções capazes de gerar, sinalizar, emitir e captar energias mentais em inúmeras frequências, funcionando de forma semelhante a sofisticado sistema de comunicação que se auto-alimenta pela vontade, vitalizando dessa forma todos os centros da alma.  Naturalmente essas correntes possuem caráter
construtivo e destrutivo e são diretamente proporcionais aos desejos e pensamentos motivadores dessas ações. E, em virtude disso, as infrações cometidas ficam arquivadas nos escaninhos da alma e, de acordo com a gravidade, essas ações afetarão o seu autor, a ponto de em muitos casos, serem conduzidos a uma nova encarnação em corpos-prisões; pois ninguém foge a lei de Deus.
Embora os atos dos psicopatas causem grande comoção social, a pena de morte não se justifica sob os princípios da Doutrina dos Espíritos. Na obra “O Homem Integral”, o Espírito de Joanna de Ângelis nos esclarece quanto à nossa postura, afirmando que: “A maldade sistemática, a impiedade, o temperamento hostil revelam as personalidades psicopatas que, antes, necessitam de ajuda, ao invés de reproche. A bondade, neles latente, aguarda o momento de manifestar-se e predominar, mudando-lhes o comportamento. Com tal atitude, a de identificar a bondade, torna-se possível a superação do sofrimento, como quer que se apresenta, especialmente o que tem procedência moral”.
A solução que acreditamos, portanto, mesmo para os criminosos de alta periculosidade, genocidas e homicidas é que eles não devem ter suas existências ceifadas, mas sim isolados da sociedade em prisões do tipo nosocômios  judiciários, em trabalhos retificadores, a fim de que possam de alguma maneira, retribuir de forma positiva à Sociedade os danos que tenham causado e melhorar a sua situação como ser humano, destinado a prática do bem.
Bibliografia:
Livros:
“O Homem Integral”
“Nos Domínios da Mediunidade”
“Visão Espíritas nas Distonias Mentais”
“O Livro dos Espíritos”
Artigos:
American Psychiatric Association
Laura Marinho Nunes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Jurídica.
Universidade Fernando Pessoa – Porto – Portugal
Revistas Superinteressante 5/2012
Revista Veja 4/2009

Jc.
São Luís, 31/5/2015

domingo, 7 de junho de 2015

VICENTE ESTEVES FERREIRA




  Vicente Esteves Ferreira nasceu na cidade de Altinópolis, no estado de São Paulo, em 8 de fevereiro de 1922. Viveu e faleceu em Rolândia, estado do Paraná, no dia 18 de novembro de 1990.
Espírita e com visão empreendedora, ele tinha o espírito naturalmente inclinado para à filantropia. A sua primeira obra na cidade de Rolândia foi a construção de uma hospedaria. Em poucos anos resolveu dispor da metade de tudo o que havia adquirido ao longo da sua existência para, com esses recursos, construir um orfanato para meninos carentes. Antes de começar essa construção, alguém deixou na porta de sua residência, uma menina de sete meses de idade, que foi adotada, apesar de já possuírem seis filhos legítimos.
 O casal acolheu depois mais duas meninas que foram criadas por eles no lar doméstico, como verdadeiras filhas, pois o orfanato seria apenas para meninos. Ele enfrentou todos os obstáculos e dificuldades da época. Mas, confiante no auxílio divino e contando com a ajuda de diversos amigos, teve a felicidade de ver inaugurada no dia 30 de março de 1955, a obra de sua vontade: o Lar Infantil André Luiz. Contava, ela, com um pequeno berçário e algumas camas já preparadas para receber algumas crianças  órfãs ou abandonados.
Eram tempos difíceis. Por ser um Lar onde o ensino espírita era o que direcionava o trabalho, Vicente teve desafios imensos por causa do preconceito. Em certa ocasião, ele buscava ajuda da comunidade e uma pessoa começou a dizer a todos que as crianças ali eram filhas de Satanás, por saber que a instituição era espírita. Mesmo assim, Vicente continuou firme em seu trabalho, e com o tempo isso mudou. Porque as pessoas começaram a ver que a Instituição era um lugar de caridade, devoção e amor.
O velho problema da economia fazia-se visível na prática: o avanço das necessidades em descompasso com a escassez dos recursos. Mesmo assim, no início dos anos 60, o abnegado Vicente contando com o apoio e dedicação de sua dedicada esposa Maria Joaquina da Conceição Ferreira, acolhia no Lar, 45 meninos carentes.
No início dos anos 70, atendendo a insistentes pedidos do então presidente do Instituto de Assistência ao Menor do Paraná, da Capital, o Lar mesmo com todas as dificuldades, recebeu e passou a abrigar mais 20 meninos com idade entre 12 e 16 anos, porque o espírito cristão falou mais alto e eles foram acolhidos. Chegaram num ônibus do Governo Estadual, e logo Vicente percebeu as tristes consequências do favor que prestara ao órgão do Estado: a má formação dos meninos vindos de Curitiba estava a comprometer seriamente a educação dos antigos internos. Para controlar a situação e com o apoio do Dr. Aurélio Feijó, Juiz da Comarca, Vicente passou a levar os meninos mais velhos ao sitio onde cultivava parte dos alimentos consumidos no orfanato. Outras atividades eram também ensinadas no intuito de que os adolescentes internos aprendessem um ofício ou profissão que lhes pudesse assegurar uma existência digna quando chegassem á maturidade.
Imbuídos desses sentimentos bons que norteiam os passos dos espíritas, ele e sua dedicada esposa edificaram no próprio terreno do Lar Infantil a Escola Gracinda Batista, a qual funcionou por muitos anos, dando oportunidade de estudo, não somente para as crianças do orfanato, como a todos os moradores do bairro que se interessava em frequentar suas aulas. Em 1982, Vicente construiu também o Lar Infantil João Leão Pitta, e em 1988, o Lar dos Idosos Cairbar Schutel, ambos ainda em plena atividade até hoje, atendendo a comunidade com seriedade e dedicação. Ambas, as Instituições, são ligadas ao Centro Espírita Emmanuel, fundado em 24 de dezembro de 1951, de onde nasceram as obras assistenciais, inclusive o Albergue Noturno Amigo Jesus, fundado em 2 de junho de 2002, que faz cerca de 360 atendimentos por mês.
Inicialmente, o Lar funcionou na Rua Ouro, contudo, um incêndio fez com que o filho de Vicente, Joel Esteves, levasse o Lar para a Rua Platina, no mesmo terreno do Lar Infantil André Luiz, onde foi reinaugurado. Mas os visíveis frutos do trabalho do Lar só começaram a aparecer no final dos anos 70, com a formatura dos jovens assistidos, em diversos colégios da cidade, onde eles, então, podiam seguir os seus próprios caminhos. Diversos deles, hoje adultos, não esquecem os anos felizes de vivência no Lar, com a assistência permanente de Vicente e Maria Joaquina, a quem chamavam de “Paizinho” e “Mãezinha”. Por esses exemplos de vida, muitos desses meninos se tornaram referências de pessoas dignas, honestas e compromissadas com a família e a comunidade onde vivem.
Decorridos 33 anos de atividades como Internato, para adequar-se à nova realidade, o Lar Infantil André Luiz, por decisão de sua diretoria, desativou a escola primária e passou do regime de creche para o atendimento de crianças na faixa etária de quatro meses a doze anos. Além do reforço escolar para crianças e ambos os sexos, o Educandário ainda oferecia alimentação, atendimento psicológico e assistência social. Depois de anos, o Lar Infantil André Luiz direcionou as suas atividades para o atendimento de crianças na faixa etária de quatro meses a cinco anos de idade, sendo hoje, referência regional de qualidade na prestação desses serviços.
A partir de 2012, vinculados ao Núcleo Regional de Educação, a Instituição passou a ser denominado Centro de Educação Infantil André Luiz. A Secretaria Municipal de Educação tem colaborado e propiciado significativa melhora no tocante aos recursos materiais e equipamentos necessários e indispensáveis ao bom atendimento das crianças. Atualmente 80 crianças são assistidas diariamente em período integral. O Centro de Educação Infantil André Luiz tem por finalidade agregar valores para o bom desempenho de suas atividades e como missão, proporcionar às crianças admitidas no seu quadro, sob o acompanhamento de seus familiares, garantias  na  prestação dos serviços  educacionais,  sociais, e 
alimentação de qualidade, acompanhamento psicossocial e atenção permanente às necessidades dos educandos.
A história desse casal que devotou a existência para iluminar e engrandecer várias crianças e famílias de Rolândia e adjacências se constituem um exemplo a ser seguido por outras pessoas desta e de outras gerações. Com certeza estarão gravadas nas instâncias espirituais superiores, suas ações e atitudes cristãs voltadas à edificação de um mundo melhor, sob a inspiração do Mestre e Meigo Rabi da Galileia que nos legou para sempre o Evangelho Sublime da Paz e do Amor.
Parabéns ao irmão Vicente Esteves Ferreira e sua companheira Maria Joaquina da Conceição Ferreira, pela Instituição que em março deste ano,  completou 60 anos de atividades...
Fonte:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal” – abril/2015
+ Pequenas modificações e acréscimos.

Jc.
16/04/2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

LYCURGO NEGRÃO




  Filho de Pedro Negrão e Maria Augusta Scarpin Negrão, Lycurgo Negrão, nasceu na cidade de Morretes, no litoral  paranaense,  em 16 de maio de 1916. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Miguel Schleder em sua cidade natal, onde cursou o ensino primário.  Em 1930, sua família mudou-se para a cidade de Ponta Grossa. Lycurgo foi matriculado no Liceu dos Campos e nesse educandário fez o curso preparatório para o exame de admissão ao Ginásio Regente Feijó, onde cursou o primeiro ano ginasial e em 1932, sua família se transferiu para Curitiba, onde foi matriculado no Ginásio Paranaense.
Posteriormente casou-se com Jaqueline Negrão e foi convocado para o serviço militar em 1938 e incorporado à 1ª Companhia de Transmissões na Guarnição Militar de Curitiba. Decidido a permanecer no Exército Brasileiro, seguindo a carreira militar, serviu no 2º Batalhão Ferroviário, sediado na cidade de Rio Negro, no Paraná, e depois na Comissão de Estradas de Rodagem, em Ponta Grossa, para onde foi transferido em 1948, permanecendo nessa unidade até sua transferência para a Reserva Renumerada no Exército em 1963.
Embora nascido em família católica, conheceu a doutrina codificada por Allan Kardec, tornando-se espírita. Em 1949 ingressou na Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, na qualidade de vice-presidente do Departamento de Juventude, hoje União da Mocidade Espírita Cristã, e diretor do jornal Voz da Espiritualidade, periódico de divulgação doutrinária, e ao longo de sua trajetória teve a colaboração de espíritas como Guaracy Paraná Vieira, Vitor Ribas Carneiro, entre outros.
Ele mobilizou os jovens da União da Mocidade Espírita Cristã, em 1950, criando a Escola Espírita Alvorada Nova onde era ministrada a evangelização nas tardes de sábado em uma favela na região do Olho d’água São João de Maria. Para aquele local era levada sopa feita na Mansão Bezerra de Menezes e distribuída para as pessoas necessitadas, ao mesmo tempo em que se realizava visitação às famílias com a leitura do Evangelho. Ali, Lycurgo fundou mais tarde a Casa Transitória Fabiana de Jesus. Como ele se preocupava com a infância desamparada, a Mansão tinha como objetivo, abrigar e
educar meninos órfãos dentro dos princípios do Espiritismo Cristão. Esse trabalho idealizado por ele foi incentivado por Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.
No movimento espírita de Ponta Grossa ele foi vice-presidente da Sociedade Espírita Francisco de Assis do Amparo aos Necessitados, diretor do Albergue Noturno Álvaro Holzmann, diretor da Livraria Espírita A Educadora e coordenador de assistência espiritual no Lar Hercília Vasconcelos. Sempre preocupado com os problemas sociais, auxiliava os desvalidos, seja através da compra dos remédios, do auxílio financeiro e até mesmo patrocinando os funerais, na hora extrema da existência física, tendo mantido um crédito com uma funerária onde comprava os caixões em prestações.
A Casa Transitória Fabiana de Jesus passou a criar diversos departamentos como o Clube de Mães, com atendimento às gestantes e o Clube das Meninas onde elas a partir dos 12 anos aprendiam trabalhos manuais, artesanatos e participavam das  atividades esportivas para uma formação cristã. Em 1963, preocupado em proporcionar aos jovens carentes uma formação profissional na área agrícola, adquiriu vinte e dois alqueires de terras no distrito de Guaragi, onde fundou uma Granja Escola denominada Cantão Pestalozzi. 
Em 14 de abril de 1964, Lycurgo Negrão criou o Liceu Pestalozziano de Evangelização Espírita, destinado ao estudo sistematizado da Doutrina Espírita, com o objetivo de atender as crianças que vinham acompanhadas de suas mães assistirem às preleções doutrinárias. No ano de 1967, naquele mesmo local, Lycurgo e outros companheiros criaram a Fundação Educacional Pestalozzi, com o objetivo de propugnar a formação moral, cívica, cultural e religiosa da família, especialmente da infância e da juventude desvalida, educando-as sob as luzes do Espiritismo. Participou também da fundação do Quartel Juvenil Paulo de Tarso, que atendia meninos órfãos ou cujos pais não tinham condições de criá-los e, como instituição para abrigo e proteção a crianças, teve em média vinte e quatro meninos amparados pela instituição.
Como intelectual e poeta, L         ycurgo utilizou-se do pseudônimo Porthus Mariani para assinar seus poemas e textos. Foi ele membro
da Academia de Letras de Campos Gerais, ocupando a cadeira nº dois.        No apagar das luzes de 2012, mais precisamente no dia 28 de dezembro, Lycurgo teve de ser internado, com suspeita de mal de maior gravidade. Dona Jaqueline sua companheira, pediu ao médico que traçasse o quadro real do estado de saúde do seu esposo. O diagnóstico: Câncer no fígado. Nada a fazer senão dar-lhe toda a assistência até a hora do desenlace. “Morreu em meus braços”, disse ela a todos sem poder conter o choro.
Foram 96 os anos da última existência desse espírita morretense, dedicados à Doutrina Espírita, à assistência social aos desafortunados e à família que ele constituiu com filhos adotivos. Certamente o plano espiritual o recebeu com muita alegria. Lycurgo Negrão desencarnou em Ponta Grossa no dia 29 de dezembro de 2012, sendo seu corpo sepultado no dia 30, no cemitério Água Verde, em Curitiba – Paraná.

Fonte:
Fábio Maurício Holzmann Maia – Diretor de Pesquisa e História do Espiritismo nos Campos Gerais/União Regional Espírita 2ª região.

Jornal “O Imortal”- 01/2015
Marinei Ferreira Rezende
+ Supressões e modificações.

Jc.
São Luís, 25/01/2015