sábado, 26 de fevereiro de 2011

BIOGRAFIA DE S. AGOSTINHO

BIOGRAFIA DE S. AGOSTINHO

Aurelius Augustinus, mais conhecido na Igreja Católica como Santo Agostinho, nasceu em Tagaste de Numídia, província romana do norte da África, em 13 de novembro de 354. Foi o primogênito do pagão Patrício e da fervorosa cristã Mônica. Criança alegre, buliçosa, entusiasta do jogo, travessa e amante da amizade, não gostava muito de estudar porque os mestres usavam métodos agressivos e não eram sinceros.

Ante os adultos se revelava como “um menino de grandes esperanças”, com inteligência clara e coração inquieto. Nessa luta Agostinho vai contra o desejo da mãe, católica fervorosa, de ver o filho convertido ao Cristianismo, mas Agostinho é um homem comum cheio de vicissitudes que passou, ainda na juventude, a viver com uma mulher a quem foi fiel, tendo se tornado pai com apenas 19 anos. Depois da morte do pai foi para Cartago e se meteu num grupo de jovens baderneiros e, desorienta, ingressou na seita dos maniqueus, da qual participou por nove anos, sem ali conseguir a descoberta de uma verdade que lhe aquietasse a alma. Viveu assim longos anos com ânimo disperso.

Estando em Milão, ao ouvir uma canção infantil, na voz cristalina de uma criança que insiste “Toma, lê”, faz com que ele procure o livro a respeito de “Paulo” e ingresse no Cristianismo. Era outono do ano 386; contava ele então 32 anos. Agostinho começa a ensinar e busca a fama sem muita preocupação, buscando uma mundo diferente, um mundo novo. Os amigos o convenceram a viajar para Roma, onde conhece o bispo Ambrósio e aos poucos sua existência foi tomando novo rumo. Chegou a ser brilhante professor de retórica em Cartago, Milão e Roma. Deixando a docência, retira-se para Cassiaco, recinto de paz e silêncio e põe em prática o Evangelho em profunda amizade compartilhada: vida de quietude, animada somente pela paixão à verdade.

Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento em Milão, onde escreve seus diálogos filosóficos e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo das mãos do bispo Ambrósio. Sua existência daquele momento em diante seria meditar, escrever livros, discursar. No ano de 391, é chamado a Hipona, um grande centro comercial, e cinco anos depois foi nomeado bispo auxiliar de Hipona. Consagrado mais tarde bispo, converteu sua residência em casa de oração e tribunal de causas. Inspirador da vida religiosa, pastor de almas, administrador de justiça, defensor da fé e da verdade, prega e escreve de forma infatigável e condensa o pensamento do seu tempo. Grande era a luta, à época, contra as chamadas heresias.

As palavras que mais aparecem em seus escritos são amor e caridade. Por vezes, desenvolvendo uma idéia, interrompe seu raciocínio para deixar escapar gritos de amor a Deus: “Ó Senhor, amo-Te. Tu estremeceste meu coração com a palavra e fizeste nascer o amor por ti. Tarde Te amei. ó Beleza tão amiga e tão nova, tarde Te
amei... Tocaste-me, e ardo de desejo de alcançar Tua paz”.

Agostinho defrontou-se com dificuldades para conciliar a criação da alma com o “pecado original”, porque não sabia explicar como a alma criada por Deus, podia nascer com o pecado original. Para ele, cada pessoa possui uma alma, sendo-nos impossível saber a sua origem, porque é um mistério divino, mas, depois que surge continua a existir eternamente. Daí a sua crença na imortalidade. Imaginava que a alma poderia ser feliz ou infeliz na eternidade, dependendo dos atos praticados na existência. Não foi, portanto, à toa que ele chegou à conclusão dessa dificuldade ao proferir sua célebre frase sobre o tempo, contida no Livro XI item 14, de suas “Confissões”.

Agostinho inspirou-se em Platão, e os problemas que o preocupam eram de ordem moral: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação. Ele dizia que a razão ajuda o ser humano a alcançar a fé; em seguida, a fé orienta e ilumina a razão; e esta, por sua vez, contribui para esclarecer os conteúdos da fé. Para ele, “o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre”. O problema da liberdade está relacionado com a reflexão sobre o mal, sua natureza e sua origem.

Em 429 os vândalos, guiados por Genserico atravessam o Estreito de Gibraltar e atacam o norte africano. Agostinho, cercado com seu povo, sente amargura e luto, mas alenta o ânimo de seus fiéis e os convida à defesa. No terceiro mês do assédio, aos 76 anos de existência, em 28 de agosto de 430, morreu como um autêntico cristão, alegrando desse modo o coração da sua mãe que tanto rezou pela conversão do filho...

Convidado na Espiritualidade a participar da equipe do Espírito de Verdade, as ponderações do Espírito de Agostinho podem ser encontradas em vários momentos da Obra Kardequiana, como “O Livro dos Espíritos” (prolegômenos, resposta às questões 495, 919 e 1009); ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo” (capítulo III, itens 13 e 19; capítulo V, item 19; capítulo XII, ltens 12 e 15; capítulo XIV, item 9; capítulo XXVII, item 23); “O Livro dos Médiuns” (capítulo XXXI, dissertações de números 1 e XVI).

O Espírito de Erasto, discípulo de Paulo, em uma de suas comunicações, afirma: “Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte. Como muitos, ele também foi arrancado do paganismo. Em meio de seus excessos, sentiu o alerta dos Espíritos Superiores: a felicidade se encontra alhures e não nos prazeres imediatos. Depois de ter perdido sua mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura”.

A questão n. 919 de “O Livro dos Espíritos”, que aborda o tema “Conhecimento de si mesmo”, foi respondida pelo Espírito de Agostinho. Indagado pelo Codificador sobre qual é o meio prático mais eficaz que tem o ser humano de se melhorar nesta existência e de resistir à atração do mal, responde dizendo: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo”. E em seguida dissertou: “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra; ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvesse feito, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecesse, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria”. . .




Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende


Jc.
s.Luis, 8/2/2011

ADELAIDE AUGUSTA CÂMARA-AURA CELESTE

ADELAIDE AUGUSTA CÂMARA (AURA CELESTE)

Adelaide Augusta Câmara, foi uma das mais devotadas figuras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seu pseudônimo de Aura Celeste. Ela nasceu na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, em 11 de janeiro de 1874, filha de Henrique Leopoldo Soares da Câmara e de Dª Maria Balbina da Silva Câmara, e desencarnou em 24 de outubro de 1944, na cidade do Rio de Janeiro.

Aura Celeste, mudou-se para a antiga Capital Federal em janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe proporcionaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita eficiência durante algum tempo, até que organizou, em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens ilustres do meio político e social brasileiro aprenderam as primeiras letras.

Seus primeiros passos na Doutrina dos Espíritos datam de 1898, quando começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas e, assim, passou a freqüentar as sessões no Centro Espírita Ismael, cujo dirigente era o Dr. Bezerra de Menezes. Nessa época, o grande missionário dirigia também os destinos da Federação Espírita Brasileira, revestido da auréola de prestígio e de respeito que crentes e descrentes lhe prestavam, e o Espiritismo, era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como também pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa.

Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes, ela iniciou sua notável carreira mediúnica como psicografa no Centro Espírita Ismael. Bezerra de Menezes, pela sua conhecida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as suas prodigiosas faculdades, um dia assombraria crentes e descrentes. E essa profecia não se fez esperar, pois em breve tempo Adelaide como médium auditiva, começou a trabalhar na propagação da Doutrina, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que as curas eram constantes e seu nome logo ficou conhecido por todo o País.

Com a desencarnação de Bezerra de Menezes em 1900, Adelaide Câmara aproximou-se de outro grande espírita, Inácio Bittencourt, e nas sessões do Círculo Espírita “Cáritas”, passou a prestar seu concurso como médium e propagandista de primeira grandeza. Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar e a educação dos filhos, mais tarde, obrigaram-na a afastar-se dos Centros Espíritas, mas nem por isso ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em confabulações com os guias espirituais, e pode receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas à publicidade na obra “Do Além”, em 21 fascículos, e no livro “Orvalho do Céu”. Foi aí que adotou o pseudônimo de “Aura Celeste”, nome com que ficou conhecida no Brasil.

Em 1920 retornou à tribuna espírita e aos trabalhos mediúnicos, com tal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleição franzina ressentiu-se um pouco,
mas não deixou por causa disso de cumprir com os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtinho era o médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura de enfermos, diagnosticando e curando a todos quantos lhe batiam à porta, ao mesmo tempo em que desenvolvia, espontaneamente, diversas faculdades mediúnicas, além de incorporação, audição, vidência, psicografia, intuição e curas, Aura Celeste possuía a extraordinária faculdade de bilocação. Muitas curas ela operou, então em diferentes lugares do Brasil, a eles se transportando em “desdobramento fluídico”, sendo visível seu corpo perispiritual, como aconteceu em Juiz de Fora e Corumbá, fatos comprovadamente averiguados e comprovados por enfermos que, sob os seus cuidados, a viram aplicar-lhes “passes curadores”.

Aura Celeste era poetisa, conferencista, contista e ainda educadora, deixando diversas obras doutrinárias em prosa e versos, assinando geralmente com seu pseudônimo. Foi Assim que deu a público “Vozes d’Alma”, “Sentimentais”, “Aspectos da Alma”, “Palavras Espíritas”, “Rumo a Verdade” e “Luz do Alto”. Esparsos em jornais e revistas espíritas, há ainda muitas poesias e artigos doutrinários de sua autoria. O jornalista e literato Leal de Souza referiu-se certa vez a Adelaide Câmara, como a “grande musa moderna e espiritual”.

Em 1924, voltou-se para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Centralizou todos os seus esforços no propósito de materializar esse antigo anseio de sua alma. Pouco, entretanto, pode fazer em três anos de trabalhos. Aconteceu então que um confrade, João Carlos de Carvalho, estava angariando donativos para a fundação de uma instituição dessa natureza e, um dia, fez-lhe entrega de uma lista de donativos para que ela arranjasse novas doações para esse humanitário fim. Dias depois, João desencarnou, e ela ficou com a lista e o dinheiro arrecadado. Passado alguns meses, o Sr. Lopes, proprietário da Casa Lopes, que estudava a Doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos idosos e ela lhe informou possuir uma lista com alguns donativos para esse fim. A contribuição foi recebida com entusiasmo e logo o projeto foi concretizado. Alugaram uma casa no bairro Botafogo e ali foi instalado no dia 13 de março de 1927, o Asilo Espírita “João Evangelista”, sendo ela a sua primeira diretora.

Compareceu a festa de inauguração o Dr. Guillon Ribeiro, então secretário, representando a Federação Espírita Brasileira. Aura Celeste, em breves palavras, exprimiu o júbilo de sua alma, afirmando ter participado da realização do ideal de toda a sua existência – “Ser mãe de desamparados, graça do céu que não trocaria por todo o ouro e todas as grandezas do mundo”. Dedicou, daí em diante, todo o seu tempo a essa grandiosa obra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de sua bondade, até o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.

Aura Celeste, com extremada dedicação, trabalhou em várias entidades espíritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro, dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligência. Foi, porém, no Asilo “João Evangelista”, que ela realizou sua tarefa máxima, não só como competente educadora, mas também
como hábil orientadora de inúmeras pessoas que ali receberam, como ainda recebem, instrução intelectual e educação moral. A existência dessa batalhadora foi uma escala de luz, uma afirmação de fé e humildade, e um perene testemunho de amor pelo semelhante. Era ela a grande educadora que ensinava educando e educava ensinando pelo exemplo.

Médium sem vaidades, sincera e de honestidade a toda prova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdócio. Dotada de sólida cultura, teria, se quisesse, conquistado fama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulgurante imaginação, tudo deu e fez, com o cabedal que possuía, para o bom nome e o engrandecimento da Doutrina Espírita.

O Asilo Espírita “João Evangelista”, no Rio de Janeiro, aí está ainda, em sede própria, atestando a obra e o devotamento à causa do bem, daquela nobre mulher que se chamou Adelaide Augusta Câmara, ou mais conhecida como Aura Celeste.

Assim procedem todos os missionários que fazem da sua existência na Terra, um exemplo de dedicação à causa do Mestre Amado Jesus, trabalhando, assistindo e amando os seus semelhantes. . .




Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende

Jc.
S.Luis, 17/02/2011

AS PARÁBOLAS QUE JESUS CONTOU

AS PARÁBOLAS QUE JESUS CONTOU

O que é uma parábola? – Parábola é uma exposição, uma história, uma alegoria, dentro da qual se disfarça uma idéia importante, em que se compara com outras coisas e situações, análogas ou não, até que fique bem clara e acessível na memória das pessoas que a ouvem. Os profetas antigos e os rabis também usaram das parábolas, mas nem sempre para ensinar.

Jesus, utilizando esse processo, empregava-os magistralmente, como recurso de imaginação, para os ensinamentos que difundia entre o povo simples, porém supersticioso. Ele assim fazia, procurando sempre promover as transformações morais dos ouvintes. Para isso, se servia de motivos naturais, ligados à vida do povo como, por exemplo: Os costumes, a família, a vida rural, a colheita, a semeadura, estabelecendo comparações com a realidade da vida.

Foram muitas as parábolas que Jesus pronunciou nas andanças pela Palestina, porém os Evangelistas só descrevem as que eles se lembraram. Trinta e três, foram os anos que Jesus viveu entre nós, e trinta e três, foram também as parábolas que ele contou, transmitindo seus ensinamentos, que estão nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Algumas delas, citadas por mais de um apóstolo, têm títulos diferentes, embora abordem o mesmo assunto. Essas parábolas estão relacionadas a seguir, com seus títulos, o apóstolo que a menciona, seus capítulos e seus respectivos versículos:

Nº. T Í T U L O APÓSTOLO CAPITULO VERSÍCULOS

01ª - Parábola do “SEMEADOR”. . . . . . . . . . . . . Mateus XIII 1 a 23
02ª - “Do TRIGO E DO JÓIO” . . . . . . . . . . . . . “ “ 24 a 30
03ª - “Do GRÃO DE MOSTARDA”. . . . . . . . . “ “ 31 a 32
04ª - “Do FERMENTO” . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ “ 33
05ª - “Do TESOURO ESCONDIDO” . . . . . . . . “ “ 44
06ª - “Da PÉROLA” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ “ 45 a 46
07ª - “Da REDE” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ “ 47 a 50
08ª - “Da OVELHA DESGARRADA” . . . . . . . “ XVIII 10 a 14
09ª - “Do CREDOR INCOMPASSIVO”. . . . . . “ “ 23 a 35
10ª - “Dos TRABALHADORES DA VINHA” . “ XX 1 a 16
11ª - “Dos DOIS FILHOS” . . . . . . . . . . . . . . . . “ XXI 28 a 32
12ª - “Dos TRABALHADORES MAUS” . . . . . “ “ 33 a 41
13ª - “Das BODAS” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ XXII 1 a 14
14ª - “Da FIGUEIRA” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ XXIV 32 a 44
15ª - “Do BOM E O MAU SERVO” . . . . . . . . . “ “ 45 a 51
16ª - “Das DEZ VIRGENS” . . . . . . . . . . . . . . . . “ XXV 1 a 13
17ª - “Dos TALENTOS” . . . . . . . . . . . . . . . . . “ “ 14 a 30

18ª - “Da CANDÉIA” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Marcos IV 21 a 25
19ª - “Da SEMENTE” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ “ 26 a 29
20ª - “Do ALIMENTO” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . “ VII 14 a 23

21ª - “Do CEGO QUE GUIA OUTRO CEGO” Lucas VI 39 a 42
22ª - “Do BOM SAMARITANO” . . . . . . . . . . “ X 25 a 37
23ª - “Do AMIGO IMPORTUNO” . . . . . . . . . . “ XI 5 a 8
24ª - “Do RICO AVARENTO” . . . . . . . . . . . . . “ XII 16 a 21
25ª - “Do SERVO VIGILANTE” . . . . . . . . . . . “ “ 35 a 48
26ª - “Da FIGUEIRA ESTÉRIL” . . . . . . . . . . . “ XIII 6 a 9
27ª - “Dos PRIMEIROS LUGARES” . . . . . . . . “ XIV 7 a 14
28ª - “Da DRACMA PERDIDA” . . . . . . . . . . . “ XV 8 a 10
29ª - “Do FILHO PRÓDIGO” . . . . . . . . . . . . . . “ “ 11 a 32
30ª - “Do MORDOMO INFIEL” . . . . . . . . . . . . “ XVI 1 a 13
31ª - “Do JUIZ INÍQUIO” . . . . . . . . . . . . . . . . . “ XVIII 1 a 8
32ª - “Do FARISEU E DO PUBLICANO”. . . . . “ “ 9 a 14

33ª - “Do BOM PASTOR” . . . . . . . . . . . . . . . . . João X 1 a 16

= = x = =

Informe complementar

Com este artigo sobre as parábolas, encerro a série de 150 artigos abordando diversos assuntos. Espero que os mesmos possam servir de alguma utilidade para algum irmão ou irmã que esteja precisando de uma orientação religiosa, uma palavra amiga. Prosseguindo no trabalho, vou apresentar as biografias de alguns vultos espíritas brasileiros e estrangeiros, como já fiz as biografias de alguns maranhenses espíritas, que se encontram expostas no título: “Missionários”.

Fraternalmente,

Jurandy Castro


Bibliografia:
Livro “O Redentor”
Evangelho de Mateus
“ de Marcos
“ de Lucas
“ de João

Jc.
S.Luis, 04/02/2011

A LEI DA DESTRUIÇÃO

A LEI DA DESTRUIÇÃO


Desde os tempos remotos, há bilhões de anos, quando os primeiros habitantes do orbe ainda eram animálculos unicelulares, abrigados no seio das águas dos mares, a saga evolutiva dos seres vivos sempre foi marcada pela constante luta pela sobrevivência, em que duelaram dois instintos: o da conservação e o da destruição.

Para sustentar a existência, as criaturas precisam de energia, que encontram-se nos alimentos. Nessa faina, impulsionados pelo instinto, entredevoram-se mutuamente. É quando se opera o ciclo de transferência de energias e de nutrientes, que segue numa espiral infinita. Em uma das pontas dessa cadeia estamos nós, seres humanos, que também nos alimentamos dos vegetais, dos minerais e das carnes e vísceras dos animais, “nossos irmãos inferiores”.

Não bastasse isso, os hóspedes da casa planetária têm, ainda, que enfrentar os flagelos naturais que ameaçam a existência e outros valores, causando grandes sofrimentos. Essa constatação, impactante a princípio, já nos dá uma idéia da faixa evolutiva em que ainda nos situamos, apesar da idade estimada do planeta em 4.6 bilhões de anos. Todavia, os mentores celestes, por meio do Espírito André Luiz, informam que o ser humano lida com a razão há apenas 40 mil anos, aproximadamente. Assim sendo, cálculos elementares nos levam a concluir que estamos ainda nas primeiras lições da cartilha da vida. Não é sem razão que o comportamento social da criatura humana, blindado com o verniz da civilização, ainda apresenta os atavismos de competição e beligerância.

(... com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal
aniquilava o inimigo, a golpes de sílex, o homem da atualidade,
classificada de gloriosa era dos grandes conhecimentos, extermina
o próprio irmão a tiros de fuzil.)

Por isso, a convivência em sociedade, muitas vezes marcada pela opressão e pela violência de todos os tipos contra o semelhante, é interpretada por algumas pessoas, com fundamento no célebre aforismo, cunhado pelo filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), de que “o homem é o lobo do próprio homem”.

Que razão teria a Sabedoria Divina para estabelecer entre os seres vivos, como regra da Natureza, a luta pela sobrevivência, a destruição recíproca e a destruição pelos flagelos naturais? Estariam esses princípios em consonância com a bondade e a justiça do Criador? – O estudo das Leis Morais, reveladas em “O Livro dos Espíritos”, abre uma ampla visão filosófica e científica, baseada na unidade da criação, na imortalidade, na reencarnação e no progresso dos seres, que permite um entendimento melhor dos propósitos superiores da Inteligência Suprema, em que, “as aquisições de cada pessoa resultam da lei do esforço próprio no caminho ilimitado da Criação”.

(... Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado na verdadeira
essência, e o da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da
criação, pode dar ao ser humano a chave desse mistério e mostrar-lhe a
sabedoria providencial e a harmonia exatamente onde apenas vê uma
anomalia e uma contradição.)

O ser humano começa a perceber que também integra os ecossistemas, tanto que já propugna pela substituição do modelo de desenvolvimento atual, ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto, por outro sustentável, que tem por divisa progredir sem destruir. Mas será que é possível progredir sem destruir? Em caso afirmativo, onde estariam os limites éticos da destruição? Destruição no sentido comum, significa extinção, aniquilamento. Sob o ponto de vista espírita, contudo, a Lei de Destruição é uma transformação, uma metamorfose, tendo por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos. Essa destruição tem dupla finalidade: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do envoltório corporal que sofre a destruição.

(... É esse equilíbrio dinâmico – baseado em sofisticadas engrenagens,
que regem a existência e a morte – que assegura a perenidade dos
ecossistemas e dos seres vivos que neles existem.)

A parte essencial do ser pensante (elemento inteligente ou espírito) é distinta do corpo físico e não se destrói com a desintegração deste. Logo a verdadeira vida, seja do animal, seja do ser humano, não está no organismo físico. Está no princípio inteligente, que preexiste e sobrevive ao corpo material, que se consome nesse trabalho, ao contrário do Espírito, que sai cada vez mais forte, mais lúcido e mais evoluído. Enfim, a existência e a morte, dentro do planejamento divino, se apresentam como faces da mesma moeda:

(... a lei de destruição é, por assim dizer, o complemento do processo
evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer, e passar por milhares
de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais
aperfeiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vivos vão
passando por estados de consciência cada vez mais lúcidos, até atingir,
na espécie humana, o reinado da razão e dos sentimentos.)

O instinto de destruição, coexiste com o de conservação, a título de contrapeso, de equilíbrio, para que a primeira não se dê antes do tempo, visto que toda destruição antecipada (suicídio), constitui obstáculo ao desenvolvimento do espírito, motivo pelo qual Deus fez com que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir. Há dois tipos de destruição: a “destruição natural” e a “destruição abusiva”. A destruição natural opera-se com o objetivo de manter o equilíbrio dos ecossistemas, como, por exemplo, na morte natural dos corpos por velhice, nos incêndios naturais das matas que dizimam pragas, na erupção de vulcões, nos terremotos, nas cheias dos rios que regulam os ciclos de renovação da vida.

Os flagelos naturais, que ceifam a existência de milhares de pessoas, não se
constituem de meros acidentes da Natureza, uma vez que o planeta não está sob a direção de forças cegas. Ninguém sofre sem uma razão justa. Tais fenômenos representam fator de elevação espiritual, com vistas à felicidade das pessoas. Além de favorecerem o desenvolvimento da inteligência ante os desafios, auxiliam o desabrochar dos sentimentos, tais como a paciência, a resignação, a solidariedade e o amor ao próximo.

(... as comoções do globo são instrumentos de provações coletivas
Penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata os seus débitos de
outras existências, e cada elemento integrante da mesma, quita-se do
pretérito na pauta dos débitos individuais.)

Já a destruição abusiva, que exprime faces diferentes da violência, é aquela provocada de forma predatória, com propósitos egoísticos, a pretextos de se livrar de resgates com sofrimentos e para satisfazer paixões e necessidades supérfluas, a exemplo do consumismo desenfreado, das caçadas de animais por distração e das touradas. Além disso, o ser humano também ofende gravemente a Lei Divina quando assassina, quando pratica o suicídio e o aborto ilícito, quando provoca guerras, etc.

Os animais, por terem no instinto uma guia seguro, somente destroem para as suas próprias necessidades, mas o ser humano, dotado do livre-arbítrio, nem sempre utiliza sua liberdade com sabedoria, sujeitando-se ao princípio de causa e efeito. Há nos seres humanos períodos de transição no qual ele se distingue com dificuldade dos animais; nas primeiras idades, o instinto animal domina, e a luta tem, ainda, por motivo a satisfação das necessidades materiais; mais tarde, o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam; o ser humano então luta, não mais para se nutrir, mas para satisfazer suas ambições, seu orgulho, a necessidade de dominar; para isso lhe é, ainda preciso destruir. À medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; acaba por se apagar e se tornar odiosa; então o ser humano tem horror aos sofrimentos e a destruição.

Se a destruição é necessária, Deus não poderia empregar, para o aprimoramento da Humanidade, outros meios senão os flagelos destruidores? – Sim, e o emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O ser humano é que não aproveita e por isso é necessário fazê-lo sentir as conseqüências do seu orgulho e de seus atos. As Leis Divinas são perfeitas! A necessidade de destruição tende a desaparecer, à medida que o ser humano (espírito encarnado), pela evolução intelectual e moral, sobrepuja os instintos da matéria. À medida que adquire senso moral, vai desenvolvendo a sensibilidade e tomando aversão à violência. É quando passa a ver no seu semelhante não mais o “lobo”, mas o irmão necessitado de amparo e solidariedade. Entretanto, ainda que se despoje dos instintos belicosos, o ser humano, até que desenvolva plenamente o Espírito, sempre estará sujeito aos desafios da luta humana, cuja superação depende do trabalho, do esforço, da experiência, do
conhecimento e da aquisição de valores morais.

(... Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna
puramente intelectual e moral. O ser humano luta contra as dificuldades.
não mais contra os seus semelhantes.)

Há, da parte das instituições, grande preocupação com o desequilíbrio ambiental, com o crescimento demográfico e as desigualdades sociais, com a miséria, a criminalidade, a corrupção e a impunidade. As medidas tópicas, de ordem econômica, tecnológica, muitas delas com a utilização da força bruta, não alcançaram ainda as verdadeiras causas do problema, que estão na ausência da educação moral do Espírito; educação essa que deve iniciar-se desde a infância como forma preventiva.

É possível colher os benefícios de uma existência sóbria, sem necessidade de praticar a violência ou de destruir o seu próximo. “A existência é menos uma luta competitiva pela sobrevivência, e mais um triunfo da cooperação e da criatividade”. Que o ser humano não se iluda: sem primeiro dominar a si mesmo, ele jamais dominará a Natureza...



Bibliografia:
Christiano Torchi
Emmanuel – André Luiz
Allan Kardec – André Trigueiro
Rodolfo Calligaris - Fritjof Capra
“Livro dos Espíritos”
“A Gênese”
Revista “O Reformador” nº. 2183


Jc.
S.Luis, 25/2/2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

BRILHE A VOSSA LUZ

BRILHE A VOSSA LUZ

Jesus nos disse: “Vós sois a luz do mundo. Assim, resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mateus cap.5 vs. 14 a 16.) Ao recomendar aos seus apóstolos: “Brilhe a vossa luz”, Jesus estava encorajando-os a ir a campo e anunciar ao povo a Boa Nova. Esse é um trabalho árduo, que exige de cada um muita coragem, determinação e boa vontade.

Os espíritos conscientes da vida, em suas múltiplas dimensões, compreendem que todos nós retornamos a este planeta com uma missão, ainda que nos pareça pequenina e insignificante. Muitas delas são missões comuns, do tipo – ser pai, mãe, gari, operário, lavrador, professor, pesquisador, médico, etc.; entretanto, todas elas têm seu valor na soma do progresso que nos cabe realizar. Há muitos religiosos que sabem o que é reencarnação, mas, por orgulho a repudiam; sabem que os espíritos se comunicam com os seres humanos, mas preferem negar o fenômeno. Por que esse comportamento? – Porque a reencarnação é uma lei que a todos nos iguala, o que, para os orgulhosos e vaidosos, é uma condição que não lhes agrada.

Os palestrantes não devem se calar, porque um dia não estiveram inspirados ao expor o que prepararam com esmero. O médium não deve paralisar sua atividade, porque um dia falhou. Tais ocorrências são dificuldades da prática mediúnica, a que todos estão sujeitos. Na tarefa da mediunidade, importa o serviço; entre a lâmpada apagada e as trevas não há diferença nem luz. A todo instante somos testados na nossa humildade e no nosso desejo de servir. Divulgar os ensinos doutrinários é caridade sob a forma de mais luz no coração das pessoas. O dirigente da Casa Espírita não pode reclamar do cargo, simplesmente porque o trabalho é exaustivo, exigindo dele ou dela mais abnegação. Deve seguir em frente, sabendo que a Casa Espírita é um farol que orienta, ilumina e consola as almas em aflição, restaurando-lhes a fé, a esperança e a alegria de viver. Só este motivo é suficiente para que trabalhemos com mais dedicação.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 20 item 5, o Espírito de Verdade nos informa dizendo: “Ditosos serão os seres humanos que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade”. Trabalhar, portanto, em favor dos necessitados, sem qualquer recompensa, é um ato de grandeza e de evolução espiritual. Confiados nas palavras de Jesus, quando disse: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus”, devemos cumprir com nossos deveres, espalhando os ensinamentos do Mestre, a todos os que deles estão necessitados.


Jc.
S.Luis, 14/07/2008

OS ESPÍRITAS E A ALTERIDADE

OS ESPÍRITAS E A ALTERIDADE

Embora pouco conhecido, o vocabulário “alteridade” tem sido bastante empregado pelos trabalhadores da Espiritualidade, em suas mensagens e orientações aos encarnados, em especial, aqueles que se reuniram em torno de uma proposta visando de modo mais concreto, ao despertar e à conscientização das lideranças espíritas, para um melhor posicionamento do quadro preocupante de distanciamento do Movimento Espírita, e dos valores simples e profundos que caracterizaram o Cristianismo Primitivo. A terceira edição atualizada do dicionário Aurélio, define a palavra “alteridade” como sendo o “estado de qualidade de que é outro, distinto, diferente”. Consiste no estabelecimento de uma relação de paz com os diferentes; a arte de conviver bem com a diferença do qual o próximo é portador”.

No Congresso Espírita Brasileiro que aconteceu em outubro de 1999, foi dado destaque ao Movimento Espírita que teve seu marco inicial nos compromissos de unificação estabelecidos no Pacto Áureo de 1949. Foi verificado na visão dos trabalhadores da Espiritualidade que o movimento de unificação edificou relevantes conquistas no curso dos últimos 50 anos. O mencionado congresso reuniu as lideranças do Movimento Espírita nacional, real e sinceramente comprometidas com os ideais da Codificação, muito embora a diversidade das percepções individuais, das diferenças regionais e culturais que pudessem criar controvérsias ocasionais, se constituíram no grande mérito do conclave por ter germinado ali “o embrião das novas e saudáveis construções do futuro, no campo da unificação”. Entretanto, os companheiros da espiritualidade chamam a atenção para uma série de ocorrências, por eles testemunhadas nos interregnos da comemoração, que deixou evidente o quanto ainda temos de trabalhar para conquistarmos posturas mais evangélicas e vigilantes, a fim de nos relacionarmos com o devido respeito diante da multiplicidade das opiniões. Ditas ocorrências se constituíram em “comentários, indisposições vibratória na convivência, mágoas, discursos vaidosos, lisonjas e dissimulações próprias das pessoas invigilantes...” Note-se que no congresso estavam reunidas as lideranças do Movimento Espírita nacional... Assim também, essas ocorrências lamentáveis são rotineiras no dia a dia das nossas Casas Espíritas.

Por que, em detrimento do conhecimento adquirido, ainda nutrimos sentimentos e manifestações tão destrutivas e desagregadoras? - Poderíamos dizer que o Movimento Espírita carece de Alteridade. Analisando o problema com o apoio das obras espíritas verificamos que o Movimento Espírita padece de duas mazelas, comuns a todos nós, que precisam ser combatidas, que são: o orgulho e o personalismo com a ausência de afeto. A propósito do orgulho, Maria Modesto, trabalhadora da Espiritualidade, costuma dizer que “os espíritas estão muito orgulhosos da humildade que imaginam possuir”.

Aqueles que buscam auxílio na Casa Espírita são, em geral, assistidos, orientados amparados, consolados. Embora meritória essas práticas, cumpre nos interrogarmos com severidade: qual o sentimento que nos impulsiona nessas ações? A compaixão que nos permite sentir o sofrimento do outro e nos impele a abraçar a sua causa, ou adotamos a postura daquele que já detém algum conhecimento e orienta e ajuda sem descer do seu nível ”superior”? – Se a segunda premissa foi o móvel das nossas ações, aí está o orgulho! – Nas palestras, cursos e exposições que fazemos como nos situamos diante dos eventuais elogios e manifestações agradecidas? Se a vaidade se apresenta, lá está o orgulho que precisa ser trabalhado no íntimo para ser extinto. Até mesmo quando nos rotulamos de tímidos, e deixamos de atuar e participar, a fim de não ficarmos em evidência, revelamos mais uma faceta do nosso orgulho; aquela que não deixa que nos exponhamos devido ao medo de sermos criticados. . .

O personalismo, igualmente, está presente toda vez que, inadvertidamente, adotamos atitude de intransigência e intolerância; quando nos colocamos como donos da verdade ou simplesmente desmerecemos a opinião ou as idéias de outras pessoas que, para o personalista, é visto como um concorrente. O indivíduo tem, então, visível dificuldade de trabalhar em equipe; não permite a troca de experiências com o outro; tem dificuldade de cultivar amizades sinceras, assim como não sabe ser solidário e companheiro. O orgulho e o personalismo bloqueiam sua capacidade afetiva. Essas duas mazelas – o orgulho e o personalismo – criam uma série de bloqueios capaz de enclausurar o ser e dificultar o relacionamento com os seus semelhantes.

Em trabalho de pesquisa e análise sobre o tema, Cairbar Schutel, na Espiritualidade, mostra com clareza que a trajetória da maioria daqueles que hoje trabalham nas frentes espíritas, está indelevelmente marcada por reencarnações sucessivas, no curso dos últimos 20 séculos, nas diversas religiões comprometidas com a mensagem do Evangelho, falhando, também sucessivamente, em decorrência do orgulho e do personalismo ao longo de tantas lutas. Prosseguindo, afirma ele: “segundo as conclusões de sábios psicólogos celestes, o maior obstáculo íntimo, para almas com esse perfil, seria a indisposição para o contato comunitário, o que levou a incitar o serviço de unificação, como medida apropriada para que a lição da convivência, em comunidade, pudessem ser aprendida e desenvolvida, considerando outros compromissos maiores no futuro”.

Em alguns aspectos, a ética da alteridade vem deixando a desejar e poderá, inclusive, resvalar por atalhos como acontece com a decantada “reforma íntima”, que acaba sendo uma prescrição para os outros e não para nós mesmos, ou então, acaba transformando-se em uma tentativa “obsessiva” de melhora, a qual, por ausência de preparo e de condições morais, não atinge os patamares que nós mesmos estimamos. O grande desafio da alteridade está na convivência dos diversos movimentos, entidades, instituições e correntes de igual teor, pois pelo exercício do livre-arbítrio, desenvolvem-se teorias e fundamentos, idéias e opiniões nem sempre homogêneas ou similares. Assim, o que importa, em essência, é a aceitação de determinados princípios básicos espíritas e, a partir daí, o que cada pessoa ou grupo faz com tal conhecimento, passa a ser de inteira responsabilidade do mesmo, sem a necessária concordância absoluta em todos os pontos.

Na Doutrina dos Espíritos, não há hierarquia e isto importa como conseqüência que “qualquer pessoa pode considerar-se espírita pela aceitação de sua filosofia e, principalmente, por sua prática de amor em relação ao seu semelhante”. Então, se estamos concordes quanto à existência de Deus, a imortalidade do Espírito, a pluralidade das existências sucessivas e dos mundos habitados, todos nós somos espíritas, ou não? É preciso algo mais para que sejamos considerados assim?

Ser alteritário não é “fechar os olhos” para o que acontece ao nosso redor, nem baixar a cabeça para desmandos e arbitrariedade, nem aceitar a violência, principalmente a coação moral, a ameaça e a dissimulação. Desse modo, sempre que nos sintamos agredidos ou que presenciemos a violência, é nosso dever denunciá-la e manifestar nosso descontentamento público. Isto não importará em “quebra de respeito” ou em atitude “anti-fraternal”, nem tampouco em redução no nível “vibratório”. Todos nós temos defeitos e isto não deve impedir de apontar aquilo que nos pareça negativo em relação à ordem espiritual, aquela que estabelece a igualdade plena em direitos e deveres perante o Criador. Se temos “telhado de vidro”, e o temos de verdade, não importa o que os outros possam dizer de nós, de nossas atitudes, de nossas atividades. Será até bem salutar que alguém possa apontar nossos equívocos e comprometimentos, para que possamos refletir recompor e prosseguir. A alteridade representa, pois, a relação pacífica e respeitosa em relação ao próximo, no respeito às diferenças, em termos de idéias, entendendo que o outro é diferente de nós e exerce o seu direito de “ser diferente”.

Assumir responsabilidades tem sido motivo de afastamento de muitas pessoas das lides religiosas, principalmente na seara espírita, não só para não se expor como também por ser caracterizado como um trabalho voluntário, onde todos indistintamente, sentem-se chamados a uma participação ativa. O voluntário, por muito tempo, foi visto como um “turista”, que agia sem regularidade ou assiduidade; que estaria fazendo um favor ao vir dar uma “mãozinha” e que voltava às suas atividades habituais, certo de que havia desempenhado sua cota de “caridade”.

A Doutrina Espírita reformulou esses conceitos quando nos chama a uma participação responsável, a uma conduta operante e a uma assiduidade que tornará a tarefa passível de ser realizada com êxito. O estar no mundo se traduz por uma responsabilidade pessoal, familiar e social; mas o Espiritismo nos convida ainda a uma participação ativa na Casa Espírita, onde podemos estudar trabalhar e assumir tarefas, observando o fim útil de estarmos visando ao nosso retorno à pátria espiritual, em melhores condições íntimas do que quando aqui chegamos. O trabalhador da Casa Espírita precisa estar consciente de que sua participação nas atividades da Casa não será uma realização apenas em proveito do outro, mas principalmente em seu próprio benefício. Nela começa o seu aprendizado de
doação, humildade, troca de idéias, renúncia, qualificação e evolução; que pode encaminhar os tarefeiros às atividades mais específicas e até aos cargos de dirigentes da própria Casa que freqüenta. O dirigente de uma Casa Espírita é sempre visto como aquele que tem a responsabilidade maior, e que por isso, tem que assumir todas as falhas e cobrir a irresponsabilidade de possíveis dirigentes e tarefeiros da Casa. Isso assusta e afasta outras pessoas de compartilhar do trabalho e de se preparar e substituir o dirigente. O movimento espírita ouve e repete com freqüência: São poucos os tarefeiros e a Seara é muito grande. – O servidor que amadurece moral e espiritualmente, vai percebendo que é exatamente nos momentos mais difíceis que ele precisa do labor, da auto-superação, que as escapatórias ou fugas só multiplicarão as amarguras e adiarão os compromissos e as genuínas soluções. Lutas, dissabores, cansaço, desânimo não podem impedir o tarefeiro ou o dirigente ou torná-lo vacilante perante a tarefa abraçada. Disciplina, abnegação, fé, boa-vontade, instrução e prece farão de todos, os trabalhadores escolhidos e comprometidos com a causa do Mestre Amado.

É importante que nos conscientizemos que é missão dos espíritas, divulgarem as palavras consoladoras, não só para os espíritas, mas para todas as pessoas. Se atentarmos à seguinte frase contida no texto “Missão dos Espíritas”; “Certamente falareis com pessoas que não quererão ouvir a palavra de Deus”, o espírito de Erasto certamente não estava se referindo aos que freqüentam a Casa Espírita. Sendo assim, concluímos que nossa missão vai além do que hoje estamos fazendo. Precisamos fazer a divulgação de nossa Doutrina de acordo com as nossas possibilidades. Se Jesus e Kardec foram audaciosos, plantando em terreno hostil, sendo maltratados, criticados e ultrajados; por que nós espírita devemos tranqüilos, continuar sendo levados ao sabor do vento calmo? – Por tudo isso, é importante sabermos que, para fazer parte do grupo que divulga a Doutrina dos Espíritos, além das quatro paredes do Centro Espírita, é preciso que o espírita tenha algumas especiais qualidades: a) Seja um conhecedor da Doutrina Espírita; b) Seja espírita praticante; c) Não forçar as pessoas tentando fazer proselitismo; d) respeitar as demais instituições religiosas sérias; e) Não entrar em polêmicas inúteis; f) Agir sempre com brandura e bom senso. - Encontrar pessoas que reúnam todas as qualidades mencionadas não é impossível, mas também não é fácil. A tendência natural é que acatam essa missão, os espíritas que mais usam as palavras do que os atos; o ideal, entretanto, seria para essa tarefa, os espíritas que mais valorizam os atos do que as palavras, porquanto o exemplo vale mais que as palavras.

Joana de Angelis reforça a necessidade de levarmos aos outros lugares, a essência da Doutrina, dizendo: “Cabem neste momento graves compromissos que não podem e nem devem ser postergados”. Essa educadora espiritual passa-nos os quatro procedimentos que cabem aos espíritas: 1- Proclamar a Era Nova; 2- Demonstrar a existência de mundo de causa e efeito; 3- Demonstrar a anterioridade do Espírito ao corpo; 4- Demonstrar os incomparáveis recursos saudáveis decorrentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes e da ação do bem. E nos alerta ainda dizendo que esses procedimentos devem ser executados pelos espíritas conscientes das suas responsabilidades – aqueles que se equivocaram em outras encarnações e que agora recomeçam em condições melhores. “Ide e pregai a palavra divina. É chegada á hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação, o comodismo e as ocupações fúteis. Ide e pregai o Evangelho: os Espíritos Superiores estão convosco”, pois sois os trabalhadores da Última Hora. Alteridade torna-se necessária para a nossa missão, disse Erasto, e segundo Joana de Angelis, temos que assumir nossos compromissos. Sejamos espíritas audaciosos, levando além das quatro paredes, as palavras consoladoras de nossa Doutrina...


Jc.
S.Luis, 30/01/2009

PARÁBOLA DO FESTIM DAS BODAS

PARÁBOLA DO FESTIM DAS BODAS


Primeiramente vamos falar do que seja uma parábola. Parábola é uma narrativa de que se servia Jesus, e que tem a finalidade de transmitir verdades de modo alegórico, como se fosse uma história. Desse modo Jesus falava ao povo, fazendo da parábola evangélica, uma instrução de fim moral, como um meio fácil de fazer compreender uma lição espiritual. Fazendo o emprego das parábolas, Jesus tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante comparações do que pretendia dizer com o que ocorria na vida comum, facilitando ao povo e aos seus apóstolos, a compreensão das coisas espirituais. Feito este comentário, passemos então à “Parábola do Festim das Bodas”, que se encontra descrita em Mateus cap.XXII v-1 a 14, como também encontramos em Lucas cap. XIV v-16 a 24, com o título de “Parábola da Grande Ceia”.

Jesus então falando por parábola, disse-lhes: “O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho e enviou os seus servos a chamar os convidados para a festa, e estes não quiseram ir. O rei enviou ainda outros servos com este recado: “Tenho já preparado o meu banquete e tudo está pronto; vinde às bodas. Mas os convidados não fizeram caso e foram cuidar dos seus afazeres, tendo outros, agarrado os servos os maltrataram e os mataram. Então o rei sabendo do acontecido, mandou as suas tropas exterminarem aqueles assassinos e incendiar sua cidade. Então disse aos servos; está pronta a festa, mas os convidados não eram dignos, ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas, a quantos encontrardes. E aqueles servos reuniram os que encontraram, e a sala nupcial ficou cheia de convivas.

Entrando então o rei para ver os convivas, notou ali um homem que não trajava a veste nupcial, e perguntou-lhe: “Amigo, como entrastes aqui sem a veste nupcial?” O convidado emudeceu. – Então o rei disse aos servos: “Atai-o de pés e mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes, porque muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”.

O Cristianismo como a Doutrina dos Espíritos, representa a celebração das bodas de um grande rei, que não poupa trabalho, sacrifícios, para dar à festa, o maior realce, um sucesso, dela fazendo participar o maior número possível de convivas. As iguarias do banquete representam os ensinos espirituais que mantêm e vivificam o Espírito. Essa parábola é uma alegoria de Jesus, comparando-a com o que se verificava naquela época. Os primeiros convidados foram os doutos, os sábios, os sacerdotes; porque ninguém melhor do que estes, estavam preparados para participar das bodas, e se fazer representar naquela festa solene, para a qual o Rei dos Céus, sem medir sacrifícios, havia mandado à Terra, seu filho bendito, de quem queria celebrar condignamente as bodas. Eles poderiam melhor apreciar o filho e compartilhar de suas bodas, admirando o seu poder, na cura dos enfermos, na multiplicação dos pães e peixes, na materialização dos Espíritos de Moysés e
Elias, no Monte Tabor, na dominação do mar, na pesca maravilhosa e em tantos
outros fenômenos realizados. Quem estava mais apto para compreender os
Sermões do Monte, Profético e da Ceia; seus ensinos, suas parábolas... não eram os doutores, os sábios e os sacerdotes?

Infelizmente, porém, como outrora, com os profetas e no tempo de Jesus, e como acontece ainda hoje, essas pessoas se recusam a participar das bodas, do banquete espiritual, e agarram os servos encarregados dos convites e os ultrajam, ofendem, difamam, e se não os matam ainda, como nos tempos antigos, é porque atualmente existe o Código Penal. Se a Parábola das Bodas não tivesse sido proferida para as pessoas religiosas e os sábios do tempo de Jesus, ela serve perfeitamente para as mesmas pessoas que hoje repudiam, criticam, ofendem a “Doutrina dos Espíritos”, sem saberem de que ela veio ao mundo pelos mensageiros de Deus.

Jesus ao propor essa parábola, deu a entender que, para o comparecimento a essa festa, fazia-se necessário uma veste nupcial, pois era costume antigo como ainda hoje, a pessoa convidada usar para cada cerimônia, uma roupa de acordo com cada ato a que vai assistir ou praticar. Por isso, quem não estivesse com a roupagem para as bodas, seria posto para fora e lançado às trevas, onde haveria o choro e o ranger de dentes. A veste nupcial, era simbolizada por Jesus, como a humildade, a fé e a boa-vontade de encontrar a Verdade e a pureza de intenções. O egoísta, o interesseiro, o mercador e o aproveitador ou explorador do próximo, embora convidado a tomar parte no banquete, não poderia ser aceito, por não ter a túnica das virtudes, assim como um convidado a uma cerimônia, que não se traje de acordo com o ato a que vai comparecer.

Certos homens do mundo, preso aos negócios, às diversões, à ganância e ao egoísmo, esquecem-se de seus deveres para com seu Criador, para com seus semelhantes e para consigo mesmo, isto é, dos deveres espirituais a realizar no mundo. Eles então passaram a se constituir nos excluídos das bênçãos dos Céus, porque se recusaram ao banquete espiritual, preferindo os prazeres do mundo.

Os humildes, os simples, os pobres e outros mais, passaram então a participar do banquete e a serem os escolhidos para o Reino dos Céus, por eles serem os deserdados das glórias mundanas, das pompas, dos títulos e dos bens materiais, pois as palavras de Jesus estão desligadas dos preconceitos, das honras e dos prazeres terrenos, e para chegarmos a esse banquete, precisamos estar vestidos com a túnica nupcial, inocentes como uma criança que não têm idéias preconcebidas, nem bens e nem glórias terrenas.

O banquete continua à mesa, cheio de oportunidades para todos, capazes de satisfazer os mais exigentes. Como o Evangelho já se acha disseminado em todos os níveis sociais e em muitas partes do mundo, somente os seres humanos de má vontade, os orgulhosos, os vaidosos, os egoístas, os presunçosos e os de espírito preconcebido, ignoram seus deveres e repudiam a palavra divina, sendo afastados do banquete oferecido por Jesus, e substituídos pelos simples e puros de coração.
A Doutrina dos Espíritos como complemento do Cristianismo, está atualmente oferecendo esse banquete a todas às pessoas; e todas as que constituirão o rebanho
do Supremo Pastor, ouvirão o chamado que lhes está sendo feito em todos os recantos do mundo e aceitarão com alegria, participar do banquete divino. Tal é o convite e a mensagem que aprendemos com a Parábola do Festim das Bodas, proferido por Jesus.

Esta é mais uma alerta a todos os que se encontram na indolência, na insensatez, na falta de princípios espirituais, voltados exclusivamente para as coisas materiais, esquecidos de que um dia, que pode ser hoje mesmo, amanhã e em mais alguns dias, meses e anos; terão que deixar seus afazeres no mundo e responder ao Rei, porque não se prepararam devidamente para comparecerem ao banquete dos Céus. Ai dos que não puderem participar desse banquete, porque serão lançados nas trevas exteriores, onde os sofrimentos serão inenarráveis. . .


Bibliografia:
Livro “Parábolas e Ensinos de Jesus”


Jc.
S.Luis, 18/09/1999