Em um sinal de esquizofrenia política, deputados estão votando, em regime de urgência, projetos que aumentam gastos para atender a interesses corporativos.
Os políticos brasileiros
parecem não ter entendido uma das lições do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff. – O preço da leniência com as contas públicas é
muito alto. Por causa da incúria fiscal
dos governos petistas, os brasileiros sofrem hoje com a maior recessão de toda
a história da República. Apesar disso, os deputados federais acabam de aprovar
regime de urgência para a votação pela Câmara de projetos de lei que dão
reajustes salariais para os servidores do Poder Judiciário (entre16,5 e 41,47%)
e para os ministros do Supremo Tribunal Federal (cuja renumeração vai subir de
33.763,oo para 39.293,38 mensais). Além disso, ganhou prioridade a votação de
um projeto que reestrutura as carreiras dos servidores do Ministério Público
Federal. Sua aprovação implicará também em aumentos salariais.
A nova pauta-bomba é sinal de uma esquizofrenia política aguda,
exatamente no momento em que o Estado brasileiro está em marcha rumo a
insolvência. O déficit do setor
público brasileiro chegou no mês fevereiro a 10,75% do PIB- o mesmo nível de
países europeus que foram a bancarrota. A agência de classificação Fitch na
semana passada, voltou a reduzir a nota de crédito do país, por causa da
“contabilidade destrutiva” do governo Dilma. O país está precisando,
urgentemente, de um plano de redução e estabilização dos gastos públicos, mas,
os projetos que ganharam urgência na Câmara, jogam mais gasolina na fogueira.
O aumento dos servidores do
Judiciário acarretará despesas extras de 5,99 bilhões ao ano, e o reajuste dos
ministros do STF deverá gerar gastos de
717,1 milhões com os magistrados.
A esquizofrenia politica
brasileira tem uma série de sintomas patológicos. Há uma completa falta de entrosamento
e governança entre os Três Poderes, no enfrentamento da crise. É um sinal de
alheamento da gravidade da situação do país que a cúpula do Judiciário
patrocine um projeto de reajuste dos próprios vencimentos, justamente no momento em que os desempregados somam 11
milhões e os salários dos empregados são reduzidos em virtude da crise
econômica, para não perderem o emprego.
O STF que assume cada vez
maior protagonismo na cena política deveria assumir também a vanguarda da austeridade.
Além disso, agravado pela indisfarçável vontade de vingança dos aliados da
Dilma, que declaram apoio à aprovação de todos os aumentos salariais para os servidores,
com a intenção de criarem constrangimentos e problemas políticos para o governo
do vice-presidente Michel Temer.
Outra patologia da política
brasileira é o corporativismo arraigado. Os deputados não querem se indispor
com os integrantes de corporações poderosas como o Judiciário e o Ministério
Público. Os lobbies organizados prevalecem. A sociedade que vem lutando com
dificuldades é quem vai ser penalizada, porque não consegue se fazer ouvir e só
pode perguntar: A QUEM APELAR? Só nos resta esperarmos a Justiça Divina para
julgar os que não cumprem suas obrigações e nos ajudar nessa situação...
Fonte:
“Nossa
Opinião”
Revista
“Época” – 9/5/2016
+
Pequenas modificações.
Jc.
São
Luís, 6/6/2016
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