sábado, 23 de abril de 2011

JORGE RIZZINI

JORGE RIZZINI

Defensor da pureza doutrinária do Espiritismo, Jorge Rizzini colocou a Doutrina Espírita acima das instituições e dos interesses puramente humanos.

O paulistano Jorge Toledo Rizzini, nasceu em 25 de setembro de 1924. Ele começou a manifestar mediunidade de cura desde a infância, e aos dez anos, curou as dores de sua mãe, Cecília Toledo Rizzini. Ele era de família tradicional espírita (a avó, os pais e os irmãos). O pai Joaquim Vicente de Andrade Rizzini, médium vidente e de psicofonia, participou das atividades de um Centro Espírita no Rio de Janeiro. Rizzini casou-se com D. Iracema Sapucaia e tiveram três filhos: Maria Angélica – advogada, Ricardo – engenheiro, e Eliana – bióloga. Ele tinha uma família numerosa e unida, com netos e bisnetos.

Jorge Rizzini foi grande trabalhador da Doutrina Espírita e defensor da pureza doutrinária, dentro e fora do movimento espírita. Ele colocava a Doutrina acima das instituições e dos interesses puramente humanos. Na televisão, participou de polêmicas que repercutiram em todo o Brasil, quando defendeu os médiuns Otília Diogo, Francisco Candido Xavier, Waldo Vieira e José Pedro de Freitas – o Zé Arigó, de quem também foi testemunha de defesa no segundo processo criminal.

Autor de várias obras não-doutrinárias recebeu em 1965 o Prêmio Narizinho, do Departamento de Cultura de São Paulo pela peça infantil Cidade Perdida e o prêmio Fábio Prado, em 1957, da União Brasileira de Escritores pelo livro de contos Beco dos Aflitos. Rizzini foi o primeiro biógrafo de Monteiro Lobato e autor da “Vida de Monteiro Lobato”. Fez parte da Comissão Monteiro Lobato, criada pela União Brasileira de Escritores para defender a memória do escritor. Seu livro “Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da Caridade”, foi também lançado pela União Espírita Francesa. Psicografou 44 poemas nacionais, portugueses e norte-americanos, que estão nos livros “Sexo e Verdade”, “Castro Alves Fala a Terra” e “Antologia do Mais Além”, prefaciados por José Herculano Pires, biografado por Rizzini, no livro “J. Herculano Pires – O Apóstolo de Kardec”.

Presidiu em 1959 o Clube dos Jornalistas Espíritas do Estado de São Paulo; lançou nesse mesmo ano o “Kardequinho”, a primeira revista infanto-juvenil espírita; criou em 1961 a Filmoteca Allan Kardec, a primeira no movimento espírita; filmou na França e nos Estados Unidos documentários sobre Allan Kardec e as Irmãos Fox; registrou com exclusividade as cirurgias realizadas por Zé Arigó e os trabalhos mediúnicos de Francisco Candido Xavier; criou e apresentou em 1966 o programa semanal de uma hora, “Em Busca da Verdade”, na TV Cultura de S.Paulo. Recebeu
músicas de vários compositores brasileiros e internacionais, gravados nos LPs “Compositores do Além”, volumes I, II e III, com canções que foram apresentadas em três Festivais de Músicas Mediúnicas, com a participação de cantores profissionais de renome, com acompanhamento da Orquestra Eldorado, Regional de Isaías e Seus Chorões e a Banda da Polícia Militar do Estado de S. Paulo; foi o primeiro apresentador no Teatro Municipal de S. Paulo, o segundo no Palácio das Convenções do Anhembi e o terceiro no Ginásio do Ibirapuera. Realizou o Festival da Música Mediúnica do Rio de Janeiro e em S.Paulo, daí resultando no CD “Compositores do Além” produzido por Oceano Vieira de Melo.

Jorge Rizzini fez palestras em vários países da América Latina e países europeus. Podem ser encontradas referências a Rizzini nas revistas “Oggi”, “Planète” e “Seleções de Reader’s Digest” e nos livros Arigó – Surgeon of the Rusty Knife, de John Fuller e no livro “Uri Geller”, de Andrija Puharich. Produziu ainda várias obras: “O Sexo nas Prisões”, “Materializações de Uberaba”-documentário, “O Regresso de Glória” e “Histórias de D. Santinha” – contos, e a literatura infantil “Carlito e os Homens da Caverna”; “A Vida Maravilhosa de Chico Xavier” e “A Vida Missionária de Allan Kardec”- textos teatralizados em CD. Ele falava sempre de assuntos que estava reunindo para serem publicados em um livro, cujo título seria “A Verdade Sem Véu”. Entre os seus papeis, foram encontrados documentos valiosos frutos de uma existência plena de realizações.

Para que se tenha um melhor conhecimento do papel importante desempenhado pelo confrade Jorge Rizzini, que foi o maior defensor da Doutrina Espírita, nas décadas de cinqüenta e sessenta, quando a doutrina sofreu ataques com difamações, por parte da revista “O Cruzeiro”, pertencente aos Diários Associados, do Sr. Assis Chateaubriand, que na época, era a revista de maior circulação no país que chegou a uma edição recorde de 4.650.000 exemplares, isto em 1964, o que causou tanto tumulto que os irmãos Chico Xavier e Waldo Vieira tiveram que sair de Uberaba, por estarem ameaçados de morte por fanáticos clericais, e antes de partirem fizeram entrega a Rizzini, de farto material para a defesa e pediram-lhe que botasse o Evangelho de lado e disseram-lhe: “Vá à luta”. Para conhecimento do que se passou é necessário acessar o artigo que tem o título “O Espiritismo e os Meios de Comunicação”, neste mesmo blog.

“Tudo passa”, “Tudo é ilusão”, “Os tempos são chegados”, eram repetidos por Rizzini nas conversas com os amigos, certo da transitoriedade da existência material e convicto de que era preciso que o Ser Humano aproveitasse o máximo o tempo disponível num trabalho que elevasse cada vez mais o seu Espírito. Numa entrevista para a jornalista Ana Carolina Coutinho, ela perguntou a Rizzini o que ele esperava encontrar, de imediato, após a sua desencarnação. Ele respondeu: “O meu Guia Espiritual e a minha mãe”.

Jorge Rizzini costuma dizer aos seus amigos que queria desencarnar tranqüilo, como um passarinho, e durante seus 84 anos de idade sofreu alguns enfartes, e no último que sofreu, em uma viagem aérea que fez à Argentina, seria preciso operá-lo, mas com a sua idade avançada, sem dúvida não suportaria. No dia l7 de outubro de 2008 desencarnou, deixando a esposa e três filhos. No dia seguinte, minutos antes da saída do corpo, do local onde estava sendo velado, para o enterro no cemitério Parque Morumbi, sua esposa, a pedagoga e escritora Iracema, agradeceu aos presentes e disse que Rizzini amava os amigos e que todos sabiam o quanto ele tinha lutado com amor pela Doutrina Espírita, deixando o que tinha de mais marcante: A sinceridade e a coragem de dizer o que falava o seu coração: “Sua grande lição – a luta”.

Sem dúvida os amigos da Espiritualidade estão em festa, pelo retorno de quem tanto defendeu a Doutrina e se realizou na divulgação dos ensinamentos de Jesus e de Allan Kardec.


Bibliografia:
Altamirando Carneiro
Jornal “O Imortal” 11/2008


Jc.
S.Luis, 18/04/2011

Nenhum comentário: