domingo, 21 de março de 2010

AS TRES REVELAÇÕES

AS TRÊS REVELAÇÕES

1ª Revelação – MOISÉS

A Palestina era um pequeno pais, situado entre o Mar Mediterrâneo e os desertos da Arábia, na Ásia. Seu solo era irrigado pelo rio Jordão que viaja de norte a sul e deságua no Mar Morto. A Palestina na antiguidade era habitada pelos cananeus. No fim do II milênio A/C, começaram a entrar na Palestina, tribos hebraicas. Os hebreus originários do deserto da Arábia, eram nômades, deslocando-se constantemente em busca de melhores pastagens. Fixando-se na Palestina, tornaram-se agricultores. Obedeciam às ordens de chefes chamados “Patriarcas”, com autoridade absoluta. Foram eles, Abraão, Isaac, Jacó, José, Moisés e Josué. Abraão, nascido na cidade de Ur, no reino babilônico, com 75 anos, mudou-se com seu povo para a Palestina. Ele é considerado o “pai dos hebreus”.

Moisés, a maior figura da história dos hebreus, nasceu no Egito. Foi educado na corte do Faraó Seti I. Anos depois, expulso do Egito por Ramsés II, vagou pelo deserto de Madiã. Retornando ao Egito, retirou os hebreus da escravidão. Na sua viagem para a terra prometida, recebeu no Monte Sinai, o Decálogo, os “Dez Mandamentos”, que são:

1- “Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito. Não tereis outros deuses
estrangeiros diante de mim. Não fareis imagem talhada, nem nenhuma figura de
tudo o que está no alto do céu e embaixo na Terra, nem tudo o que está nas águas
sob a Terra. Não os adorareis, nem lhes rendereis culto soberano;

2- Não tomeis em vão o nome do Senhor vosso Deus;

3- Lembrai-vos de santificar o dia de sábado;

4- Honrai o vosso pai e a vossa mãe;

5- Não matareis;

6- Não cometereis adultério;

7- Não furtareis;

8- Não prestarás falso testemunho contra vosso próximo;

9- Não desejareis a mulher do vosso próximo;

10-Não desejareis a casa do vosso próximo nem seus bens.

Moisés após receber o Decálogo, continuou a viagem mais morreu antes de chegar ao seu destino. Seu sucessor foi Josué, que conduziu os hebreus até a Palestina.
O Judaísmo, religião criada por Moisés, caracterizava-se pela crença em um único Deus, que chamavam de Jeová, invisível, incorpóreo, todo poderoso, justo, criador do Céu e da Terra, presente em Espírito, em todos os lugares; na imortalidade da alma; no juízo final; nas recompensas e castigos após a morte, e, na vinda do Messias As festas religiosas dos hebreus, eram três: Páscoa, em memória à saída dos hebreus da servidão do Egito; Pentecostes, em recordação ao recebimento dos Dez Mandamentos; e Tabernáculos, que relembra a permanências dos hebreus no deserto.

Três seitas disputavam entre si, o domínio sobre os hebreus. Os fariseus, os saduceus e os essênios. Depois de várias crises e domínio estrangeiro, o monoteísmo hebraico degenerou-se, influenciado pelo politeísmo dos dominadores. Surgiram então os profetas, grandes reformadores, oriundos do povo que pregavam contra os atos contrários à religião, procurando restabelecer a antiga crença em Jeová. Os mais notáveis, foram: Elias, Amós, Ezequiel, Daniel, Niquéias, Oséias, Jeremias e Isaías. Por ser o povo hebreu o único a acreditar em um único Deus, foi escolhido para receber o Messias.

A contribuição da primeira revelação foi o recebimento do Decálogo, revelação divina, visto que, as demais leis e disciplinas criadas por Moisés, mesmo as alegadas de ordem superior, eram transitórias e apropriadas àquela época, em que os povos ainda eram muito primitivos.



2ª Revelação – JESUS DE NAZARÉ

No reinado do imperador Otávio Augusto, foi realizado o recenseamento do império, para efeito de recebimento de impostos, tendo durante essa época, nascido Jesus Cristo, na cidade de Belém, na Judéia. O nascimento da Jesus dá início à Era Cristã.

Com alguns meses de existência, seus pais o levaram para o Egito, fugindo às perseguições do rei Herodes. Após a morte deste, a família de Jesus voltou a Palestina (Israel), fixando-se na cidade de Nazaré, onde Jesus viveu como humilde auxiliar de carpinteiro, até quando iniciou a sua missão evangélica. Aos trinta anos de idade, Jesus após ter sido batizado por João Batista, seu primo, nas águas do rio Jordão, e ser anunciado como o Messias, foi a Cafarnaum, a beira do Mar da Galiléia, e reuniu um pequeno grupo de seguidores em número de 12, e começou a fazer as suas pregações.

Os seus apóstolos foram: 1- Simão Pedro, de Betsaida, pescador, filho de Jonas; 2- André, irmão de Simão Pedro, pescador; 3- Tiago maior, de Betsaida, pescador, filho de Zebedeu; 4- João, filho de Zebedeu, pescador, irmão de Tiago; 5- Felipe, de Betsaida, pescador; 6- Bartolomeu, de Caná da Galiléia, pescador; 7- Tomé ou Dídimo, de Dalmanuta, pescador; 8- Mateus ou Levy, filho de Alfeu, cobrador de impostos; 9- Tiago menor, de Nazaré, filho de Maria; pescador; 10- Judas Tadeu, de Nazaré, irmão de Tiago menor, pescador; 11- Simão, o zelote, da Cananéia, pescador; 12- Judas Iscariotes, de Queirote na Judéia, comerciante. Com a morte deste, foi escolhido Matias para seu lugar.

A doutrina ensinada por Jesus, bem como a história de sua existência na Terra, foi reunida em diversos livros, ficando para a posteridade, por determinação da Igreja Católica, apenas 4 livros, que são os Evangelhos de Mateus, Lucas, Marcos e João. Entre os princípios dessa doutrina, podemos citar: a- O Amor a Deus sobre todas as coisas; b- O Amor e a Caridade a todas as pessoas; c- A ressurreição dos mortos para outra vida. Durante três anos, exerceu Jesus a sua missão, ensinando a Bôa-Nova, exemplificando os ensinamentos, curando os doentes, mostrando a renovação por meio da fé, da bondade e do amor. Traído por Judas Iscariotes, um de seus apóstolos, foi preso, julgado e condenado a morrer crucificado, o que foi efetuado no monte chamado Calvário.

O Cristianismo desenvolveu-se rapidamente por que:
1- Correspondia a uma necessidade de esperança para os desprotegidos;
2- Tinha um caráter universal, diferenciando-se das demais religiões que eram locais;
3- Perseguidos, mantinha seus seguidores mais unidos e convictos de suas verdades;
4- Admitia mulheres no culto.

Os primeiros cristãos formavam pequenos grupos, aprendiam os ensinamentos de Jesus, pela palavra dos apóstolos e de seus sucessores. Os ensinamentos e a história de Jesus, que estão narrados nos Evangelhos, formam com os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse, o “Novo Testamento”. O Sermão da Montanha, com as Bem-Aventuranças, é a expressão máxima dos seus ensinamentos. Estes podem ser reduzidos a apenas duas máximas, sintetizadas por Jesus: “Amar a Deus, acima de todas as coisas” e “Amar ao próximo como a si mesmo”; aí estão como bem disse Ele: “Toda a lei e os profetas”.

Saulo de Tarso, convertido na estrada de Damasco, mudou seu nome para Paulo. Pregando ele, o Evangelho aos pagãos, afirmou que Jesus veio para ensinar e salvar todas as pessoas e não somente os judeus. Parece incrível, mas o povo judeu é o único ciente da vinda de Jesus, que não o aceita e ainda aguarda a vinda do Messias prometido. No século I da era Cristã, Paulo chega a Roma. Nos arredores da cidade, havia extensa rede de corredores subterrâneos, conhecidos como catacumbas. Perseguidos que eram os cristãos se escondiam nas catacumbas para rezar, curar os doentes e transmitir os ensinamentos de Jesus. Foi nesses cemitérios subterrâneos que apareceu pela primeira vez, o símbolo idealizado para identificar os cristãos; dois traços que se cruzando formavam a figura de um peixe, simbolizando o pescador de almas.

Muitos apóstolos e discípulos foram perseguidos e mortos por causa da crença; alguns crucificados como Jesus, outros apedrejados e muitos outros devorados pelas feras nos circos romanos, anfiteatros para a distração do povo. Apesar de todas as perseguições e martírios por que passaram os cristãos, o Cristianismo se espalhou pelos continentes. Durante séculos, vêm convidando as pessoas, à Fé, à Esperança, a Caridade e o Amor, qual uma árvore frondosa cujos ramos cobrem grande parte do mundo, oferecendo seus frutos de vida; porém, quão poucos os colhem.

Assim como Jesus disse que não tinha vindo para destruir a lei ou os profetas, mas dar-
lhes cumprimento, desenvolvê-la, ensinar seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de desenvolvimento daquela época, assim também prometeu que o Pai enviaria outro Consolador, o Espírito de Verdade, que nos ensinaria todas as coisas e nos faria relembrar de tudo aquilo que Ele nos tinha ensinado e muitas mais coisas, que o mundo de então não estava preparado para receber. A contribuição da 2ª Revelação, personificada em Jesus, nos legou um novo código doutrinário, reaproximando a criatura ao seu Criador, agora ensinado como Pai de Bondade e de Amor; foi o marco de uma nova era para a humanidade.


3ª Revelação – O ESPÍRITO DE VERDADE/ESPIRITISMO

Os tempos eram chegados, a humanidade já alcançara um estágio avançado para receber novos ensinamentos. Um dia, Deus na sua infinita misericórdia, permitiu ao ser humano ver a verdade dissipar as trevas; foi o advento de Jesus. Depois da luz viva, as trevas voltaram; o mundo na obscuridade se perdeu de novo. Então à semelhança dos profetas, os Espíritos do Senhor se põem a falar. O Espírito de Verdade, enviado pelo Pai, vem nos relembrar tudo o que fora ensinado por Jesus e nos esclarecer muitas outras coisas que não foram ditas. As manifestações desta vez, não se fizeram ouvir apenas num local; espalharam-se por todos os lugares da Terra e as comunicações dos espíritos, dão início a uma nova era de progresso espiritual.

Hipólyte Leon Denizard Rivail, nascido na religião católica, educado na Escola Pestalozzi, já professor em Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia, etc., atraído pelas manifestações das “mesas falantes”, entregou-se a observações perseverantes sobre esses fenômenos, e percebeu desde logo, o princípio de novas Leis que regem as relações entre o mundo visível e o invisível. Reconheceu existir uma força com conhecimentos, que haveria de lançar novas luzes sobre uma imensidade de problemas até então, tidos como insolúveis.

Fruto dos seus estudos e das manifestações dos espíritos nasceu a primeira obra, cuja edição apareceu pela primeira vez em 18 de abril de 1857, com o título: “O Livro dos Espíritos”, dando início a Codificação e surgindo então a Doutrina dos Espíritos, com o nome de Espiritismo. Para não prejudicar e ser reconhecida como obra sua, pois era muito conhecido no meio científico, ele adotou o pseudônimo de Allan Kardec. O Espírito de Verdade aprofundava ainda mais os conceitos de suas elevadas mensagens, todas incluídas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando afirmava: “Pelo Espiritismo, a humanidade deve entrar numa nova fase de progresso moral e espiritual, que é sua conseqüência natural.”

São postulados fundamentais do Espiritismo: 1)- A existência de Deus, inteligência cósmica suprema, criadora do Universo e de todas as coisas; 2)- A existência do espírito que habita o corpo material, que após a morte do corpo, retorna à espiritualidade, conservando a lembrança de todas as experiências terrenas; 3)- A crença na reencarnação, através da qual os espíritos vão evoluindo gradativamente; 4)- A crenças nas comunicações dos espíritos desencarnados com os humanos; 5)- A crença na existência de vida em outros mundos; 6)- A crença na lei de Causa e Efeito que determina os destinos sucessivos do espírito, pelo uso que fizer do direito do livre-arbítrio.

As obras básicas da nova doutrina codificada por Allan Kardec, são: “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno”, e, “A Gênese”, ou “Os Milagres e as Predições”. Estimulados pela Revelação Espírita, grupos de estudos foram sendo organizados. Oferecendo campo propício às novas idéias, o Brasil viu o Espiritismo crescer e se transformar em gigantesca obra evangélica, segundo a própria formação de seu povo. Em 1932, o Brasil viu a semente frutificar e crescer com o aparecimento da primeira obra psicografada por um moço simples, chamado Francisco Candido Xavier, com o título: “Parnaso de Além-Túmulo”.

