domingo, 29 de abril de 2012

PEIXOTINHO - O MÉDIUM DO AMOR

PEIXOTINHO – O MÉDIUM DO AMOR Peixotinho, como ficou conhecido o famoso médium de efeitos físicos, Francisco Peixoto Lins, nasceu em 1º de fevereiro de 1905, na cidade de Pacatuba, no estado do Ceará, filho de Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Muito cedo perdeu sua mãe e foi criado por seus tios. Ele iniciou sua educação em um seminário onde teve as primeiras dúvidas sobre a existência de Deus, pois seu espírito não aceitava as explicações que recebia para justificar as injustiças sociais e o nascimento de ´pessoas com deficiências. Sua índole misericordiosa, não se conformava com os quadros de sofrimento que contemplava. Só mais tarde, a Doutrina dos Espíritos lhe explicaria as causas dos sofrimentos das pessoas que observava. Aos 14 anos foi trabalhar na extração da borracha no Amazonas, enfrentando, além da solidão, os perigos normais da região e a dificuldade de recursos da época. Essa coragem muito colaborou no seu trabalho mediúnico que envolvia grandes riscos. Retornou ao Ceará dois anos depois e aí sua mediunidade começou a surgir sob a forma obsessiva. Espíritos sofredores dele faziam um valentão, apesar do seu físico infantil. Dono de grande força de vontade e, percebendo o que os obsessores podiam fazer através dele, procurou reagir, não saindo de casa. Isso depois de um episódio em que, após travar luta com vários homens, foi transportado para uma praia deserta e distante, fisicamente ileso. Sua resistência, porém, desagradava aos obsessores, lhe sobrevindo um caso de letargia, sendo então, considerado morto, estado do qual despertou após mais de 10 horas de amortalhado. Semelhante episódio viveu também a médium Yvone Pereira. A seguir lhe veio uma paraplegia que o prostrou por mais de seis meses. Como o fato chamou a atenção da Federação Espírita do Ceará, esta enviou alguns confrades a visitá-lo. Com preces e água fluidificada se recuperou e iniciou os estudos da Doutrina dos Espíritos com o confrade e tribuno espírita da época, o Major Viana de Carvalho. A segurança doutrinária que Peixotinho demonstrou durante toda sua existência, deve-se a boa orientação desse grande espírita brasileiro. Em 1926 veio para o Rio e se apresentou para servir ao Exército no forte Santa Cruz. Sua vida militar incluiu varias transferências, e por onde passou serviu com a sua mediunidade, seja no receituário homeopático, no trabalho de desobsessão, no atendimento solidário aos necessitados de consolo ou mesmo trabalhando as possibilidades de materialização unicamente para tratamento e cura. Foi em Macaé que iniciou propriamente sua tarefa, amparado por uma equipe muito fraterna. Fundaram então, o Grupo Espírita Pedro. Ali foram recebidas as primeiras orientações sobre a necessidade de preparação para uma reunião de efeitos físicos. Peixotinho casou-se em 1933 com Benedita (Baby) Vieira Peixoto e tiveram nove filhos, sendo oito mulheres e um homem. A primeira das meninas, Aracy, desencarnou com um ano e quatro meses. Foi ela, espírito de grande evolução nas trilhas cristãs desde o segundo século, sendo o seu grande amparo na tarefa. A vide dele era de muita luta. O casal enfrentava muitas transferências de cidades. E lá se ia á família para Imbituba (SC), Macaé (RJ), Rio (RJ), Santos (SP). Em 1945 de volta ao Rio, encontrou alguns amigos entre eles Antonio Alves Ferreira, de Macaé. Das reuniões semanais na residência deste confrade, nasce o Grupo Espírita André Luiz, cuja sede provisória era na casa de outro valoroso amigo, Jaques, à rua Moncorvo Filho 27, sobrado. Lá ele atuou mediunicamente e há interessantes depoimentos e atas dessas reuniões no livro “Materialização do Amor” de Humberto Vasconcelos. Lamartine Palhano também relata alguns episódios em “Dossiê Peixotinho”. Do Rio seguiu para Santos onde freqüentou o Centro Espírita Ismênia de Jesus, e de lá Foi transferido para Campos em 1940, iniciou seus serviços no Grupo Espírita Joana D’arc. Pouco depois nascia o Grupo Espírita “Aracy”, em homenagem ao carinho da filha que o amparava da Espiritualidade e a esse grupo, dedicou seus últimos anos de existência terrena. Em 1948, deu-se o seu encontro com Chico Xavier, e em Pedro Leopoldo, junto ao aconchego de Chico, várias reuniões de materializações foram feitas. Algumas delas são relatadas por Roniere em seu livro “Materializações Luminosas”. Vieram outros encontros e o afeto e a confiança, existia entre eles e muitas correspondências foram trocadas entre. Apesar de sua eficiência como médium receitista, foi um sofredor, portador de asma. Suas crises eram constantes e raramente lhe davam tréguas, mas, quando em tarefas mediúnicas nada sofria. Compreendia tal sofrimento como provação e, ao fim de cada crise de dispnéia exclamava: “Bendita a asma que me liberta”. Apesar das lutas e dos sofrimentos era sempre alegre e muito brincalhão. Como médium soube viver sem nunca comerciar seus dotes mediúnicos. Viveu pobre e exclusivamente dos seus vencimentos de oficial da reserva, reformado no posto de capitão. Ele manteve sempre grande zelo pelos princípios esposados por Jesus e Kardec e os agrupamentos espíritas por ele fundados mantinham essa fidelidade. Dedicou-se muito ao tratamento de casos graves de obsessão, chegando mesmo, por várias vezes, a levar doentes ao próprio lar, hospedando-os junto de seus familiares. Eram muitos os que ali ficavam, às vezes por meses, especialmente os desenganados da medicina terrena; vários ficaram curados. De sua mediunidade há relatos de transplante de células, tomografias em 1952, (duas décadas antes da chegada ao Brasil do primeiro tomógrafo), curas de pacientes em lugares distantes e até em outro país, materialização de flores, pedras e outros objetos, inclusive medicamentos de outros países, pinturas feitas por espíritos materializados, poemas por escrita direta, escrita direta em japonês e outros tantos fenômenos. Espíritos como Bezerra de Menezes, Aracy, Scheilla, Nina Arueira, José Grosso e outros se materializavam iluminados, aos olhos de todos os presentes. As reuniões de Efeitos Físicos tinham o comando espiritual do severo espírito Garcês, um grande disciplinador do trabalho realizado pelo médium. Foram muitos os fenômenos produzidos por sua mediunidade, mas ele considerava como o maior dos fenômenos a mudança de hábitos, a transformação das pessoas a partir do contato com a realidade espiritual. Tinha grande alegria quando, por sua mediunidade, as criaturas tomavam um destino novo. Muitas pessoas consoladas através de sua mediunidade multiplicaram amor em obras de amparo a outros necessitados. Apesar de seu estado debilitado e já quase sem poder articular palavras, ele deu seu último receituário na noite do dia anterior, a uma mãe pobre que o buscou. Ele desencarnou em 16 de junho de 1966, em sua casa em Campos dos Goytacazes, cercado do afeto de sua companheira e de seus filhos. Eis aí um trabalhador cristão e espírita que dignificou a Doutrina dos Espíritos no Brasil, a quem a Revista Espírita de Campos e nós outros rendemos nossa homenagem de gratidão. Bibliografia: Alcione Peixoto Revista Espírita de Campos – 01-02-03/2010 Jc. S.Luis, 28/04/2012

Nenhum comentário: