segunda-feira, 5 de novembro de 2012

PEQUENAS MENSAGENS, GRANDES ENSINOS

PEQUENAS MENSAGENS, GRANDES ENSINAMENTOS... Saúda o teu dia com a oração de reconhecimento e gratidão. Tu estás vivo e enquanto a vida se expressa, multiplicam-se as oportunidades de crescer e ser feliz. Cada dia é uma bênção nova que Deus te concede, dando-te prova de amor. Acompanha, pois, a sucessão das horas cultivando o otimismo e o bem-estar. Considera o trabalho o melhor meio para progredir. Quem não trabalha, entrega-se à paralisia moral e espiritual. O ser humano que não se dedica à ação libertadora do trabalho faz-se peso negativo na economia da sociedade. O trabalho é uma expressão de vida... Mergulha a mente, quanto possas, no estudo. O estudo liberta da ignorância e favorece a criatura com o discernimento. O estudo e o trabalho são as asas que facilitam a evolução do ser. Não apenas nos educandários podes estudar; a própria existência é um livro aberto que ensina a quem deseja aprender... Concede ao teu próximo os mesmos direitos e favores que esperas dele receber. O egoísmo é doença que envenena a alma. O irmão ao teu lado anela pelos espaços para viver, conforme ocorre contigo. Lembra-te de não lhe interditar a oportunidade, pois o que te está reservado, receberas oportunamente... Não ambiciones demasiadamente. “Quem muito abarca, pouco aperta” – afirma o refrão popular. A ambição desmedida enlouquece, quando já não infelicita antes. Cuida de lutar pelo necessário, repartindo o que te exceda, certamente fazendo falta aos outros... Vive sempre em paz. Uma consciência tranquila, que não traz remorsos de atos passados, nem teme ações futuras; gera harmonia. Nada de fora perturba um coração tranquilo que pulsa ao compasso do dever retamente cumprido. A paz merece todo o teu esforço para consegui-la... Torna-te amigo de todas as pessoas. A amizade é um tesouro do espírito, que deve ser repartido com as demais criaturas. Como o sol, irradia-se e felicita quantos a recebem. Há uma imensa falta de amigos na Terra, gerando conflitos e desconfianças, desequilíbrio e insegurança. Seja tu o amigo gentil, mesmo que, por enquanto, experimentes incompreensão... Nunca retribuas maldade com vingança ou desforço. O homem mau se encontra doente e ainda não sabe. Dê-lhe o remédio que minorará o seu aturdimento, não usando para com ele dos mesmos recursos infelizes de que ele se utilizou para contigo. Se alguém te ofende, o problema é dele; quando és tu quem ofende, a questão muda de configuração e o problema passa a ser teu. Conscientiza-te disso e segue tranquilo... Confia sempre na ajuda divina. Quando te sentires sitiado, sem qualquer possibilidade de liberação, o socorro te chegará de Deus. Nunca duvides da paternidade celeste e na sua ajuda. Deus vela por todos nós, e te ajuda, nem sempre como queres, porém, da melhor forma para a tua real felicidade. Às vezes, tens a impressão de que o auxílio superior não virá ou chegará tarde demais. Passado o momento grave, constatarás que o recebeste alguns minutos antes, caso tenhas perseverado à sua espera... Substitua no teu vocabulário, as más pelas boas palavras. Expressões chulas e vulgares, talvez estejam na moda, porém “envenenam o coração”. A palavra é instrumento da existência para a comunicação, o entendimento, e não arma de agressão, violência e vulgaridade. O uso irregular das palavras corrompe a mente e rebaixa o ser humano. O verbo expressa a qualidade moral da pessoa. Porque há pessoas que falam bem e são más... não é justo que sendo bom, te apresentes mal quando falas. Mantém os teus pensamentos em ritmo de saúde e otimismo. A mente é dínamo poderoso. Conforme pensares atrairá vibrações equivalentes. Quem cultiva doença sempre padece problemas dessa natureza. Quem pensa na saúde, sempre supera as enfermidades. Pensa positivamente e serás inspirado por Deus a encontrar as melhores soluções. O pensamento edificante e bom é também uma oração sem palavras, que se faz sempre ouvida... Tolera as falhas alheias e não as apresentes no festival de fofocas, pois erramos todos. Sábio é aquele que, no erro, aprende a agir com correção. Quando vejas alguém caído, dê-lhe a mão, ao invés de te comprazeres em censurá-lo. Ninguém tomba por querer, e se tal ocorre, nele predomina a ignorância, que é um cruel inimigo do ser humano. Ainda assim, o equivocado merece mais socorro do que reprimenda... O amor é o tônico da vida. Quando se centraliza nos interesses inferiores do sexo e das paixões primitivas, torna-se cárcere e deixa de ser o sentimento elevado que dignifica libertando. Examina os teus sentimentos na área afetiva e observa se eles te desarmonizam ou tranquilizam. Através da sua qualidade, detectarás, se amas verdadeiramente ou se apenas desejas. O verdadeiro amor, que é sentimento, supera o egoísmo e trabalha sempre em favor da pessoa amada. Ama, portanto, sem escravizar aquele a quem te devotas, não se lhe escravizando também... A presença do ciúme no teu comportamento é sinal de desequilíbrio. O ciúme jamais será o tempero do amor. Desconfiança e insegurança significam a manifestação do ciúme. Quando ele se introduz na afetividade altera a paisagem, dando surgimento a pesadelos e perturbações prejudiciais. Supera as insinuações ciumentas na tua conduta, amando com tranquilidade e confiando em paz. Se a pessoa amada não te corresponder à expectativa, segue adiante, porque o prejuízo será dela... Acalma os anseios de mudanças constantes. Deus te colocou no melhor lugar para o teu progresso material, moral e espiritual. O lar que tens o trabalho em que te encontras, a cidade onde resides, são oportunidades de treinamento para a tua evolução. Quem sempre está de mudança não amadurece, nem realiza bem coisa alguma. Cumpre a tarefa onde estejas, e no momento próprio, depois de acurada meditação, toma o teu rumo definitivo... Muitas pessoas desconsideram o valor e o poder da oração. O corpo necessita de alimento adequado para manter-se, como também o Espírito, que é a fonte que vitaliza a matéria. A oração constitui um combustível de alta qualidade para a sua harmonia. Adquire, assim, o hábito de orar, incorporando-o aos outros mecanismos da tua existência e constatarás os benefícios decorrentes. Não te negues o pão da vida, que é a prece sincera e fervorosa... Sê gentil com as crianças. Elas necessitam de oportunidades e amor para lograrem o triunfo. Esses cidadãos em formação ignoram as lutas que os aguardam. Estende o gesto de simpatia, transmitindo-lhes confiança e não as maltrates. Quem visse aquele menino, em Nazaré, no passado, entre outras crianças, brincando, não poderia imaginar que era o Protetor da Terra, nosso Modelo e Guia... Exerce a gentileza e a gratidão para com todas as pessoas, especialmente os idosos. A velhice é fase inexorável que alcançarás, caso a morte não te arrebate o corpo antes. Nesse período difícil, as forças diminuem, os órgãos se debilitam, as lembranças se apagam e a dependência física, emocional e afetiva se faz imperiosa. Pode parecer cansativa a presença do idoso; ele, porém, é rico de experiência que pode te brindar, mas carente dos recursos que lhe podes oferecer. Qualquer vício escraviza, trás sofrimento e mata. Não te vincules aos chamados “aperitivos sociais”, que dão margem a lamentáveis processos de alcoolismo, nem adotes a posição de fumante, por parecer-te uma postura distinta e de elegância, mas que conduz às algemas do tabagismo assassino. Jogo, sexo, gula, anedotário, para citar somente alguns, iniciam-se em pequenas doses, para culminar em cárcere moral, quando não em penitenciária comum... Espalha a esperança em melhores dias. Nunca houve tanta necessidade dela, quanto nestes últimos tempos. A esperança dá forças aos ideais e coragem às criaturas, que se renovam, mesmo quando tudo parece a ponto de perder-se. É ela que sustenta o herói e mantém o santo nos propósitos superiores que abraçaram. Preservando-a em ti, nunca desfalecerás, nem te sentirás abandonado, quando as circunstâncias te convidarem ao testemunho e à solidão... Reserva algum período do teu tempo ao serviço voluntário, à caridade fraternal, à ação em favor da comunidade. A ”hora vazia” é sempre espaço mental perigoso. Oferece-a ao teu próximo, a alguma Sociedade ou Agremiação que se dedique à benevolência, à construção de vidas. Pequenas ajudas produzem os milagres das grandes realizações. Jamais te negues a esta oportunidade de ajuda desinteressada. Há muita aflição esperando compreensão e socorro. Assume contigo próprio, o propósito de desincumbir-te bem de todos os teus compromissos com ordem e sem pressa. Quem valoriza o que faz, dá-lhe beleza e sentido, melhor realizando-o. Todo serviço é nobre, por mais insignificante que seja considerado ou por mais humilde se apresente. O Universo e o verme, tão diferentes e antagônicos, são importantes na criação divina. Realiza, pois, sempre com satisfação e responsabilidade as tuas tarefas... Nunca enganes a ninguém, falando sempre a verdade. A vida é grande cobradora e exímia retribuidora. O que faças aos outros sempre retornará a ti. À sementeira sucede a colheita e colherás conforme hajas plantado. Quem engana, ilude , trai, a si próprio se prejudica, desrespeitando-se primeiro e fazendo jus, depois, aos efeitos da sua conduta reprovável. Sê honesto contigo mesmo, e, como consequência, para com teu próximo. Depois que cometas um erro e tenhas consciência dele, começa a reabilitação; nada de entregar-te ao desânimo ou ao remorso. Da mesma forma como não deves insistir no propósito inferior, não te podes deixar consumir pelo arrependimento. Este tem somente a função de conscientizar-te do mal feito. Perdoa-te, encoraja-te e dá início à tarefa de reequilíbrio pessoal, reparando o erro e diminuindo os prejuízos causados. Alimenta-te para viver, sem a gulodice que leva o ser humano a viver para comer. Morre-se mais de excesso ou alimentação irregular, do que pela falta de pão. O exagero e o desperdício de uns respondem pela falta e escassez na mesa de outros. Usa o alimento com sabedoria e frugalidade para viveres com saúde ideal por longos anos. Muitas pessoas se comprazem na transmissão de comentários infelizes, veiculando ideias e opiniões malsãs, tornando-se estafeta da insensatez. Permanece discreto diante dos maledicentes e injuriosos, que te testam as resistências, trazendo-te mensagens infames, a fim de levarem a outrem, distorcidas, as tuas palavras. O silêncio em tais circunstâncias é o mais recomendado, pois não são teus amigos, aqueles que te trazem o lixo da notícia maldosa. Os maus pensamentos intoxicam a alma e atraem o pessimismo e as presenças doentias dos espíritos perturbadores e maus. Mantém a tua mente presa às ideias positivas, iluminadas, aos programas de enobrecimento, de cuja conduta te advirá o bem-estar íntimo e a alegria de viver. O que pensares com insistência, hoje ou mais tarde se concretizará. Os fatos se corporificam de início no campo mental, para depois se tornarem realidade no corpo físico. A humildade é uma virtude nobre que não convive com situações vis. Sócrates, Jesus e Gandhi são os exemplos máximos da humildade e os expoentes mais belos da evolução. Abatidos por homicidas loucos, foram mortos sem ceder, permanecendo imortais na sua grande vitória. De vez em quando, dedica algum tempo para meditar a respeito da morte. Ela arrebata os inimigos, os afetos, e te chegará num momento qualquer. A morte é somente um veículo que te conduz a mudança de lugar. Quando os tecidos físicos se gastam, o corpo se altera e decompõe, indo vitalizar outras expressões materiais, libertando o Espírito eterno, que nele havia, retornando à Pátria Espiritual. Prepara-te como se hoje fosse o teu último dia na Terra. A tua posse em relação aos bens terrenos é relativa. Num mundo transitório, no qual tudo passa, o que agora te pertence, amanhã terá mudado de mãos. Usa, mas não abusa dos recursos de que disponhas e não te escravizes ao que deténs por momentos, evitando-te sofrimentos quando se transfiram para outrem. Os únicos bens de duração permanente são os tesouros dos sentimentos, da cultura e das virtudes. “Acumulas tesouros no céu”, ensina o Evangelho. As coisas mais importantes da existência somente são valorizadas depois que passam ou se as perdem. Na maior parte das vezes, as pessoas vivem sob automatismos sem valorizar os estimáveis recursos divinos. A saúde, o sono, a razão, os órgãos dos sentidos, a respiração, os movimentos, são tesouros colocados por Deus a teu serviço e não te dás conta da sua grandiosidade, gastando-os com sofreguidão, para adquirir outros bens que são secundários... Caminha um pouco ao ar livre e tranquilamente redescobre a natureza que te abençoa a existência. Sai do turbilhão em que te encontras e deixa a imaginação voar. Evita os lugares movimentados, para o teu passeio e aspira ao oxigênio balsâmico das árvores, das montanhas e do mar... Refaze conceitos, acalma-te e abençoa a existência na forma como se te apresente. A tua atual existência é rica do que necessitas para ser feliz... Ser pai ou mãe é uma grande responsabilidade. Cada filho(a) traz a programação que organizou para si mesma na espiritualidade. No entanto, ela nunca deixará de assimilar os exemplos vividos no lar pelos pais. A primeira escola é, pois o lar, e este, por sua vez é o resultado da conduta dos pais que se devem esforçar para fazê-lo agradável, honrado e rico de paz. Abençoa o teu filho ou filha com as tuas palavras e conduta, fazendo-se amigo em todas as situações. Os pais prestarão conta a Deus, do empréstimo que lhes foi concedido para educar os filhos. Abençoa com alegria cada oportunidade que se te apresente para a evolução. A dor enfrentada com resignação diminui de intensidade, tanto quanto suportada em silêncio passa com mais rapidez. Nunca te alcançam os sofrimentos que não mereças, assim como não passarás pela Terra em regime de exceção, sem os enfrentares. As leis de Deus são iguais para todos. Substituindo o amor que escasseia, a dor é a mestra que impulsiona ao avanço. As lesões da alma são mais mortificadoras. Banha-te nas águas da confiança em Deus, da paciência, da humildade, do perdão e do amor, não permitindo que o ódio, o egoísmo, a revolta e a mágoa te macerem os tecidos da alma. Muitas enfermidades do corpo procedem do Espírito danificado pelos conflitos da emoção ou pelo ácido das imperfeições morais... Elimina a queixa sistemática, que te torna uma pessoa de difícil convivência. É muito desagradável a companhia de alguém que está sempre a reclamar, vendo defeitos em tudo e desejando que o mundo gire na sua órbita e de conformidade com a sua maneira de ver as coisas. Não poderás modificar os outros, porém deves empenhar-te para conseguir a própria transformação para melhor. Se tudo te desagrada e estás, costumeiramente, reclamando de tudo e de todos, cuidado, porquanto essa é uma atitude de quem está de mal com a existência e vive mal consigo mesmo. Se uma dificuldade surge, impedindo-te a caminhada, não percas tempo; detém o passo e contorna o obstáculo. Se algum problema inesperado ameaça o teu equilíbrio, não te aflijas. Silencia a revolta e busca solucioná-lo conforme as tuas possibilidades. Se alguém a quem amas, mudou de conduta em relação a ti ou abandonou-te, mantém-te sereno. O rebelde e o desertor, com as suas atitudes já perderam a razão. Permaneces em paz, pois o que percas agora poderá consegui-lo, mais tarde. Quanto te aconteça, sabendo te portares, será sempre para o teu bem e tua tranquilidade futura... Podes fazer mais em favor da humanidade, se te dispuseres a isso. Estende a mão a alguém caído; dize uma palavra cortês a outrem; sorri para uma pessoa solitária, acenando-lhe fraternidade; presenteia uma amiga com uma flor; faz sorrir um triste; abraça com ternura um sofredor. Há moedas de amor que valem mais do que os tesouros bancários, quando endereçados no momento próprio e com bondade. Ninguém dispensa um amigo, nem desdenha um gesto socorrista. Seja um construtor do mundo melhor e de uma sociedade mais feliz. Seleciona as tuas companhias. Os maus companheiros tornam-se presenças inconvenientes na tua existência e perturbam-te a marcha evolutiva. Ninguém é tão independente e pleno que não corra o perigo de contaminar-se, com aqueles que estagiam e se comprazem na insensatez viciosa ou na delinquência. Seja gentil com os maus e estúrdios, porém, não te envolva com eles, seu comportamento, suas atividades e filosofia de vida. As enfermidades morais também contagiam os incautos que delas se aproximam. Insiste na preservação da tua saúde. Muitas enfermidades têm origem no temperamento desajustado, nas emoções em desalinho, em influências espirituais negativas. A ansiedade, o medo, o pessimismo, o ódio e outros males, são responsáveis por doenças que ainda não se encontram catalogadas, prejudicando a saúde física, emocional e mental. Esforça-te por permanecer em paz, cultivando os pensamentos bons, que te proporcionarão inestimáveis benefícios. Conforme preferires mentalmente assim te será a existência... Ninguém resolverá os teus problemas se não te dispuseres a enfrentá-los e tentar solucioná-los. Encontrarás quem te empreste uma soma, se for o caso, a fim de resgatares uma dívida. Entretanto, o débito permanece, havendo somente a mudança do credor. O amigo pode tornar-se um cireneu junto a ti, mas a cruz é pessoal, e cada criatura tem o dever de conduzi-la até o seu calvário libertador. Busca equacionar os teus problemas, um de cada vez, até acabar com todos e viver em paz... Se a tua palavra não tiver o objetivo de auxiliar, não a apresentes para criticar. Há dois tipos de comportamento: o daqueles que fazem e o daqueles outros, que ficam de palanque, apontando erros, criticando, atormentando a existência das pessoas. Faze quanto te seja possível, sem aguardar aplausos, nem temer pedradas. Torna-te membro do grupo que fala e trabalha com o objetivo superior de ser útil. Se, os que dizem saber como se fazem as coisas, deixassem de opinar e as executassem, por sua vez, o mundo mudaria de feição. Não coloques as tuas aspirações nos entretenimentos, viagens, festas folguedos... Caso te surjam as oportunidades para gozá-los, aproveite, porém constatarás que estes prazeres passam como outras satisfações quaisquer, deixando-te ansioso por novas ocasiões de fruí-los, incessantemente. Existem pessoas que sacrificam o futuro, utilizando-se de empréstimos e prestações com juros extorsivos, para viver esses prazeres, que retornam como pesadelos, no momento dos resgates das dívidas. Busca, portanto, os prazeres simples e duradouros; aqueles que não te perturbam o presente nem te escravizam no futuro... “Não só de pão vive o homem, mas também da palavra de Deus” – disse Jesus. A preocupação com o alimento diário e o vestuário, o domicílio e a convivência social não deve anular o interesse pela vida espiritual. Reserva, diariamente, algum tempo para te alimentares com a palavra de Deus. O pão sustenta o corpo e a fé mantém a alma. O pão mata a fome por pouco tempo, mas a fé atende a necessidade para sempre. Cuida do corpo e nutra a alma, a fim de que te sintas completado. Apresenta-te sempre bem, quanto te seja possível, sem o excesso de esmero, parecendo um manequim, ou descuidado, qual se fosse uma pessoa displicente. A roupa foi feita para o homem, e não este para viver em função daquela. As modas são caprichos de mercado, para granjear recursos, estimulando a insensatez e a imaturidade das pessoas. O traje asseado que proteja o corpo, embora às vezes ultrapassado, é mais importante do que o último figurino em exibição, muitas vezes ridículo. Não te atormentes, face à insignificante justificativa de não estares na moda, sempre de passagem. A tristeza é mensageira de sofrimento. Não te prendas a ela, nem te permitas contaminar pelos seus miasmas. É certo que nem todos os dias são claros e ricos de alegria. Há ocasiões em que o sofrimento parece dominar os quadros da tua existência. No entanto, examinadas as dificuldades e sentidas as dores, faze sol íntimo, afugentando a tristeza da tua mente, a fim de que mais facilmente superes os acontecimentos inevitáveis. O cultivo da tristeza, trás o desânimo e abre caminho para a depressão, criando vários problemas em família e enfermidades na mente, na emoção e no corpo, e também dificuldades para o nosso Espírito, em processo de evolução espiritual. Com certeza não solucionarás todos os problemas do mundo. Não obstante, podes e deves contribuir para que isso aconteça. Se não impedes a guerra, tens recursos para evitar as discussões perturbadoras que te alcançam se não consegues alimentar a multidão esfaimada, possuis um pedaço de pão para oferecer a alguém; se não dispões de saúde para brindar aos enfermos, socorres a um padecente; se não solucionas os dramas humanos, concorre para acalmar uma pessoa; se não tens meus para liderar grupos acelerando mudanças que se devem operar no mundo, modifica-te interiormente, enobrecendo-te na ação do bem e da solidariedade. Reserva um breve espaço de tempo entre os teus deveres para a beleza. Desperta cedo, a fim de acompanhar o nascer do sol, embriagando-te com a beleza da luz. Caminha por um bosque, silenciosamente, aspirando o ar da Natureza. Movimenta-te numa praia deserta e reflexiona em torno da grandiosidade do mar. Contempla uma noite estrelada em mudas interrogações. Contempla uma rosa em pleno desabrochar... Detém-te ao lado de uma criança inocente... Conversa com um ancião tranquilo... Abre-te a beleza que há em tudo e adorna-te com ela. O teu serviço, aparentemente humilhante, que é desprezado por outras pessoas, é o teu tesouro e o ganha pão que te concede honradez. Realiza-o consciente da sua importância, trabalhando com nobreza. O diamante que fulgura veio da entranha da terra onde confraternizava com os vermes, e o pão saboroso que enriquece a tua mesa, nasceu do trigo que se desenvolveu no charco... Trabalhar constitui desafio para todos. Enquanto o ser humano produz, a marcha do progresso não se interrompe. Dignifica as tuas atividades, sendo-lhes fiel servidor. Mesmo que não saibas és exemplo para alguém. Sempre existem pessoas que estão observando os teus atos, mesmo