Em seguida, novas obras foram surgindo e novos agrupamentos foram se formando; novos Centros Espíritas e entidades de assistência social foram surgindo. Os Centros Espíritas passaram a atender as pessoas, tentando ajudá-las e consolá-las; foram criadas instituições beneficentes, escolas de evangelização, creches, asilos, hospitais; enfim, todo um conjunto de trabalhos fraternais em que se doam no serviço de caridade; grupos mediúnicos se reúnem para realizar trabalhos destinados à doutrinação de espíritos desencarnados e para afastar obsessores que prejudicam a existência das pessoas; também nos Centros Espíritas as pessoas esperam e recebem o passe, a água fluidificada, e o auxílio para as suas necessidades, além de ouvirem explanações sobre as obrigações morais.

Cada uma destas atividades é própria de um Centro Espírita, mas a finalidade primordial da Doutrina dos Espíritos é ajudar o ser humano, a tomar nova consciência de si mesmo, rompendo com os modelos existentes, nem sempre aconselháveis. A esta operação, Paulo o discípulo de Jesus, chamou: “A substituição da velha pessoa, despojada das suas imperfeições, pela nova criatura, onde tudo significa reconstrução para um futuro melhor e eterno”. E, ao nos transformarmos em uma nova pessoa, o Espiritismo cumpriu em nós, a sua função primordial, e, renovados, estaremos indo ao encontro de Jesus, e penetrando no santuário do seu Amor.

A Doutrina Espírita é sem dúvida, a dádiva maior concedida ao ser humano. Erigida sobre os sólidos fundamentos das mensagens de Jesus, ela é, a escola, o abrigo, o templo, assegurando aos que a buscam, orientação e segurança, confiança na Bondade de Deus, e a certeza de que cultivando o coração na empreitada re-educativa de Caridade e Amor, sob a proteção de Jesus, estaremos edificando um novo mundo de Paz e Felicidade para todos nós e nossos entes queridos...


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.


Jc.

S.Luis, 21/6/1995

domingo, 7 de março de 2010

ESQUECIMENTO DAS EXISTÊNCIAS PASSADAS

ESQUECIMENTO DAS EXISTÊNCIAS PASSADAS

Na questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta: “Por que perde o espírito encarnado a lembrança de seu passado? – Resposta dos Espíritos Superiores: “Não pode e nem deve o ser humano, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro. Esquecido do seu passado o ser humano é mais senhor de si mesmo.”

Dentre os obstáculos interpostos para a compreensão, o entendimento e a aceitação da reencarnação como verdade irrecusável que é, encontra-se o questionamento feito com freqüência, sobre o fato de não nos lembrarmos das existências anteriores. Vários e numerosos são os argumentos explicativos sobre essa deliberação divina para cada retorno à existência corporal, podendo-se citar, do ponto de vista científico, o seguinte: O momento exato da reencarnação ocorre quando da fecundação do óvulo feminino, mas, precedendo esse momento tão especial, onde a atuação divina se faz presente, muitas outras ações são necessárias, no Plano Espiritual.

No livro, “Missionários da Luz”, de André Luiz, são descritas de forma clara, no capítulo que trata da reencarnação de Sigismundo. A ligação fluídica do reencarnante com os futuros pais implica na perda dos contatos que consolidou na esfera espiritual; dos quais é necessário que se desfaça, para penetrar com êxito, a corrente da existência carnal. Por interveniência da espiritualidade, atuando através de poderosa carga magnética, é procedida uma redução do corpo perispiritual do reencarnante, até que sua forma se assemelhe à de um bebê. Os espíritos induzem a vontade do espírito reencarnante, através de mensagens de incentivo: “Imagine sua necessidade de tornar a ser bebê para aprender a ser um homem”.

O instrutor espiritual Alexandre informa: “Necessário diga-se, que o procedimento de restringimento do perispírito, não é o mesmo em todos os processos reencarnatórios. Há espíritos de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa da Terra, em apostolado de serviço e iluminação, quase sempre dispensam o nosso concurso. Outros espíritos, contudo, procedentes de zonas inferiores, necessitam de operação mais complexa, como o caso de Sigismundo.” O mentor Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, oferece novas luzes sobre este assunto, dizendo: “Aceitando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, o espírito recebe energias físicas, cerebrais, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em letargia, muito tempo antes de acolher-se ao útero materno. Na melhor das condições, quando o espírito desfruta de grande atividade mental nas esferas superiores, só é compelido ao sono profundo, durante o tempo fetal. Em ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos, em que ele está mais envolvido com a vida espiritual e também devido a instrumentação e desenvolvimento fisiológico, tempo esse em que se desliga da espiritualidade e que se lhe reaviva a experiência terrestre.

Temos assim, no mínimo 270 dias aproximados de sono induzido ou hipnose terapêutica, a estabelecerem enormes alterações no corpo do espírito, as quais, acrescidas às conseqüências dos fenômenos naturais de “restringimento do corpo espiritual”, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento das recordações de existências passadas, para que a mente fique aliviada, na direção de novas aquisições.

Do ponto de vista moral, o Codificador Allan Kardec enumera as principais razões para o esquecimento do passado: 1º-Razão: As perturbações da existência, no lar e na sociedade. Se o reencarnante reconhecesse as pessoas a quem havia odiado, talvez o ódio reaparecesse; sendo certo que ficaria humilhado perante quem houvesse ofendido. Devemos acrescentar que o reencarnante, normalmente, volta no mesmo círculo de relacionamento da existência anterior. Como seria o relacionamento entre pai e filho, se um reconhecesse no outro, seu assassino de existência passada? As conseqüências seriam desastrosas para ambos.

No livro “Nosso Lar” de André Luiz, o espírito que foi sua mãe na última encarnação, comunica-lhe que deverá partir para nova existência terrena, quando então será, novamente, esposa de Laerte, seu pai carnal, o qual no plano espiritual, acha-se em zona de trevas, ainda obsidiado a duas entidades femininas, suas amantes na última existência. Dizia ainda o espírito da mãe de André Luiz, que iria receber as duas entidades (amantes) como suas filhas, na futura existência, para harmonização. Convenhamos: Sem o esquecimento do passado, como seria o relacionamento dessas três criaturas em família?

2º-Razão: O maior mérito em praticar o bem e exercitar o livre-arbítrio: Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo V item II, encontramos a orientação: “Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas. O ser humano, trás ao nascer, tudo o que adquiriu em existências anteriores. Ele nasce exatamente como se fez ou era antes. Cada existência é para o espírito um novo ponto de partida. Leon Denis, no livro “O Grande Enigma”, lembra-nos a citação evangélica: “Infeliz aquele que, pondo a mão na charrua, olhar para trás.” Efetivamente, neste mundo de provas e expiações, onde o peso das dificuldades, às vezes, abate a maior vontade, se fossem somados ou lembrados os equívocos do passado, a criatura não poderia cuidar de seu progresso, sendo um obstáculo à sua evolução.

Quantas ocorrências nesta existência somos levados a esquecer, propositadamente, para liberar a nossa vontade e mente de agir. Neste caso, como nos outros, o esquecimento é estímulo ao progresso. Com muito mais razão, é justo que seja promovido o esquecimento das existências anteriores, onde os erros, possivelmente, serão tão mais marcantes. Ainda no livro “Nosso Lar”, o espírito de D. Laura, informa a André Luiz que lhe fora permitido o acesso ao registro de suas anteriores reencarnações, até o limite de 300 anos, porque mais do que isso, não suportaria. Leon Denis, no livro “O Problema do Ser, do Destino”, informa: “é necessária à ignorância do passado para que toda a atividade de ser humano se consagre ao presente; para que se submeta à lei do esforço e se conforme com as condições do meio em que renasce.”

3º-Razão: A justiça da lei de ação e reação: Muitos são os que se insurgem contra o determinismo divino para a existência. Às vezes, enfermidades surgem, confinando aos leitos, pessoas de comportamento ilibado e benévolo, numa ocorrência aparentemente inexplicável, diante da Justiça Divina. Indaga-se: Por que? – Pela lei, a explicação encontra-se em outra existência, que é onde a culpabilidade se acha. Então, se paga na existência atual por culpa de outra existência? – No livro “Solar de Apolo”, o espírito de Vitor Hugo menciona o fato de um delinqüente cometer um crime e, depois de algum tempo, esquecer a perversidade cometida. Por essa razão, ele deixa de merecer as penas da lei, por ter esquecido? – Leon Denis, indaga: “Se um criminoso condenado pelas leis humanas, cai doente e perde a memória de suas ações, segue-se daí que sua responsabilidade desaparece ao mesmo tempo que as suas lembranças?”

4º-Razão: Recordações humilhantes e orgulhosas. Diz ainda Leon Denis: “Todos os criminosos da História, reencarnados para expiar seus crimes, seriam desmascarados; as vergonhas, as traições, as perfídias, as iniqüidades de todas as encarnações seriam de novo colocadas à nossa frente.” – Com que proveito? Se tivéssemos tido uma existência de grandes realizações no bem; tais fatos não funcionariam como impeditivos à nossa evolução, ao nos sentirmos orgulhosos por tal comportamento? – Em “Obras Póstumas”, Allan Kardec faz excelente observação a respeito, no item “O Caminho da Vida”: “Que proveito pode o homem tirar de suas existências anteriores?” – A Doutrina dos Espíritos responde que a lembrança de existências desgraçadas, juntando-se às dificuldades da existência presente, ainda mais penosa se tornaria esta última. Desse modo, poupou Deus às suas criaturas um acréscimo de sofrimentos. Se assim não fosse, qual não seria a nossa humilhação, ao saberem os outros, o que já fomos? Para o nosso melhoramento, aquela recordação seria inútil. Durante cada existência, sempre avançamos adquirindo algumas qualidades e nos despojando de algumas imperfeições. Cada uma das existências, é, portanto, um novo ponto de partida, sem nos preocuparmos com o que tenhamos sido.”

5º-Razão: Os preconceitos raciais, sociais e religiosos. – Sabemos que prevalecem em nosso mundo os preconceitos. Imagine-se as criaturas tendo lembranças de terem sido de outra raça; de terem sido integrantes de famílias nobres ou extremamente humildes; de terem credos religiosos diferentes; de ter sido judeu na existência anterior e renascido como palestino; de ter sido irlandês católico e na atual ser um inglês protestante? – No livro “Renúncia” de Emmánuel, encontramos uma frase que encerra toda uma filosofia a respeito de esquecimento das existências passadas: ”Sem a paz do esquecimento transitório, talvez a Terra deixasse de ser uma escola de trabalho abençoado, para ser um ninho abominável de ódios e vinganças perpétuas.”

A Doutrina dos Espíritos nos ensina que examinando as nossas aptidões e inclinações, podemos deduzir de nosso passado e buscar elementos para reestruturar e melhorar nossa condição. Mais ainda: não é somente após a desencarnação que o espírito terá recordações de suas outras existências. Muitas vezes, quando Deus julga útil, permite ao espírito, durante o sono, que tenha lembranças fragmentadas de outras existências. Mesmo não recordando totalmente delas ao acordar, as manterá no campo psíquico sob a forma de reflexos e condicionamentos positivos, que, nos momentos oportunos, podem ser preciosos elementos de auxílio na tomada de decisões corretas. São as “Reminiscências Construtivas” de que nos informa Martins Peralta, no livro “O Pensamento de Emmánuel”, concluindo: “Embora vagas, constituem incentivo e sustentação para o espírito em nova existência, considerando-se valiosa ponte entre o Ontem e o Hoje, na áspera caminhada para o Amanhã.”

Deus dá aos seus filhos tantos instrumentos, melhor dizendo, existências, quantas sejam necessárias para que cumpram suas missões e evoluam. Alguns descrentes alegarão: “Se assim fosse, certamente nos lembraríamos da nossa existência anterior, ou das nossas existências passadas.” Há fatos que ocorrem na nossa existência e que não temos a mais leve recordação. Por exemplo: Nesta existência, alimentamo-nos no seio materno e não nos recordamos desse ato. Mesmo depois de adultos decoramos uma lição, um verso, uma poesia ou um discurso e no correr do tempo, esquecemos das palavras das frases e até do assunto. O esquecimento do passado é necessário ao nosso bem-estar presente e ao nosso progresso. Se todos conservassem a lembrança das existências passadas, ficaríamos conhecendo não só a nossa existência anterior como também a dos outros que nos cercam. E o que resultaria daí? – A existência de todos ficaria devassada para uns e outros. Herodes ou Caifás, por exemplo, se estivessem em nosso meio, teria de suportar o ódio e o desprezo de todos, e quem sabe se não lhes seria negado o pão? Como ficaria a nossa situação, se os outros viessem a saber que fomos um dos que martirizaram a Jesus, ou que participamos da morte de algum apóstolo ?

Para evitar esses constrangimentos foi que Deus em seu determinismo não permite que nos recordemos de nossas existências passadas. Entretanto, existem pessoas que se lembram não só da sua existência anterior, como até de outras existências que tiveram na Terra.

A Drª Helen Wambach, PHD em psicologia, utilizando-se do processo de regressão de memória, conseguiu reunir importante acervo de dados científicos acerca dos antecedentes do ser humano. Seu trabalho, aplicado em 750 pessoas, consistia em fazer o paciente regredir até a fase intra-uterina, quando então fazia algumas perguntas básicas. Os resultados foram surpreendentes.. Eis algumas: a)- 87% das pessoas consultadas em regressão, declararam haver conhecido seus pais e amigos atuais, de uma outra existência anterior; b)- 90% delas, lembravam-se das mortes anteriores e que estas, foram experiências agradáveis, mas que os nascimentos, constituiram momentos de desventuras; c)- 81% dos pacientes disseram que eles próprios haviam decidido renascer; d)- Disseram eles que quanto a objetivos ou planejamento para a existência presente, não foi observado nenhum projeto especial de desenvolver talentos ou faculdades; mas, “prioritariamente, aprender a relacionar-se com os outros em paz e amor, sem ser exigentes ou possessivos.”

Complementando tudo o que já foi dito, nos servimos do livro “A Gênese”, no capítulo XI itens 20 e 21 que diz: “Desde que o espírito é preso pelos laços fluídicos que o liga ao corpo, a perturbação se apodera dele, e nos últimos momentos o espírito perde toda a consciência de si mesmo, de sorte que ele geralmente nunca é testemunha de seu nascimento na Terra. No momento em que o bebê passa a respirar, o espírito recobra as suas faculdades que se desenvolvem, à medida em que se formam e se consolidam os órgãos que devem servir a ele. E, ao mesmo tempo em que o espírito recobra a consciência de si mesmo, ele perde a lembrança de seu passado, sem perder o vínculo com a espiritualidade e as faculdades, as qualidades e as aptidões que vão desabrochar para ajudá-lo a fazer mais e melhor do que fazia anteriormente. Aqui ainda se manifesta a bondade do Criador, porque a lembrança do passado, frequentemente penoso, poderia perturbá-lo ou entravá-lo; ele só se lembra daquilo que aprendeu e que lhe será útil na existência.

Entretanto, quando retorna à espiritualidade, o seu passado, incluindo a última existência, se passa como um filme no cinema, para sua ciência, e ele julga se empregou bem ou estacionou na sua jornada terrena. Não há, pois, descontinuidade na vida espiritual, apesar do esquecimento do passado, quando na Terra,; o espírito é sempre o mesmo, antes, durante a existência terrena e depois dela; sendo a reencarnação uma fase especial de aprimoramento da sua eterna existência, voltada para o amor. . .



Que a Paz, a harmonia e a saúde sejam as companheiras de todos nós.




Bibliografia:
Livro “Missionários da luz”
“ “Religião dos Espíritos”
“ “Nosso Lar”
“ “O Grande Enigma”
“ “O Problema do Ser e do Destino”
“ “Solar do Apolo”
“ “Obras Póstumas”
“ “Renúncia”
“ “O Pensamento de Emmanuel”
“ “A Gênese”

sábado, 27 de fevereiro de 2010

AS DIFERENTES FORMAS DE MEDIUNIDADE

AS DIFERENTES FORMAS DE MEDIUNIDADE

O discípulo Paulo, escrevendo aos Coríntios, na sua primeira epístola, exatamente no cap. 12 vers. De 1 a 11, relaciona uma série de dons espirituais, declarando que a manifestação do Espírito é dada a cada pessoa para o que for útil. Em todo o texto bíblico, desde os livros de Moisés até o Apocalipse de João, encontramos todos os tipos de mediunidade como, as curas, os processos de obsessão e seu tratamento desobsessivo, as escritas diretas, a materialização dos espíritos, a fala em língua estranha ao médium, bem como os fenômenos de desdobramento anímico, etc. etc.

Vamos então tentar detalhar esse assunto para melhor entendimento. Um fenômeno é mediúnico quando, para acontecer, há necessidade da ação de um espírito desencarnado, que utiliza um médium para a sua realização. Dá-se, pois, tal ocorrência, em razão de um entrosamento entre o períspirito do médium e o desencarnado (espírito comunicante). O médium por seu lado, poderá ser facultativo ou voluntário, quando ele sabe controlar as faculdades que possui, só permitindo sua ocorrência, quando julgar conveniente e local apropriado (Centro Espírita), e voltada para o bem. O médium é involuntário ou natural, quando não tem consciência plena do que está se passando, devendo, então, procurar conhecer a Doutrina dos Espíritos, participando dos estudos e das práticas mediúnicas numa Casa Espírita. Antes de maiores explicações sobre os fenômenos mediúnicos, vamos comentar primeiramente as energias que servem para a realização desses fenômenos.

Formas de energias Há energias de diversos aspectos que circulam no Cosmo, alimentando a vida de todos os seres, as quais têm várias origens: O Sol, a Terra, o Espaço Infinito, os Seres Espirituais... Todas elas têm características, vibrações, ondulações e cores diferentes. As que vêm do Sol, são sete e correspondem às cores que o arco-íris reflete nas suas manifestações; as da Terra são primárias, vindo da Natureza e do centro do globo; as que vêm dos espaços infinitos são inúmeras e podemos citar, a eletricidade, os raios cósmicos, o magnetismo, etc., energias estas que o ser humano absorve pela alimentação, pela respiração e pelos centros de energia.

Centros de energias São acumuladores e distribuidores de energia espiritual, situados no corpo etéreo (desdobramento do perispírito conhecido como duplo, tendo a Codificação determinado no perispírito, vários setores da atividade psíquica do ser humano), pelos quais transitam os fluidos energéticos de uns para outros e para o exterior do espírito encarnado. No ser humano comum, o centro energético principal se apresenta como um círculo de mais ou menos cinco centímetros de diâmetro, quase sem brilho; porém no ser humano espiritualizado, é quase sempre uma auréola luminosa. Quanto mais ativo ou desenvolvido for o centro energético, maior capacidade de energia comporta e maiores possibilidades oferece em relação ao emprego dessa energia. As forças espirituais e as cósmicas vindas do Espaço e da Terra penetram nos centros de energia situados no perispírito, daí passam aos membros orgânicos e destes aos nervos, transitando por todo o organismo. Cada centro de energia despertado aumenta as possibilidades dos sentidos físicos e espirituais, como também as faculdades psíquicas e mediúnicas. Esse processo acontece no trabalho do passe; o perispírito do doador liga-se aos centros de energia do assistido agindo no sistema nervoso, para fazer a irradiação dos fluidos que irão beneficiar o recebedor. Allan Kardec, classificou os fenômenos mediúnicos em dois grupos distintos:

1º Fenômenos de efeitos físicos; assim conhecidos: a- Materializações: O espírito aproveita o ectoplasma de um médium (as vezes também da assistência) para materializações de objetos, ou mesmo do seu corpo, tornando-se visível, podendo ser tocado por qualquer pessoa; e como exemplo mais real temos as aparições de Jesus, após sua “morte”; b- Transfiguração: O espírito imprime uma sensível modificação nos traços fisionômicos do médium ou de si mesmo, e como exemplo, vimos Jesus, no Monte Tabor, se transfigurando para os apóstolos; c- Levitação: O espírito toma matéria do médium para fazer erguer objetos ou pessoas, contrariando a lei da gravidade, sem concurso mecânico, elétrico, magnético ou eletrônico; d- Transporte: Usando os mesmos recursos, o espírito faz com que entrem ou saiam objetos de recintos totalmente fechados, ou mesmo pessoas. Exemplo: Jesus, ao se fazer presente no local onde estavam trancados, seus apóstolos; e- Voz direta: O espírito faz ecoar no recinto vozes sem usar as cordas vocais do médium; Exemplo: As vozes ouvidas no ato do batismo de Jesus por João Batista; f- Escrita direta: O espírito escreve sem usar a mão de um médium, palavras mensagem, etc., conforme cita a Bíblia na festa de Baltazar; g- Sematologia: O espírito mobiliza recursos ectoplásmicos do médium para movimentar objetos sem contato físico (na Parapsicologia chamada de Psicocinésia); h- Curas Espirituais: O espírito poderá curar doenças, fazer cirurgias, como fazia Jesus, fizeram seus apóstolos e fazem os médiuns, usando ou não instrumentos materiais, a exemplo de Zé Arigó, Edson Queiroz, Chico Xavier, assim como também muitos outros médiuns fazem, ou qualquer pessoa que tenha boa assistência espiritual, ao impor as mãos, como fazia Jesus, e que disse: “Vós podeis fazer o que eu faço e muito mais se tiverdes fé”; e complementa dizendo: “Se tivermos também o “merecimento”, conseguido através das boas obras.”

2º Fenômenos de efeitos inteligentes; Conhecidos como: a)- Vidência: O médium vê o que se passa no mundo espiritual, visualizando espíritos, não com os olhos corporais, mas com o perispírito, pois é ele, o pirispírito que propicia o fato mediúnico. Têm-se, no caso a chamada dupla visão; b)- Audiência: O médium ouve o que lhe dizem os espíritos; chama-se também de clariaudidência; c)- Psicografia: O médium escreve, com mais ou menos consciência as mensagens dos espíritos; d)- Psicofonia: O médium fala, mais ou menos sem a consciência, palavras ditadas pelos espíritos; chama-se também de incorporação; e)- Xenoglossia: O médium dá comunicações escrita ou falada numa língua que lhe é estranha.

3º Fenômenos anímicos; Estes fenômenos para acontecer não há necessidade de um espírito desencarnado. O próprio espírito do médium é que é o agente do fato. Exemplo: 1- Bilocação: (desdobramento ou bicorporeidade) O espírito da pessoa separa-se do corpo e se apresenta materializado, com todas as aparências de uma pessoa viva, noutro lugar distante de onde ficou o seu corpo físico; 2- Psicometria: A pessoa sensitiva (não é necessário ser médium) pode recapitular ocorrências relacionadas a algum objeto com o qual ele está em contato; 3- Sonambulismo: O espírito afasta-se do corpo e, em estado de maior liberdade, poderá vir a usar um médium, como se fosse um espírito desencarnado, de nada recordando depois, quando voltar ao estado de acordado.

Eis, aí, as diferentes modalidades de faculdades mediúnicas e anímicas, que o discípulo Paulo já dizia aos Coríntios, na 1ª Epístola no capítulo 12. Importa então recordar que Allan Kardec nos alerta para o seguinte: “Nem todas as comunicações são instrutivas. Muitas são grosseiras porque partem de espíritos imperfeitos e inferiores, onde são encontrados erros, ensinamentos malévolos, termos inaceitáveis. Há comunicações de espíritos, que falam, falam, que se forem analisadas, não dizem nada, porque são comunicações cheias de absurdos, provenientes de espíritos levianos, zombeteiros, que se divertem com os ingênuos. Daí a necessidade de exame criterioso de qualquer comunicação, ainda que tenha a ditá-la, um espírito que use o nome de algum vulto da Humanidade.

De todas estas manifestações mediúnicas, que serviram no passado para comprovar e atestar a existência da vida do espírito, após a morte física, da realidade das comunicações entre o mundo espiritual e o mundo material; muitas delas já não são mais necessárias, pelo desenvolvimento intelectual da Humanidade, que já está ciente destas verdades; ficando apenas as mais práticas como a psicografia, a psicofônia, a vidência e as curas espirituais, meios mais usados pelos espíritos. Passemos agora a outras orientações sobre a mediunidade.

Sonho e vidência No sonho, vê-se pessoas e coisas exteriores, ou nos vemos em outras situações.. É um fenômeno que se passa fora da pessoa. A vidência é um fenômeno de faculdade psíquica e mediúnica que acontece com a pessoa; é ver e ouvir além dos limites dos sentidos físicos, além das vibrações de luz e som percebidos pelos sentidos da visão e audição.

Faculdade mediúnica Quem a possui deve desenvolvê-la e colocá-la a serviço do bem e do próximo; por isso encarna com essa faculdade e compromissos. Se não cumpre, fica sem proteção e sujeito as influências das forças do mal. Desenvolver a mediunidade é saber controlar, disciplinar e se livrar das influências cada vez mais intensas e tormentosas, evitando que os espíritos sofredores e ignorantes se manifestem por seu intermédio, em atividades condenáveis de perseguições, vinganças, vampirismo, etc. O caminho recomendado é desenvolver a mediunidade e colocá-la a serviço dos semelhantes, segundo orientação do Evangelho.

Espíritos maldosos Eles têm liberdade para fazer o mal às pessoas até certo ponto, se estas não estiverem protegidas; muitas das vezes em retribuição ao mal que sofreram. Uma coisa, porém, é os espíritos maus quererem nos agredir, outra coisa é poderem fazê-lo como desejam. Há sempre limitações de acordo com a Justiça Divina. Se não fora assim, imaginemos como seria o mundo se não houvesse esse controle?

Espírito obsessor Quando em trabalho de desobsessão, nunca se deve dizer a um espírito obsessor que desapareça ou abandone a pessoa obsidiada, sem que se peça a Deus, esclarecimento e amparo espiritual ao obsessor, para que ele abandone seus desejos de fazer o mal, porque ignoramos as razões que tem ele para isso; pode ser ele, cobrador de dívidas do passado, agindo como instrumento da Lei Divina que rege esses casos, cujo remédio precisam para se quitar dessas transgressões. Enquanto o espírito estiver obsidiando a vítima e proferindo ameaças, devemos nos amparar em preces fervorosas, pedindo a assistência espirituais dos guias protetores para ambos, sem deixar se dominar pela dúvida ou pelo medo, o que se ocorrer, pode abrir espaço para as forças do mal. Os benfeitores espirituais também estão presentes para assisti-los no que for de justiça, pelos méritos que tiverem. Eles até podem afastar o obsessor, mas as vezes não devem, porque a justiça de Deus determina que “a cada um será dado e exigido segundo suas obras e merecimento”.

Espíritos superiores Ao solicitarmos a assistência deles, nunca devemos querer que se faça conforme nossa vontade, porque os Espíritos Superiores não aceitam imposições, nem se submetem aos nossos desejos, sabendo sempre que nos ajudarão quando precisarmos e temos merecimento para tal.

Falando das manifestações espirituais através da mediunidade, Emmanuel no livro “Religião dos Espíritos”, recorda na página intitulada “Fenômenos mediúnicos” o seguinte: “Às manifestações mediúnicas são de todos os tempos e cansativo seria mostrar, num estudo simples, o papel que lhe cabe na gênese (criação) de todos os caminhos religiosos. Importa lembrar, porém, que os povos primitivos, sentindo a influência dos desencarnados a lhes perturbar o psíquico, promoviam medidas com que supunham garantir-lhes segurança e tranqüilidade no reino da morte. Egípcios, assírios-caldeus, gregos, israelitas e romanos prestavam-lhes homenagens e considerações. E, para vê-los e ouvi-los, conservavam consigo certa classe de iniciados nessas manifestações.

Equivalendo aos médiuns modernos, havia sacerdotes em Tebas, magos na Babilônia, oráculos em Atenas, profetas em Jerusalém, astrólogos em Ninive, e adivinhos em Roma. A civilização faraônica adquiriu mais esplender, ao pé dos túmulos que eram reverenciados. O Velho Testamento conta que dedos intangíveis escreveram terrível sentença no festim de Baltazar. A sociedade romana celebrava as festas lamurianas, com o intuito de apaziguar os espíritos errantes. Administrações, expedições, exércitos e esquadras movimentavam-se, quase sempre, sob invocações e predições. Contudo, quase todas as manifestações de intercâmbio, entre “mortos” e vivos evidenciavam-se mescladas de luz e sombras. No delírio de símbolos e amuletos em nome dos mortos, estimulavam-se preces e prazeres, virtudes e vícios epopéias e bacanais...”

Com Jesus, no entanto, recolhe o ser humano, o necessário crivo moral para definir responsabilidades e objetivos. Em sua luminosa passagem pela Terra, o fenômeno mediúnico, por toda parte, é ligado à redenção da consciência. É assim que vemos o Divino Mestre afirmando-nos em atitudes claras e decisivas. Não somente induz Maria de Magdala a que se liberte dos perseguidores invisíveis que a subjugavam, mas também a criar, em si própria, as qualidades com que se faria mais tarde, a mensageira ideal da ressurreição. Socorre, Ele, os alienados mentais do caminho, tirando as algemas das entidades infelizes que os atazanavam; contudo, mostra-se ele mesmo, radiante de luz com espíritos glorificados, no Monte Tabor. Promete a Simão Pedro, auxiliá-lo contra o assalto das trevas e, tolerando-lhe as fraquezas na hora do testemunho, conduze-o, pouco a pouco, à exaltação apostólica. Enaltece a humildade de Estevão, que suporta sereno à fúria dos que o apedrejam, acionando-lhe os mecanismos da clarividência, e o mártir percebe-lhe a presença sublime, antes de se render à imposição da morte. Compadece-se de Saulo de Tarso, obsidiado por seres terríveis e cruéis que o transformam em desalmado verdugo. Aparecendo-lhe em forma de Luz, para convidá-lo através de longos anos de renúncia e sofrimentos, a converter-se em padrão vivo de entendimento e fraternidade...

Continuando-lhe o ministério divino, dispomos hoje, na Terra, do novo Consolador, a Doutrina dos Espíritos, a restaurar-lhe as lições como força que educa o fenômeno psíquico, demonstrando-nos que não bastam mediunidades fulgurantes, endereçadas ao regozijo da inteligência, mas sim, que é inadiável a nossa purificação de espírito, para que a mediunidade seja de exercício do bem.

Interessa-nos, sem dúvida, as comunicações instrutivas, sérias e verdadeiras, trazendo-nos consolo e esclarecimentos, com fundamentos lógicos, que contribuam para o nosso progresso moral e espiritual.

Finalizando esta exposição, fazemos uma pequena comparação. Ao comprarmos um aparelho novo, tomamos o cuidado de ler o manual de instruções antes de ligá-lo, para não corrermos o risco de perder o aparelho ou danificá-lo. O mesmo deve ocorrer com a mediunidade. Se não a estudarmos primeiro e partirmos diretamente para a prática, invertendo os papeis, corremos o risco de complicar e prejudicar a nossa mediunidade. Daí, o dever de todas as Casas Espíritas no empenho do estudo sistematizado da mediunidade. Existem médiuns que já estão no exercício da mediunidade e acham que não precisam mais estudar. Grande equívoco como também esquecem dos objetivos principais de uma reunião mediúnica: amparar, socorrer, orientar os desencarnados e ensinar aos encarnados lições vivas da rotina da mediunidade, das conseqüências do mau uso do livre-arbítrio, e, ainda, do papel decisivo do amor e da vibração fraterna em tais atividades, que, mais que as palavras, permitirão aos espíritos comunicantes em sofrimento, sentirem-se reconfortados e propensos a modificarem suas posições íntimas... Às reuniões mediúnicas que se realizam, sem o devido estudo, não existe mediunidade com qualidade que possibilite a comunicação de Espíritos Elevados.

Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações e mentes.

Bibliografia:
“Livro dos Médiuns”
Evangelho de Jesus
Livro “Religião dos Espíritos”
“ “Nova Era Espírita”

Jc.
S.Luis, 03/04/2004
Refeito em 20/10/2004

domingo, 21 de fevereiro de 2010

OS SERES HUMANOS E O SEXO

OS SERES HUMANOS E O SEXO

O instituto da família, que até hoje tem sido a base fundamental das sociedades humanas, em todos os povos e nações, está sendo demolido por teorias e ideologias materialistas insidiosas e dissolventes. Nesta lamentável transição, de moralidade frouxa e elástica, que caracteriza os dias em que vivemos, as relações entre as pessoas se modificam constantemente para pior, e as leis do sexo ficam sendo cada vez menos compreendidas e, em conseqüência, mais deturpadas pela vivência dos instintos.

As ligações entre homens e mulheres tendem a se reger pelas concepções licenciosas do sexo livre, que o homem dos nossos tempos, apesar de sua tão decantada civilização, ainda não está em condições de usufruir com grandeza esse relacionamento, sem regresso à animalidade. O desgoverno psíquico das massas, que tende a aumentar, está a todo instante, vindo a furo nas monstruosas aberrações do sexo, que se alastram envolvendo, sobretudo, a criança desamparada e a juventude inquieta e desnorteada. Esta calamitosa situação é conhecida e debatida por estudiosos, investigadores e religiosos, porém, há fundas divergências entre eles, segundo o ponto de vista em que se colocam. É certo que no divergir não há consenso, mas o que deve prevalecer para as massas são as orientações no melhor sentido, e não no das acomodações que levarão, sem a menor dúvida, para a dissolução do instituto familiar.

No livro, ‘Vida e Sexo”, de autoria espiritual de Emmánuel, diz o mentor de Chico Xavier: “A princípio, exposto aos lances adversos das aventuras poligâmicas, do sexo desvairado, o ser humano avança, de tempos em tempos, de ensinamento em ensinamento, para a monogamia, reconhecendo a necessidade de equilíbrio em matéria de sexo. Depreende-se disso, que toda criatura na Terra, transporta em si mesma, determinada taxa de carga erótica, de que, em verdade, não se libertará unicamente por palavras e votos brilhantes, mas à custa de exercício mental, experiência e trabalho, de vez que instintos e paixões são energias e estados próprios à alma de cada um, que as leis da Criação não destroem, mas sim, auxiliam cada pessoa a transformar e elevar essas energias no rumo da perfeição.”

Nos mundos inferiores, igual ao nosso, o sexo é organização material para a aproximação de espíritos e a reprodução da espécie. Nos mundos mais avançados, é atração espiritual e afinidade irresistível para vivência e refinamento emocional; emoção não de sentidos, mas de sentimentos, fusão de almas, integração recíproca. A Doutrina Espírita, oferecendo melhor ensino, explica que os espíritos não têm sexo “como o entendemos”, esclarecendo que o sexo, para os espíritos desencarnados, que não possuem perispíritos formados de matéria bruta, não é representado por órgãos de reprodução, mas por modos de sentir e por mentalidades e psiquismos diferentes.

Por necessidade de evolução, o espírito ora assume corpos femininos como também masculinos, fazendo experiências e aprendendo e desenvolvendo os conhecimentos e estreitando as afinidades com outros espíritos. A crença das “almas gêmeas” vem das atrações fortíssimas que os espíritos sentem uns pelos outros, buscando unirem-se através de todos os meios, para encontrarem a harmonia, a paz e a felicidade. Toda vez que encarnam os espíritos tomam corpos sexuados, com formas femininas ou masculinas, segundo as provas e experiências que devem realizar na presente encarnação. No sentido da evolução, os espíritos realizam experiências de muitas espécies, em vários setores de atividades, positivas ou negativas, sempre tendo em vista desenvolver sentimentos e aptidões morais. Um espírito que já tenha tido várias existências no campo das realizações positivas de virilidade, energia física, dinâmica de ação e desenvolvendo a inteligência, como homem, em certo momento, para o equilíbrio e o progresso harmonioso, submete-se à Lei e passa a realizar experiências no campo das atividades femininas, desenvolvendo sentimentos de bondade, ternura, paciência, abnegação e maternidade.

É comum verem-se homens afeminados, tímidos, propensos à existência calma dos ambientes domésticos, tendo os mesmos gostos, pendores e sentimentos próprios de mulheres; como também observamos algumas mulheres virilizadas, tanto no aspecto físico como nas tendências, nas ações e nos sentimentos. Percebe-se logo que os afeminados são espíritos que estão vindo de várias existências como mulheres; mudaram de campo e estão iniciando provas e adquirindo conhecimentos no setor masculino, cujas características de força, decisão, coragem e impetuosidade, os amedrontam e os constrangem; e os espíritos com vivências masculinas, que estão iniciando os primeiros passos no setor da vida feminina, utilizando corpos débeis e delicados, mas ainda conservando e manifestando as tendências próprias do sexo oposto que encarnavam até então, reagem a essa nova condição, gerando situações desagradáveis e ás vezes até constrangedoras, e somente após várias outras encarnações nas mesmas condições, essa rejeição tende a desaparecer. Devemos ter compreensão e paciência com esses nossos irmãos, que estão em processo de evolução.


O sexo que foi dado ao ser humano para aproximação dos espíritos afins, reprodução da espécie e para a realização de progresso nas duas condições de existência, já mencionadas, foi pelo homem, transformado exclusivamente em fonte de prazer, em que o sentimento pouco conta, mas sim, a paixão material, o desejo de posse que, muitas das vezes, quando exacerbado ou contrariado leva ao crime. Esta deformação que fizeram do sexo não é um defeito de alguns, mas de milhões, devido a inúmeros fatores, como: costumes, hábitos, legislação, educação, etc., entretanto, sendo uma só a causa fundamental: a imperfeição do ser humano.

A prática sistemática do ato sexual visando apenas o prazer, se transformou em arraigado vício, do qual o homem não se livra nem mesmo na decrepitude, na velhice, quando o corpo físico não tem mais energias viris, enquanto que o espírito continua ainda preso ao desejo, o que demonstra que se trata de uma falha do espírito e não do corpo. O espírito viciado, ao desencarnar leva consigo esse defeito, que lhe custará momentos de cruéis padecimentos nos planos espirituais, não só porque lhe retarda o progresso, como pela impossibilidade de satisfazer seus desejos, na forma pela qual estava habituado aqui na Terra. Daí à prática negra do vampirismo sexual vai um só passo; e, na atualidade, aumenta sensivelmente o número desses casos dolorosos e sombrios, principalmente nas pessoas pouco instruídas e educadas.

Aliás, é o que acontece também com espíritos possuidores de outros vícios, como o fumo, o álcool, a gula, etc., os quais não podendo satisfazê-los na Espiritualidade, acorrem aos trabalhos nos terreiros e nas macumbas, para ali, através de médiuns mal preparados e de sentimentos afins, ou se apegam às pessoas que possuem os mesmos vícios, para através delas, saciarem seus desejos, usufruindo os fluídos. Atualmente as relações humanas ligadas ao sexo, sofrem tão profunda degradação, que a compreensão do assunto em bases espirituais, está mais com o passado severo e digno, do que com o presente degenerado e aceito por diversas famílias, que não querem se preocupar com os bons costumes, a moral e a responsabilidade que assumiram pela qual responderão perante Deus.

As formas, a beleza física, a sedução, a feminilidade na mulher, e a virilidade e o porte físico no homem, eis alguns elementos determinantes nas uniões dos seres humanos, nas quais imperam a sensualidade, o desejo de posse, o prazer do sexo, e o engano dos sentidos. Surge às vezes um afeto ilusório, passageiro, que estimula a relação e que se desfaz com o tempo, deixando-se levar apenas pelas exterioridades, sem o devido valor aos sentimentos, às virtudes morais, julgando verdadeiramente amar, aquilo que simplesmente é uma sedução. Confundem-se sexo que é uma necessidade fisiológica do corpo, com amor que é um sentimento que brota do íntimo das pessoas. Sexo é uma prática física, enquanto o amor é um sentimento que faz a pessoa se doar em benefício do seu próximo.

Atualmente, com o alastramento do moderno paganismo, a intimidade precoce do sexo e os maus costumes de pessoas que os jornais, o cinema, a televisão e a internet promovem amplamente, produzem enganos e um crescente relaxamento nas uniões conjugais, predominando a carne sobre os sentimentos ou valores mais nobres. A falta de amor verdadeiro, a exemplo da grande maioria das mães, de uma afinidade real e também a ignorância da vida espiritual, são as fontes de milhares de separações que ocorrem no mundo inteiro, todos os dias. Não havendo amor, um sentimento mais forte ou mesmo uma amizade sincera, mas apenas o desejo do sexo, e, sendo as leis e costumes favoráveis às separações, tudo ajuda nesse sentido negativo.

Os homens primitivos se utilizavam das mulheres e mantinham-nas sob suas garras; os homens das civilizações antigas escravizavam-nas e repudiavam-nas segundo seus desejos; entretanto, a partir da era cristã, por força da influência de Jesus, as relações melhoraram, passando as mulheres a serem valorizadas e o homem a considerar a mulher como sua companheira, esposa, mãe e senhora de direitos e deveres; entretanto, em nossos dias, caminhamos rapidamente para a desagregação familiar em virtude da licenciosidade dos costumes e a própria atitude da mulher, abandonando o lar para se lançar nas competições do mundo, inclusive adotando seus vícios, maus costumes e desregramentos, tem contribuído para esse estado.

Algumas mulheres perguntam: “Por que os homens podem tudo em termos de sexo e a mulher se é um pouco mais liberal, é logo vista de forma preconceituosa?” – Não é que os homens possam tudo e as mulheres pouco. O problema é que a sociedade distorcida em que vivemos ainda é mais tolerante com a promiscuidade masculina. Mas isso não é vantajoso para os homens, embora pareça. Tanto o homem com a mulher tem a mesma responsabilidade em relação à postura sexual adotada. Se todos os seres humanos soubessem das conseqüências que a promiscuidade sexual acarreta às suas vidas espirituais, certamente que seriam mais comedidos. Desde a revolução sexual feminina, na década de 1960, muitas mulheres acreditam que ao conseguir a mesma liberdade sexual exercida pelos homens, está conquistando um direito. È puro engano. Esse raciocínio induz as mulheres a se nivelarem por baixo com os vícios e degradações da cultura machista. O sexo irresponsável acaba gerando sérios problemas físicos, emocionais e espirituais para aquele que o pratica, independente de ser homem ou mulher.

Mas, perguntarão: E as religiões nenhum entrave colocam a essa lamentável degradação? – Sim, algumas fazem o possível teoricamente condenando o divórcio e se batendo pela moralidade dos costumes. Porém, a questão não está em proibir os divórcios, mas em se evitar que eles se dêem, mudando os sentimentos das pessoas. Para essa delicada tarefa, as religiões dogmáticas e outras doutrinas de fundo materialista, não possuem meios eficientes, porque não encaram os problemas de forma objetiva e espiritual, não admitindo as leis da reencarnação e de causa e efeito, as únicas que explicam e podem formar nos adeptos, uma mentalidade compreensiva.

A religião tradicional condenou o sexo e fez dele a fonte de toda a perdição. A Doutrina dos Espíritos reconsiderou a questão, num meio termo entre os exageros pagãos, cristãos e a castidade. É através do sexo que se processa a reencarnação do espírito e é feita a substituição dos seres humanos. Como, pois, considerá-lo impuro ou imoral? – A educação sexual deve ser encarada seriamente, apoiada na pedagogia espírita. No âmbito da família, a atitude acertada é a de não responder com mentiras douradas às indagações das crianças sobre questões sexuais. Por exemplo: Se a criança perguntar: “Como ela nasceu?”, deve-se responder: “Da mesma maneira que os gatinhos e os cachorrinhos”, como também pode-se dizer: “Da barriguinha da mamãe”. Assim os pais vão vencer as dificuldades, sem lendas ou mentiras.

De todos os casos sexuais em que haja afinidade moral, aproximação de condições evolutivas ou então, compromissos anteriores à encarnação, ocorrem às uniões por afinidade espiritual. Nessas uniões, haverá ou não, conforme o caso, harmonia, entendimento e relativa felicidade que a existência neste planeta pode oferecer aos seus habitantes. Nestes casos, pode-se dizer que esta será uma união duradoura, pois tem suas raízes no encontro de espíritos afins e não pela carne. Se a finalidade da existência é apurar o sentimento a ponto do espírito se libertar do sexo e de todo o egoísmo, e exemplificar o “Amor ao próximo com a si mesmo”; se também é capaz de tornar o espírito submisso ao determinismo divino, por que então não se aproveitar dessa oportunidade, sejam quais forem às circunstâncias que tenham determinado a união, a fim de apressar a conquista das virtudes cristãs e a evolução espiritual?

Estamos vivendo atualmente, momentos sombrios em que as trevas dominam grande parte das pessoas, em que a abominação e a desolação, prevista por Jesus, campeiam no mundo... entretanto após essa tempestade de desamor e desagregação, dias virão em que o sopro da renovação, o esplendor da verdade, da justiça divina, da redenção pelo verdadeiro amor, brilhará novamente iluminando as mentes amarguradas dos seres humanos, consolando e enchendo de esperança os corações tristes e sofredores, dos que habitam este mundo, ainda de expiações e sofrimentos, que passará a ser uma morada de regeneração, paz e amor...

Virá para esta Terra, um tempo onde todos aqueles que seguiram os ensinamentos redentores de Jesus, e amarem seus irmãos verdadeiramente com sentimentos fraternais, serão mais felizes, porque nela estará implantado o Reino de Deus...



Que a Paz e o Amor do Mestre Amado Jesus, reine em nossos corações.




Bibliografia:
Livro “Vida e Sexo”
“O Espiritismo e a Próxima Renovação”


Jc.
Refeito em 07/09/2006.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

JESUS E OS EXCLUIDOS

JESUS E OS EXCLUIDOS

Atualmente fala-se muito dos excluídos da sociedade. Para entender essa situação, temos que voltar ao passado, e saber por que Jesus criou um sistema grupal para transmitir os seus ensinamentos.

Na época de Jesus, era comum na Palestina, a formação de grupos para defender uma causa ou o interesse comum dos seus componentes. Numa análise rápida dos principais grupos, evidencia-se para nós, o motivo pelo qual Jesus formou o seu próprio grupo de seguidores, que observavam as suas sentenças e buscavam o aprendizado e a vivência dos seus ensinamentos transferidos através das parábolas...

O primeiro grupo que avaliaremos será o dos Fariseus, cuja palavra originária do hebraico, significava separação, divisão. As características deste grupo eram: obediência cega à Lei Oral, a observância religiosa colocada acima do nacionalismo judaico, sendo servos das práticas exteriores do culto e das cerimônias; a pregação do proselitismo, mas não aceitavam inovações. Eles acreditavam na suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas; acreditavam ainda na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos, isto é, no surgimento de uma nova e definitiva vida, distinta e oposta à existência terrena.

O segundo grupo social importante era o dos saduceus, composto pelos sacerdotes do Templo. Eles eram descendentes de Zadoque, o grande sumo-sacerdote dos tempos de Davi, e tinham por base a afirmativa de que toda Lei deveria ser escrita e imutável. Tinham eles seu próprio texto adicional chamado o “Livro dos Decretos”, que estipulava um sistema de punição: - quem seria apedrejado, queimado, decapitado ou crucificado. Devido à rígida observância da Lei Mosaica, seu conceito de Templo como única fonte e centro do governo judaico, os levava à própria condição hereditária de suas funções. A direção do Templo era exercida pelo sumo-sacerdote que desempenhava as funções de um regente secular, e por um comitê de anciãos que formavam o Sinédrio, que desincumbiam-se dos deveres religiosos e legais. Eles não acreditavam na imortalidade da alma, nem na ressurreição, nem nos bons e maus espíritos.

O terceiro grupo importante era o dos essênios, formado pelo agrupamento de várias seitas milenares da orla do deserto. Tinham avançados sistemas de canalização em seus edifícios, para suas purificações ritualísticas, bem como sala de reuniões. A preocupação com a literatura era demonstrada pela presença de bibliotecas, cujos rolos com as coleções eram colocados em jarros escondidos em cavernas próximas. Possuíam costumes brandos e virtudes austeras; ensinavam o amor a Deus, a imortalidade da alma e a ressurreição. Outras características dos essênios eram o celibato, a condenação da servidão e da guerra, o cultivo da agricultura e uma estrutura social, onde os bens eram comuns a todos.

O quarto grupo social era o dos Zelotes, cujo nome vem da história de Finéas, no Livro dos Números. Ele salvou Israel da peste e, assim, se dizia ter sido “zeloso com seu Deus”. Os sicários eram elementos terroristas dos zelotes. Eles levavam adagas
escondidas e costumavam assassinar judeus colaboradores dos romanos...

Jesus, então iniciou a sua missão, convidando inicialmente os pescadores, homens excluídos da sociedade judaica, devido à observância da Lei, que afirmava ser o trabalho com animais, impuro diante de Deus. Portanto, eles não poderiam ser admitidos nos grupos dos fariseus, dos saduceus, dos essênios ou dos zelotes. Depois, Jesus avistou um publicano, coletor de impostos. De todas as imposições do governo romano, era o imposto, o que os judeus mais detestavam, colocando-o como questão religiosa, em virtude de ser contrário à Lei. Assim, aqueles que não conseguiam outras oportunidades de trabalho e que possuíam conhecimentos matemáticos, se empregavam como cobradores de impostos. Mateus ou Levi, era íntegro em sua vivência e Jesus o convidou para fazer parte do seu grupo. Veio depois o convite a outros e também a Simão, o zelote, que passou a ser um ex-zelote, citado nos Evangelhos.

Jesus, portanto, formou um grupo de pessoas excluídas da sociedade para demonstrar-nos o seu amor pelos humildes... Hoje não temos pescadores, publicanos, ex-zelotes ou mulheres do povo excluídos da sociedade, mas temos e os encontramos como desempregados, moradores de rua, idosos desamparados, usuários de drogas, vendedoras de sexo e menores abandonados. Para ajudá-los, devemos deixar de lado um pouco do nosso comodismo, que nos aprisiona na ociosidade, e amparar de alguma forma esses excluídos, atendendo ao chamado de Jesus, quando disse: “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e fostes me ver.” – Então os justos lhe responderão: “Senhor, quando foi que fizemos tudo isso que não lembramos?” – Ao que Jesus lhes responderá: “Em verdade vos digo: Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.

Assim, diante dos excluídos, sejamos simples e humildes, compreendo-os na posição em que se encontram. Sem sermos coniventes com o erro, devemos ter piedade para com nosso semelhante que precisa de nossa ajuda. Não vamos interrogá-lo sobre a causa de sua queda. Tenhamos a palavra de conforto e de esperança e comecemos com o exercício do amor ao próximo, ajudando-os no que for possível fazer, e, confiado na Bondade, Justiça e Misericórdia de Deus.

Também nenhum grupo permitia o ingresso de mulheres em suas fileiras, em virtude de não serem elas consideradas como “gente” pela estrutura social vigente naquela época. Mas, todos os evangelistas citam as presenças femininas marcantes junto ao Mestre Amado: Maria de Nazaré, sua mãe,; Maria de Magdala ou Madalena a vendedora de ilusões; Joana de Cusa; Maria mão de Tiago; Marta e Maria, irmãs de Lázaro, e tantas outras anônimas, que O acompanhavam em suas peregrinações.

João o apóstolo amado, nos afirma o seguinte: “Se alguém disser; amo a Deus e odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.” – Estendamos nossos braços acolhedores aos excluídos de hoje, para que amanhã, possamos também encontrar outros braços direcionados para nós, de acordo com a máxima que diz: “É dando que se recebe”. Diz César Reis que, se Jesus reencarnasse nos dias de hoje, encontraria a Terra profundamente necessitada de evangelização como outrora. Seu esforço de há dois mil anos produziu frutos magníficos, no entanto, se o ser humano avançou muito em tecnologia e em ciência, mas ainda precisa crescer moralmente.

Naquele tempo, Jesus mostrou a necessidade de se remodelar a sociedade humana, através da transformação individual. Ele iniciou sua vida pública, com o episódio das bodas de Caná, mostrando o significado da Sua presença transformadora. Muitos até hoje discutem o nascimento, o corpo, os milagres e a morte de Jesus. Mas, como Allan Kardec acentua, o que ninguém discute é a essência moral dos seus ensinamentos, que é o que realmente interessa. Assim acontece porque o ser humano perdeu o significado profundo das mensagens do Divino Mestre. Jesus hoje, reencontraria a Terra envolvida em injustiças sociais e egoísmo, apesar de ser muito grande o número dos que se dizem adeptos do Cristianismo, em suas variadas formas.

Bezerra de Menezes descreve, de maneira genial, o Cristianismo dos primórdios: “Na Casa do Caminho, se trabalhava durante todo o dia em favor dos necessitados. A Casa recebia os doentes, os miseráveis de toda ordem, os escravos e os necessitados. Os seguidores de Jesus tratavam das feridas, cuidavam dos famintos dando-lhes o alimento, assim como cuidavam das roupas. À noite, reuniam-se todos e os apóstolos contavam as passagens, os ensinamentos, as parábolas, os fatos da existência de Jesus. Era assim, com tocante pureza e simplicidade que aquelas pessoas davam o testamento da sua fidelidade ao Mestre Amado.” Depois, acrescenta Bezerra de Menezes, “os homens inverteram o processo. Construíram templos enormes e luxuosos, estabeleceram regras, dogmas, castas; colocaram-se como donos da lei, associaram-se aos políticos, influenciaram na economia e se tornaram detentores de grandes fortunas. O ensino de Jesus passou a se processar em templos fechados e muitas vezes, deturpado e sem exemplificação”.

A missão da Doutrina dos Espíritos é a volta à simplicidade, à exemplificação, ao testemunho, a fraternidade. Relembra a maneira antiga, mas sempre atual do Evangelho, porque não há outra fórmula que possa resolver os conflitos da existência atormentada das pessoas e as desigualdades sociais. Há necessidade da difusão dos Seus ensinamentos; a criação de núcleos evangélicos que assista e oriente a educação transformadora, que façam reviver os valores do amor, da caridade, que façam ressurgir a família como base da sociedade. Há necessidade de um grande esforço de regeneração, sobretudo para que cada pessoa busque a auto-educação.

Evangeliza-se a pessoa para evangelizar a família, para transformar a sociedade. É preciso formar a pessoa de bem, que somente será digna de tal nome quando praticar: A fraternidade – Jesus ensinou que somos todos filhos do mesmo Pai Celestial; portanto, somos todos irmãos; o respeito ao próximo – Jesus ensinou que aquilo que é nobre em nós é a presença divina, em todos, sem exceção; portanto somos todos igualmente importantes. Jesus ensinou ainda que a pessoa que busca a paz, sabe que a paz está dentro de si, que é o amor de Deus; a reforma íntima - Jesus ensinou que, para segui-lo, temos que nos esquecer de nós mesmos; vencer os velhos vícios, as emoções descontroladas; inevitavelmente temos que proceder à nossa reforma interior para que surja a pessoa nova; a caridade – Jesus ensinou que ela é o supremo instrumento de renovação: caridade só pode ser praticada por aqueles que têm amor; é a doação de sentimentos, é solidariedade, é pensamento de amor que se projeta no olhar, no sorriso, no gesto amigo de fraternidade; a busca da consciência – Jesus ensinou que a consciência é geradora de responsabilidade: somos espíritos imortais, em aprendizado, crescendo em cada existência; que hoje somos o resultado do que fomos ontem, e que a semeadura de hoje provocará a colheita obrigatória no amanhã, do que tivermos semeado.

Jesus, hoje, encontraria a Terra bem melhor do que há dois mil anos. Resolvemos de maneira brilhante os problemas da inteligência, mas ainda estamos muito longe de resolver os problemas da convivência fraterna. Jesus certamente está conosco, mas nós ainda não conseguimos estar plenamente com Ele. A principal causa disso é o egoísmo que se fundamenta sobre a importância da personalidade, do eu, desconhecendo os princípios da caridade. O egoísmo se caracteriza na pessoa, pela ausência do sentimento de fraternidade para com os semelhantes, excluídos ou não. A cobiça e a posse dos bens terrenos, leva o ser humano a se tornar insensível ao sofrimento alheio e ingrato até mesmo aos que lhe ajudaram a conseguir fortuna.

Há ricos e pobres porque Deus sendo justo, possibilita aos ricos a prova da fraternidade e da caridade, e aos pobres a prova da resignação e da humildade. È certo que algumas vezes nos perguntamos se Deus é justo em possibilitar a riqueza terrena a pessoas que fazem da fortuna, a exploração e a miséria dos seus semelhantes. O egoísta quer tudo só para si, e tudo faz para conseguir seus propósitos, nem que tenha de sacrificar a própria família, os amigos, empregados e outros que possa explorar. A verdade é que o ser humano vive em busca de uma forma de felicidade, correndo atrás de algo que nem sabe bem o que é, que termina gastando o seu tempo, sem se dar conta, porque a felicidade não é um objeto; encontra-se ela nas coisas simples da vida, como: o admirar o por do sol; a beleza da Natureza; o sorriso de uma criança; o abraço de um amigo; a manifestação de carinho de um familiar; o agradecimento de uma pessoa a quem beneficiamos, e muitas e muitas outras maneiras simples, que não damos o devido valor.

A nossa principal preocupação deve ser a de conseguir os bens imperecíveis da alma. Jesus nos ensinou: “Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã. Buscai primeiramente o Reino de Deus, através do cumprimento das Suas Leis, da fé consistente, da oração, da caridade, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas.” Que Jesus nos inspire a fim de que a simplicidade, o amor e a caridade sejam os atributos de nossa existência, conforme nos ensina a Terceira Revelação, que é a Doutrina dos Espíritos,
base complementar dos ensinamentos do Mestre Amado Jesus...

Que a Paz do Senhor, nos estimule ao amparo de nossos irmãos necessitados, sofredores e excluídos.


Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Livro “Boa Nova”

Jc.
Refeito em 14/12/2004

A MEDIUNIDADE

A MEDIUNIDADE

O meio que nos põe em contato com os espíritos, é a mediunidade. A mediunidade é o veículo pelo qual entramos em relação com os espíritos, e todos nós a possuímos, embora em graus diferentes. Por ela, Deus que é Bondade Infinita, permite-nos que continuemos a sentir vivos e palpitantes de amor, aqueles que constituíram na Terra, nossas mais queridas afeições.

Para compreendermos onde reside a mediunidade, sabemos que somos compostos de três elementos: O espírito, o perispírito e o corpo físico. O espírito representa a nossa individualidade, o nosso “eu” imortal, sendo a parte de nós que pensa, sente e age. O perispírito é um véu fluídico que envolve o espírito e o liga ao corpo, durante o tempo da encarnação. É inseparável do espírito e é tanto mais luminoso, quanto maior for o adiantamento moral do espírito. É invisível para nós no estado normal; porém pode tornar-se visível, como no caso das materializações e das aparições. O corpo físico é o instrumento pelo qual o espírito atua no mundo terreno. Quando encarnados, estamos com a alma, o perispírito e o corpo; e quando estivermos desencarnados, possuiremos o espírito e o perispírito. Este é o receptor das sensações e o transmissor delas para o espírito, como sendo um intermediário. As sensações físicas são recebidas pelo corpo através do sistema nervoso de que é dotado. As sensações espirituais também são recebidas pelo perispírito que irradia através do nosso corpo e o contorna como uma névoa de luz.

À medida que o ser humano vai se moralizando suas faculdades psíquicas se dilatam e sua percepção espiritual aumenta. É a mediunidade para nos iluminar e aos que conosco caminham. Por isso Jesus disse: “Brilhe a vossa luz.” “À mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre a carne e prometida pelo Divino Mestre, aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra”, garante-nos o benfeitor Emmanuel.

O Cristo foi o grande médium de Deus entre os homens; quando aqui esteve, iluminou a face do planeta de uma luz intensa e definitiva que nunca mais se apagou. Sua aproximação dos seres humanos intensifica os registros mediúnicos de almas já dispostas ao bem. Maria de Nazaré, observa a figura de um anjo que lhe anuncia a maternidade próxima. Isabel, sua prima, abre os canais mediúnicos de intuição para o registro do fato de que também seria mãe. Registra ainda o Evangelho, a iluminação da mediunidade de José; espíritos angelicais lhe orientam, por sonhos, as decisões a serem tomadas com vistas à proteção do seu filho, das atrocidades de Herodes. Anjos manifestam sua alegria aos homens, entoando cânticos e louvores pela chegada ao mundo da Luz de Deus.

E Jesus aparece e anuncia: “Eu sou a luz do mundo”. Luz que não se negou a iluminar nem mesmo as mais sórdidas e escuras cavernas de nossas almas adoecidas nos próprios desmandos e loucuras. Conviveu Ele com as trevas; curou homens que adoeceram no convívio longo com mentes impregnadas de mágoas e ódios. Quando nós nos desequilibramos, entregamos nossa mente a muitas outras mentes, como aquele geraseno obsediado que andava por entre sepulcros e por montes, ferindo-se e que foi curado pelo Mestre.

Respondendo à pergunta 567 do “Livro dos Espíritos”, os instrutores espirituais dizem a Kardec que, “os espíritos vulgares costumam de imiscuir em nossos deveres e ocupações. Eles nos rodeiam constantemente e com freqüência tomam parte ativa no que fazeis, de conformidade com suas naturezas”. Se eles estiveram até no caminho de Jesus, na terra, e receberam d’Ele expressões de amor, imaginem como não estão tentando impedir nossos passos no caminho da luz. O Evangelho nos trás à observação a figura de um grande médium. Pedro, pescador, era pobre a quem Jesus conclama para a tarefa de “pescador de almas”. Essa é a função do médium no uso do magnetismo e da mediunidade que lhe é inerente; pescador de almas para as tarefas de amor a que o Evangelho nos convida; para levar as criaturas a se achegaram a Jesus, e não a eles os médiuns.

Antes do Cristo, a mediunidade servia à curiosidade e à inércia mental, atuando apenas em atos de vingança e ódio, como instrumento de poder e de pavor, como nos confirmam os relatos bíblicos. Foi Jesus quem deu a dimensão luminosa aos fatos mediúnicos, desde sua chegada a Terra, até sua partida desta. Jesus nos alerta, porém: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito é firme, mas a carne é fraca”. João também nos adverte quanto ao zelo no trato com a mediunidade dizendo:”Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus”. Esse zelo, também encontramos na Codificação Espírita, com a afirmativa do codificador de que, “é preferível rejeitar noventa e nove verdades, a aceitar uma mentira”.

Nos relatos dos apóstolos, poderemos nos contagiar com seus exemplos de amor e humildade, virtudes necessárias à tarefa mediúnica que é um dom divino e com ela devemos suavizar os sofrimentos alheios, cooperando com os espíritos curadores, concorrendo para o alívio dos que sofrem. Entretanto, nunca esqueçamos de dar de graça, o que Deus de graça nos concedeu. Nem troquemos por algumas moedas, o que a bondade de Deus quer distribuir aos seus filhos necessitados.

Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos espíritos, é por esse fato um médium. Essa faculdade é inerente ao ser humano; não constituindo privilégio exclusivo e raras são as pessoas que não possuem alguns rudimentos, ou que não tiveram na infância alguma experiência mediúnica, visto que o espírito da criança até os seis anos de idade, está mais ligado ainda ao mundo espiritual.

O termo médium é aplicado pelos espíritos ao indivíduo cuja faculdade mediúnica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos de certa intensidade, o que depende de uma situação mais ou menos sensitiva. A percepção das influências espirituais se dá pelo fenômeno mental da sintonia, gerando pensamentos plasmados que, ao se exteriorizarem, entram em comunhão com as faixas de idéias do mesmo teor vibratório, estabelecendo-se, assim, a sintonia mediúnica. Noutras palavras, atraímos os espíritos que se ligam com nossos pensamentos, palavras e atos, tanto quanto somos por eles atraídos pela sintonia.

Como na mente acha-se a base de todas as manifestações mediúnicas, é imprescindível que seja ela enriquecida de tesouros culturais, morais e de amor. Com o advento do Cristianismo, a mediunidade atingiu a sublimação com as manifestações provocadas por Jesus, como no Monte Tabor, ao invocar os espíritos de Moisés e Elias que aparecerem ao seu lado, para os apóstolos; também quando apareceu no seu corpo perispiritual aos apóstolos que estavam trancados, receosos de serem trucidados pelos fariseus; e ainda, quando se juntou aos discípulos a caminho de Emaús, e após se dar a conhecer, desapareceu. Na Idade Média prosseguiu nos feitos de Francisco de Assis, nas visões de Lutero.

A mediunidade existe desde as épocas mais remotas, mas foi somente na Doutrina dos Espíritos que encontrou um sentido mais elevado e disciplinado. Nos tempos modernos, nas prodigiosas manifestações através de Francisco Candido Xavier e Divaldo Pereira Franco, sem desmerecer as centenas de outros médiuns espalhados pelo mundo. O médium consciente do seu papel e responsabilidade precisa buscar disciplina e iluminação íntima, para tornar-se um instrumento de progresso, com vistas à felicidade coletiva e própria. Geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de manifestações.

As principais variedades de médiuns são: médiuns de efeitos físicos; médiuns sensitivos; médiuns audientes; médiuns curadores; médiuns escreventes; médiuns psicógrafos, etc. Os médiuns de efeitos físicos, são aptos a produzir fenômenos materiais, como a movimentação de corpos inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transporte, etc.. A mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento da Doutrina dos Espíritos, com o objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do além, espirituais. Médiuns sensitivos, são as pessoas que sentem a presença do espírito. Esta faculdade pode adquirir tal sutileza que aquele que a possui, reconhece não só a natureza, boa ou má do espírito que está lhe influenciando, mas até sua individualidade. Médiuns falantes ou audientes, são os que transmitem a mensagem do espírito através da fala. Médiuns curadores, são os que realizam as curas através do pensamento ou das mãos impostas sobre o doente. Médiuns psicógrafos, são os que recebem as mensagens espirituais, utilizando o lápis ou caneta e papel.

Falando sobre a faculdade mediúnica, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita é o meio melhor, mais simples, mais cômodo e o mais completo. Ela permite que se estabeleçam com os espíritos, relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por meio da escrita que os espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de aperfeiçoamento ou de sua inferioridade.

Chegada à hora em que devemos iniciar nosso trabalho mediúnico, de nosso corpo começa a desprender-se uma irradiação fluídica que possui certo brilho, de maneira que ficamos envolvidos por uma espécie de luz espiritual. Os espíritos sofredores, buscando alívio, são atraídos por essa luz. Uma vez agarrados a nós, não nos largam até que lhes seja indicado um modo de alcançarem um pouco de melhora para seus sofrimentos. Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade são os seguintes: Sensação de peso na cabeça e nos ombros; arrepios, como se estivesse passando por nós alguma coisa muito fria; calor, como se estivéssemos encostados a qualquer coisa quente; profunda tristeza ou excessiva alegria sem sabermos por que. Estes sinais dia a dia se acentuam, à medida que as relações fluídicas entre a pessoa e os espíritos sofredores se fortificam; a saúde se altera devido à enorme carga de fluidos impuros que o nosso corpo armazena. O remédio capaz de produzir um resultado satisfatório é o desenvolvimento da mediunidade. Se tivermos o hábito de viver uma moral elevada, seremos auxiliados por espíritos bondosos que abrandarão as perturbações dos espíritos sofredores. Porém, somente isso não basta. Se não tratarmos de nos desfazer dos vícios e melhorar o nosso desenvolvimento moral, a nossa faculdade mediúnica se transformará em tormento e as influências negativas nos levarão a um sofrimento permanente.

Desenvolver a mediunidade é aprender a usá-la. E para isso devemos procurar um Centro Espírita e, sob a orientação do diretor dos trabalhos, iniciarmos o desenvolvimento da mediunidade. É conveniente só fazer esse trabalho mediúnico no Centro, nunca em casa. Para que o médium seja bem sucedido deve cultivar as seguintes virtudes: A perseverança, a paciência, a boa-vontade, a humildade e a sinceridade. A mediunidade não se desenvolve de um dia para o outro; leva-se meses e às vezes até anos, e para isso é preciso ter paciência. Um bom desenvolvimento exige que sejamos persistentes e perseverantes. Ter boa-vontade é comparecer sempre e com satisfação às sessões. A humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus, e que sem Ele, nada podemos fazer.

O médium sincero é aquele que transmite fielmente o que os espíritos ditam, mesmo que a comunicação seja contrária ao seu modo de pensar ou mesmo uma reprimenda ao médium. Se o médium faltar com a sinceridade no desempenho da função mediúnica, cedo ou tarde sofrerá as conseqüências de seus atos. Conquanto a mediunidade curadora seja um dom que se traz ao nascer, todos podemos ser médiuns curadores, porque todos nós possuímos a força magnética, mesmo que não seja em alto grau dos médiuns curadores.

O conhecimento da lei de afinidade moral faz com que tenhamos a proteção dos bons espíritos e evitemos a influência dos espíritos ignorantes. Afinidade quer dizer semelhança. Pessoas e espíritos de moral igual se atraem e de moral contrária se repelem. Esta lei rege nossas relações tanto com os encarnados como com os desencarnados. Assim sendo, a afinidade moral agrupa os bons espíritos e repelem os maus; os maus por seu lado se reúnem e evitam os bons. Um espírito bondoso não procura um médium orgulhoso, assim como se afasta de um médium que tenha vícios.

A seriedade é a virtude que o médium possui de só utilizar sua mediunidade para fins benéficos. A modéstia faz o médium reconhecer que ele é um simples instrumento da vontade do Senhor. O devotamento leva o médium a se dedicar a fazer o bem a seus irmãos sofredores. A abnegação faz o médium ir até o sacrifício, renunciando a seus prazeres, a seus hábitos, para prestar socorro mediúnico a quem esteja precisando e lhe solicite. O desinteresse é a razão que faz o médium “dar de graça o que de graça recebeu”.

Algumas causas levam os médiuns ao fracasso. Eis algumas: Leviandade, indiferença, presunção, orgulho, egoísmo, inveja, elogios e exploração. Por isso é preciso a máxima vigilância, para não deixar que elas produzam seus efeitos maléficos. Em alguns casos, o médium é obrigado a suspender temporariamente o exercício da mediunidade. Nesses casos deve pedir a Deus que o desobrigue dela, enquanto durar o impedimento. Alguns exemplos: Por motivo de viagens; por motivo de serviço ou de estudos. Também durante a gestação, é aconselhável se abster de praticar a mediunidade, porém deve freqüentar o Centro, assim como as mães com bebês para cuidar. Embora com a mediunidade suspensa, deverá o médium diariamente dedicar alguns minutos à prece, pedindo pelos que sofrem. Pode acontecer ainda que o médium tenha sua mediunidade suspensa por ordem superior; os guias espirituais resolvem cancelar-lhe a mediunidade, provisoriamente, por duas razões: 1ª- os guias espirituais suspendem a mediunidade para que o médium passe por um período de repouso, para que sua organização físico-espiritual se reajuste e se fortaleça, preparando-o assim, para novos trabalhos futuros; 2ª- quando o médium se desvia do reto caminho, entregando-se a atos contrários à mora elevada, sua mediunidade é cancelada, por piedade, para que não lhe aconteça males maiores. Corrigido o erro que motivou a suspensão, novamente o médium passa a merecer a assistência dos seus guias espirituais.

As mensagens que através da mediunidade são enviadas pelos Espíritos Protetores, são alerta para os médiuns, quanto às atitudes corretas que devem adotar diante do convívio na sociedade. Como se trata de um dom gratuitamente cedido por Deus, a prática da mediunidade deve ser exercida sem a cobrança de quaisquer favores ou vantagens materiais. Os benefícios devem atingir sem exceções, a pessoas de qualquer condição social. Deus quer que o benefício chegue a todos, não quer que o mais pobre fique privado dele e possa dizer: “Não tenho fé, porque não obtive o consolo; porque sou pobre e não posso pagar.”

Finalizando, sabemos que a mediunidade é um dom que Deus dá às pessoas, não como um privilégio, mas como missão e como meio dos médiuns liquidarem seus pesados débitos contraídos em outras existências, exceto os que aqui chegam como missionários. Não deve o médium achar que é superior aos seus irmãos. Jesus disse: “Aquele que quiser ser o maior, que se torne o mais humilde servidor de seus irmãos”.


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.




Bibliografia:
“Mediunidade sem Lágrimas”
O Evangelho de Jesus
“O Livro dos Espíritos”


Jc.
S.Luis, refeito em 18/8/2002.

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores, qual o objetivo da encarnação dos espíritos, ou seja, o espírito assumir um corpo físico. Resposta dos Mentores Espirituais: “Deus lhes impõe a encarnação com a finalidade de fazê-los chegar à perfeição relativa. Para alguns, a encarnação é uma expiação, para outros, uma missão. Entretanto, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação. A encarnação tem também outro objetivo que é o de colocar o espírito em condições de cumprir sua parte na obra da criação.

Entretanto, para continuarmos a falar sobre encarnação, primeiro temos que conhecer o ser humano. Ele é formado de três partes essenciais:

1º- A alma, que é o espírito quando encarnado;
2º- O perispírito, princípio intermediário que serve de envoltório ao espírito e que une
a alma ao corpo;
3º- O corpo, ou o ser material.

Os espíritos e as almas, são a mesma coisa: sendo que se chama alma, quando o espírito está usando um corpo físico, e designamos espírito, quando este se encontra livre da matéria. O ser humano tem assim, duas naturezas; pelo corpo, participa da natureza dos animais, dos quais tem o instinto; pela alma, participa da natureza dos espíritos, dos quais tem os sentimentos. O que é o corpo físico ou a matéria? - É o veículo que retêm o espírito; é o instrumento de que se serve ele, e ao mesmo tempo, sobre o qual exerce sua ação. Os seres materiais, constituem o mundo visível, ou corporal. O que é o espírito? – É o ser inteligente do universo, incorpóreo, criado por Deus. Os espíritos povoam os espaços infinitos; os espíritos são uma das forças, instrumentos e mensageiros de que Deus se serve para a manutenção da harmonia universal. O mundo espiritual é o normal, preexistente e sobrevive a tudo, é eterno; enquanto que o mundo corporal não é senão secundário; poderia deixar de existir, sem alterar a essência do mundo espiritual. Deus criou os espíritos e deu a cada um deles, determinada missão, com o fim de fazê-los alcançar progressivamente a perfeição relativa.

Os humanos podem entrar em comunicação com os espíritos, mas não tê-los constantemente às suas ordens. e a comunicação é feita de lá para cá. Feitos estes esclarecimentos, voltemos ao assunto da encarnação.

Como o espírito foi criado simples e sem conhecimentos, não pode ele alcançar a perfeição relativa, apenas em uma existência. É necessário várias existências para que o espírito vá adquirindo valores e seja elevado a planos superiores. A cada nova existência, o espírito vai aumentado os seus conhecimentos e dando um passo na senda do progresso. Quando ele, finalmente, estiver livre de impurezas e alcançar um estágio evolutivo significativo, não terá mais necessidade de existir materialmente, a não ser como missionário em benefício da Humanidade.

O número de encarnações não é o mesmo para todos os espíritos; ele é determinado pelo progresso de cada um. Quando encarnado, a alma dispõe do livre-arbítrio para determinar seus atos. Podem ser eles, bons, levando-o a prosseguir mais rapidamente na evolução, ou serem maus seus atos, retardando a sua jornada e obrigando-a a muito mais reencarnações, que lhes causarão maiores expiações e sofrimentos. Dizem os Espíritos Superiores que, se não formos pelo amor, seremos forçados a prosseguir na escalada da evolução, pela dor.

O espírito ao reencarnar, escolhe o corpo, as condições deste, se sadio ou com deficiência, as condições e situações que vai passar na existência, o seio da família onde nasce, se rica ou pobre, culta ou inculta, honesta ou desonesta; tudo para lhe proporcionar as oportunidades de resgate de faltas passadas, e também o cumprimento da missão escolhida. Entretanto, algumas situações e sofrimentos que passamos na existência resultam de atos praticados pelo exercício do nosso livre-arbítrio, na própria existência. Porém, aquelas situações que passamos sem a interferência da nossa vontade, estas foram escolhidas por nós na espiritualidade, portanto, sendo do Determinismo Divino. E se não aceitarmos essas situações com resignação e confiança em Deus, de nada servirá para nós, o nosso sofrimento, visto que, voltaremos quantas vezes mais forem necessárias, até que tenhamos resgatados os nossos compromissos.

Há pessoas que entendem que a reencarnação pressupõe a destruição dos laços de família, visto que, vivendo inúmeras vezes na Terra, nossos pais, nossos filhos e a esposa de hoje, estarão amanhã substituídos por outras pessoas, ocorrendo o mesmo com relação à parentela. A Doutrina dos Espíritos, porém, afirma que os laços de família não são rompidos, mas sim, fortalecidos pela reencarnação, como veremos a seguir.

Existem quatro alternativas para a pessoa no seu futuro além morte: 1º- O nada absoluto, conforme ensinado pelo materialismo que diz que tudo se finda com a morte; 2º- A absorção no Todo Universal, consoante a doutrina panteísta, segundo a qual, depois da morte, retornamos à substância comum que compõe as coisas; 3º- A continuidade da individualidade, com a fixação definitiva da sorte, segundo os ensinos da Igreja Católica, que são o céu ou o inferno; 4º- A continuidade da individualidade, porém com possibilidades infinitas de progresso, mediante as reencarnações sucessivas, como ensina o Espiritismo.

De acordo com as duas primeiras teorias – materialismo e panteísmo – os laços de família desaparecem definitivamente com a morte, inexistindo qualquer possibilidade de reencontro. Na teoria Católica, existe a condição da família se rever, se estiverem no mesmo nível evolutivo e no mesmo meio, que pode ser o inferno ou o paraíso. A quarta alternativa que é a da Doutrina dos Espíritos, existe a certeza da continuidade das relações afetivas entre os que se amam, que voltarão em existências sucessivas, revezando-se às vezes nos papeis que lhes competem, que pode ser como pais, filhos irmãos e esposos.

É freqüente os espíritos reunirem-se na mesma família em várias reencarnações ou no mesmo círculo de vivência na Terra, trabalhando juntos para o aprimoramento de todos. Se uns estão encarnados e outros não, nem por isso estão desunidos, porquanto os que estão na espiritualidade, velam pelos que se encontram presos ao corpo físico. O temor do aumento indefinido da parentela em decorrência das várias existências não tem qualquer fundamento. A Doutrina dos Espíritos nos diz que, pelo fato de alguém ter tido dez encarnações, não quer dizer que ele encontrará no plano espiritual, dez pais, dez mães, dez esposas e um número proporcional de filhos. Ele reencontrará sempre os mesmos espíritos objetos de sua afeição, que lhes foram ligados na Terra sob papéis idênticos ou diferentes, algumas vezes.

O vínculo material fundamenta-se unicamente na filiação corporal, enquanto que o vínculo espiritual junta espíritos queridos que amam-se, por sucessivas encarnações e separa por algumas vezes, dando oportunidade a outros de se aprimorarem no convívio familiar, podendo mais tarde reencontrarem-se pelos laços do amor. É por isso que a família quando composta de espíritos afins, resulta num ambiente de harmonia, porém, quando formada por espíritos com débitos, a vivência é bem difícil.

Quando esperamos um filho, nos preocupamos para não ter um filho com problemas físicos ou mentais; que seja bonito e inteligente como nós, enfim, queremos que ele nasça perfeito para nossa satisfação. E acontece que Deus na sua infinita bondade e justiça, permite nascerem crianças deformadas, cegas, perturbadas, enquanto por outro lado, nascem crianças sadias, com visão, inteligentes, normais. Qual a razão dessas desigualdades, se no entender de outros religiosos, a existência é uma só? É essa a bondade de Deus que permite nascerem crianças privilegiadas e outras com problemas? Teríamos nós, humanos, melhor conceito de justiça do que a própria justiça de Deus? Qual a explicação para essas situações?

Sabemos nós perfeitamente, que Deus é amor, bondade, justiça, e misericórdia, que faz nascer o sol e vir à chuva para bons e maus, como então explicar esse tratamento desigual para com suas criaturas? Somente através da reencarnação, entendemos o por que dessas situações. Deus, na sua infinita justiça e misericórdia, nos possibilita o atendimento das nossas solicitações, de reencarnarmos com essas deficiências, para resgatarmos débitos contraídos no passado, que nos leva ao progresso no presente. Poderá ocorrer que o ser humano se deixe envolver pelos prazeres do mundo, não correspondendo ao compromisso assumido, enveredando por caminhos desastrosos e perdendo a oportunidade de elevação. Volta então, em outra existência, para resgatar pela dor, com acréscimo, o que não fez pelo amor na anterior.

Assim, os que usaram mal a visão, poderão voltar cegos; os que deram ouvidos somente a intrigas e maldades, poderão vir surdos; os que falaram e causaram sofrimentos, poderão vir mudos; os que usaram os seus membros para agredir e causar mortes, podem vir deformados; os que usaram a inteligência para enganar e prejudicar os seus semelhantes, poderão vir perturbados e retardados; tudo isto, pelo mal uso que fizeram dos dons que Deus lhes confiou.

Sobre o assunto do ser humano “colher o que semeia”, menciono aqui a manchete do jornal “O Estado do Maranhão”, do dia 25/08/2001, em que é noticiado o massacre de 6 portugueses chegados recentemente em Fortaleza-CE. Essa chacina provocou uma comoção nacional, pelo modo como foi realiza. No meu entender, com base na Doutrina dos Espíritos, essa tragédia vem comprovar mais uma vez a reencarnação; e eu, para compreendê-la, me servi da história antiga do Brasil.

Quando do descobrimento da nova Terra (Brasil), para cá vieram muitos aventureiros atraídos pelas riquezas, e também foram enviados muitos degredados; elementos indesejáveis que viviam em Portugal; assassinos, ladrões, parasitas. É interessante observar que só vinham homens; nada de mulheres ou famílias. Pois bem, imaginemos então que em determinada época desse período colonial, aqui chegaram seis portugueses, amigos, ou membros de uma mesma família, e as famílias nessa época eram numerosas, e aqui chegando, passaram a explorar os selvagens, como se fossem os novos donos da terra, e a tratá-los como seus escravos. Esses portugueses podem ter torturado e morto de forma cruel, com requintes de perversidade, muitos índios que eram mantidos acorrentados, e também violentado as índias, como era normal naquela época bárbara, contraindo com essa atitude, débitos perante a justiça dos homens, que não existia, e também para com a Justiça Divina, que teriam de resgatar um dia, em outra existência.

Assim, da mesma maneira que atravessaram o oceano para chegarem aqui, naquela época, da mesma maneira voltaram a cruzar o oceano para virem resgatar os seus débitos contraídos nesta Terra. Novamente é interessante notar que, apesar de casados, nenhum deles trouxe a esposa. Chegados a Fortaleza-CE., foram atraídos não por novas riquezas, mas para encontros com jovens prostitutas e com esse propósito, foram levados para lugar ermo onde foram roubados, torturados e ainda enterrados vivos. Embora lamentado o trágico fim desses nossos irmãos de além mar e a tragédia que se abateu sobre suas famílias, creio que a Justiça Divina possibilitou a esses espíritos, o resgate de suas faltas do passado. Só assim, posso entender essa tragédia e compreender a Justiça Divina, na sua Infinita Misericórdia e Bondade, permitindo o resgate dos débitos, conforme nos ensinou Jesus, ao nos afirmar que teríamos que “pagar até o último ceitil”. Dessa mesma maneira a Justiça Divina se manifestou, o mesmo aconteceu com respeito aos sofrimentos infligidos aos “cátaros”, tratado em outro artigo.

Voltando ao assunto que estávamos tratando, nos vem a pergunta: Se o ser humano tivesse apenas uma existência, qual seria o mérito de parte da humanidade que morre com pouca idade, para desfrutar, sem esforço, da felicidade eterna, isenta das condições de lutas e sofrimentos impostos à outra grande parte de seres humanos? Pela reencarnação, a igualdade é para todos, sem favor ou privilégios para ninguém; os que estão mais atrasados e sofredores, não podem culpar senão a si mesmos, pelo não cumprimento das leis de Deus.

A marcha do espírito é progressiva; jamais retrógrada. Eles se elevam na hierarquia e não descem da categoria que já alcançaram. Nas suas diferentes existências na Terra, podem descer, como pessoas, mas não como espíritos. Assim, a alma de um rei na Terra, poderá mais tarde, voltar como um modesto operário e vice-versa, porque as posições entre as pessoas, frequentemente se modificam. Herodes era rei; Jesus, um humilde carpinteiro. Os espíritos também se encarnam como homens e mulheres porque eles não possuem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirirem experiências. Aquele que fosse sempre homem, não saberia senão só o que os homens sabem. Como homens desenvolvem a inteligência, e como mulheres, desenvolvem os sentimentos, que são as duas asas para o vôo do espírito.

Quinhentos anos antes de Cristo, Sócrates ensinava nas ruas de Atenas, aos seus discípulos, dizendo: “É sábio quem só faz coisas boas e ignorante, aquele que realiza coisas ruins; porque toda pessoa recebe de volta, exatamente o que pratica.” Na passagem em que os soldados chegam para prender o Mestre, Pedro reagindo, ataca um deles cortando-lhe a orelha. Jesus imediatamente curou o ferimento e recomendou ao apóstolo agressor: “Embainha tua espada, porque quem fere com ferro, com ferro será ferido.” Haverá advertência mais clara, mais objetiva e mais completa? A impunidade não existe nas Leis Divinas. Entretanto, Deus não pune ninguém. Suas Leis, infinitamente justas, vale para todos nós. O próprio devedor deve quitar o seu débito, para dele se livrar. O ser humano apenas colhe o que semeou e, para se libertar do erro precisa conhecer a Verdade e lutar para progredir.

É por isso que se diz que a Justiça Divina é a maior confirmação da reencarnação. Sem reencarnação, seria impossível a Justiça Divina. A impunidade existiria para todos aqueles que após uma existência praticando injustiças e maldades, se despedissem do mundo sem resgatar ou sofrer qualquer punição pelos seus atos negativos, se aceitássemos apenas uma existência.

Como a história relaciona Teodora, que teria influenciado a Igreja para abolir a doutrina da reencarnação? – Milton de Sousa, professor e filósofo, grande estudioso da Doutrina dos Espíritos, informa o seguinte: “Em 553 D/C, o Imperador Justiniano sugeriu à Igreja Católica Romana, tornar oficial a reencarnação, mas a isto se opôs Teodora, amante do Imperador, que não desejava reencarnar, após sua morte, a fim de responder pelos seus erros, como mandar matar todos os que ela escolhia e tinha relações sexuais com ela. A Igreja pregava a reencarnação, e ela não queria voltar reencarnada para sofrer os rigores da “Lei de causa e efeito.” O Imperador então desfez a sua proposta, dominado pela amante e a Igreja então reuniu o 2º Concílio de Constantinopla e decretou a anulação da lei de reencarnação, mesmo sabendo estar ela mencionada em muitas passagens do Velho e Novo Testamento.

Pelo exposto, dois fatores levaram a Igreja Romana à decisão: 1º A grande campanha desencadeada por Teodora, amante do Imperador, posteriormente sua esposa; 2º a reencarnação contrariava a doutrina de “céu e inferno” que dava maior poder de pressão do clero sobre as pessoas. Assim, até hoje a Igreja condena a reencarnação, ensinada pelas mais antigas religiões e filosofias do mundo, por serem leis físicas, como os ciclos de atividade e repouso, amplamente divulgadas pela Doutrina dos Espíritos.

O livro “A Caminho da Luz”, informa-nos que dos espíritos degredados na Terra, muitos se agruparam nas margens do rio Ganges, na Índia, e foram os primeiros a formar códigos de uma sociedade organizada. As organizações hindus são anteriores à civilização egípcia e aos agrupamentos dos israelitas. Dois fatos relacionados com a Índia impressionam: 1º- Nenhum povo na Terra tem mais conhecimento sobre a reencarnação do que o hindu; 2º A Índia, foi a matriz de todas as filosofias e religiões da Humanidade. Da região sagrada do Ganges, partiram elementos que criaram muitas outras civilizações. Os papiros provam que os iniciados do velho Egito, sabiam da existência do corpo espiritual e da outra vida. A assistência do Cristo jamais lhes faltou e foi assim que, sentindo que o degredo na Terra chegava ao fim, eles construíram as grandes pirâmides, que ficaram como marca de suas presenças e mensagem para as futuras civilizações da Terra.

Possuindo o ser humano (espírito encarnado) muitas existências, fica mais fácil compreender a Justiça Divina. Compreende-se porque existem ricos e pobres de bens materiais, opressores e oprimidos, pessoas sadias e outras doentes. Quem promoveu o sofrimento, volta para recebê-lo como resgate. Algumas pessoas não aceitam a reencarnação porque não se lembram de suas existências passadas. Aí estão as regressões de memórias para comprovar. Tal esquecimento, na verdade, é parcial e perdura apenas na existência atual, evitando que recordações do nosso passado, nos cause graves dificuldades. Se tivéssemos a possibilidade de lembrar dos nossos erros e maldades; de que tal parente nos prejudicou; de que ocupamos posição de autoridade e injustiçamos e perseguimos outras pessoas, como ficaríamos? Certamente esses conhecimentos iriam prejudicar nosso relacionamento e nossa existência atual.

Finalizando este artigo, recordo as palavras de Jesus, nas “Bem-aventuranças”, incompreensíveis sem a reencarnação: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” E também, respondendo a Nicodemos, disse: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer de novo.” Os apóstolos respondendo a Jesus, lhes afirmaram: “Dizem que tu és Elias, Jeremias ou um dos profetas que voltou.” Ora, Elias e Jeremias haviam morrido em idade avançada, enquanto Jesus era um jovem e de pais conhecidos. Se um deles tivesse que voltar à Terra, só poderia fazê-lo pela reencarnação, e não pela ressurreição de um corpo sepultado e desintegrado, o que a ciência atesta ser impossível. A reencarnação é assim, uma realidade e abençoado recurso que constitui mais uma concessão da Bondade Divina...

Senhor, ajude-nos a levar avante a presente reencarnação com amor e progresso.

Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Novo Testamento
“A Caminho da Luz”

Jc.
S.Luis, 03/01/2003
Refeito em 2005.