quinta-feira, 30 de julho de 2015

A DIFÍCIL ARTE DE EDUCAR OS FILHOS





 Inicialmente, se confunde o Ministério que deveria ser de Instrução, como Ministério da Educação. Muitos pensam que cabe aos professores a tarefa de educar seus filhos, quando na verdade a responsabilidade pela educação compete aos pais, tios, avós etc., principalmente, através dos exemplos, que são observados pelos filhos. Ao Ministério e aos educadores compete a função de transmitir conhecimentos (instruir) e auxiliar na educação transmitida pelos pais. Se os pais se omitem na sua responsabilidade de dar boa educação aos filhos, vão responder  pelo descaso e atos negativos dos filhos, perante as leis de Deus.
Feita esta introdução, passemos ao assunto que trata da entrevista da jornalista Natale Cuminale, feita com Daniel Siegel, sobre o Comportamento, tratado na revista “Veja”, edição 2422, de 22/4/2015, a seguir:
“Aos 57 anos, o psiquiatra americano Daniel Siegel é uma das principais referências em comportamento infantil e adolescente”. Professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, ele se dedica ao estudo do desenvolvimento cerebral e cognitivo ao longo das primeiras décadas de vida. Seu livro mais recente (Disciplina sem Drama) esteve na lista dos mais vendidos do The New York Times, e deverá chegar ao Brasil até o fim deste ano pela editora Versos. No livro, Siegel defende a tese de q ue um dos maiores erros       que os pais modernos cometem é confundir disciplina com punição. E isso acontece, segundo ele, porque os adultos de hoje não têm a menor noção do que seja educar uma criança.
Por que é tão difícil para os pais disciplinar seus filhos?
Os pais do mundo moderno estão realmente muito ocupados, têm pouco tempo disponível e esperam que seus filhos simplesmente se comportem bem. O problema é que isso não acontece. Eles devem tentar saber o que está se passando na cabeça das crianças. Não apenas lidar com o mau comportamento em si. Geralmente a palavra disciplina tem sido associada á punição. Quando os pais pensam que deveriam disciplinar seus filhos, logo intuem que deveriam puni-los quando algo está errado. É um equívoco. Não é certo punir as crianças, mas ensinar e corrigir proibindo-os, por certo tempo, daquilo que elas mais gostam.
Falta paciência dos pais?
Sim, mas convém ressaltar que os pais simplesmente não têm o conhecimento necessário para lidar com a educação das crianças. São essas habilidades que precisamos ensinar-lhes. Em primeiro lugar, os pais devem estreitar os vínculos com os filhos. Eles têm de desenvolver a habilidade de perceber os pensamentos e sentimentos das crianças e adolescentes – e não somente reagir a uma malcriação qualquer, por mais agressiva ou irritante que seja. É preciso saber e entender o que se passa na mente dos filhos.
E o que os pais deveriam fazer para reforçar os laços com seus filhos?
Precisam fundamentalmente abrir um diálogo e refletir sobre o que está acontecendo na cabeça da criança. Pesquisas científicas mostram que a melhor atitude dos pais em relação à educação dos filhos é o entendimento e a reflexão do que se passa na mente das crianças. Os pais que não têm a habilidade de entender o próprio comportamento, incapazes de perceber onde erram ou exageram, acabam tratando os filhos como objetos, e não como seres humanos carentes. Geralmente as crianças não respondem muito bem a essa postura. Os pais que não conseguem serem exemplos e serem companheiros dos filhos, certamente não lhes incutirão valores que deverão permanecer pelo resto da existência, como o senso de moralidade e de autocontrole. Quando os pais só fazem brigar e não explicam os motivos, elas não aprendem como responder às expectativas dos mais velhos.
Mas, como uma rotina cheia de demandas e nervosismo, em que há falta de dinheiro e em que os relacionamentos com outros adultos já são suficientemente difíceis, o que fazer para não perder o controle?
É preciso se acalmar e tentar conseguir reatar o vínculo perdido com a criança. Antes de agir, é fundamental pensar qual a melhor maneira de conversar com o filho, e não tentar resolver a situação.
O “cantinho da disciplina”, funciona?
O cantinho da disciplina e também a proibição das distrações das crianças, é boa ideia, sim. Se a criança faz alguma coisa errada ela é posta de castigo para refletir sobre o que fez errado; depois os pais conversam com seus filhos, explicando o que ocorreu de errado sobre o acontecido. A eficácia dessa ação, já foi comprovada nos estudos de comportamento, mas os pais fazem tudo errado.
Onde eles erram?
Primeiro, eles começam gritando e fazendo um escândalo, quando a criança age de forma inapropriada. Depois partem para o castigo; castigar sem esclarecer não ensina novas habilidades e não favorece o desenvolvimento. Onde deve haver orientação, os pais apostam no isolamento.
Em seu recente livro, o senhor diz que, quando as crianças estão nervosas, as lições tendem a ser ineficazes. Por quê?
Quando as crianças estão agitadas, o cérebro delas não tem capacidade de reter nada. Ninguém está aberto ao aprendizado nos momentos de stress. Para entender isso, é preciso dividir o cérebro em dois estados: o receptivo e o reativo. Por isso, o que ensinamos aos pais é “conecte-se antes de redirecionar”. Quando o pai se conecta ás emoções da criança, a tira do estado de reação e a leva a um estado receptivo, em que a criança está predisposta a ouvir e aprender. Só vamos conseguir atingir esse ponto se pararmos para pensar por que um filho está agindo dessa forma, e o que desencadeou a reação brava.
 Alguns pais acreditam que precisam ser autoritários para evitar a permissividade. É esse o caminho?
Não encorajamos nem o autoritarismo nem a permissividade. Podemos dividir o perfil dos pais de três formas: os autoritários, os permissivos e os participativos. No primeiro caso, agem como ditadores e não escutam o que a criança sente, apenas exigem que ela atenda às suas expectativas. No caso dos permissivos, falta experiência e estrutura. Eles deixam a criança totalmente livre e não favorecem a construção de habilidades. O meio termo são os pais participativos. Eles exercem uma autoridade, mas estão preocupados com a relação, orientando-os e exemplificando atitudes para o desenvolvimento dos filhos. É o modelo ideal.
Punições pontuais dão resultado?
Muitas vezes, sim. Por exemplo: “Se você não fizer os deveres escolares, não jogará videogame”.  “Se você não arrumar suas coisas, não vai poder ver televisão”. Punições desse gênero sempre funcionam, desde que aplicadas com moderação. As crianças podem se sentir motivadas a trocar o risco de perder algum divertimento por uma postura correta. Propor acordo com a criança, dizendo que é melhor para ela sem gritos, chantagem e exageros.
O que dizer aos pais de uma criança que tem o costume de dar escândalo em público quando não é atendida em seus desejos?
Depende do que está acontecendo. Às vezes os pais satisfazem  os pedidos da criança para não serem mais incomodados. Outras vezes os pais não impõem limites e a criança está mal acostumada a ser atendida. Outras mais, por não fazerem as crianças cientes de que nem tudo pode ser e deve ser atendido.
Deixar chorar é bom?
Os pais podem deixar a criança chorar, mas não por muito tempo e dependendo da situação. Quando deve ser dito “não”, tem que ser “não” mesmo. Ela tem que aprender que nem tudo que deseja é possível, mas se ela estiver manipulando, aí a história muda.  Cabe uma conversa, mas é fundamental não atender à exigência da criança, apenas para que ela deixe de chorar... Ela vai viciar.
Obs. No meu tempo de criança, lá pelos idos de 1930, umas  palmadas e uns bolos de palmatória resolviam o problema. Hoje, isso é quase impossível por força da Lei. Em virtude disso, muitos filhos se transformam em verdadeiros algozes dos seus pais.
Para maiores esclarecimentos veja os artigos: A Educação, Educação - Várias Formas, Educação Para o Novo Mundo.

Fonte:
Revista Veja – edição de 22/4/2015
+ Acréscimos, supressões e modificações.

Jc.
São Luís, 14/5/2015

quarta-feira, 22 de julho de 2015

AS VIDEO-CASSETADAS DO FAUSTÃO





 O senhor Ricardo Balestreri, licenciado em História, especialista em Psicopedagogia e em Terapia de Família, atuou como especialista em programas das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e presidido a Anistia Internacional-Seção brasileira, além de outros cargos de grande relevância. Ricardo é uma das raras figuras públicas brasileiras, senão a única pessoa que é considerada humanista, pelo seu incansável empenho pelo bem-estar social e pela promoção da cidadania.
Numa das várias palestras que costuma proferir, ele disse que, aproximadamente há 15 anos, certa vez estava em casa num domingo, com a TV ligada no programa do Faustão. Ele prestou atenção por alguns instantes no quadro “vídeo-cassetadas”, e na condição de um promotor da valorização da vida, de um cidadão consciente, de um ser humano, custou a acreditar no que via. Em plena rede nacional, na maior emissora do país, Faustão destilando incivilidade e grosseria, destratando vulgarmente as pessoas que apareciam nas cenas exibidas. Ele concluiu dizendo que há 15 anos, baniu do seu lar o programa do Faustão, um programa que atenta contra os mais básicos conceitos de civilidade.
Renato Russo também já dirigiu duras críticas à programação da TV brasileira, tratada por ele como “Teatro dos Vampiros”. Suas críticas eram ainda mais duras ao programa “vídeo-cassetadas” do Faustão, que ele tratava por vídeo “assassinatos do Faustão”. Assassino do senso de civilidade e também da dignidade do ser humano. Será que Ricardo Balestreri e Renato Russo são demasiados duros nas suas críticas ao quadro “vídeo-cassetadas” do Faustão? Para tirar as dúvidas, vamos analisar o que foi ao ar no último domingo, dia 5 de julho.
Logo no início do quadro, uma criança escorrega e leva uma pancada na cabeça. Faustão narrando a cena, diz que a criança é “Uma anta”, “Um filhote de jumento”. Ao narrar a próxima cena, em que uma mãe se desequilibra, com a filha ao lado, Faustão ataca dizendo: “Mamãe anta” e prossegue falando: “Coitada da filha se crescer e ficar com a cara da mãe”. A ironia e o sarcasmo tão corrosivos contra a infância, não pouparam tampouco as pessoas idosas que levam tombos: “O vovô está doido, tá fumando aquele cigarrinho, e a vovó doidona”. Num único domingo, Faustão ainda zomba de um bebê que levou uma dedada no olho, e continuou destilando uma lista de impropérios, como: Panaca, palhaço, mula, loira burra, besta, jumento, anta e estúpido, (além de uma série de trocadilhos chulos de cunho sexual, que nos abstemos de reproduzir).
Quando um marmanjo mal educado zomba e fala de uma criança que acaba de se machucar de: “Anta e filhote de jumento”, sem que haja uma advertência por parte de um juiz de menores, e fica tudo por isso mesmo, é porque algo está gravemente errado na nossa sociedade. Se fosse um filho ou um neto dele a se machucar gravemente, será que também zombaria com tamanho escárnio?
Não seriam programas com o quadro “vídeo-cassetadas” do Faustão, responsáveis diretos da onda de bullying que tomou conta dos alunos das escolas brasileiras? É preciso ligar os fatos. A dor do próximo, que deveria despertar sentimentos de pesar e compaixão, transformada em objeto de sarcasmo  e cruel zombaria. Pessoas gravemente feridas sendo tratadas de “estúpido e otário”. Como foi que nos transformamos tão desumanos? Um marmanjo a zombar semanalmente, em horário nobre, da dor e da desgraça alheia – crianças que se machucam, idosos que levam tombos. É preciso refletir sobre o impacto negativo que esse programa tem na deformação do caráter das crianças e adolescentes, expostos ao assistir esse programa.
Outro caso apresenta o cabelo da aniversariante tomado pelo fogo, ao assoprar o bolo, uma cena que em qualquer pessoa civilizada despertaria compaixão e consternação. Mas para Faustão, certamente não passa de mais uma oportunidade para zombaria, ao chamar a pobre moça de “anta”  e “filha de jumento”.  Se ela fosse uma parenta desse ignorante, será que Faustão dirigiria a ela as mesmas palavras de baixo calão com que trata as pessoas que aparecem nos vídeos? Quando foi que nos tornamos insensíveis e desalmados, dando audiência a essas baixarias?
Se as pessoas não se rebelarem, não mudarem de canal, se nada for feito, onde vamos parar? Com uma aula semanal de boçalidades e bullying, indo ao ar e entrando nos lares das famílias cristãs, todas as tardes de domingo? Será que basta mudar de canal ou desligar a Televisão aos domingos? Há 15 anos, Ricardo Balestreri fez isso, não foi imitado e nada mudou. Até quando Faustão haverá de zombar impunimente em rede nacional, de crianças que se machucam e idosos que levam tombos?  Até quando haveremos de tolerar passivamente um indivíduo sem moral, destratar as crianças e idosos, chamando-os de ‘anta e filhote de jumento?” Onde foi para a decência, o respeito e o amor, preconizado por Jesus, nesse indivíduo? Neste imundo lamaçal em que se transformou a TV brasileiras; quem é a “anta” e o “filho de jumento” da história?
Eu, complementando esse artigo, como pai e avô e juntamente com outros pais, sabemos que a televisão se tornou uma “ocupação” constante para as crianças, e deve ser vista com cautela por todos nós pais, significando que a criança pode estar se envolvendo com o que há de pior nos programas apresentados. Há um consenso de que as crianças expostas a tais programas é um fator de risco para elas. E para evitar uma deformação na mente das crianças, pais e educadores devem manter uma atitude criteriosa quanto à seleção preferencial da programação. Deve haver uma seleção do que as crianças veem na televisão, para enriquecer a sua formação. A existência banalizada por programas que não educam e nem serve para nada, apresentando o desrespeito, a violência, as drogas e o sexo, é retratada diariamente pela televisão. Ela e uma janela democrática para o mundo ou um perigoso meio de desvirtuar crianças e jovens.  A maioria dos programas mostram crimes, imagens de violência física e psicológica e apelação para o sexo.
Pobre insensato, como diria Jesus, esse Faustão que não sonha com a possibilidade de amanhã lhe será preciso deixar todas essas futilidades, cujo resultado só envenena sua existência, e esse estado de coisas é sempre um sinal de decadência moral. Ele esqueceu a recomendação do “deixai vir a mim as criancinhas”, e também que toda palavra ofensiva gera um sentimento contrário á lei da caridade e do amor, que deve regular as relações dos seres humanos e manter entre eles a concórdia e a união, sendo um insulto a benevolência e a fraternidade. Ele esqueceu ainda que tem que respeitar também os idosos, como o seu pai, e saber que um dia se tornará um idoso também. Deve ele imitar o “Bom Samaritano” e não os fariseus, procedendo sem humilhar ofender e não ter piedade para com os que sofrem. O mundo gira e se hoje ele se encontra no direito de menosprezar as pessoas, esquece que Deus é o verdadeiro proprietário e que amanhã pode tudo mudar, e ele passar a ser humilhado e desprezado pelo seu procedimento de hoje.
Até alguns anos atrás, o tipo de programas era simples: apresentações musicais, gincanas, entrevistas, desenhos e telejornais Um dos grandes avanços da televisão se concretizou na Constituição Federal de 1988, que assegura todos os direitos à criança, ao adolescente e ainda aos idosos, com absoluta prioridade. Entretanto a televisão não assumiu esse papel, por não lhes interessar e por falta de fiscalização do poder público, transformando–se no que é hoje, com raríssimas exceções,  numa babel de programas sem respeito, moral e dignificantes, como “As vídeo-cassetadas do Faustão”, “Big Brothers” e outros iguais; nestes programas e também nos filmes que são apresentados, a grande maioria  são de violência, crimes e sexo explicito; nas novelas, com exceção dos “Dez Mandamentos” o que é apresentado são apenas baixarias, e tratam de traições, morte, sexo,  violência, infidelidades, mentiras, desrespeito aos pais, tudo o que não presta, sem se interessar e tentar ajudar as nossas crianças, com programas instrutivos; filmes como “Sempre ao seu lado”,  que mostra a dedicação e o carinho de um cachorro ao seu dono, esperando-o todas as tardes, na estação, até mesmo quando o seu dono vem a falecer, “A Trilogia de Nárnia”, que é usado nos colégios como paradidático, “Ghost – Do Outro Lado da Vida” e outros filmes da mesma qualidade, para melhorar a programação, em substituição aos programas e filmes, cheios de tudo o que não presta, apresentados atualmente, causando prejuízo para elas, as crianças de hoje, que poderão nos dar a esperança de um futuro melhor, mais digno, mais fraterno e melhor para os brasileiros e o Brasil.

Fonte:
Internet- artigo “Faustão x Compaixão”
Ricardo Balestreri
Trecho de J.C.                                                                                              Evangelho de Jesus. 

Jc.
São Luís, 9/7/2015                     

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O SERMÃO DA MONTANHA - 1ª Parte





 vE vendo Jesus a grande multidão do povo, subiu a um monte e depois de se ter sentado, se achegaram para junto dele os seus discípulos. E Ele abrindo a sua boca os ensinava, dizendo: - Bem-aventurados os pobres de espírito; porque deles é o reino dos céus.
Não devemos ver na expressão  “pobres de espírito” um designativo pejorativo. É a correta designação dos espíritos que já compreendem as leis divinas e se esforçam por obedecê-las. “Pobres de espirito” para o mundo são os humildes, os simples os bondosos,
Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra.
Conquanto pareça que os violentos sejam senhores da terra, um dia a violência será banida da face do planeta. À medida que os seres humanos forem ficando esclarecidos à luz da fraternidade universal, irão também desaparecendo os atos violentos que as nações praticam contra nações e pessoas contra pessoas. Os rebeldes que não se submeterem às leis fraternas serão desterrados para mundos inferiores. E então, a terra será possuída pelos mansos, isto é, pelos que não tentam violentar o próximo nem por palavras nem por atos.
Bem-aventurados os que choram; porque eles serão consolados.
O sofrimento é a moeda com a qual pagamos as faltas e os erros que, em nossa ignorância, cometemos em encarnações passadas, e com ele compramos nossa felicidade futura; porque os que sofrem têm contas a ajustar com a Justiça Divina. As lágrimas, quando suportadas resignadamente, lavam as manchas da nossa consciência e purificam o espírito. Por isso Jesus diz que são felizes os que choram; porque já iniciaram o resgate dos seus débitos anteriores; e embora a Terra lhes reserve lágrimas, suaves consolações os esperam no mundo espiritual, onde entrarão libertos de remorsos, originados pelos maus atos praticados no pretérito.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça; porque serão fartos.
A justiça da terra é falha; ignora as causas profundas que levaram alguém a cometer uma falta; por isso julga superficialmente. Além disso, quantos crimes ficam impunes!  Qualquer um de nós pode observar diariamente uma quantidade enorme de erros que ferem nosso próximo, mas que a justiça da terra não corrige, castiga e nem pune. Embora possamos iludir a justiça terrena, é impossível iludir a Justiça Divina.
Jesus, profundo conhecedor da lei de compensação que cada um age pró ou contra si próprio, nos diz: - Não te importes se sofreres injustiças ou se irmãos que te ofenderam não foram alcançados pela justiça dos homens.  No mundo  espiritual para onde  irás, mais cedo  ou  mais  tarde, pontifica um Juiz Incorruptível; Ele te fará justiça. Bem-aventurados os misericordiosos; porque eles alcançarão misericórdia.
Misericordioso é aquele que se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso é sentir o coração pulsar de piedade para com os irmãos tocados pela necessidade e pelo sofrimento; é ser amigo, tolerante e bondoso. A misericórdia, porém, deve ser uma virtude ativa; deve procurar os desafortunados e mitigar-lhes a situação dolorosa, dentro das possibilidades que o Senhor concede a cada um, num gesto de ajuda e fraternidade. Os misericordiosos alcançarão misericórdia; porque aquilo mesmo que fizermos aos outros, isso mesmo também receberemos.
Bem-aventurados os limpos de coração; porque eles verão a Deus.
Ser limpo de coração é não dar abrigo a paixões inferiores, tais como: o ódio, a inveja, o egoísmo, a maledicência, o orgulho, porque as paixões inferiores turvam a visão espiritual.
Bem-aventurados os pacíficos; porque eles serão chamados filhos de Deus.
Os pacíficos são aqueles que obedecem à lei da fraternidade porque sabem que todos somos irmãos, filhos de um mesmo Pai, e tratam a todos com brandura, moderação, mansuetude, afabilidade e paciência.
Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor a justiça; porque deles é o reino dos céus.
As nobres ideias que fazem com que a humanidade avance espiritual, moral, política e materialmente, encontram acérrimos opositores, que se esforçam por esmagá-las. E no mundo, formam-se castas que se aproveitam de suas prerrogativas, tirando o máximo proveito de seus poderes e não admitem a mais leve mudança no regime que as mantém e favorece. Jesus torna dignos de recompensa divina os homens esclarecidos e de boa vontade, que lutam para que a justiça reine entre todos os setores das atividades humanas.
Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e perseguirem e disserem tudo de mal contra vós, mentindo por meu respeito. Folgai e exultai, porque o vosso galardão é copioso nos céus; pois assim também perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
A doutrina de Jesus veio estabelecer na Terra as bases definitivas em que as relações e as instituições humanas se apoiarão nela. É natural que tenha de destruir tudo quanto não se conforme com ela. Acontece, porém, que os interessados em ofuscar a luz acendida por Jesus, são muitos e poderosos e, como não lhes convém seguir a lei divina, perseguem impiedosamente os sinceros colaboradores do Mestre. Desde o sacrifício que impuseram a Jesus, o espetáculo dos cristãos lançados às feras, até à calúnia e à mentira injuriosas, quanto amargor foi, é e ainda será vertido nos corações dos que são fieis para o completo triunfo do verdadeiro Cristianismo! Jesus conforta seus trabalhadores prometendo-lhes que no mundo espiritual serão recompensados. 
Vós sois o sal da terra. E se o sal perder sua força, com que outra coisa há de salgar?  Para nenhuma coisa mais fica servindo, senão para ser lançado fora.
A comparação que Jesus faz entre o sal e seus discípulos é bastante explicita. O bom sal salga, preservando da podridão. Os modernos discípulos de Jesus são os espíritas chamados a fazer brilhar novamente no mundo os preceitos do Evangelho. Cumpre-lhes lutar  para que a corrupção não arruíne o corpo e a alma da humanidade.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade que está situada sobre um monte.
A luz destrói as trevas. A ignorância é treva da alma. Os discípulos de Jesus destroem a ignorância, sendo a luz espiritual do mundo. Uma cidade erguida sobre um monte é vista por todos, desde muito longe. Assim é o discípulo de Jesus: todos o observam a ver se não desmente com os atos o que prega com as palavras.
Assim luza a vossa luz diante dos homens; que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem. a vosso Pai que está nos céus.
Os modernos discípulos de Jesus trazem consigo uma luz que deve luzir diante dos homens. Essa luz é a mediunidade. Para que a luz da mediunidade brilhe em todo o esplendor, o médium é obrigado a travar lutas, por vezes bem ásperas. Há duas espécies de lutas para que a luz luza diante dos homens: Uma é a luta que se desenrola em seu próprio íntimo, lutando contra si mesmo, para vencer o comodismo, a inércia, a rotina, e deverá saber sobrepor-se a seus gostos e a seus caprichos, sacrificando suas vaidades, em todas as oportunidades a serviço do Altíssimo, em socorro dos necessitados e em esclarecimento aos ignorantes. A outra luta é contra os preconceitos sociais, entre os quais, está incluída a incompreensão dos familiares. A esse respeito, Emmanuel assim se expressa: “A missão mediúnica, se tem os seus percalços e suas lutas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e redenção, concedidas por Deus a seus filhos”.
Não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim a destruí-los, mas sim a dar-lhes cumprimento..
A lei a que Jesus se refere é o Decálogo, dado a Moisés e transmitido a todos. Os profetas que vieram depois de Moisés, chamaram sempre a atenção do povo para a observância dos Dez Mandamentos. Jesus não veio invalidar o Decálogo ou o que disseram os profetas, mas fazer com que os homens o cumprissem à risca. Assim também a Doutrina dos Espíritos; não veio destruir e combater as religiões, mas ensinar-nos a viver de acordo com o Evangelho.
Porque em verdade vos afirmo que enquanto não passar o céu e a terra, não passará da lei um só i ou til, sem que tudo seja cumprido.
Ao afirmar que da lei não passará um único til sem que tudo seja cumprido, Jesus se refere ao progresso contínuo a que está sujeito o que segue o Evangelho. À medida que for estudando o Evangelho e se esforçando por viver de acordo com ele, a lei divina se gravará em seu períspirito e chegará o dia em que saberá cumpri-la sem exceção de um i ou til.
Aquele, pois, que quebrar um destes mandamentos e que assim ensinar aos homens, será chamado pequeno, mas o que guardar e ensinar a guardá-los, esse será reputado grande no reino dos céus.
Jesus nos adverte da grande responsabilidade dos que ensinam. Se seus ensinos não forem pautados no Evangelho, tremendas contas lhes serão tomadas, porque retardaram o progresso espiritual do mundo. E grandes recompensas aguardamos que ensinamos os povos a se encaminharem  para Deus. Entretanto, notemos que não é só ensinar; é preciso ensinar e praticar o que ensina; nunca desmentir com os atos o que prega com as palavras, nem mandar que os outros pratiquem e se eximir de também praticar.
Porque eu vos digo que se a vossa justiça não for  maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus.
Quanto mais evoluídos estivermos, mais serão nossas responsabilidades. Dada a grande soma de conhecimentos espirituais que os espíritas receberam, são eles os que mais obrigados estão para com o Pai. Sem dúvida, os espíritas são indicados a praticarem com mais perfeição os ensinos evangélicos, do que                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              seus irmãos de outras crenças menos evoluídas.
Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar será réu no juízo. Eu vos digo que todo o que se ira contra seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: Raca, será réu no conselho; e o que disser: és um tolo, será réu no fogo.
A existência dos nossos semelhantes não nos pertence. Quem mata seu irmão, conquanto não aniquile o Espírito que é imortal, faz a pessoa desencarnar violentamente, acarretando-lhe sofrimentos diversos.  E, ainda, lhe corta as oportunidades de progresso, que a encarnação lhe proporcionaria. É bom saber que uma encarnação não se consegue facilmente; por vezes é conseguida à custa de muitos sacrifícios e trabalhos no mundo espiritual. Além disso, não é só o progresso da vítima que o assassino  interrompe: também o dos entes que dependiam dela, porque o trabalho estabelecido  no plano espiritual, fica sem um dos elementos que, pode ser o principal, para a sua realização. Não somente causar a morte material, mas também evitar causar mortes morais. Há pessoas que são incapazes de matar uma barata, mas não evitam em matar as reputações alheias, a harmonia existente num lar e matar a fé e a esperança que enxuga as lágrimas dos aflitos; tudo isso é morte moral.
Portanto, se tu estás fazendo a tua oferta diante do altar e te lembrar de que teu irmão tem contra ti alguma coisa. Deixa ali tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e depois virás fazer a tua oferta.
Nos, que adoramos a Deus em Espírito e Verdade, temos por altar a nossa consciência, e a oferta que fazemos ao Pai são nossas orações sinceras. E quando estivermos orando a Deus, nossa consciência nos acusar de termos prejudicado a um irmão, quer por palavras ou por atos, devemos em primeiro lugar, procurar o irmão e pedir-lhe que nos perdoe. Isto feito, podemos continuar nossa oferta ao Pai, e, em caso contrário, Ele não a aceitará.
Reabilita-te com teu adversário, enquanto estás a caminho com ele; para que não suceda que ele te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao guarda e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá enquanto não pagares o último ceitil.
O caminho em que estamos com nosso adversário, é a existência presente, durante a qual houve o atrito. Enquanto estamos juntos, ambos encarnados,  é que convém desfazer os agravos e transformar as inimizades, por menores que sejam em estima, porque se não fizermos assim, as ações malévolas ficarão em nossa consciência e seremos colhidos pelas reencarnações dolorosas.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu porém, vos digo:  Que aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela.
O simples pensar com maldade revela inferioridade de uma pessoa. E se não realiza o seu mau pensamento, é porque não se lhe apresentou ocasião favorável; tivesse tido oportunidade e o mal que guardou consigo, se traduziria em ação. Se alguém pensa no mal e não o pratica, nem por isso está livre da responsabilidade de expurgar do seu pensamento os sentimentos ruins. Onde há pensamentos malévolos, ainda não há pureza de alma.
E se teu olho te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; e se tua mão te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque é melhor que se percam dois dos teus membros do que todo o teu corpo vá para o inferno.
A palavra escândalo aqui empregado, é tudo quanto é mal, e as causas de escândalo são os meios pelos quais o ser humano pratica o mal. Os olhos postos a serviço da cobiça, da inveja e do mal; as mãos que usam do poder para esmagar os fracos; a língua quando maldizente; o cérebro que se serve da inteligência para prejudicar seus semelhantes e afastá-los de Deus; enfim todos os órgãos do corpo e os bem intelectuais e os materiais, quando usados para a satisfação de apetites inferiores, são causas de escândalo.
Também foi dito: Qualquer que se desquitar de sua mulher, dê-lhe carta de repúdio.  Mas eu vos digo: Que todo o que repudiar sua mulher, a não ser por causa do adultério, o faz ser adúltera.
O casamento serve para unir dois seres para evoluírem juntos e providenciarem corpos materiais para que outros espíritos encarnem e progridam. Nele o que é imutável é somente o que vem de Deus, e tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos para operar a reposição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de ordem tão humana, que não há  na cristandade, dois países em que elas sejam iguais. Mas, nem a lei civil, nem os compromissos que ela faz contrair, pode suprir a lei do Amor que preside a união. Quando Jesus disse: “Vós não separeis o que Deus uniu”, deve-se entender da união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei variável dos homens. O divórcio é uma lei humana civil, que tem por fim separar legalmente o que está separado de fato; não é contrária à lei de Deus, uma vez que modifica apenas o que os homens fizeram, e não foi levada em conta a lei divina do amor. Os casais que vivem essa lei, não precisam do divórcio.
Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás ao Senhor os teus juramentos. Eu porém vos digo: Que não jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o assento dos seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei; nem jurarás  pelo tua cabeça, pois não podes acrescentar um fio a mais ou que seja branco  ou negro. Mas seja o teu falar: Sim, sim; não, não; porque tudo o que daqui passa procede do mal.
Os juramentos que fazemos, traduzem sempre presunção, porque não sabemos se poderemos cumprir. Se nas mínimas coisas temos que nos sujeitar à vontade divina, quanto mais nas grandes?  Vamos ser sinceros em nossas afirmativas e em nossos compromissos, e no tocante à parte religiosa, maior deverá ser a nossa sinceridade. Como cristãos e espíritas, seguindo o Evangelho, nosso comportamento deve confirmar a religião que professamos.
Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho e dente por dente.
No tempo em que Moisés legislou, teve ele de ordenar para povos primitivos e quase ferozes, que não tinham compreensão alguma da espiritualidade. Ele foi obrigado a recomendar que retribuíssem a violência pela violência, para que fossem contidos pelo medo de receberem o mesmo que fizessem aos outros.
Eu, porém vos digo que não resistais ao que vos fizer mal; se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que demandar-te em juízo e tirar-te a tua túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir carregado mil passos, vai com ele mais outros mil.
Jesus aqui nos ensina que a lei divina proíbe rigorosamente a vingança. Estando já os povos mais adiantados em compreensão espiritual, Jesus lhes demonstra que o castigo deve sempre vir do Alto, o qual sabe como obrigar ao que errou a corrigir o erro cometido contra o próximo. Ao Senhor compete punir os seus filhos rebeldes; pois, afirmou Jesus que serão saciados os que clamam por justiça. Então porque procurar fazer justiça por suas próprias mãos? A vingança tem enchido prisões, arruinado lares e perdido existências preciosas. Jesus que veio combater as causas das infelicidades materiais e espirituais da humanidade recomenda-nos que procuremos harmonizar as situações sem recorrer a vingança, mesmo que tenhamos de arcar com prejuízos materiais ou morais. Dizendo que andemos mil passos com quem nos obriga a andar mil,  Jesus nos aconselha a obediência para com os nossos superiores sem murmurar. Se não obedecermos aos homens, como poderemos obedecer a Deus e cumprir-lhes as ordens, vivendo conforme sua vontade? 
Dá a quem te pede e não voltes ás costas ao que deseja que lhe emprestes.
Prestar auxílio a quem o solicita é uma lei divina. A quem nos pedir, quer sejam auxílios materiais ou espirituais, precisamos socorrer na medida de nossas possibilidades. É verdade que nem sempre estamos em condições de atender os pedidos que nos fazem, porém com um pouco de boa vontade e de bom coração, sempre encontramos meios de atender os pedidos que nos são dirigidos. Jesus nos ensina á colocarmos o pouco ou o muito que possuímos, a serviço da fraternidade entre as pessoas.
Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai a vossos inimigos, fazei o bem ao que vos tem ódio: orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Os homens, pertença, a que raça pertencerem, são irmãos e filhos de um único Pai. Moisés teve que ensinar a amarem pelo menos os de sua tribo ou família. Jesus dilata ensinando-nos que o nosso inimigo, é nosso próximo, pois é nosso irmão em Deus. Este ensino de Jesus poderia ser um contra senso, se não houvesse a lei da reencarnação. Se vivêssemos na Terra apenas uma vez, e  depois da morte mergulhássemos no nada, ou fôssemos viver em beatitude ou em tormentos eternos, conforme  ensinam os homens, por que haveríamos de forçar nosso coração a amar quem nos odeia? Por que orar pelos que nos espezinham? Sabemos que nossa vida não termina com a morte física. A lei da reencarnação faz com que os espíritos que se odeiam, encarnem no mesmo grupo, a fim de os sofrimentos e as alegrias que suportarem em comum, transforme em fraterna amizade, a repulsa que os separava, livrando-os do pesado fardo, e harmonizando os contendores.
Para serem filhos de vosso Pai que está nos céus; o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus e vir a chuva sobre justos e injustos.
Porque Deus permite que também os maus gozem dos bens da Natureza, na mesma proporção dos bons? Porque Deus sabe que seus filhos rebeldes de hoje, por força da lei do progresso, hão de ser bons no futuro, assim como os bons de hoje, já foram maus no passado. O bem é a lei suprema do Universo e o mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz.  Assim, quando um espírito malévolo procura a luz, as trevas da ignorância e maldade que o envolviam, dissipam-se e ele se torna do bem.
Porque se vós não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?
O progresso espiritual se verifica quando a pessoa combate seu excessivo amor próprio. Ele é um das mais comuns manifestações do orgulho, causa principal, que impede se estabeleça a fraternidade entre os homens. Sacrificando seu amor próprio, cada um encontrará os meios de fazer com que desapareçam as inimizades e a fraternidade existirá no mundo.
Sede vós perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito.
Parece que este preceito de Jesus seja impossível de ser praticado. Se meditarmos um pouco sobre ele, veremos que é um mandamento lógico e cujo cumprimento está ao alcance de qualquer pessoa de boa vontade. Deus não ama mais a um filho em detrimento de outro. O forte e o fraco, o rico e o pobre, o são e o doente, o sábio e o ignorante, o justo e o pecador, todos são amados por Deus e a Divina Providência vela por todos; guiando-os e amparando-os para a Perfeição. Para sermos perfeitos como nosso Pai celestial é perfeito, precisamos amar todos os nossos irmãos, a toda a humanidade. Todos merecem nosso carinho, nosso amor sem exceção de pessoas.
Fim da 1ª parte:
os que colocam os deveres da fraternidade acima de tudo. “Ricos de espírito” para o mundo são os orgulhosos, os que se julgam melhores do que os outros e os que pensam que todos devem se dobrar a seus caprichos.

O SERMÃO DA MONTANHA - 2ª PARTE




 Não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; de outra maneira não tereis a recompensa de vosso Pai que está nos céus.
No coração dos homens há dois sentimentos que impedem a execução das boas obras: o orgulho e a vaidade. A humildade é o sentimento que leva o homem a praticar o bem pelo bem, sem esperar recompensa a não ser a satisfação de ter concorrido para a felicidade de um irmão. O orgulho leva o ser humano a praticar o bem com ostentação.
Quando deres a esmola, não faças tocar a trombeta, como praticam os hipócritas nas ruas, para serem honrados pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas quando deres a esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita. Para que tua esmola fique escondida e teu Pai, que vê o que tu fazes te recompensará.
Quando praticarmos qualquer ato bom para  o próximo, não seja o  orgulho que nos mova, mas o sentimento de fraternidade. Dizendo que não devemos beneficiar ninguém à vista de todos, Jesus nos ensina a não humilhar o irmão que recorre a nós. Há sofrimento no irmão necessitado e não devemos lhe aumentar as amarguras, fazendo-o alvo de uma ação orgulhosa. Devemos imitar o Pai em sua perfeição: Ele está nos socorrendo e amparando sempre.
E quando orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos templos, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entre em teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai; e teu Pai que vê o que se passa em secreto, te dará a paga.
A prece é uma demonstração de humildade da criatura para com o Criador; não pode, por conseguinte, servir de estímulo ao orgulho dos homens. Ele recomenda que oremos secretamente dentro de nosso quarto, para que o ato da prece seja realizado na maior simplicidade possível e na mais perfeita humildade e harmonia.
E quando orares, não fale muito como os gentios; pois cuidam que pelo muito falar serão ouvidos. Não quereis, portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que vos peçais.
A prece não vale pelas palavras com que é formula, mas pelo sentimento que a inspira. Não são os lábios que devem orar, mas o próprio coração. É verdade que o Pai sabe o que é necessário a cada um de nós, antes que lhe peçamos. Velando pela criação inteira, está a Providência Divina, que a tudo provê, se tivermos merecimento, pelas nossas ações na prática do bem. E para corrigirmos as imperfeições a prece é um auxiliar que fortifica nossa vontade.
Assim, pois, é que vós haveis de orar: “Pai nosso que estais em todo o infinito e também em nosso íntimo, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino de Paz e Amor, seja feita a vossa vontade assim na Terra como em todo o Universo. O pão nosso de cada dia, nos dai hoje e sempre que merecermos, perdoa as nossas dívidas, nos possibilitando resgatá-las, e nos dê a força para também podermos perdoar os nossos irmãos, não nos deixeis cair nas tentações da nossa inferioridade, e livra-nos do mal que ainda existe em nós mesmos, pois sois todo poder, bondade, justiça, misericórdia e amor. Assim, seja se for da vossa vontade e do nosso merecimento.”  (pequena modificação no texto)
O auxílio divino está sempre subordinado aos atos que praticamos para com o nosso próximo. Se fizermos o bem, teremos o merecimento para sermos atendidos. Roguemos ao Pai que nos livre do mal, mas não o pratiquemos nem por pensamento, palavras e atos.
Porque se vós perdoardes aos homens as ofensas que tendes deles, também o vosso Pai celestial perdoará os vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens, tampouco o vosso Pai vos perdoará os vossos pecados.
Os atos que praticamos na existência são a favor ou contra nosso próximo. Quando a favor, são atos bons que nos dá o merecimento, e quando são contra são atos maus que nos causará sofrimentos. Por isso, Jesus, que veio à Terra ensinar-nos como terminar com o sofrimento que nos infelicita, recomenda-nos insistentemente a lei do perdão e do amor.
E quando jejuares, não fique triste como os Hipócrates, porque eles desfiguram os seus rostos, para fazer ver aos homens que jejuam; na verdade vos digo que já receberam sua recompensa.
O jejum da alma são as expiações, por meio das quais se corrigem os erros do passado e se purificam as imperfeições.  Ao praticarmos o jejum espiritual, devemos notar que Deus não impede nem proíbe que trabalhemos para suavizar nossas provas e expiações. Ele nos deu a inteligência, justamente para nos melhorar, com nossos próprios esforços, as condições materiais e espirituais em que nos encontramos.
Não quereis entesourar para vós tesouros na terra,, onde a ferrugem e a traça os consomem e onde os ladrões os desenterram e roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde não os consomem a ferrugem nem a traça e onde os ladrões não o roubam. Porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.
Jesus nestas palavras não condena as riquezas, quando utilizadas de acordo com a vontade divina e criam três ordens de progresso em nosso mundo, que são: O progresso material, por fornecer trabalho ao povo; o progresso intelectual, por desenvolver as ciências e as artes; o progresso espiritual, por  proporcionar a prática do bem, beneficiando a todos. As riquezas terrenas são transitórias e concedidas a título precário, enquanto que a riquezas espirituais são aquisições do  espírito  que  permanecem  sempre. As riquezas na Terra, às quais ligamos nossos corações são ilusões a atormentar-nos, quando o desencarne nos levar para a realidade da vida espiritual. Devemos ligar nossos corações, aos bens da alma, que são: a caridade, a fé, a esperança, a prece e o amor a Deus e ao próximo, que são as verdadeiras riquezas da alma.
O teu olho é a luz do teu corpo. Se teu olho for simples, todo o teu corpo será luminoso. Mas se o teu olho for mau todo o teu corpo estará em trevas, e quão grandes serão essas trevas.
Os nossos olhos nos fazem ver o bem e o mal. Na Terra cada criatura tem o seu lado bom e o seu lado mau, isto é, o seu lado  ainda imperfeito. Jesus nos aconselha que vejamos em nosso próximo, somente o lado bom, o lado luminoso que já começa a apresentar alguma perfeição; se fixarmos nas más qualidade de nossos irmãos estaremos criando trevas para nós próprios.
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer um e amar o outro, ou há de acomodar-se a este e desprezar aquele. Não podeis servir a Deus e as riquezas.
Jesus nos mostra a incompatibilidade reinante entre os bens materiais e os espirituais. Não podemos amar com a mesma intensidade as coisas da terra e as do céu, e sem que o percebamos, começamos a nos dedicar mais a uma do que a outra. Ele não quer que abandonemos as coisas do mundo e entreguemo-nos à vida contemplativa, em criminosa inatividade. Primeiro preocupar-se com as coisas da alma, que é imortal; depois preocupai com as coisas terrenas, que são perecíveis, e assim estareis no caminho certo.
Portanto, vos digo; não andeis cuidadosos de vossa vida, que comereis, nem para o vosso corpo, que vestireis. Não é mais a alma que a comida e o corpo mais que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem segam, nem fazem provimento nos celeiros; e, contudo vosso Pai celestial as sustenta. Por ventura não sois vós mais do que elas?
A excessiva preocupação do ser humano pelas coisas materiais é responsável por grande parte do desassossego em que vivemos. Mantemos uma luta diariamente, não só para conseguirmos o necessário, mas também o supérfluo com receios de que as coisas nos faltem. A providência divina sempre providenciará para que tenhamos o que é necessário, na medida justa de nosso merecimento. Cuidar unicamente das coisas materiais apresenta dois graves perigos: Embrutece a alma; afasta-nos de Deus. A Providência divina não abandona nem os mais pequeninos e humildes viventes, cuidando que eles tenham o alimento, assim também não nos deixará faltar nada que seja realmente necessário para a existência e o progresso do nosso espírito.
E qual de vós, pode acrescentar um côvado à sua estatura?  E por que andais vós solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam. Digo-vos, porém, que nem Salomão, em toda a sua glória se cobriu jamais como um deles. Se ao feno do campo que existe hoje e amanhã é lançado no forno, Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé?  Não vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que  beberemos  ou com que nos cobriremos?  Porque os
gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidades de todas elas.
É formosa a maneira pela qual Jesus nos faz ver a Providência Divina cuidando da Criação. Desde a pequenina ervinha do campo até o ser humano, tudo é objeto dos carinhos do Pai Celestial. Nada está abandonado e ninguém está desamparado; não há órfãos. Por certo cada um receberá o seu quinhão de acordo com a sua necessidade e seu merecimento. A ervinha do campo e as aves do céu recebem seus alimentos através dos canais da Natureza, mas o ser humano, que já atingiu a idade do raciocínio, deve providenciar a sua própria subsistência. Deus sabe do que necessitamos, e todas as facilidades nos serão concedidas para vivermos.
Buscai, pois, primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas se vos acrescentarão. E assim, não andeis inquietos pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua aflição.
O nosso primeiro e principal dever é lutar por conseguir os bens imperecíveis da alma, os bens do espírito, pautando nossa existência segundo as leis divinas, essa é a finalidade da nossa existência; quanto às coisas materiais, podemos estar tranquilos; A Providência Divina fará com que elas nos cheguem às mãos. Trabalhemos confiantes hoje e resolvamos nossos problemas e nossas dificuldades. O futuro pertence a Deus e só Ele o pode solucionar, e a solução vai depender de nossas obras e nosso merecimento.
Não queirais julgar, para que não sejais julgados. Pois com o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes vos medirão a vós. Por que vês tu a aresta no olho de teu irmão e não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás como hás de tirar a aresta do olho do teu irmão.
Jesus condena a maledicência, a qual consiste em esmiuçar a vida alheia. Ser maledicente é comentar a vida do próximo, procurando descobrir  e propalar o lado imperfeito dos atos de cada um. Cada um de nós age de acordo com sua inteligência e com o grau de evolução a que chegou e ainda, segundo o momento, que são os fatores que levam uma pessoa a agir. Todos nós reconhecemos facilmente o erro dos outros; mas não temos nenhuma propensão para reconhecer os nossos próprios erros. O orgulho não permite que percebamos as imperfeições em nossa alma; porém, assim como vemos as imperfeições dos outros, do mesmo modo os outros veem as nossas. Não podemos dar o que não temos; e muito menos exigir que os outros observem e pratiquem os ensinos que nós nos esquecemos de observar e exemplificar. Para dar, precisamos possuir; para corrigir, precisamos ser evoluídos, pelo menos naquilo que desejamos corrigir  nos outros. O argueiro são os defeitos que notamos na vida dos outros, esquecidos de que temos uma trave a nos embaraçar o caminho. Tirar a trave de nossos olhos significa corrigir nossos erros e extirpar nossas imperfeições.
Não deis aos cães o que é santo; nem lanceis aos porcos as vossas pérolas e suceder que eles tornando-se contra vós, os despedacem.
 Ao ministrar os ensinos divinos tem que ser gradualmente de conformidade com a compreensão das criaturas, com a boa vontade delas e com as circunstâncias do momento. Ao passo que o ensinar a esmo, sem que repare na situação e na percepção dos ouvintes, é perder tempo e, sobretudo arriscar-se a não ser compreendido. Assim, em primeiro lugar preparar-se a si próprio para adquirir a autoridade moral, depois trabalhar com bom ânimo para criar um ambiente onde possa lançar suas ideias.
Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á. Ou qual de vós porventura é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou porventura, se lhe pedir um peixe, dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai  que está nos céus , dará bens aos que lhes pedirem?
Jesus nos recomenda o trabalho, a ação, o esforço próprio, condenando a preguiça ou à inatividade. Para melhorar nossas condições materiais e, principalmente, as espirituais, podemos pedir ao Pai celestial que nos facilite o que for necessário ao nosso progresso material e espiritual. Jesus nos diz que nos sirvamos da prece, contudo, é necessário saber que só receberemos o que for de real interesse ao progresso do nosso espírito. A Providência Divina estará sempre aberta para atender aos nossos justos pedidos, em quaisquer circunstâncias em que estejamos.
O pai que ama seus filhos, atenderá os pedidos deles, nas suas necessidades; porém evitará dar-lhes coisas que poderão lhes prejudicar. Algumas vezes, o que os filhos pedem, poderá originar desastres, então o pai previdente não lhes dará. Assim é Deus; Ele só dá a seus filhos, que somos todos nós, aquilo que realmente contribuirá para nossa felicidade espiritual, e recusa tudo quanto poderá causar danos ao nosso espírito, embora lhe peçamos.
E assim tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles. Porque esta é a lei e os profetas.
Jesus quis dizer-nos que resume tudo quanto foi ensinado pelos profetas, que é a lei da causa e do efeito. Os atos maléficos dão origem a sofrimentos, para quem os comete, enquanto que os atos benéficos promoverão a felicidade de quem os praticou. Se quisermos ser felizes no futuro, comecemos a fazer o bem, e o mal que tivermos feito no passado, são os nossos sofrimentos atuais.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que guia para a perdição, e muitos são os que entram por ela.
A luta que travamos para a conquista dos bens espirituais constitui a porta estreita e o caminho apertado no fim do qual está a verdadeira vida, livre de reencarnações dolorosas. Os gozos terrenos são a porta larga e o caminho espaçoso que nos leva a novas reencarnações, ao sofrimento e aos planos inferiores.
Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas e por dentro são lobos roubadores.
Falsos profetas são aqueles que trabalham contra os ensinos de Jesus e procuram perpetuar na Terra a ignorância de seus irmãos, a fim de viverem à custa deles. As religiões dogmáticas que tentam manter as pessoas na cegueira espiritual, para auferirem proveitos materiais, são os falsos profetas. A ciência quando nega a imortalidade da alma e a existência do mundo espiritual, matando a Esperança e a Fé dos corações, também é um falso profeta.
Por ventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa dá bons frutos; e a árvore má dá maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos.  Toda árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada ao fogo. Assim pois, pelos seus frutos, os conhecereis.
Temos que manter a vigilância para que não sejamos vítimas dos falsos profetas. As árvores somos nós; os frutos, nossas ações; o fogo é o sofrimento. Seremos conhecidos pelos nossos frutos, isto é, seremos julgados pelas nossas obras. A árvore lançada ao fogo simboliza o sofrimento para os que se distanciam das leis divinas, fazendo atos maus, que são péssimos frutos.
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia (passagem para a Espiritualidade): Senhor, Senhor, nós profetizamos em teu nome e em teu nome expelimos os demônios e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi em voz muito inteligível: Pois eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim os que obrais a iniquidade.
Não são os rótulos religiosos que abrem as portas dos planos felizes do Universo, nem tampouco as palavras piedosas, nem as obras que praticam, quando são o orgulho e a hipocrisia que as ditam ou inspiram. E a vontade do Pai é que não sejamos nem hipócritas, nem mistificares nem orgulhosos, praticando o bem pelo bem, sem qualquer motivo oculto, como a cobrança de qualquer atividade relacionada a prática religiosa.
Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado ao homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha, e veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa e ela não caiu; porque estava fundada sobre a rocha.
A observância dos ensinos de Jesus nos dará a fortaleza moral com a qual nós nos protegeremos, quando tivermos de sofrer as provas e expiações que merecemos. Os que ouvem Jesus são os que estudam o Evangelho; mas não basta estudar ou ouvir a palavra; é preciso observá-la, viver de conformidade com o que ouviu e aprendeu. Além do estudo do Evangelho, podemos fortificar nosso espírito pela prece, pelo trabalho e pela leitura de bons livros.
E todo o que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa  e ela caiu e foi grande a sua ruína.
Onde podemos fracassar é a não observância das lições do Evangelho, com conhecimento de causa. Os que pregam e ensinam e, todavia, não vivem em harmonia com o que pregam e ensinam, estão construindo a casa sobre a areia. Podemos dizer também que constroem sobre a areia aqueles que não aceitam resignadamente as provas e as expiações que lhes couberem; os que usam dos bens que o Senhor lhes confiou, unicamente para satisfação de seu egoísmo, e os que vivem à custa dos esforços dos seus irmãos.
E aconteceu que, tendo Jesus acabado o sermão, estava o povo admirado de sua doutrina. Porque Ele os ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas e fariseus.
Jesus ensinava amorosamente o povo e a sua doutrina ia direto aos corações de seus ouvintes, relembrando-lhes a ideia inata que traziam, de um mundo de paz, fraternidade e amor. Despertava-lhes, assim, a Esperança; reacendia-lhes a Fé e conduzia-os ás prática da Caridade, ao passo que os escribas e fariseus, os sacerdotes das religiões organizadas, amedrontavam os humildes, ao sobrecarregá-los de formalidades materiais e esquecendo-se de cuidarem da parte espiritual do ser humano.
Aqui se finaliza o Sermão da Montanha, iniciado no capítulo cinco e finalizado no item 28 do capítulo sete, do Evangelho de Mateus.

Fonte:
“Novo Testamento”
“Evangelho dos Humildes”
Eliseu Rigonatti
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 14/7/2015.

terça-feira, 7 de julho de 2015

PAGANDO A DÍVIDA ALHEIA




  De repente estamos todos endividados e inadimplentes – ao menos a maioria de nós brasileiros comuns, sem mansões, nem iates, nem casas em Miami. Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir, lembram-se? Eu não esqueci, e nem consumi porque estava mais alerta e menos confiante. Diziam: “Compre seu carro novo! Troquem a geladeira! Comprem TV plana!, comprem seu apartamento ou casa.  Não deixem de fazer nada disso; as elite brancas não querem que vocês tenham nada”.
E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir – como se consumo, e não investimento de parte do governo fosse um crescimento. Realmente, por um breve período, tivemos a sensação nova de confiança e bem-estar. Disseram, ainda, (e acreditamos) que a miséria tinha sido liquidada no país, e éramos todos da classe média: quem ganhava mais de 350 reais era da classe média.
Nós nos sentíamos modernos e potentes. Crédito abundante e generosos prazos. Juros baixos também, mas isso não importava. E agora, a surpresa: as dívidas. Ficamos nessa situação porque obedecemos a quem nos chamava a gastar; e possivelmente seremos desempregados porque essa ameaça se torna cotidiana.
 O governo do PT gastou mais do que podia e devia, com gestão equivocada, gastos faraônicos em empreendimento diversos, logo abandonados  por faltas de planejamento, e empréstimos para construção do Gasoduto da TGS e da TGN, na Argentina,  no valor de 636,9 milhões de dólares; na Usina Siderúrgica Nacional, na Venezuela, no valor de 865,4 milhões de dólares; no Porto de Mariel, em Cuba, no valor de 682 milhões de dólares; na Termo- elétrica Punta Calina, na República Dominicana, no valor de 656 milhões de dólares; no Projeto de Irrigação Transvase Daule-Vinces, no Equador, no valor de 137 milhões de dólares; na Rodovia Centro-Americana, na Guatemala, no valor de 280 milhões de dólares; na Hidrelétrica Cambambe, em Angola, no valor de 464,4 milhões de dólares; na Barragem Moamba-Major, em Moçambique, no valor de 320 milhões de dólares; todo esse dinheirão fornecido pelo BNDES, para financiar obras no exterior, com dinheiro dos brasileiros. No fim de 2014, a dívida da União  para cobrir as operações, era de 26,1 bilhões de reais. Quando criticado, o governo do PT, defende-se dizendo que as empresas
brasileiras envolvidas nas operações geram empregos e receitas para o Brasil, e que eles não conseguiriam conquistar esses mercados sem a ajuda oficial, enquanto obras de infraestrutura essenciais para o desenvolvimento do Brasil são negligenciadas, e o dinheiro jorra para o exterior. A camaradagem do governo, por meio do BNDES, tem um preço para os pagadores de impostos do Brasil. Isso é que é um banco camarada para os outros.
Agora o governo nos convoca a pagar também suas dívidas – que não são nossas. Há poucos dias fomos informados: O caixa está vazio, o dinheiro do governo acabou; entrou no ralo da imprudência. Suspenderam-se as bolsas de estudo, investimentos em saúde e infraestrutura, e abre-se a dura realidade de projetos, comissões, estudos, palavrórios, mas não sabem o que fazer com o Brasil, a não ser aumentar os impostos.
Para consertar o que parece inconsertável, corta-se na carne... , Sobretudo, na nossa. Cortam-se benefícios como tempo de trabalho para ter o seguro-desemprego, dificulta-se no sentido de obter aposentadoria, reduzem-se as pensões e também os salários aumentando a angústia do povo. Cresce a inflação e os juros, sobe o desemprego, uma combinação fatal. Operários, funcionários, empregados domésticos, gerentes de lojas e de empresas, de repente as voltas com a falta de trabalho e o excesso de dívidas.
O Estado então pede nossa paciência e compreensão. Mas os brasileiros, sem a mínima segurança e garantia, morrendo mais do que em guerras; por toda parte sem escolas, nem postos de saúde onde falta até o algodão, nem condições de higiene, imprensados em velhos ônibus, não podem ter compreensão; o abandono, a  doença, a inanição, não podem esperar; a falta de esperança não pode esperar. Mulheres parindo no chão dos hospitais, doentes terminais sem remédio para suas dores, médicos desesperados porque não há nem aspirina nem macas para oferecer, não podem ter paciência.
A explicação fornecida para a crise é de romance:  a Europa e os Estados Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outras. Promessas retumbantes e discursos otimistas e confusos, não deviam mais nos enganar. Nós precisamos da verdade; precisamos de respeito, precisamos das oportunidades que nos foram tiradas, quando nos colocamos entre os últimos do mundo em educação, saúde, segurança, economia e confiabilidade.
Talvez se possa ainda ajudar o Brasil usando as armas mais eficientes que temos se bem usadas: manifestações ordeiras, não acreditar em promessas vazias, nem dar atenção à dança dos políticos que trocam de partidos e convicções, na festa das benesses que reina no Congresso, e usar o “voto” – gesto mínimo e definitivo que pode derrubar estruturas perversas e chamar de volta entre nós as duas irmãs indispensáveis para uma nação soberana: A esperança e a confiança.
Relevante é a análise do economista Mailson da Nóbrega no artigo “O PSDB, quem diria...” (Veja de 3 de junho)  em que acreditávamos como Oposição, ele diz em seu artigo, que os tucanos estão embarcando numa canoa furada, apoiando medidas ultrapassadas na Previdência, no sigilo bancário, proibindo a terceirização nas estatais, como se fossem medidas corretas para o bom funcionamento da máquina pública, quando na verdade só inibem o crescimento e aumentam o déficit público, coisa que os petistas sempre pregaram e que na prática não é viável, mas eleitoreira. “Esse legado é petista, não é o pensamento moderno que me contagiou e me fez eleitor de Fernando Henrique Cardoso”, diz o  leitor Lailson Corrêa de Souza, de Cuiabá.
“Desde 1994, sou eleitor e ferrenho defensor das ideias do PSDB. Entretanto, a partir da campanha para presidente em 2014 e das recentes posições no Congresso, o partido está nos decepcionando profundamente. A ideia apresentada na última linha do artigo de Mailson da Nóbrega resume bem o nosso sentimento: o PSDB está virando uma cópia ridícula do PT”, diz o leitor Carlos Antônio Lopes, de Santo André-SP.
Eu por minha vez, quando da campanha presidencial de 2014, sugeri ao PSDB que o candidato Aécio Neves devia viajar pelo Nordeste, para tomar conhecimento das necessidades do povo, principalmente os localizados na área do Polígono da Seca, e prometer a conclusão da transposição do Rio São Francisco, para com a água minorar o sofrimento das populações e mantê-las no seu local de moradia. A segunda sugestão foi que prometesse a continuação da Ferrovia Norte-Sul, possibilitando a escoação da produção das regiões Nordeste e Centro, reduzindo o número de carretas e caminhões, que poderiam até ser transportadas pela mesma ferrovia. E o PSDB nem promoveu a vinda do candidato a esta região, e nem prometeu realizá-las em seus debates na TV ou no programa de governo. Isso também me decepcionou e o fez perder a eleição. Atualmente o PT e o PSDB parecem que são comadres comendo no mesmo prato. Pensávamos que tínhamos Oposição, mas não temos mais. Hoje não temos mais no Brasil uma Oposição aguerrida, fiscalizando os atos do governo e votando contra as arbitrariedades pr4aticadas pelo mesmo. Foi-se a minha esperança de ver o nosso Brasil melhorar com outro presidente, responsável e trabalhador em benefício do povo brasileiro.

Fonte:
Artigo de Lya Luft
Revista Veja de 10/6/2014
Opiniões de:
Mailson da Nóbrega “Veja” - 3/6/2015
Leonardo Coutinho – na página Brasil,
de leitores da revista “Veja” de 10/6/2015
 e também minha.

Jc
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São Luís, 7/7/2015