“Não julgueis para que também não sejais julgados; porquanto com a medida com que julgardes, também sereis julgados”. Jesus
Recentemente
tomamos conhecimento de um artigo, em
que era alegado que os espíritas, quando no conselho de sentença, costumam
absolver sistematicamente os réus.
Ignoramos
se realmente tem sido essa a norma de conduta dos espíritas no Juri. Quanto a
mim, declaro que, todas as vezes que servi como jurado, absolvi e disso não estou arrependido. Por isso, que
entendemos, em consciência, que muitos réus deviam ser absolvidos. No entanto,
não pretendemos firmar a doutrina da absolvição incondicional.
Casos
há em que, para evitar um mal maior, seria lícito votar de modo a conservar o
acusado prezo, dadas as suas condições de perigo para a segurança dos demais.
Assim procedendo, não estaremos julgando,
mas acautelando a coletividade da qual somos parte integrante. Demais, quem são
os criminosos senão anormais,
desequilibrados, enfermos da alma, numa palavra. Faça-se, portanto, com eles o
que se faz com os doentes de moléstias infectuosas: devemos segregá-los da
sociedade a fim de evitar o mal maior que possa fazer.
Esta
medida é razoável, é humana, porque não há outra a tomar, uma vez que se preste
aos segregados a devida assistência reclamada pelas suas condições, pois não há
direitos sem deveres. Se a sociedade tem o direito de separar os doentes dos
sãos, cumpre-lhe e dever de assisti-los.
Não
é o criminoso que se deve combater: é o crime em suas várias formas, de acordo
com a medicina que não combate o enfermo, mas a enfermidade, suas causas e
origens. Enquanto a questão não for encarada sob esse prisma, o crime
continuará a proliferar, perturbando a ordem e a paz da sociedade. Julgar? Quem
somos nós para julgar nossos irmãos, se somos réus no tribunal de nossas
consciências? Fazê-lo em nome da sociedade? Pois é a sociedade mesma tal como está constituída, a responsável por
grande parte dos crimes que em seu seio se cometem. As piores doenças são fruto
do ambiente. Quando o meio é miasmático e deletério, as enfermidades se
alastram, tornando-se elas, endêmicas. Tal é a nossa sociedade. A reincidência
do crime é efeito da hipocrisia e da
materialidade reinantes no século.
O
código pelo qual se regem as nações, ditas cristãs e civilizadas, precisa ser
reformulado, pois, esse código, cogita exclusivamente da aplicação de penas,
quando deveria tratar de curar a alma. A forca, a guilhotina e a Cadeira
elétrica não resolvem o problema em questão, como atestam as estatísticas de
criminalidade dos países onde aquelas penalidades vigoram. Eliminar a
existência física do criminoso não lhe modifica o caráter, não lhe altera nada
no seu nível moral. Não é ao corpo, mas é ao Espírito que cabe a
responsabilidade pelos atos delituosos. Despertar-lhe a consciência, elevar o
grau de sua sensibilidade moral, eis o único processo eficiente no tratamento
de tais enfermidades. Esse processo chama-se
educação.
A
sociedade viverá sempre às voltas com os delinquentes, enquanto não cumprir o
dever que lhe assiste de educá-
los. Até aqui, a sociedade baseando-se no parecer de criminólogos
materialistas, invoca apenas o direito de punir, e por isso ela também vai sendo punida. Há de suportar as
consequências do seu erro até que entenda que deve se modificar.
A
Doutrina Espírita vem ensinar a Humanidade a reger-se não mais pelo código
judeu ou romano, mas pelo código divino que reflete a justiça que ampara e a
soberana vontade do Céu! Ela também nos
recomenda, como Jesus, que não julguemos, porque o julgamento que fizermos nos
será aplicado mais severamente ainda, porque eles não conhecem a Deus e por
isso lhes será pedido menos que vós que sabeis as suas leis. Não sabeis que há
muitas ações que o mundo não considera sequer como faltas leves e que aos olhos
de Deus são crimes? Deus permite que alguns criminosos estejam entre vós, a fim
de que vos sirvam de ensinamento.
Quando
os homens forem conduzidos às leis de Deus, não haverá mais necessidades desses
ensinamentos, e todos os que permanecerem impuros e revoltados serão
dispersados nos mundos inferiores, de acordo com as suas tendências. Que diria
Jesus se visse um infeliz desses perto de si? Lamentá-lo-ia, e veria como um
doente bem miserável, e lhe estenderia a mão. Ainda não podemos fazer isso em
realidade, mas, pelo menos, podemos fazer uma oração por ele. O arrependimento pode
tocar-lhe o coração, se orardes com fé. Ele é vosso irmão e sua alma transviada
e revoltada necessita se aperfeiçoar; ajude-o, pois, a sair dessa situação,
orando por ele. Triunfareis se a caridade vos inspirar e se a sua fé
sustentar...
Se
o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar aqueles que ainda permanecem na escuridão, é sua
aplicação sublime, porque esta é uma das
maiores vitórias sobre a ignorância, o egoísmo e a maldade. Ninguém sendo perfeito, tem o direito de
julgar o seu próximo!
Fonte:
Livro: “O Mestre na
Educação”
Autor: Pedro de
Camargo (Vinicius)
Livro: “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”
Jc.
São Luís, 25/8/2016
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