os equivocados, e se afinam com eles. Desse modo, és responsável, não só pelo que realizes, como também, pelo que as tuas ideias e atitudes inspirem a outras pessoas. Os ditadores e arbitrários, a sós, nada conseguiriam fazer, não fosse aqueles que pensam de igual modo e os apoiam. Assim também, a obra do bem faleceria, se não houvesse pessoas que se lhe vinculassem com sacrifício e amor. Cuida do que fales e realizes, corretamente, ensejando seguidores que ajam da mesma maneira... Estuda sempre, incorporando às tuas atividades o hábito da boa leitura. Uma página por dia, um trecho nos intervalos do serviço, uma frase para meditação, tornam-se o cimento forte da tua construção para o futuro. O conhecimento é um bem que, por mais seja armazenado, jamais toma qualquer espaço. Pelo contrário, faculta mais ampla facilidade para novas aquisições. As boas leituras enriquecem a mente, acalmam o coração, estimulam ao progresso. O homem que ignora, caminha às escuras. Lê um pouco de cada vez, porém, faze-o constantemente. Não és um observador distante da vida. Estás na condição de membro do organismo universal, investido de tarefas e responsabilidades, de cujo desempenho, por ti, resultarão a ordem e o sucesso de muitas coisas. Considera-te pessoa valiosa no conjunto da Criação, tornando-te, cada dia, mais atuante na Obra do Criador e fazendo-a melhor conhecida e mais considerada. Tu és herdeiro de Deus, e o Universo, também te pertence. Se algum projeto que elaboraste redundou em fracasso, não te aborreças, nem o abandones por isso. O aparente fracasso é a forma pela qual a Divindade te ensina a corrigir a maneira de atuar, facultando-te repetir a experiência com mais sabedoria. Quem se recusa a reiniciar o trabalho, porque foi mal sucedido antes, não merece desfrutar o êxito dos resultados. A arte de recomeçar é medida de engrandecimento para quem aspira mais altos cometimentos. Ninguém logra respostas felizes, sem as tentativas do insucesso, pois a existência é constituída de lições que se repetem até fixarem-se corretamente. Deus conhece o teu destino e comanda a tua existência. Jamais te consideres desprezado, resvalando pela rebeldia e blasfêmia. O ser humano deve treinar coragem e resignação, sem cujos valores permanecerá como criança espiritual. Deus não tem preferência e nos ama a todos. Deixa-te conduzir pelas ocorrências que não podes mudar, e altera com amor, aquelas que te irão beneficiar. Sempre que possível, faze espaços mentais e busca as Fontes da Vida, onde haurirás energias puras e a paz. Todos os santos e místicos que alteraram o rumo moral da Humanidade, são unânimes em aconselhar a prece como o recurso mais eficaz para preservar-se ou conquistar-se a harmonia íntima. Jesus mantinha a convivência amiga com os apóstolos e o povo, no entanto, reservava momentos para conversar com Deus através da oração, exaltando a excelência desses colóquios sublimes. Sai do turbilhão em que te encontras mergulhado e segue no rumo do oásis da prece, para te refazeres e te banhares de paz... Os negócios escusos dão rendimentos venenosos. Muitas pessoas justificam e exaltam os lucros deles advindos, informando que são frutos da época e todos devem aproveitar a ocasião. Como a moral está desgovernada, não te deixes conduzir nessa onda; antes controla os abusos e excessos que te cheguem, a fim de corrigires a situação caótica. O erro nunca deve ser tomado como exemplo, como numa época de epidemia gripal, o estado normal da saúde não passa a ser esse, só porque a maioria das pessoas está infectada. Afasta-te dessas atitudes e permanecerás com a existência em ordem, talvez sem os supérfluos, nunca, porém, com escassez ou falta... Quando o ser humano se resolve por modificar a conduta moral para melhor, parece defrontar uma conspiração geral contra seus propósitos de enobrecimento. Tudo se altera e se desgoverna. As mínimas coisas fazem-se complicadas, e o ritmo dos acontecimentos, por algum tempo, muda para pior. Esse estado de coisas leva o candidato à reforma íntima a retroceder, às vezes a desistir. É natural que assim aconteça, pois toda mudança modifica o habitual. Na área das ações morais a reação é maior, porquanto se penetra nas raízes do mal para extirpá-lo, a fim de dar surgimento a novos e equilibrados costumes. Não abandones, desse modo, os teus intentos de moralidade e crescimento interior, em razão das primeiras dificuldades a enfrentar. Prossiga e vencerá... A grandeza de um homem pode ser medida pela sua capacidade de serviço, de humildade e amor ao próximo. Os homens grandes chamam a atenção e projetam sombras, mas, os grandes homens, onde quer que se encontrem, tornam-se claridade inapagável, apontando os rumos libertadores. Os verdadeiros heróis se ignoram preocupados que vivem em ajudar mais do que fazer a propaganda dos seus atos. Torna-te um deles, no silêncio das tuas realizações e na grandeza da tua pequenez. Usa a cortesia nos teus movimentos e ações, gerando simpatia e amizade. O que possas fazer, não passe a outrem. Porque alguém trabalha contigo, não te cabe o direito de sobrecarregá-lo, exigindo-lhe além das suas forças. Mesmo os teus serviçais que cooperam contigo e são pagos, merecem a tua consideração. Faze mais: torna-os teus amigos. Há pequenas e cansativas tarefas a eles confiadas, que podes executar sem te cansares nem os mortificar. No trato com eles, educa-os mais e espalha afeição em torno de teus passos. A cobiça dos bens alheios é um mal que se generaliza atualmente. As pessoas se apresentam insatisfeitas, cobiçando os pertences dos outros, que não possuem e de que não têm real necessidade. Se cada um bastar-se com o que tem, a existência se tornaria mais bela e harmoniosa. Há uma falsa proposta de felicidade muito propalada nestes dias, que se chama: mesmista. Todo mundo deseja as mesmas coisas que o próximo possui, e a imitação das fantasias e quimeras produzidas pela imaginação passou a ser meta a alcançar-se. Quem não consegue o mesmismo, considera-se rejeitado e infeliz. Essa não é uma boa atitude, pois não deve-se cobiçar as coisas de ninguém. No local de trabalho descobrirás, talvez, conspiradores da tua paz. O mundo atualmente é uma arena ampliada, e as pessoas desprevenidas, ao invés de se amarem umas às outras, se armam umas contra outras. Em algumas circunstâncias tornam-se feras inconscientes que apenas reagem, assumindo sempre posturas inadequadas à sua situação de humanidade, buscando tomar o lugar dos outros, derrubar, ver sofrer... Evita essa competição desequilibrada, pois o que a ti está reservado ninguém tomará, nem o teu mérito calúnia alguma ofuscará. Age com correção e fica tranquilo... O lar é o templo da família. Os filhos são empréstimos divinos para a construção do futuro ditoso. Todo o tempo possível deve ser aplicado na convivência familiar, através dos diálogos, dos exemplos, tornando-se o método mais eficaz de educação. Os hábitos adquiridos no lar ficam por toda a existência e se transferem para além desta. Educar é viver com dignidade, deixando que se impregnem dos exemplos, aqueles que participam da convivência doméstica. Tudo quanto se invista no lar, retornará conforme a aplicação feita. Faze do teu lar a oficina de trabalho onde a felicidade habita. Generaliza-se a ideia falsa de que o ser humano honesto e trabalhador é um idiota. Assim afirmam, diante da prosperidade material, da injustiça e do furto, da ignomínia e do suborno, que assumem proporções devastadoras no organismo social. Não têm, porém, razão aqueles que assim pensam e agem, porquanto, a abundância material sem a dignidade, perverte os costumes, desorganiza o ser humano e envilece a alma. Só a honra prevalece, e o bem subsiste a tudo. Continua sábio, agindo com elevação, sabendo que sempre se fará a justiça de Deus... Quando estiveres a ponto de desistir de uma ação edificante, ora e continua até o fim. Quando te encontrares no momento de cometer um erro, ora e desiste com tranquilidade. Quando perceberes que as forças te faltarão no trabalho do bem, ora e reanima-te. Quando te sentires abandonado pela pessoa em quem confias ou a quem amas, ora e tem paciência, permanecendo fiel ao teu posto. Quando, desarvorado, desejes tombar, sem mais estímulo, ora e te serão concedidas as resistências para o triunfo. Como Jesus, não deixe de orar para ter a misericórdia de Deus. A tua vida não termina no túmulo. Com esta consciência, aprende para a eternidade, reunindo valores que jamais se consomem. Toda lição que liberta da ignorância e do mal se incorpora a alma, com força indestrutível. Fosse a morte o fim da vida, sem sentido seria a Criação e o Universo. A Criação e o ser humano estariam destituídos de finalidade. Tudo conclama a criatura à glória eterna, à continuidade do existir, ao progresso incessante. Agradece a Deus a tua existência na Terra. Louva-O através de uma vivência sadia e honrada. Exalta-Lhe o Amor por meio dos deveres retamente cumpridos. Dignifica-O, sendo-Lhe um servidor fiel. Apresenta-O à humanidade, tornando-te exemplo de amigo e irmão em todas as circunstâncias. Glorifica-O, trabalhando pelo bem de todos, teus irmãos em humanidade. Respeita-O, obedecendo às Soberanas Leis que governam a vida e o Universo. Reconhece-O, em tudo e todos, mediante uma existência feliz, na tua condição de Filho Bem Amado... Bibliografia: Livreto “Vida Feliz” de Joanna de Ângelis Psicografia de Divaldo Pereira Franco Jc. S.Luís, 17/10/2012

A IMPACIÊNCIA E A INSATISFAÇÃO

A IMPACIÊNCIA E A INSATISFAÇÃO A paciência é uma virtude e também uma caridade que devemos praticar; foi ela ensinada por Jesus, quando disse: “Sede perfeitos”. A nossa existência terrena é difícil, se compondo de mil situações que nos levam a impaciência e a irritabilidade. Joana de Ângelis, no livro “Episódios Diários” nos alerta dizendo: “Ao sair do lar, defrontas os problemas de condução na busca do teu trabalho. Transportes abarrotados, pessoas rudes, multidões apressadas, violência pela disputa dos lugares, ruas e avenidas movimentadas, trânsito engarrafado... Se chove, pior fica o trânsito e as dificuldades se ampliam. Se faz sol, o calor produz mal-estar e as reclamações promovem aborrecimentos. Dispondo de veículo próprio, não te podes mover conforme gostarias pelas vias de acesso, em congestionamentos constantes. Todos têm que chegar a tempo, pois o relógio não para. Os que se atrasaram pretendem recuperar os minutos perdidos e atropelam os que estão ao lado ou à frente... A irritação chega e se instala, perturbando-te e levando-te a competir também com os agressivos. As buzinas produzem barulho e os semáforos te interrompem a marcha, e parece tudo estar contra os teus propósitos. Entretanto, deves manter a calma, e para isso, amanhã, propõe-te a sair de casa mais cedo. A tranquilidade de todo um dia merece o teu investimento de alguns minutos. Não te irrites, portanto, evitando os perigos da ira, que instala desequilíbrios graves que podes evitar...” O Evangelho nos recomenda coragem e paciência, e Jesus como nosso modelo de comportamento. Ele sofreu mais que qualquer um de nós, não tendo nada a resgatar, enquanto nós temos nosso passado de erros a resgatar. “Sede pacientes, sede cristãos”, são palavras de um Espírito amigo, no capítulo IX do livro Evangelho Segundo o Espiritismo. “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra e bem-aventurados os que são resignados”. Mas há muita diferença entre a resignação e a indiferença. A resignação é a aceitação, nos inevitáveis acontecimentos da existência, de conformidade com o Determinismo Divino; enquanto a indiferença é a submissão às injustiças deprimentes, sem reação ou protesto. Por essa atitude o indiferente é um anormal; tem cérebro e não pensa; tem coração e não sente; tem alma e não ama; ao contrário do resignado que não aparenta sofrimento, porque conhece a Lei de Deus, e a ela se submete com humildade. A paciência e a resignação são sentimentos nobres. A resignação nas provas a que somos submetidos, é obediência aos nossos próprios desejos de elevação espiritual, obedecendo as Leis de Deus. A resignação nasce da paciência, e a paciência é filha da caridade. Sem mansidão não há paciência; sem paciência, a irritabilidade nos leva à cólera que é filha do ódio; um sentimento existente nas almas inferiores. Façamos um pequeno teste para ver se temos mesmo paciência: a- Quando estamos numa fila longa (não gostaríamos de ser o 1º ou 2º da vez, ao contrário de estarmos mais para trás? b- Quando esperamos a condução não nos irritamos achando que o coletivo está demorando muito? c- Quando estamos dirigindo no trânsito deixamos o pedestre passar primeiro, ou quando estamos a pé, esperamos pacientemente o veículo passar, sem achar que está muito lento? d- Quando estamos ouvindo outra pessoa falar não nos apressamos logo a interromper e tirar conclusões? e- Quando respondemos por várias vezes a uma mesma pergunta não perdemos logo a paciência? A paciência e a mansidão são virtudes que devemos cultivar, enquanto a impaciência e a insatisfação nos leva a uma irritabilidade, até mesmo para com a nossa existência. A insatisfação é uma das causas da infelicidade do ser humano. A nossa insatisfação começa com o nosso nascimento. Ao nascer, somos acrescentados de algo que, muitas das vezes não gostamos, porém, apesar de não gostarmos, não podemos nos desfazer, permanecendo conosco até o fim da existência. Quem arisca um palpite? – Quem pensou no nome, acertou. É comum as pessoas não gostarem do nome que receberam. Quem recebeu o nome de Maria, gostaria de ser Ângela; Rose gostaria de ser Carmem; Joana gostaria de ser Carolina; Benedita gostaria de ser Regina, etc. etc., assim como José, gostaria de ser Ricardo; João, de ser Carlos; Antonio, de ser Eduardo, e assim por diante, comprovando a insatisfação com o nome que recebeu, por lhe ter sido imposto e não escolhido. Eu mesmo tenho um filho que recebeu o nome de Raimundo colocado por sua mãe, e ele diz que isso não é um nome, é um palavrão. A lei brasileira deveria permitir que as pessoas não satisfeitas com o nome recebido, pudessem trocar de nome quando completasse a maioridade. Depois do nome vem a insatisfação com o sexo. Existe mulher insatisfeita que gostaria de ter nascido homem, por se ajustar melhor a sua personalidade e tendências; como também há homem que gostaria de ter nascido mulher, por melhor corresponder a sua personalidade e tendências femininas. A propósito do assunto, é preciso esclarecer o porque dessas situações. O espírito precisando adquirir conhecimentos e desenvolver a inteligência, reencarna por muitas vezes como homem, adquirindo tendências exclusivamente masculinas. Porém, sendo necessário também ao espírito, adquirir os sentimentos, ele tem que vestir também o corpo feminino; e quando se dá essa mudança, o espírito vem ainda com fortes tendências masculinas, ocasionando os conflitos de rejeição do corpo feminino; tanto isso ocorre pelo lado masculino como pelo lado feminino. Vem a seguir, a insatisfação pelo corpo e pela cor da pele. Há pessoa que gostaria de ter o físico de um atleta, outra, a forma esbelta de uma “miss”; o rosto de um galã, a face de uma fada; as pernas grossas e bem torneadas de uma modelo e não um par de caniços de bambu; olhos verdes ou azuis, no lugar dos tradicionais castanhos ou pretos; cabelos lisos, crespos, ondulados, loiros, ruivos, castanhos, pretos, (brancos como os meus, nem pensar, porque demonstra velhice, e ninguém quer ser velho, pois dizem que velho é o mundo). Quem é preto gostaria de ser branco, quem é branquelo gostaria de ser moreno. Enfim, sempre a eterna insatisfação com o nosso corpo... Em seguida vem á insatisfação com a roupa, a instrução, o trabalho e muito mais com a profissão que exercemos que não nos satisfaz. É raro a pessoa casar a sua vocação com a profissão que exerce. O resultado desse desencontro se comprova no grande número de pessoas insatisfeitas, querendo descarregar suas frustrações nos outros, e os maus profissionais em todas as profissões. Trabalham em atividades para as quais não possuem a menor vocação ou amor pelo que fazem; somente porque precisam sobreviver e às vezes pelas vantagens financeiras que a profissão possibilita. Dentre os profissionais que não casam a vocação com a profissão, que podem ser perigosos, destacamos os médicos, por tratarem de vidas humanas. Outros profissionais que podem nos trazer riscos de vida são os motoristas, aviadores, mas não como os médicos, ao não diagnosticarem com precisão, a doença do paciente, ou ao submetê-lo a uma operação que seria para recuperá-lo e termina às vezes por agravar o estado do doente e levá-lo até a morte... Por causa da nossa falta de paciência e pela insatisfação, parece que estamos fazendo sempre o que não gostamos, e, quase sempre, não fazemos o que gostaríamos de fazer, principalmente nas nossas atividades, onde sempre estamos insatisfeitos com os colegas e superiores, que não nos compreendem, e não correspondem a nossa expectativa. Da mesma maneira acontece no lar; os filhos falam que os pais não lhes dão liberdade e ficam cobrando atitudes, responsabilidades; os irmãos, com suas personalidades diferentes não concordam com a maneira e o modo de pensar, uns dos outros; os parentes não são aqueles que gostaríamos de ter; a esposa(o) ou companheira(o) não corresponde ao ideal; não há compreensão e as vezes se tratam como inimigos; pensam as vezes que, seria melhor ficar sozinho, pois parece que as pessoas estão sempre casando com a pessoa errada; tudo isso acontece no lar, motivado pela insatisfação. Vem depois, a insatisfação pela casa; se é pequena, não satisfaz porque não dá “status”, as pessoas não notam e o espaço pequeno, não permite a mudança constante da posição dos móveis (como gostam as mulheres, para dar nova aparência); entretanto, se a casa é grande, bonita, dá “status”, dá também muito trabalho para limpar, arrumar e conservar, precisando de empregada, que quase sempre trás problemas; o imposto é caro e ainda tem um inconveniente, que é ser entendida pelos parentes como um hotel, para hospedá-los em qualquer tempo, e sem diária a pagar. Se a casa está localizada numa rua de bairro pobre, não é valorizada; se o bairro é “chic”, está sempre sob a ameaça de ladrões, precisando de cuidados extras e despesas maiores, sem falar no fato de não ficar perto do centro da cidade, ou do comércio, do hospital, da padaria, da farmácia, do banco, do ponto de ônibus, etc. etc. Muitos poucos são os que estão satisfeitos com a vizinhança. Ainda tem a insatisfação com a nossa locomoção; se andamos a pé, reclamamos da distância, do cansaço, das pessoas que nos barram o caminho. Se a viagem é de ônibus, reclamamos da demora de chegar ao destino, por estar muito cheio ou pelo barulho que nos incomoda, pelo som alto que nos agride, e até por viajarmos em pé. Porém, se viajamos de carro particular, que beleza; não existem esses problemas, vamos a vários lugares sem demora, se não houver engarrafamento, ninguém nos empurra, parece que não há insatisfação. Puro engano, porque ela se manifesta pelo trânsito lento, na preocupação com os outros motoristas (barbeiros) evitando desastres, na falta de vagas para estacionar, nos flanelinhas a nos exigir dinheiro onde paramos, como se fossem os donos das ruas, nos sinais, barreiras, lombadas, obstáculos, redutores, e ainda, os guardas que as vezes ficam escondidos, nos ameaçando com pesadas multas, ao menor descuido nosso. O dinheiro, este então é que nos trás insatisfação dobrada, porquanto por mais que se trabalhe, ele sempre é insuficiente. Às vezes não dá nem mesmo para as nossas reais necessidades, quanto mais para os supérfluos, programas, passeios e viagens, e muito menos ainda para pagar um plano de saúde, que além de caro, sempre nos deixa na mão, quando mais precisamos. Por falta do dinheiro, as desavenças nos lares acontecem, as despesas aumentam, as dificuldades e a insatisfação crescem. A mãe Natureza também nos causa insatisfação. Quando o tempo está chuvoso, nos cria problemas, pois precisamos sair para tratar dos assuntos pendentes ou trabalhar, embora saibamos que ela é necessária para a própria existência. Se o sol se apresenta em dia limpo de nuvens, logo vem o calor a nos incomodar e, se não tivermos um bom ventilador ou um ar refrigerado, à noite vamos ter dificuldades para dormir, e, se faltar energia, conforme sempre está acontecendo, a nossa insatisfação chegará ao limite. Existe insatisfação até com as Leis Sábias de Deus. Achamos que muitas coisas que existem, não deveriam existir; que muitas coisas que acontecem, não deveriam acontecer; como se nós fôssemos mais sábios que o nosso Pai Celestial. O nosso dia-a-dia, nos trás mais insatisfação do que prazer, porque estamos quase sempre insatisfeitos com tudo e com todos, até com a nossa existência, e com as situações que ela nos faz passar... Tudo isto acontece porque ainda estamos mais envolvidos e voltados para a existência material, dando muito valor às coisas que nos cercam. Esquecemos que a nossa existência aqui na Terra, representa um momento na nossa vida de espírito eterno e que estamos aqui para trabalharmos a nossa evolução. Muitas pessoas vivem angustiadas, impacientes e insatisfeitas com problemas de ordem pessoal, agravando suas existências com sentimento de revolta, desespero e desânimo, porque lhes falta coragem para enfrentar as provações. Acham que os seus problemas são os maiores, porque os tornaram assim, sem observar que outras pessoas têm problemas maiores a enfrentar, e não são poucos os exemplos de homens e mulheres que mostraram não haver obstáculos intransponíveis para quem quer caminhar, lutar, vencer e progredir... Recordemos, como exemplo, a existência de Antonio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho” que, apesar das dores que sofria e das deformações do corpo e das mãos, esculpiu em pedra sabão, as imagens dos profetas e passagens evangélicas, existentes na Igreja de Congonhas do Campo e em outras cidades de Minas Gerais, que são visitadas anualmente, por milhares de pessoas; de Helen Keller, cega, surda e muda, que se tornou escritora e conferencista famosa; de Jerônimo Mendonça, de Ituiutaba-MG., paralítico, deitado em uma cama móvel, que dirigia uma Instituição Espírita com amor e dedicação, e ainda viajava fazendo palestras; de Chico Xavier*, que aos 91 anos, fraco e doente, continua servindo aos seus semelhantes. Em seu teto humilde em Uberaba, resignado em seu corpo enfermo, recebendo ainda semanalmente, os romeiros de todas as procedências, com um olhar benfeitor, um aperto de mão e uma palavra amiga. Na verdade, o ser humano por não conhecer a sua verdadeira vida, e a finalidade da sua existência na Terra, que é de constante aperfeiçoamento moral e evolução espiritual, se deixa envolver por coisas insignificantes, fáceis de ser resolvidas, e torna-se uma pessoa rabugenta, preocupada demasiadamente com pequenas coisas, mal humorada, impaciente e eterna insatisfeita, o que lhe causa maiores sofrimentos. Como a insatisfação não resolve nada, devemos parar de reclamar e procurar viver de maneira mais satisfatória, tirando de qualquer situação adversa, algum ensinamento, ou a certeza de que Deus nos possibilita a evolução, quando aceitamos os problemas, nos adaptamos as circunstâncias da existência e enfrentamos e resolvemos nossos problemas, com resignação, paciência e compreensão. Divaldo Pereira Franco, quando em estada em Londres, recebeu a mensagem de Joana de Angelis que reproduzimos um trecho: “Não marchais a sós! Vossa existência é acompanhada por Benfeitores afáveis, e vossas dificuldades e lágrimas são anotadas por corações afetuosos da espiritualidade que vos inspiram. Continuai com fé, fortalecendo a corrente da solidariedade, para que possam os valores do espírito vencer as paixões primitivas. Sede confiantes no Cristo, escutai a Sua Voz, e deixai que o Seu amor se espraie em vossos sentimentos, arrastando almas na direção da paz e da esperança. Agora vos brinda a luta restauradora, o trabalho libertador, e , avançando chegareis ao termo da jornada, com o coração cheio de felicidade e o espírito plenificado pelo dever cumprido.” Ainda Joana de Angelis, no livreto “Vida Feliz”, nos diz: “Toda marcha está sujeita a tropeços e dificuldades, que constituem desafios para o nosso avanço. Se tudo nos desagrada e estamos sempre reclamando e insatisfeito, esta é uma atitude de quem está de mal com a vida, e vive mal consigo mesmo. Nunca faltam motivos para insatisfação, inquietando o coração e perturbando a existência, mas é preciso reagir e seguir em frente aceitando e resolvendo os problemas.” E Jesus nos consola, dizendo: “Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós, e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve.” Mateus XI, vrs. 28 a 30. E completa dizendo ainda: “Não se turbe o vosso coração”, ensinando-nos que a calma e a confiança em Deus, devem ser o lema de toda a criatura que deseja encontrar e viver a felicidade... Portanto, não vamos deixar a impaciência e a insatisfação tomar conta da nossa existência, nos tirando a paz e a vontade de viver. Que o Senhor na sua infinita bondade nos ampare e nos proteja. Bibliografia: ‘O Evangelho” “Evangelho Segundo o Espiritismo” Livreto “Vida Feliz” Este artigo foi feito antes do desencarne de Chico Xavier. Jc. S.Luis, 29/06/2001. Refeito em 21/10/2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A DESENCARNAÇÃO E SEUS PROBLEMAS

A DESENCARNAÇÃO E SEUS PROBLEMAS O mundo avança célere em suas conquistas, nas mais diferentes áreas de conhecimento, entretanto, o velho mistério que envolve a desencarnação (morte física), não perde sua atualidade. É certo que a visão do ser humano vem se ampliando no entendimento desse difícil processo, mas ainda anda longe de uma visão realista que amenize seus conflitos. Esse fenômeno sempre intrigou o ser humano. O futuro dos mortos e o julgamento a que estaremos sujeitos ao nos transferirmos para o “outro lado”, foram sempre motivos de preocupação de todos nós, nas sucessivas experiências existenciais, nas mais diferentes culturas do planeta. Revendo a evolução de nossa compreensão da morte física, Emmanuel relembra: Os hindus acreditavam que havia um juiz dos mortos. Para os assírios-caldeus, os mortos viviam sonolentos em regiões subterrâneas. Já os gregos, criam que os espíritos seriam julgados por Minos, filho de Zeus. Nesta concepção, já entra a idéia de julgamento. Os romanos proclamavam o princípio da retribuição, acreditando que, no Orco (inferno para eles), divindades infernais puniam as almas que se fizeram presas de ilusões e maltrataram outros seres. Aí já começa a se fixar o “fazer aos outros como queres que te façam”, mesmo levados pelo medo. Para Maomé, havia sete andares no céu e sete infernos, talvez para atender as diferenças de erros e culpas. Na simbologia judaica, isso nos recorda as palavras de Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” Os vedas, já tinham uma visão mais real do pós-morte: krisna dizia que “o corpo é só um envoltório da alma. Ao fim do corpo, se a alma foi pura, voa para as regiões dos seres puros que vivem com Deus.” Buda, finalmente, afirma que o bem é o fim supremo da natureza e que “tudo que somos é resultado do que fomos e que a morte é um agente da vida que exige renovação contínua e transformações incessantes.” Essa é também a visão da Doutrina dos Espíritos”... São muitas as razões do medo da morte que sempre nos acompanha. Umas, estão associadas a lembranças arquivadas na memória espiritual, de mortes trágicas dos tempos da barbárie. Outras se associam ao terror daquela imagem do julgamento dito divino de céu, purgatório e inferno; destinos teológicos que fizeram nossos tormentos no passado, e que hoje são apenas teorias. Também entram os rituais que evocam tristezas e cores escuras do antigo luto. A tudo isso, acrescente-se a associação da palavra “morte”, com a palavra “fim”, que traz o pavor do nada. A soma desses fatores inspira em muitas pessoas o sofrimento, pela simples possibilidade de enfrentá-la, que mesmo não desejando, é inevitável para todos nós. Para a maioria das pessoas, é o desconhecido, o fim; entretanto, para outros é a libertação, a realidade existencial, a verdadeira vida, que é espiritual. É comum haver uma busca da religião, uma ampliação de nossa capacidade de entendimento das coisas, uma benevolência maior que nos torna mais fraternos. Também acontece às vezes, a transferência do afeto dedicado à pessoa que partiu para outras pessoas desamparadas. Pais que cujos filhos partiram, buscam outros filhos para exercitarem a capacidade de amar. E há tantos filhos em desamor, necessitados de carinho!... Quase sempre essa dor impulsiona-nos à fraternidade. Exemplos de pessoas que suavizaram suas dores não nos faltam: Lucinha Araújo, mãe do contar Cazuza, é um deles. Passou ela a dedicar-se às crianças portadoras do vírus HIV, o mesmo que levou seu filho para a Espiritualidade. Como ela, muitas outras pessoas estão no trabalho de benemerência, com o qual procuram preencher a ausência de um ente querido. A desencarnação traz em si, grandes mudanças, não só para a pessoa (espírito) que se transfere de uma dimensão para outra, mas também para os que ficaram saudosos. A adaptação à vida sem a pessoa que partiu é quase sempre lenta e difícil. Há em geral, mudanças no comportamento de toda a família. Uns se fecham, ficam introvertidos, acabrunhados; outros extrovertem-se repentinamente. Algumas crianças e jovens começam a imitar o parente que partiu. Há as que tentam fugir das lembranças do ausente, no ambiente doméstico, mudando de endereço e até de cidade. Só mais tarde percebem que a dor ou a tristeza as acompanha para onde forem, porque elas se situam dentro e não fora da pessoa. Outros buscam o consolo na religião e se excedem na freqüência. Alguns identificam as atividades profissionais, trabalhando excessivamente, tentando esquecer o acontecimento. Há ainda os revoltados, que brigam com Deus e afastam-se da religião e do trabalho, dando espaço à revolta e à tristeza, por não aceitarem o Determinismo Divino. Auto-piedade e auto-punição também atingem alguns, nesses primeiros momentos de ausência. Às vezes, o medo de que aquele acontecimento se repita no lar chega a neurotizar algumas criaturas. Certas mães que perderam o filho(a) nas ruas ou estradas, redobram os cuidados com os amados que ficaram. Ansiedades, culpas, arrependimentos, acompanham os que ficaram. Culpas por tudo e por nada. Tudo isso pode nos adoecer o corpo físico, se não tivermos a resignação de que tudo o que aconteceu, cumpriu o determinismo divino. Há casos de mães que enlouqueceram, venerando retratos de filhos que partiram. Entretanto, há criaturas que superaram bem essa situação. Com as mensagens de jovens desencarnados que vinham pela psicografia de Chico Xavier, confortar os corações de seus pais e lhes pediam que não se entregassem à dor e ao desânimo, por se sentirem vivos, muito cresceu a Doutrina dos Espíritos. Eles aconselhavam a que os pais cuidassem das dores de outros sofredores para amenizar as suas próprias. Alguns grupos espíritas originaram-se dessas situações. Essa é a dor aproveitada. Chico Xavier elegeu seu trabalho em benefício dessas mães, como o de que mais gostava de fazer, e o considerava dos mais importantes de sua tarefa mediúnica. Para nós, espíritas, o enigma da morte é mais suave, porque sabemos que ninguém morre; apenas nos libertamos do corpo físico e retornamos à nossa realidade espiritual. Porém, como estamos sujeitos às mesmas regras de convivência e aos mesmos compromissos que regem os laços de família, a dor e a saudade ainda repercutem fortemente em nossas almas, razão por que a ausência física tem, para nós, um peso relativo que não está em nossa vontade afastar. Mensagem de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, em que são comprovados os fatos relatados e as pessoas mencionadas, garantiu-nos uma melhor compreensão e maior intimidade com esse fenômeno da desencarnação. Muitas dores foram aliviadas pelas mensagens recebidas com a permissão de Deus, através desse generoso médium. Emmanuel nos orienta dizendo: “A existência é a experiência digna da imortalidade”. Pensar bem, agir bem e viver em regime de amor e respeito ao próximo, desapegando-nos de bens materiais supérfluos e do sentimento de posse, no nosso relacionamento com os semelhantes, pode ser excelente exercício para uma desencarnação tranqüila, sob o amparo dos bons Espíritos. “Quanto menos material for às moléculas constitutivas do perispírito, mais rápida será a desencarnação e mais vastos são os horizontes que se abrem ao espírito”, garante-nos Leon Denis. Os nossos amados que partiram, sofrem também com a nossa inevitável dor. Muitas vezes ficam por algum tempo sem coragem de nos deixar. Então continuam ligados a nós e sofrem ao ver-nos sofrer! Uma jovem recém-desencarnada pediu à sua mãe, numa mensagem, que não falasse e não se lembrasse dela como pessoa morta, porquanto ela estava muito viva e se sentia péssima, quando ouvia tal referência a ela; porque se via viva e feliz ao lado do noivo que desencarnou com ela no mesmo acidente que os vitimou. Através das instruções dos Espíritos desencarnados, que já alcançaram certo grau de evolução, e com espíritos enfermos, nas sessões mediúnicas de trabalho, existe um princípio geral após o retorno ao plano espiritual, que é, ser encaminhado para a posição de que é merecedor. O tempo em que isso ocorre vai depender dos fatores que influenciaram a desencarnação, também, do conhecimento intelectual e da moralidade conquistados na experiência terrena, e do acervo das existências anteriores e do automatismo da lei de causa e efeito. A situação do espírito ao passar à Espiritualidade não lhe será acrescido de nada, nem em conhecimento ou progresso além do que já possuía ao deixar a Terra. A invisibilidade e a intangibilidade serão comuns a todos os desencarnados, com relação aos que ficaram na Terra. Eles percebem também os desencarnados que estejam na sua situação evolutiva ou abaixo dela. Somente os Espíritos Superiores são vistos ou percebidos, se assim o desejarem. A desencarnação, em muitos casos, não deixa o espírito perceber a realidade da própria situação, isto é, ele não acredita que desencarnou, tal a identidade entre a aparência do corpo físico que usava e a do perispírito, que é semelhante. Como no mundo espiritual “o pensamento é tudo”, e a vontade é a força modeladora do pensamento, o espírito alcança os objetivos que pretende. O retorno ao reduto doméstico é conseguido pelo anseio forte, embora ele não saiba como conseguiu. Os espíritos que se mantenham preocupados com os assuntos e bens da existência material, continuam presos a eles. Muitos desencarnados se comprazem em manter-se ligados às sensações físicas, na ilusão de assim continuarem “vivos”. E para conseguir tais sensações, sugam as energias dos encarnados, que se lhes assemelham, moral e intelectualmente, que funcionam como “pontes vivas” a lhes servirem... Os que se viciaram no álcool, nas drogas ou na sensualidade, conseguem ligar-se aos seus hospedeiros, que vivenciam os mesmos vícios e os satisfazem. É o chamado “vampirismo” que é uma realidade. Outras pessoas começam a fazer pedidos de ajuda e proteção aos recém-desencarnados, como se apenas a passagem para a espiritualidade, lhes acrescentasse poderes que nunca possuíram. Muitas das vezes, os espíritos, do outro lado, não têm condições de resolver nem os problemas surgidos com a sua nova situação. O perispírito mantém todos os sintomas do corpo e, com a natural evolução, a satisfação das necessidades vai desaparecendo até extinguir-se, já que o espírito se mantém com outros recursos de energia espiritual. Na verdade, a necessidade desses recursos existe mais por causa do estado mental do espírito do que por exigência do corpo espiritual. Não é de imediato que o espírito se liberta da escravidão dos sentidos, a não ser que seja muito elevado. Somente à proporção que o domínio mental vai se ampliando e tomando conhecimento da nova realidade, é que os sentidos irão deixando de atuar, porquanto já está liberto das influências da matéria, na ascensão aos patamares espirituais. O Eclesiastes diz: “Há tempo de ganhar e perder; tempo de guardar e desfazer.” Assim, ao reencarnarmos, perdemos depois de algum tempo o seio da mãe, os amigos da infância, a professora do jardim, a escola maternal, a primeira amiguinha, a primeira namorada, o sonho do amor perfeito... Perdemos a inocência, o brinquedo estimado, o cãozinho adorado, o concurso desejado, o emprego, perdemos os pais, o corpo físico, e até a existência terrena; e mesmo assim, temos dificuldades de diferenciar o efêmero do eterno. Estudamos e trabalhamos para conquistar coisas materiais, que são passageiras, e não elaboramos roteiro que nos conduzam às conquistas eternas. Somos às vezes, cegos e surdos aos apelos divinos e depois reclamamos quando às adversidades nos visita. Existem estudos que demonstram que os seres humanos têm reações as mais diversas, frente à perda ou possível perda: Negação – Não é comigo; não vou perder o emprego; não desfiz o lar; não perderei os que amo... Raiva – Não deveria acontecer comigo; não faço mal a ninguém; por que esse castigo?... Barganha – Deus, se eu conseguir isto ou aquilo; se você Jesus não permitir eu perder... eu faço... em troca, eu prometo fazer... o filho para o pai; se você me deixar fazer isto, eu prometo... o pai para o filho; se você me atender, eu faço... Depressão – Não vou conseguir; o meu dia está péssimo; Desse jeito eu não vou arranjar... Aceitação – “Senhor, faça-se em mim, Tua vontade”, Maria de Nazaré; “Está consumado”, Jesus; “Faça-me instrumento de Vossa Vontade”, Francisco de Assis. Emmanuel estabelece uma diferença entre Existir e Viver. Muitos existem e não sabem viver. “O berço comprova a nossa existência, mas a vida é obra de Deus na eternidade”. Talvez nisso se situe o ponto crucial do problema. Aceitação da existência, eis outra condição indispensável, pois as pessoas nunca estão satisfeitas. A superação possível e a adaptação à nova situação, será proporcional à aceitação do fato como uma necessidade para o nosso espírito. A resignação e a humildade nos ajuda a aceitar os desígnios divinos e nos garante a paz para trabalharmos, ocupando nosas horas. Contudo, o pranto às vezes parece inevitável. Podemos chorar? – Por que não? – Chorar de saudade, sem a revolta que revela ausência de confiança em Deus e na continuidade da vida dos que partiram. Toda manifestação de existência na Terra é processo de transformação e evolução permanente. Respeitemos o livre-arbítrio da pessoa para caminhar de conformidade com sua vontade, seus esforços e conhecimentos. A Doutrina dos Espíritos demonstra a continuidade da vida, que não cessa com a morte do corpo físico. Contrapondo-se ao materialismo, oferece as comprovações da vida espiritual do espírito. O Espiritismo reafirma os ensinamentos de Jesus quanto à vida em Espírito, que Ele mesmo demonstrou com a sua Ressurreição. Com os ensinos de Jesus e da Doutrina dos Espíritos, a vida futura do espírito imortal é fato comprovado e não simples hipótese; vida essa que se desdobra tanto em mundos espirituais como em mundos materiais como a Terra, nos quais o renascimento ou reencarnação, ocorre em corpos materiais. Allan Kardec observa em comentário a questão 171 de “O Livro dos Espíritos”, o seguinte: “A doutrina da reencarnação, isto é, a que admite para o espírito muitas existências, de acordo com as necessidades, é a única que corresponde a idéia que formamos da justiça de Deus, para com os seres humanos que se acham em condições de moral inferior; a única que explica o futuro e fortalece as nossas esperanças, pois nos oferece os meios de quitarmos os nossos erros pelos resgates. A razão assim nos indica e os espíritos a ensinam”. A vida na Espiritualidade aguarda a todos nós, espíritos bons, maus, indiferentes, sensíveis, amorosos e dedicados aos seus semelhantes, ou capazes dos maiores crimes e torpezas. O Pai, o Criador do Universo, ama a todos nós, sem exceção de nenhum filho, mas a sua justiça alcança também a todos, não com o objetivo de premiar ou condenar, mas fazendo retornar á cada um, as conseqüências naturais das ações praticadas, boas ou más. Suas Leis, cujo conhecimento a Doutrina Espírita proporciona aos seres humanos, precisam ser conhecidas e divulgadas para todos os povos e raças, já que, do seu cumprimento depende o progresso e a felicidade das pessoas e da humanidade. A nossa existência é valiosa e sabemos que um dia, mais cedo ou tarde, teremos que nos libertar do corpo material que usamos e retornar ao plano espiritual onde a nossa vida continua... Entretanto, para que não enfrentemos os sofrimentos, devemos melhorar a nossa moral e o nosso comportamento, a fim de sairmos deste mundo, melhor do que quando aqui chegamos. Fraternidade e caridade e amor são as ações que nos elevarão no mundo da espiritualidade. Esta é a nossa obrigação e ao ler esta exposição não poderemos mais dizer que não sabemos. Se não atender a obrigação prepare-se para sofrimentos. “Nascer, viver, morrer e renascer novamente, tal é a Lei Divina”, ensina o grande professor Allan Kardec. Trabalhemos desde já nossa transformação com Jesus, construindo o nosso progresso espiritual, na certeza de que teremos a proteção e a misericórdia de nosso Pai Celestial... Bibliografia: “Revista Espírita de Campos” “Novo Testamento” + acréscimos e modificações. Jc. Refeito em 20/9/2005.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

JÉSUS GONÇALVES, O REI E O LEPROSO

JÉSUS GONÇALVES, O REI E O LEPROSO Ao estudarmos a história da Doutrina dos Espíritos no Brasil, descobrimos a importância que muitas pessoas tiveram para o crescimento e a divulgação da Doutrina. Cada um no seu lugar, na sua cidade, no seu estado, exercendo importante papel. Jesus, o verdadeiro responsável pela vinda do Consolador Prometido para as terras brasileiras, não apenas recrutou Espíritos elevados, mas, também é muito significativo, não ter dispensado o auxílio dos Espíritos endividados com as leis divinas, convidando-os a ressarcir seus débitos e ao mesmo tempo dando sua cota de contribuição na nova etapa de seu Evangelho no Brasil. Se conhecemos Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier, entre os seres iluminados, também pudemos conhecer irmãos dedicados como Jerônimo Mendonça, Jésus Gonçalves e outros que, comprometidos com a Humanidade por desacertos em existências passadas, não deixaram de dar seus testemunhos de luz, exemplificando a mensagem de Jesus, à luz do Espiritismo. Vamos conhecer a existência de um deles, conhecido no meio espírita como “O Poeta das Chagas Redentoras”. Há muitos anos atrás, numa família extremamente pobre, nasceu em 12 de julho de 1902, um menino a quem seus pais, João Gonçalves e Josefa, deram o nome de Jesus, para homenagear o Mestre de Nazaré. O pai era lavrador e trabalhava duro para suprir as necessidades da família. Tempos depois, quando o menino contava três anos de idade, a mãe de Jesus ficou doente e acabou por desencarnar. Assim, ele cresceu sem o carinho da mãe e sem poder frequentar a escola, como era da sua vontade. Aos dezessete anos, Jesus Gonçalves saiu de Borebi, cidadezinha do interior de São Paulo e foi tentar a vida em uma cidade maior. Como ele era muito inteligente e aprendia com facilidade, um tio o ensinou a tocar um velho instrumento de sopro. Jesus conseguiu emprego e, gostando muito de música, comprou e passou a tocar um clarinete na bandinha da cidade. Passado algum tempo, ele casou-se com Theodomira, viúva, que já tinha duas filhas e a família foi aumentando com a chegada de mais quatro filhos. Entretanto, a felicidade de Jesus logo terminou, pois sua esposa faleceu, deixando-o sozinho com seis crianças. Ele ficou sem saber o que fazer, visto que seu filho menor tinha apenas três anos, e ele precisava trabalhar, foi então que uma vizinha chamada Anita, com bom coração, vendo sua dificuldade, resolveu ajudá-lo no cuidado com as crianças e na organização da casa. Com a convivência, ele e Anita acabaram se casando. No entanto, novamente a felicidade de Jesus Gonçalves durou pouco. Notando estranhas manchas em sua pele, preocupado, procurou um médico que lhe deu o