O avanço tecnológico
permitiu um progresso sem precedentes nos veículos de comunicação. Transmissões
de locais de difícil acesso, imagens em tempo real via satélite e outros tantos
recursos permitem que milhares de informações e imagens, das mais diversas
culturas e fatos, invadem a nossa casa e os quartos de nossas crianças, através
da TV, da Internet ou do celular. O que fazer? Liberar, proibir, ou o que deve
ser proibido? São perguntas que atormentam os pais angustiados.
O fato de a Tv, Internet e o
Celular terem se tornado uma “ocupação” constante para a criança e jovens, é
visto com cautela pelos pais. Ao mesmo tempo em que tal ação representa o
indício de que a criança está se integrando aos novos tempos, significa também
que ela pode estar se envolvendo com o que há de pior neste espaço de
informações e imagens indiscriminadas. Quanto maior for a oferta de informação,
maior a dificuldade em julgá-la, isto é, separar seu valor de exemplo ou de
contra-exemplo, distinguir seu caráter de realidade ou fantasia, como
qualificar como positiva ou negativamente a informação ou a imagem.
A violência e a erotização é
uma constante e para esse excesso indiscriminado é que os pais temem expor seus
filhos, e pode ser exemplificada no filme “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni.
Nele, um pai preso com seu filho num campo de concentração, finge que aquilo
tudo não passa de uma espécie de jogo, uma brincadeira que no fundo não é tão
real quanto parece. Observamos em muitos pais, o desejo de tentarem restringir
o acesso a essa realidade “dura demais”, impondo limites. É melhor não saber
daquilo com que não se pode lidar ou entender. Estas duas atitudes de proteção,
por desqualificação ou por restrição, estão cada vez mais difíceis de se sustentar.
Em uma época onde é
importante saber de tudo e o quanto antes, os pais se vêem pressionados a
introduzir cada vez mais cedo os filhos nesse mundo de informações. Exemplo
disso está no alto valor que a cultura “informática” adquire para a educação em
nossa época. Mais além, deve-se registrar a sobreposição crescente entre o
saber que se ensina formalmente nas escolas e o saber ligado ao entretenimento.
Na classificação dos saberes, duas figuras encabeçam a lista do que se deve
evitar expor as crianças: a violência e a erótica dos costumes. É claro que os
programas que exploram diretamente tais aspectos, devem ter seu acesso vetado à
criança. Há um consenso de que a exposição a tais programas é um fator de risco
para o desenvolvimento social e cognitivo. Mas como fazê-lo? O veto ao acesso a
certos programas ou jogos em função de seu risco potencial é difícil de
cumprir.
Sabe-se que entre a oferta
de um programa educativo bem produzido, para a faixa etária, e um lixo
industrial potencialmente danoso, a escolha da criança pode se dirigir
preferencialmente para o primeiro caso, principalmente se os pais e a escola
trabalharem ativamente nesse sentido. Diante da intensa e extensa exposição da
mídia, a que nossas crianças são submetidas,
e o trabalho para conter o acesso ao imaginário da violência e da sexualidade é
árduo. Mesmo assim, pais e educadores devem manter a atitude criteriosa quanto
à seleção e o incentivo do tipo preferencial de programação a assistir.
Nas escolas de educação
infantil uma estratégia que pode ser utilizada é trazer a própria criança para
o centro da avaliação do que é ruim ou bom assistir, estimulando diretamente o
julgamento do que é apresentado e enfatizado, e a tarefa de qualificação da
informação pela própria criança. Isso implica em deslocar o problema do que
pode ou não ser assistido, interpretando o que é dado. Tal ação auxilia no que
podemos chamar de formação ética ou estética de nossas crianças, desenvolvendo
seu raciocínio crítico. Nesta medida, proibir um programa de baixa qualidade é
muito menos eficaz do que assisti-lo e comentá-lo criticamente com a criança,
mostrando por que aquele é um programa ruim. O fato, entretanto, é que poucos
pais sabem efetivamente o que seus filhos assistem, e a situação tende a piorar
com o passar do tempo. Exemplo: A televisão no quarto da criança onde o acesso
ao que é assistido não é fiscalizado, torna-se um problema muito maior do que se imagina, por
causa dos pedófilos.
A vida banalizada pela
violência, pelas drogas e pelo sexo é diariamente retratada pela televisão.
Para a criança que está em fase de desenvolvimento, período onde o mundo da
fantasia e o mundo real confundem-se, os parâmetros dados pela família e pela
escola de educação infantil são fundamentais, pois são eles que nortearão o
saber e a construção de um aparato cognitivo que seja capaz de fazer a criança
diferenciar o real do imaginário, o certo do errado, o bom do mau. É na
socialização das idéias com os pais, com o professor e com os colegas de sala de
aula que a criança constrói seu conhecimento que o acompanhará por toda a sua existência.
Leia também o artigo “O
Poder da Televisão”
Bibliografia
Ana Cristina Dunker
Jornal “Mundo Jovem” –
05/2005
+ pequenas modificações
Jc.
S.Luis, 17/4/2012
Refeito em 8/01/2019
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