sábado, 23 de abril de 2011

LUIS OLÍMPIO TELES DE MENEZES

LUÍS OLÍMPIO TELES DE MENEZES

O jornalista brasileiro, Luís Teles de Menezes é considerado como um dos pioneiros do Espiritismo no país. Filho de Fernando Luis Teles de Menezes, um oficial do Exército, e de sua esposa D. Francisca Umbelina de Figueiredo Menezes, esse valoroso pioneiro do Espiritismo, em nosso país, nasceu em Salvador, Bahia, no dia 26 de julho de 1825, fazendo parte da ilustre família dos Menezes, de velhos capitães, magistrados e clérigos portugueses, que desde os primórdios do século XVIII, chegara ao Brasil e se estabeleceu na Bahia, dando origem a extensa descendência.

Teles de Menezes, casou-se em primeiras núpcias, aos 23 anos de idade, com D. Ana Amélia Xavier de Menezes, da mesma idade. Teles de Menezes encontrou nela a esposa compreensiva e carinhosa de todos os instantes até a sua desencarnação no dia 28 de agosto de 1865. A descendência desse casamento foi pródiga, entre filhos, netos bisnetos e tetranetos. Teles de Menezes, prestou bons serviços ao Brasil Colônia e ao Brasil Reino. Ainda jovem, ele decidiu seguir a carreira do pai, que era militar e entrou para o curso de Artilharia, em sua cidade natal, porém logo a abandonou por faltar-lhe vocação. Estudioso, autodidata, dedicou-se então ao magistério, participando ardorosamente, da campanha contra o analfabetismo e ao incentivo da literatura entre os jovens baianos. O ensino das primeiras letras no Brasil decretado desde 1927 ainda não era bem aceito pelo povo, sendo exigida muita vontade e abnegação.

Por vários anos, Teles de Menezes foi professor de instrução primária e de Latim. Apreciador do purismo gramatical publicou um compêndio a que deu o título de: “Ortoépia da Língua Portuguesa”. Foi ele um dos fundadores do jornal “Época Literária”, foi presidente e membro da diretoria do Instituto Histórico da Bahia e companheiro de Ruy Barbosa no Conservatório Dramático da Bahia; foi professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembléia Legislativa e Oficial de Biblioteca Pública da Bahia. Falava o Inglês, o Francês, o Castelhano e o Latim. Escreveu nos seguintes periódicos: Diário da Bahia, Jornal da Bahia, A Época Literária e foi autor do romance “Os Dois Rivais”.

Foi por causa da sua sede de cultura e de conhecimentos que Teles de Menezes veio a se interessar pelos fenômenos “inexplicáveis” que ocorriam em todos os países e que chamavam a atenção da humanidade. Durante toda a fase de implantação da Doutrina Espírita na França, por Allan Kardec, Teles de Menezes manteve relações de amizade com os espíritas franceses. O intercâmbio de idéias e a correspondência entre os dois países, facilitaram a chegada a terras baianas das tendências filosóficas e culturais que emergiam além-mar. A febre do magnetismo e os fenômenos espíritas explodiram em toda parte e ele interessou-se vivamente, por esses assuntos da mesma forma quanto Allan Kardec e os trabalhos que este desenvolveu com os espíritos codificadores e que culminaram com o lançamento em Paris, na França, do “Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de 1857.
Teles de Menezes tornou-se sócio honorário correspondente da Sociedade Magnética da Itália, filiando-se igualmente, a várias instituições espíritas européias.
Dentre os distintos confrades com quem ele manteve correspondência, distinguem-se o professor Hippolyte Denizar Leon Rivail e seu secretário A. Desliens. Em 1860, surgiram no Brasil as primeiras obras espíritas, e cinco anos depois, precisamente às 22,30 hrs. no dia 17 de setembro de 1865, realizou-se em Salvador, na Bahia, a primeira sessão espírita no Brasil, sob a direção do pioneiro Luís Olimpio Teles de Menezes, surgindo também o primeiro Centro Espírita brasileiro, o Grupo Familiar do Espiritismo, primeira agremiação doutrinária espírita no Brasil. Naquela data, durante a primeira reunião do Grupo, um Espírito que se denominou “Anjo de Deus”, enviou por psicografia uma mensagem, cujo teor muito sensibilizou os presentes. O surgimento do Centro Espírita provocou imediata reação da Igreja, que encontrou em Teles de Menezes, um adversário corajoso e trabalhador.

