terça-feira, 7 de julho de 2015

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA




  De repente estamos todos endividados e inadimplentes – ao menos a maioria de nós brasileiros comuns, sem mansões, nem iates, nem casas em Miami. Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir, lembram-se? Eu não esqueci, e nem consumi porque estava mais alerta e menos confiante. Diziam: “Compre seu carro novo! Troquem a geladeira! Comprem TV plana!, comprem seu apartamento ou casa.  Não deixem de fazer nada disso; as elite brancas não querem que vocês tenham nada”.
E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir – como se consumo, e não investimento de parte do governo fosse um crescimento. Realmente, por um breve período, tivemos a sensação nova de confiança e bem-estar. Disseram, ainda, (e acreditamos) que a miséria tinha sido liquidada no país, e éramos todos da classe média: quem ganhava mais de 350 reais era da classe média.
Nós nos sentíamos modernos e potentes. Crédito abundante e generosos prazos. Juros baixos também, mas isso não importava. E agora, a surpresa: as dívidas. Ficamos nessa situação porque obedecemos a quem nos chamava a gastar; e possivelmente seremos desempregados porque essa ameaça se torna cotidiana.
 O governo do PT gastou mais do que podia e devia, com gestão equivocada, gastos faraônicos em empreendimento diversos, logo abandonados  por faltas de planejamento, e empréstimos para construção do Gasoduto da TGS e da TGN, na Argentina,  no valor de 636,9 milhões de dólares; na Usina Siderúrgica Nacional, na Venezuela, no valor de 865,4 milhões de dólares; no Porto de Mariel, em Cuba, no valor de 682 milhões de dólares; na Termo- elétrica Punta Calina, na República Dominicana, no valor de 656 milhões de dólares; no Projeto de Irrigação Transvase Daule-Vinces, no Equador, no valor de 137 milhões de dólares; na Rodovia Centro-Americana, na Guatemala, no valor de 280 milhões de dólares; na Hidrelétrica Cambambe, em Angola, no valor de 464,4 milhões de dólares; na Barragem Moamba-Major, em Moçambique, no valor de 320 milhões de dólares; todo esse dinheirão fornecido pelo BNDES, para financiar obras no exterior, com dinheiro dos brasileiros. No fim de 2014, a dívida da União  para cobrir as operações, era de 26,1 bilhões de reais. Quando criticado, o governo do PT, defende-se dizendo que as empresas
brasileiras envolvidas nas operações geram empregos e receitas para o Brasil, e que eles não conseguiriam conquistar esses mercados sem a ajuda oficial, enquanto obras de infraestrutura essenciais para o desenvolvimento do Brasil são negligenciadas, e o dinheiro jorra para o exterior. A camaradagem do governo, por meio do BNDES, tem um preço para os pagadores de impostos do Brasil. Isso é que é um banco camarada para os outros.
Agora o governo nos convoca a pagar também suas dívidas – que não são nossas. Há poucos dias fomos informados: O caixa está vazio, o dinheiro do governo acabou; entrou no ralo da imprudência. Suspenderam-se as bolsas de estudo, investimentos em saúde e infraestrutura, e abre-se a dura realidade de projetos, comissões, estudos, palavrórios, mas não sabem o que fazer com o Brasil, a não ser aumentar os impostos.
Para consertar o que parece inconsertável, corta-se na carne... , Sobretudo, na nossa. Cortam-se benefícios como tempo de trabalho para ter o seguro-desemprego, dificulta-se no sentido de obter aposentadoria, reduzem-se as pensões e também os salários aumentando a angústia do povo. Cresce a inflação e os juros, sobe o desemprego, uma combinação fatal. Operários, funcionários, empregados domésticos, gerentes de lojas e de empresas, de repente as voltas com a falta de trabalho e o excesso de dívidas.
O Estado então pede nossa paciência e compreensão. Mas os brasileiros, sem a mínima segurança e garantia, morrendo mais do que em guerras; por toda parte sem escolas, nem postos de saúde onde falta até o algodão, nem condições de higiene, imprensados em velhos ônibus, não podem ter compreensão; o abandono, a  doença, a inanição, não podem esperar; a falta de esperança não pode esperar. Mulheres parindo no chão dos hospitais, doentes terminais sem remédio para suas dores, médicos desesperados porque não há nem aspirina nem macas para oferecer, não podem ter paciência.
A explicação fornecida para a crise é de romance:  a Europa e os Estados Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outras. Promessas retumbantes e discursos otimistas e confusos, não deviam mais nos enganar. Nós precisamos da verdade; precisamos de respeito, precisamos das oportunidades que nos foram tiradas, quando nos colocamos entre os últimos do mundo em educação, saúde, segurança, economia e confiabilidade.
Talvez se possa ainda ajudar o Brasil usando as armas mais eficientes que temos se bem usadas: manifestações ordeiras, não acreditar em promessas vazias, nem dar atenção à dança dos políticos que trocam de partidos e convicções, na festa das benesses que reina no Congresso, e usar o “voto” – gesto mínimo e definitivo que pode derrubar estruturas perversas e chamar de volta entre nós as duas irmãs indispensáveis para uma nação soberana: A esperança e a confiança.
Relevante é a análise do economista Mailson da Nóbrega no artigo “O PSDB, quem diria...” (Veja de 3 de junho)  em que acreditávamos como Oposição, ele diz em seu artigo, que os tucanos estão embarcando numa canoa furada, apoiando medidas ultrapassadas na Previdência, no sigilo bancário, proibindo a terceirização nas estatais, como se fossem medidas corretas para o bom funcionamento da máquina pública, quando na verdade só inibem o crescimento e aumentam o déficit público, coisa que os petistas sempre pregaram e que na prática não é viável, mas eleitoreira. “Esse legado é petista, não é o pensamento moderno que me contagiou e me fez eleitor de Fernando Henrique Cardoso”, diz o  leitor Lailson Corrêa de Souza, de Cuiabá.
“Desde 1994, sou eleitor e ferrenho defensor das ideias do PSDB. Entretanto, a partir da campanha para presidente em 2014 e das recentes posições no Congresso, o partido está nos decepcionando profundamente. A ideia apresentada na última linha do artigo de Mailson da Nóbrega resume bem o nosso sentimento: o PSDB está virando uma cópia ridícula do PT”, diz o leitor Carlos Antônio Lopes, de Santo André-SP.
Eu por minha vez, quando da campanha presidencial de 2014, sugeri ao PSDB que o candidato Aécio Neves devia viajar pelo Nordeste, para tomar conhecimento das necessidades do povo, principalmente os localizados na área do Polígono da Seca, e prometer a conclusão da transposição do Rio São Francisco, para com a água minorar o sofrimento das populações e mantê-las no seu local de moradia. A segunda sugestão foi que prometesse a continuação da Ferrovia Norte-Sul, possibilitando a escoação da produção das regiões Nordeste e Centro, reduzindo o número de carretas e caminhões, que poderiam até ser transportadas pela mesma ferrovia. E o PSDB nem promoveu a vinda do candidato a esta região, e nem prometeu realizá-las em seus debates na TV ou no programa de governo. Isso também me decepcionou e o fez perder a eleição. Atualmente o PT e o PSDB parecem que são comadres comendo no mesmo prato. Pensávamos que tínhamos Oposição, mas não temos mais. Hoje não temos mais no Brasil uma Oposição aguerrida, fiscalizando os atos do governo e votando contra as arbitrariedades pr4aticadas pelo mesmo. Foi-se a minha esperança de ver o nosso Brasil melhorar com outro presidente, responsável e trabalhador em benefício do povo brasileiro.

Fonte:
Artigo de Lya Luft
Revista Veja de 10/6/2014
Opiniões de:
Mailson da Nóbrega “Veja” - 3/6/2015
Leonardo Coutinho – na página Brasil,
de leitores da revista “Veja” de 10/6/2015
 e também minha.

Jc
Ortsac1331@gmail.com
São Luís, 7/7/2015

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