domingo, 26 de junho de 2016

A NOVA PAUTA BOMBA




 Em um sinal de esquizofrenia política, deputados estão votando, em regime de urgência, projetos que aumentam gastos para atender a interesses corporativos.
Os políticos brasileiros parecem não ter entendido uma das lições do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. – O preço da leniência com as contas públicas é muito alto.  Por causa da incúria fiscal dos governos petistas, os brasileiros sofrem hoje com a maior recessão de toda a história da República. Apesar disso, os deputados federais acabam de aprovar regime de urgência para a votação pela Câmara de projetos de lei que dão reajustes salariais para os servidores do Poder Judiciário (entre16,5 e 41,47%) e para os ministros do Supremo Tribunal Federal (cuja renumeração vai subir de 33.763,oo para 39.293,38 mensais). Além disso, ganhou prioridade a votação de um projeto que reestrutura as carreiras dos servidores do Ministério Público Federal. Sua aprovação implicará também em aumentos salariais.
A nova pauta-bomba  é sinal de uma esquizofrenia política aguda, exatamente no momento em que o Estado brasileiro está em marcha rumo a insolvência. O déficit do setor público brasileiro chegou no mês fevereiro a 10,75% do PIB- o mesmo nível de países europeus que foram a bancarrota. A agência de classificação Fitch na semana passada, voltou a reduzir a nota de crédito do país, por causa da “contabilidade destrutiva” do governo Dilma. O país está precisando, urgentemente, de um plano de redução e estabilização dos gastos públicos, mas, os projetos que ganharam urgência na Câmara, jogam mais gasolina na fogueira.
O aumento dos servidores do Judiciário acarretará despesas extras de 5,99 bilhões ao ano, e o reajuste dos ministros do STF  deverá gerar gastos de 717,1 milhões com os magistrados.
A esquizofrenia politica brasileira tem uma série de sintomas patológicos. Há uma completa falta de entrosamento e governança entre os Três Poderes, no enfrentamento da crise. É um sinal de alheamento da gravidade da situação do país que a cúpula do Judiciário patrocine um projeto de reajuste dos próprios vencimentos, justamente no  momento em que os desempregados somam 11 milhões e os salários dos empregados são reduzidos em virtude da crise econômica, para não perderem o emprego.
O STF que assume cada vez maior protagonismo na cena política deveria assumir também a vanguarda da austeridade. Além disso, agravado pela indisfarçável vontade de vingança dos aliados da Dilma, que declaram apoio à aprovação de todos os aumentos salariais para os servidores, com a intenção de criarem constrangimentos e problemas políticos para o governo do vice-presidente Michel Temer.
Outra patologia da política brasileira é o corporativismo arraigado. Os deputados não querem se indispor com os integrantes de corporações poderosas como o Judiciário e o Ministério Público. Os lobbies organizados prevalecem. A sociedade que vem lutando com dificuldades é quem vai ser penalizada, porque não consegue se fazer ouvir e só pode perguntar:  A QUEM APELAR?  Só nos resta esperarmos a Justiça Divina para julgar os que não cumprem suas obrigações e nos ajudar nessa situação...

Fonte:
“Nossa Opinião”
Revista “Época” – 9/5/2016
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 6/6/2016

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