No ano seguinte (1866) ele publicou o opúsculo “O Espiritismo – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, uma seleção de trechos que traduziu de “O Livro dos Espíritos”. Esse periódico impresso na tipografia do Diário da Bahia, contava com 56 páginas e chegou a circular até no exterior: em Londres, Madri, Nova Iorque e Paris. Em breve se fez sentir a reação da Igreja Católica, que começou a pregar acerca dos malefícios da nova doutrina, vindo a lançar uma Carta Pastoral, divulgada em 25 de julho de 1867. Essa Carta, em forma de opúsculo, com o título “Erros perniciosos do Espiritismo”, acusava violentamente a doutrina espírita, recorrendo a inverdades.

Teles de Menezes, para refutá-la, escreveu uma carta aberta, ao Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, D. Manoel Joaquim da Silveira, da qual foram publicadas duas edições no mesmo ano, onde ele afirmava: “O Espiritismo tem de passar por provas rudes, e nelas Deus reconhecerá sua coragem, sua firmeza e sua perseverança. Os que se ausentam por um simples temor, ou por uma decepção, se assemelham aos soldados que somente são corajosos em tempo de paz, mas que, ao primeiro tiro, abandonam as armas”. Sendo o ponto mais aceso da questão, a reencarnação, a polêmica veio a encerrar-se depois de longo tempo, quando o padre Juliano José de Miranda, sabendo que Teles de Menezes tinha sido católico, deu-a por encerrada, afirmando que “Espiritismo e Catolicismo são a mesma Igreja de Jesus Cristo”.– Acredita-se que essa carta tenha se constituído na primeira obra espírita de autor brasileiro publicada no Brasil.

Teles de Menezes detém também o título de pioneiro da imprensa espírita no Brasil. Em 8 de março de 1869, anunciou através de discurso proferido no Grêmio dos Estudos Espíritas da Bahia, o aparecimento do jornal “O Eco d’Além-Túmulo – Monitor do Espiritismo no Brasil”, o primeiro periódico espírita no país. Com 56 páginas, bimestral, circulava não só na Bahia, mas em outras partes do território nacional, bem como em Londres, Lyon, Paris, Madrid, Barcelona, Sevilha, Nova Iorque, Bolonha e Catânia. Esse jornal nasceu abolicionista, difundindo, em meio à efervescência política da época, os princípios imortais do Espiritismo, sustentados na máxima francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Por volta de 1876, Teles
de Menezes partiu para o Rio de Janeiro onde fixou residência na Rua Barão de São
Felix, 165-sobrado, onde viveu com a segunda esposa, D. Elisa Pereira de Figueiredo
e alguns filhos do primeiro matrimônio.

Pouco tempo de existência terrena restava a Teles de Menezes e ele passou sob longos e dolorosos padecimentos causados pela nefrite. Em 16 de março de 1893, após sofre dolorosa e pertinaz enfermidade veio a desencarnar aos 68 anos de idade, um dos pioneiros do Espiritismo e o introdutor da Imprensa Espírita no Brasil. Desencarnou em pobreza extrema, sendo o enterro feito a expensas de dois taquígrafos, que lhe prestaram os melhores serviços. Luís Olímpio Teles de Menezes foi o primeiro presidente da Associação Espírita Brasileira, que tinha como objetivo o desenvolvimento moral e intelectual do ser humano e a exemplificação da caridade cristã, baseados na filosofia espírita.

Inscreveu-se no contexto da Imprensa Espírita, e, historicamente, no da Imprensa Brasileira, como um de seus mais lídimos exemplos de idealismo e honradez. Foi por ocasião de 8º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas – BJEE, realizado em Salvador, na Bahia , em 1982, que se fixou o dia 26 de julho como o Dia Nacional da Imprensa Espírita, numa homenagem à data de nascimento desse valoroso trabalhador espírita...


Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal ‘O Imortal” – 06/2008

Jc.
S.Luis, 21/4/2011

Nenhum comentário: