segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A VIDA NA ESPIRITUALIDADE

A VIDA NA ESPIRITUALIDADE Separado do corpo físico, em decorrência da desencarnação, o Espírito volta, na maioria das vezes, a reencarnar depois de intervalos mais ou menos longos, intervalos esses que atualmente podem durar desde alguns anos até vários séculos, não existindo, nesse sentido, limite determinado. A Doutrina dos Espíritos ensina que esses intervalos podem prolongar-se por muito tempo mais jamais serão perpétuos. Enquanto aguarda nova existência neste ou em qualquer outro mundo, o desencarnado fica no estado de espírito errante, estado em que espera novas oportunidades e aspira a um novo destino. Dá-se o nome de erraticidade esse estado em que se encontra o espírito. Entretanto, o fato de estar desencarnado não o coloca sempre, na condição de espírito errante. O espírito que não mais precisa encarnar para evoluir, já se encontra no estado de espírito elevado. Assim, quanto ao estado em que se encontram na Espiritualidade, os espíritos podem ser: 1- ERRANTES – desencarnados que aguardam nova encarnação; 2- ELEVADOS – desencarnados que já chegaram á determinada perfeição e por isso não necessitam de novas encarnações. Porém, podem encarnar em missão determinada pela Providência Divina, no sentido de trazer novos conhecimentos e exemplos para serem seguidos. Em todos os tempos esses Espíritos Superiores voltaram a Terra, como missionários do bem. Convém destacar que o estado de erraticidade não constitui, por exemplo, sinal de inferioridade dos espíritos, uma vez que há espíritos errantes de todos os graus de evolução. A condição de espírito encarnado será sempre um estado transitório, visto que o estado normal é quando o espírito liberto da matéria vive plenamente a vida espiritual. Na erraticidade, os espíritos não ficam inertes, ociosos como muitos pensam; eles estudam e buscam informações que lhes enriqueçam o conhecimento, procurando o melhor meio de se elevarem, além de trabalharem no auxílio aos necessitados. O ensino espírita acerca da vida de além-túmulo mostra que na Espiritualidade não há lugar algum destinado à contemplação ociosa. Todas as regiões estão povoadas por espíritos em constantes atividades laboriosas e assistenciais. Na condição de errante, o espírito pode, portanto, melhorar muito, conquistando novos conhecimentos, fazendo o seu progresso, dependendo naturalmente de sua maior ou menor vontade de evoluir. Entretanto, será na condição de espírito encarnado, que terá oportunidade de colocar em prática os conhecimentos que adquiriu e realizar efetivamente, o progresso que está necessitando e buscando. Gabriel Delanne, afirma que os espíritos são os próprios construtores de seu futuro, conforme o ensino de Jesus, quando disse: “A cada um segundo suas obras”. Todo espírito que se atrasar em seu progresso, somente de si mesmo pode queixar-se, do mesmo modo que aquele que se adiantou terá todo o mérito do seu progresso. A felicidade que ele conquistar terá, por isso mesmo, maior valor para si. O progresso intelectual, é causado pela atividade que ele é obrigado a desenvolver no trabalho e o progresso moral, por causa da necessidade que os seres humanos têm de se auxiliarem uns dos outros. A existência social lembra ainda Delanne, é a condição para que as pessoas desenvolvam as boas ou más qualidades. Uma questão intrigante, diz respeito à situação da criança, na morte, cuja explicação deve-se à Doutrina dos Espíritos. Ela ensina que tal qual acontece com o espírito de uma pessoa adulta, o espírito de uma criança que morre em tenra idade, volta ao mundo espiritual e assume sua condição precedente, salvo os casos das almas ainda encarceradas no inconsciente, distante por enquanto do autogoverno a que André Luiz se refere no livro “Entre a Terra e o Céu”. A curta duração da existência da criança pode representar, para o espírito que a animava, o complemento de uma existência precedente, interrompida antes do programado; outras vezes a morte da criança constitui prova ou expiação para os seus pais. O espírito cuja existência se interrompe no período da infância recomeça em nova existência, que ocorrerá na época que for julgada mais conveniente ao seu progresso. Se ele não tivesse oportunidade de reencarnar, ficaria estagnado, à margem do processo evolutivo, fato que não corresponderia à justiça de Deus. Com a possibilidade de uma nova encarnação, o progresso passa a ser uma meta acessível a todos os espíritos que necessitam evoluir. Com a experiência vivida pelo espírito da criança que morre em tenra idade, seus pais são também provados em sua compreensão acerca da vida, podendo ainda, por esse meio, resgatar débitos contraídos no passado, quando, em existências passadas, abandonaram seus filhos à própria sorte ou os mataram deliberadamente com o recurso do aborto delituoso, tirando-lhes a oportunidade de nova existência, de novas conquistas e de melhor progresso espiritual. No desencarne (morte física), e de acordo com a evolução, duas condições podem ocorrer ao espírito: 1- O espírito não possuindo virtudes e tendo praticado o mal, é levado por espíritos inferiores, para regiões de sofrimento na Espiritualidade, e lá despertando, são martirizados, sem poderem se libertar dos sofrimentos; acontecendo ainda que muitos espíritos permanecem ignorantes de que já desencarnaram; 2- Possuindo o espírito determinadas virtudes e tendo praticado o bem, ele é levado adormecido por Benfeitores Espirituais, que o assistem, para lugares de repouso, onde despertarão e, convenientemente tratados, reiniciam o trabalho de evolução. Alguns espíritos mais evoluídos, são mantidos, desperto e assistido pelos mentores espirituais, permanecem as vezes no recinto onde seu antigo corpo está sendo velado, para reconhecimento da sua nova realidade de espírito, sendo depois levados pelos seus amados que o precederam na passagem para a Espiritualidade, ao destino de que se tornaram merecedores. Essa é a dura realidade na espiritualidade para todos os espíritos. Entretanto, poucos serão os que poderão evoluir para um mundo mais adiantado; a maioria tendo merecimento voltará após um período de reajustamento que podem durar anos, para a escola da Terra, a fim de completarem resgates, provas e trabalharem em benefício dos seus semelhantes que lhes possibilitarão a evolução. Ernesto Bozzano, na obra “A Crise da Morte”, observa alguns critérios na passagem do espírito para o mundo espiritual, que resumiu em doze detalhes fundamentais, a saber: 1- Todos os espíritos afirmaram se terem encontrado com a forma humana, na vida espiritual, isto porque o espírito, por meio do “perispírito” conserva a aparência terrena; 2- Quase todos afirmaram terem ignorado durante algum tempo, que não estavam mais no plano físico; 3- Haverem passado, durante a crise do desligamento do corpo, ou pouco depois, pela prova da recordação de todos os acontecimentos da existência terrena ora encerrada; 4- Muitos terem sido acolhidos nas Espiritualidade, pelos espíritos dos que foram seus familiares e amigos; 5- Haverem passado, quase todos, por uma fase mais ou menos longa de “sono reparador”; 6- Terem-se achado num meio espiritual harmonioso (no caso de espíritos melhores), e num meio tenebroso (no caso de espíritos pouco moralizados); 7- Terem reconhecido que o meio espiritual era um novo mundo, real, semelhante ao mundo terreno, porém, mais espiritualizado; 8- Haverem aprendido que na espiritualidade, o pensamento constitui uma forma criadora, pela qual o espírito pode reproduzir em torno de si, o ambiente de suas recordações; 9- Terem sabido que a transmissão de pensamento é a forma de comunicação, embora alguns espíritos se iludam julgando conversar por meio de palavras; 10- Haverem comprovado que os espíritos podem se transferir de um lugar para outro, ainda que muito distante, apenas pela sua vontade, mas dentro do plano a que fez jus; 11-Terem verificado que se achavam em estado de perceber os objetos pelo interior, pelos lados e através deles; 12- Terem aprendido que os espíritos evoluídos seguem automaticamente para o plano espiritual que conquistaram, por motivo da lei de “merecimento e afinidade”, podendo, entretanto, visitar os planos inferiores, e os que lá estiverem, mas, estes, não podem subir aos planos superiores. Além destes doze detalhes fundamentais, Ernesto Bozzano relaciona mais alguns detalhes secundários: A- Que alguns espíritos recém-desencarnados, ao observarem seus corpos físicos, inertes, geralmente falam que estão em um “corpo etéreo” perispírito idêntico ao corpo físico; B- Afirmam que, assim como não existem pessoas absolutamente idênticas na Terra, o mesmo se dá na Espiritualidade, de modo que até a passagem para o plano espiritual não é exatamente igual para todos; C- Quando dominados por paixões humanas inferiores, os espíritos se conservam ligados ao meio onde viveram, na ilusão de se julgarem ainda na existência terrena, e tornam-se muitas das vezes, os espíritos “assombradores” ou “obsessores”, mesmo não tendo o desejo de fazer o mal; D- Na espiritualidade, os espíritos inferiores não podem ir a planos superiores, devido à diversidade vibratória de seus “corpos etéreos pesados”; E- Os espíritos afirmam ainda que, quando se encontram a sós, percebem mentalmente uma voz que lhes chega aconselhando sobre o que fazer: são os Espíritos amigos que, percebendo seus pensamentos, lhes orientam no sentido do progresso espiritual. Muitas pessoas pensam que, quando o espírito desencarna, deixa com o corpo todas as suas más paixões e seus vícios. A verdade é que depois de sua partida da Terra, o espírito conserva todas as suas boas qualidades ou as más tendências que possuía no mundo, e observam os espíritos que estão felizes, como para lhes mostrar a necessidade de trilhar o caminho do bem. Na erraticidade o espírito toma conhecimento das suas existências anteriores e vê o futuro que o aguarda e o que lhe falta fazer para atingi-lo, tal qual um viajante que chega ao alto de uma montanha e vê o caminho percorrido e o que lhe resta para alcançar o objetivo. Quando um espírito diz que sofre, ele está experimentando as angústias morais que o torturam mais que os sofrimentos físicos. O avarento vê o ouro que não pode mais possuir; o imoral vê as orgias nas quais não pode mais tomar parte; o orgulhoso vê as honras que não mais pode gozar; o viciado a bebida que não pode mais tomar e o fumo e as drogas que não pode mais consumir; o ambicioso, os bens que não pode mais possuir... Mas, seguramente, o maior sofrimento é o pensamento de serem condenados para sempre, enquanto observam a felicidade de outros espíritos que fizeram por merecê-la. A felicidade dos bons espíritos consiste em não terem ódio, nem ciúmes, nem ambição, nem egoísmo, nem qualquer outro sentimento inferior, que fazem á infelicidade do ser humano. O amor que os une e a caridade que praticam é para eles a fonte suprema de felicidade. Eles não experimentam nem as necessidades nem os sofrimentos da existência terrena; são felizes pelo bem que fazem. A situação dos espíritos e sua maneira de ver as coisas variam ao infinito, em razão do grau de desenvolvimento moral, intelectual e espiritual. Os espíritos de ordem elevada, só fazem na Terra, paradas de curta duração. Tudo o que se faz na Terra, é tão mesquinho em comparação com as grandezas do infinito, que eles se sentem desejosos de voltarem ao seu ambiente de paz e harmonia, a não ser quando convocados a promover o progresso da Humanidade, na condição de missionários do bem. Os espíritos de ordem mediana estacionam mais tempo na Terra. Os espíritos imperfeitos e vulgares são os mais adaptáveis às condições do planeta e constituem a massa da população dos mundos de provas e expiações, que é a situação atual da Terra. Com relação às qualidades íntimas, os espíritos são de diferentes ordens e graus, que são percorridos sucessivamente, à medida que vão se depurando. Quanto ao estado, podem ser encarnados, isto é, unidos a um corpo físico; errantes, livres do corpo físico, esperando uma nova encarnação para se melhorarem; elevados, que não têm mais necessidade de encarnação. A marcha ou ascensão dos espíritos é progressiva; jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente e não descem da categoria que já alcançaram. Nas suas diferentes existências corporais, podem descer como seres humanos, mas nunca como espíritos. Assim, a alma de um rei na Terra pode, mais tarde, em outra existência, animar o mais modesto trabalhador e vice-versa, porque as posições entre os seres humanos, frequentemente, estão na razão inversa da elevação dos sentimentos morais. O exemplo mais marcante, observamos em Herodes que era rei, porém espírito inferior, e Jesus que era um carpinteiro, porém um espírito puro, quando encarnou na Terra... Finalizando, recordo as palavras de Emmanuel, mentor de Chico Xavier, ao dizer: “Os que partiram na grande jornada, estão vivos e compartilham as tuas aflições. Pensa neles com saudades, convertendo teu sentimento em oração. Efetua por eles, o bem que desejariam fazer. Contempla os céus em que mundos incalculáveis nos falam da Criação e da união sem adeus, e ouvirás a vós deles no próprio coração, a dizer-te que caminham felizes, em plena imortalidade, tendo a certeza de que Deus que nos criou para nos amarmos plenamente, jamais nos separaria para sempre. . .” Quer estejamos habitando mundos, ou vivendo na Espiritualidade, fazemos parte da grande família, cujo pai é Deus, supremo criador do Universo. Se, desejamos ser recebido na Espiritualidade pelos nossos entes queridos e habitarmos um plano de paz e harmonia, tratemos de fazer por onde termos esse merecimento que é conquistado pelo bem que fizermos aos nossos semelhantes, sejam eles parentes amigos ou desconhecidos, como na parábola do “Bom Samaritano”. . . Bibliografia: O Livro dos Espíritos Livro “Entre o Céu e a Terra” Emmánuel Jc. S.Luis, 28/12/2004 Refeito em 29/12/2012

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