diagnóstico secamente: -- O senhor está com hanseníase! Jesus Gonçalves já ouvira falar dessa doença, chamada de lepra, que assustava antigamente todo mundo, e ficou apavorado, repassando em sua cabeça o que conhecia a respeito dela. Era a mesma doença que na época de Jesus de Nazaré, os doentes eram obrigados a deixar as famílias e ir para o “Vale dos Imundos” ou “Vale dos Leprosos” e desse local nunca mais saiam. Muitos desses ficaram felizes por serem curados pelo Messias. Mas agora, ele sabia que os enfermos eram levados pela saúde pública para os hospitais, ficando afastados da família e da sociedade. Jesus sentiu que seu mundo desabava, entretanto, enfrentou com coragem o destino que lhe era reservado. Assim, quando a ambulância veio buscá-lo para ser levado ao Asilo-Colônia de Aymorés, chamado de leprosário, para tratamento, que na época era muito precário e incerto, ele não se revoltou. Porém, sem compreender o porquê de ser retirado da sociedade subitamente e ter de ficar longe de seus afetos, revoltou-se contra o “Deus de injustiças” que ele não lograra compreender. Ele não acreditava em Deus e, portanto, não poderia beneficiar-se da fé, para ajudá-lo a suportar o resto da existência no hospital. Mesmo assim, não se entregou. Como era cheio de ânimo, coragem e determinação, em pouco tempo tinha mudado a existência dos outros doentes: criou uma bandinha, um jornal, time de futebol e escreveu poesias e peças de teatro. Depois, Jesus conseguiu ser transferido para o Hospital-Colônia de Pirapitingui, maior e com mais recursos. Ali também, em pouco tempo, havia mudado a existência dos doentes, levando-lhes mais alegria. Fundou uma estação de rádio, um jornal, encenou peças de teatro e, lógico, montou uma bandinha. Apesar de tudo isso, sua dor era grande pela situação em que viviam. Quando sua segunda esposa, Anita, que vivia com ele havia onze anos, faleceu ele ficou desesperado. Outro acontecimento triste viria fincar nova marca em seu espírito já tão sofrido... Ao velar o corpo da esposa, ele e seus companheiros se veem subitamente perplexos diante de surpreendente cena! Para tentar consolá-lo, antes do enterro, Anita tenta conversar com ele através da médium Jordelina, e ele desgostoso e com o clima que se formara no ambiente repreende: “Não gosto de brincadeira comigo. Tudo isso é bobagem! Deixe de feitiçaria, Jordelina!” Entretanto, ela usando a médium e em linguagem bastante íntima dos dois, diz a ele: “Velho, não duvides mais, Deus existe!” – E prosseguiu sua conversação que o impressionaram muito, pelo teor íntimo das confidências, e, por tudo o que ela lhe disse. Jesus de espírito ponderado, não se deixou levar pelo primeiro impacto da emoção, mas, depois, consultando a razão, foi buscar nos livros espíritas explicações para o sucedido. Foi o marco inicial da transformação que iria se operar na existência de Jesus Gonçalves. Agora ele não tinha mais dúvidas de que era realmente sua esposa que lhe falara. Entretanto, o fato que culminou com a sua total conversão aconteceria poucos dias depois, conforme relato de seus companheiros de Pirapitingui. Estava ele como sempre, as voltas com sua dor, que nesse dia estava mais forte que de costume. Então ele, no auge do sofrimento resolveu chamar por aquele “deus” de que tanto falavam e ele ainda se recusava a aceitar. Dada a inoperância dos medicamentos que tomava, retirou um copo com água da talha, colocou-o na mesa e disse, prática e resolutamente: “Se Deus existe mesmo, dou cinco minutos para que Ele coloque nessa água um remédio que me alivie a dor!” E marcou no relógio. Passados os cinco minutos, foi beber a água, e grande foi sua surpresa, pois ela estava muito amarga. Impressionado, chamou um companheiro para provar aquela água e a da talha, e este, por sua vez, provou e sentiu a diferença. Estaria enfeitiçada? Seria uma alucinação? ... Mas a dor não lhe deu tempo para pensar e Jesus não se fez de rogado: ao olhar espantado do amigo, ele sorveu a goles, o líquido, no intuito de aliviar a dor que não transigia. Não demorou nem dois minutos para que ele sentisse o efeito, já sem dores, entre espantado e agradecido. Finalmente encontrou Deus e passou a entender as leis divinas. Suas palestras ficaram famosas na Sociedade Espírita Santo Agostinho, que ele fundou dentro da Colônia de Pirapitingui. Aos poucos, sua saúde foi piorando cada vez mais, até que retornou ao mundo espiritual, onde entendeu a razão das dificuldades e dos sofrimentos que enfrentara. Ele viu imagens de um passado distante, fatos ocorridos há muitos séculos, quando ele era Alarico, rei dos visigodos, um guerreiro extremamente cruel. Por onde ele passasse com seus exércitos, deixava destruição, ruina, desespero e morte; e ao sair, ateava fogo nas aldeias e cidades, para que nada mais restasse... Por muitos séculos ainda, em outras existências, espalhou dores e sofrimento a muitas pessoas, até o dia em que arrependido, ele começou a melhorar sendo amparado pela providência divina. Reencarnou muitas vezes, e em várias dessas existências, voltou como leproso, para limpar seu corpo espiritual das manchas que adquirira em séculos de horrores. Uma lembrança, porém, marcara-o de modo muito especial e, vislumbrando o passado viu quando o exército de Alarico se preparava para invadir Roma. À noite, o acampamento das tropas recebeu a visita de Agostinho, bispo de Hipona, que enfrentara muitos perigos para vir suplicar a Alarico que poupasse a cidade e seus habitantes em troca da sua vida. O guerreiro ficou furioso com a audácia daquele homem franzino, que ousava vir até ele fazer-lhe tal pedido. O diálogo foi difícil, porém, mesmo cercado pelo violento exército, o bispo não demonstrou temor, mantendo sempre a humildade e a mansidão. Depois da longa conversa, Agostinho, triste, retornou para Roma sem ter conseguido convencer Alarico. No entanto, ao tomar a cidade, o exército de Alarico respeitou os templos religiosos. Ao perceber isso, a população procurou abrigo nas igrejas, principalmente as mulheres e as crianças. Agostinho, ao perceber que Alarico, apesar da invasão, respeitava os templos e não fora tão cruel com a cidade de Roma quanto costumava ser com outras cidades, ficou-lhe eternamente grato, iniciando-se a partir desse episódio a ligação entre esses dois Espíritos, pois Agostinho tornou-se seu Espírito protetor. Jesus comovido, só então compreendeu a razão de, intuitivamente, ter simpatia por Agostinho, e tê-lo homenageado ao escolher o nome de “Santo Agostinho” para o Centro Espírita do leprosário, que fundara com amigos. No mundo espiritual, ciente da sua pequenez, ganhando iluminação espiritual não desejou mais ser chamado de Jesus. Afirmava não merecer usar o mesmo nome do Mestre, preferindo ser conhecido como Jésus, que lhe recordava a existência em que vestira um corpo de chagas, através do qual se transformara moralmente. Ao reencarnar, não se lembrava dos erros que praticara contra seu próximo em muitas existências. Entretanto, como Jésus Gonçalves, trouxera na consciência o desejo de ajudar seus semelhantes. Essa fora a razão pela qual tinha se esforçado para espalhar o bem a todos, levando alegria, bom-ânimo e esperança por onde passava. Apesar das dores, do sofrimento e da segregação em que viviam no leprosário, seus companheiros – antigos guerreiros de Alarico que também reencarnaram para o acerto com a lei divina – sempre viram nele o líder, o amigo, o confidente, alguém que não perdia ocasião para ajudá-los. Para Jésus Gonçalves, Alarico era o doente, pois a verdadeira doença é a do Espírito. E Jésus por ter vencido nessa encarnação, tornou-se moralmente melhor, segundo os preceitos do Cristo. Bibliografia: (Mensagem de Meimei, recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR., em 25/06/2012). Jornal “O Imortal” - julho/2012 Eduardo Carvalho Monteiro, no livro “A Extraordinária Vida de Jésus Gonçalves”. PS. A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica que afeta principalmente a pele, a mucosa e os nervos, mas que atualmente é curável. Jc. S.Luís, 19/10/2012

sábado, 6 de outubro de 2012

O EGOÍSMO

O EGOÍSMO Antes de falarmos sobre o egoísmo, vamos reler o que diz o Livro dos Espíritos, no capítulo XII, falando das paixões e do egoísmo: Pergunta 907 de Kardec – Visto que o princípio das paixões está na Natureza, ele é mau em si mesmo? Resposta dos Espíritos Superiores: - Não, a paixão está nos excessos acrescentados à vontade, porque o princípio foi dado ao ser humano para o bem, sendo o abuso que dele se faz é que causa o mal. Pergunta 913 de Kardec – Dentre os vícios, qual o que se pode considerar como radical? Resposta dos Espíritos: - Nós já o dissemos muitas vezes; é o egoísmo; dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos está o egoísmo. Todo aquele que quer se aproximar da perfeição moral, deve extirpar de seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades morais. Pergunta 917 de Kardec – Qual o meio de se destruir o egoísmo? Resposta dos Espíritos: - O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da existência moral sobre á material e, com o conhecimento da Doutrina dos Espíritos, que bem compreendida, transformará os hábitos, os costumes, os usos e as relações sociais. O egoísmo se fundamenta sobre a importância da personalidade, do eu, da pessoa, e o Espiritismo, ensinando o princípio da fraternidade e da caridade, faz a pessoa ver as coisas em tal amplitude que o sentimento de personalidade desaparece diante da magnitude da Criação Divina. Que o princípio da fraternidade e da caridade seja á base das instituições sociais, de pessoa a pessoa, de povo a povo. A cura poderá ser demorada porque o egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como o amor é a fonte de todas as virtudes. A educação é a chave do progresso moral. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pelo conhecimento. Procurar destruir o egoísmo e desenvolver a caridade deve ser o objetivo de toda pessoa que deseja assegurar sua felicidade neste mundo e na Espiritualidade. À espera dos bens do Céu, o ser humano tem necessidade dos bens da Terra para viver. Jesus somente nos recomenda não dar maior importância aos da Terra que os da Espiritualidade, porque assim fazendo, estaremos nos tornando ambiciosos, egoístas e orgulhosos. O egoísmo se caracteriza na pessoa, pela ausência dos sentimentos de solidariedade, humanidade e caridade. A cobiça pelas coisas e riquezas terrenas, leva o ser humano a se tornar egoísta e insensível ao sofrimento alheio e ingrato até aos que lhe ajudaram a conseguir fortuna. Há ricos e pobres porque Deus sendo justo possibilita aos pobres a prova da resignação e humildade, e aos ricos, a prova da abnegação e da caridade. Às vezes se pergunta se Deus é justo ao dar a riqueza a essas pessoas que fazem da mesma lamentável uso, afrontando, humilhando e esbanjando, qual filho pródigo, sem trazer benefício a ninguém. Se todos tivessem apenas uma existência, nada justificaria essas desigualdades; mas, se considerarmos que tivemos outras existências, vê-se então que tudo se ajusta com justiça. Quem não tem riqueza material hoje, já teve ou a terá em outra existência; e quem a tem hoje, poderá não tê-la amanhã. Sendo assim, o pobre de hoje não tem motivo para acusar a Providência Divina nem para invejar o rico; e o rico não tem do que se vangloriar do que possui, porque na verdade, nada lhe pertence, e pode lhe ser tirado a qualquer momento, conforme aconteceu com o avarento da parábola narrada Jesus e está em Lucas cap. XII, vrs. 16 a 21. A fonte do mal está no apego, na ambição, no egoísmo e no orgulho pelas posses terrenas cuja duração é temporária, de vez que nada trouxemos quando chegamos e nada levaremos quando partirmos da Terra, a não ser o mérito ou o demérito dos nossos pensamentos palavras e ações. O egoísmo, essa chaga da Humanidade, deve desaparecer da face da Terra, cujo progresso moral retarda. O egoísmo é, portanto, o objetivo maior para o qual todos os verdadeiros cristãos devem dirigir suas forças para combatê-lo. O egoísmo é a negação da caridade e sem caridade não haverá tranqüilidade nem segurança na sociedade. Quando a lei do amor e da caridade for á lei da Humanidade, não haverá mais o egoísmo entre as pessoas; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem enganados pelos prepotentes e violentos que não mais existiram. Jesus nos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo; porque, enquanto Jesus sofria a crucificação e pedia ao Pai o perdão para os seus algozes, Pilatos, sabendo que Jesus era justo e inocente, havia lavado as mãos, deixando que o conduzissem ao suplicio. A propósito do egoísmo, conta-se a história de certo homem que, com fé, rogou a Deus e em resposta recebeu a visita de um anjo do Senhor. O homem então perguntou ao anjo: - Mensageiro Divino, que devo fazer para viver ao lado de Jesus? – Faze o bem, respondeu o anjo. – Posso rogar-te recursos para semelhante missão? – retrucou o homem. Disse-lhe então o anjo: - Pedes o que desejas. - Voltou a falar o homem: - Quero muito dinheiro para socorrer o próximo. – O emissário divino estranhou o pedido e considerou: - Nem sempre o dinheiro é o auxiliar mais eficiente para isso. – Retrucou o homem: - Penso que, sem dinheiro, é muito difícil praticar a caridade. – O anjo ainda perguntou: - Não temes as tentações do dinheiro? – Não, - disse o homem. – Então terás o que desejas, mas não esqueças de que onde estiver o tesouro estará também o teu coração, e que as dádivas divinas devem ser usadas em benefícios dos semelhantes para que não te transforme em prisioneiro delas. O homem então prometeu exercer a caridade e servir sempre. Então os anjos da prosperidade começaram a ajudá-lo. Multiplicaram-lhe, de início, os alimentos e as roupas. Porém o devoto já remediado suplicou mais condições. – Deram-lhe então casa e haveres. Longe de praticar o bem, o homem considerava sempre escasso os haveres que já possuía e rogava mais haveres. – Deram-lhe rebanhos e mais haveres, mas o interessado de subir ao paraíso pela senda da caridade, temendo a miséria, pediu mais rebanhos e mais haveres. Não dava um pão nem uma sopa a ninguém, declarando-se sem recursos para auxiliar os necessitados, e pedia cada vez mais e mais, com a promessa de distribuir algum pão aos famintos. De alegre passou a ser desconfiado, carrancudo e solitário. Receando parentes e amigos, escondia grandes soma em caixa forte e assim viveu e passaram os anos, apegados aos bens que lhes tinham sido concedidos, sem fazer nenhuma caridade. Quando envelheceu, veio à morte do corpo, separando-o da imensa fortuna que tinha. Com surpresa, acordou em espírito, deitado ao lado do cofre. Objetos preciosos, pedaços de ouro e prata e muitas pilhas de cédulas, serviam-lhe de leito. Tinha fome e sede, mas não podia servir-se do dinheiro; queria a liberdade, porém os objetos pareciam agarrá-lo. Então gritou em pranto: - Santo anjo vem ajudar-me a partir em direção do Céu! – O mensageiro divino dignou-se a vir até ele e, reparando-lhe o sofrimento, exclamou: - É muito tarde para ti. Estás sufocado pelas facilidades materiais que o Senhor te confiou, porque a fizeste uso tão somente em teu proveito, sem qualquer benefício para com os teus irmãos de lutas, que sofriam necessidades enquanto tu vivias no egoísmo e opulência. – O infeliz homem implorou: - E o que devo fazer para voltar à paz e viver no paraíso? – O anjo pensou e respondeu: - Espalha com os necessitados as moedas que ajuntaste, desfaze-te das terras vastas que retiveste em vão com os sem teto, entrega à circulação do bem, todos os valores que recebeste do Tesouro Divino e que amontoaste sem utilidade, atendendo ao teu egoísmo e avareza, e depois disso, vem a mim para retomarmos o entendimento efetuado há sessenta anos atrás... Reconhecendo, porém, o homem que já não dispunha de um corpo físico para semelhante serviço, ainda implorou ao anjo: - Mensageiro Divino, dê-me a oportunidade de nova existência, com as mesmas condições, e prometo que farei como recomendas. O emissário divino respondeu: - Como não soubeste usar a fortuna que o Senhor te concedeu, em teu proveito e em benefício dos teus semelhantes, por causa da tua avareza e egoísmo, vais voltar à Terra, sem a ajuda do Tesouro Divino ao teu dispor. Sofrerás a falta do dinheiro, passarás privações, dormirás ao relento, tuas vestes serão andrajos e precisarás da caridade dos outros para viveres, e se muitos te faltarem com o auxílio, não estarás senão colhendo o que plantaste de necessidade aos que te suplicavam um pão. Aprenderás a dar o devido valor aos dons de Deus e usar o pouco que conseguires, em benefício dos outros mais necessitados. Só assim, resgatarás o teu débito para com o Tesouro Celestial... O homem voltou então a Terra, em nova existência em condição de extrema miserabilidade. Essa pequena história nos serve de alerta para começarmos hoje mesmo a ser mais caridosos com todos indistintamente, quer na pobreza como na riqueza, no nosso dia a dia, praticando e elevando os sentimentos de fraternidade, caridade e amor para com nossos semelhantes. O progresso intelectual realizado até hoje nas mais vastas proporções é um grande passo, e marca a primeira fase da Humanidade, mas é impotente para regenerá-la; enquanto o ser humano estiver dominado pelo orgulho e pelo egoísmo, ele utilizará a sua inteligência e os seus conhecimentos em proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais; e é por isso que os aplicam no aperfeiçoamento dos meios para prejudicar os seus semelhantes. Só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos seres humanos na Terra, pondo um freio às más paixões do orgulho e do egoísmo; só ele pode fazer reinar, entre eles, a concórdia, a paz e a fraternidade. Esse estado de coisas supõe uma mudança radical no sentimento das massas, um progresso geral que não poderia se cumprir senão saindo do círculo das idéias estreitas que fomentam o egoísmo. O número dos retardatários, sem dúvida, é ainda muito grande, mas o que podem contra as gerações, senão criar-lhes algumas dificuldades? Eles desaparecerão com as gerações que se vai a cada dia em grande número. Tentarão defender suas posições, mas é uma luta desigual porque é a do passado de vaidade de orgulho de egoísmo, contra o futuro da criatura de progresso, amparada por Deus, com sentimentos de bondade, fraternidade e amor porque os tempos marcados para a renovação do mundo está chegando, e nada poderá detê-la. As gerações que estão desaparecendo levarão consigo os seus preconceitos e os seus erros; as gerações que estão sucedendo, banhada numa fonte mais depurada, imbuídas de idéias mais nobres, imprimirá no mundo o movimento ascensional no sentido do progresso moral, que deve marcar a nova fase da Humanidade. Esta fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis, por idéias grandes e generosas que nascem e que começam a encontrar ecos. As novas gerações, constituídas de espíritos mais evoluídos, com as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento ao qual chegaram unidas ao sentimento do bem e das crenças espiritualistas, farão reinar na Terra, a justiça, a paz e a fraternidade entre os seres e os povos. . . O egoísmo, a fonte de todos os males, será então varrido da Terra e o amor que é a fonte de todo o bem, passará a reinar... Que a Paz do Senhor se faça presente em nossos corações. Bibliografia: Evangelho Segundo o Espiritismo A Gênese Jc. S. Luís, 23/04/1999 Refeito em l6/9/2012

A PRESENÇA DO SOFRIMENTO

A PRESENÇA DO SOFRIMENTO O Amor é a lei maior do Universo. Ela se expressa de várias maneiras, desde as formas mais singelas de vida. Tudo é beleza, harmonia e esplendor no Plano Divino, no entanto parece que há algo errado na existência do ser humano – o sofrimento. Esse fenômeno visita todos os lares e corações, desde o ignorante até o homem de cultura, da choupana ao palácio. Atinge os seres em todos os países, em todas as idades, em diferentes condições sociais e econômicas. Todos sofrem neste planeta; ninguém consegue ficar ileso a ele. Que contradição! Sendo tudo Amor no Universo, o ser humano sofre muito em escala individual e coletiva. Teria Deus criado o sofrimento para seus filhos? Concebendo o Criador como a perfeição e a misericórdia, isso é inadmissível, mas o certo é que o sofrimento nos segue; faz parte da história humana e, através dele é que a civilização avança em discernimento e luz espiritual. Se o sofrimento não é proveniente da vontade de Deus, nem da fragilidade humana, pois somos fortes e dotados de infinitos recursos para viver, de onde então vem o sofrimento? – A resposta é muito simples: da conduta do ser humano. Esse sofrimento provém de três causas distintas: Como provações, como expiações e como abnegações. Como provação, vem para resgate dos débitos contraídos para com a Justiça Divina. Na provação o espírito reencarna com uma programação feita na Espiritualidade da qual participou. Na expiação, o sofrimento imposto ao espírito foi programado pelos mentores espirituais, como compulsório, por se recusar ele em reconhecer seus débitos e não querer passar por resgates. Na abnegação o espírito vem como missionário, com existência difícil enfrentando privações e sofrimentos para dar o exemplo de resignação, igual á passagem evangélica do homem que nasceu cego, não por sua culpa ou dos pais, mas para que “se manifestassem nele as obras de Deus...” João 9: 1 a 3. Considerando a harmonia universal, e as leis que regem a vida espiritual e a existência do ser humano, aprendemos na Doutrina dos Espíritos que todo sofrimento é advindo da nossa intervenção nessa harmonia; de um desarranjo nos propósitos superiores da vida, que podem ser reparados por um ato de amor ou, caso isso não ocorra, por uma reparação pela dor. Por isso sempre ouvimos dizer que “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Quando nos equivocamos na existência, quando seguimos na contramão das leis, por ignorância ou vontade própria, repetimos a lição, a fim de aprendermos a discernir o que é certo e o que não deve ser feito, ocasião em que o senso moral vai sendo construído. Se, insistimos em continuar no erro, por teimosia, revolta, egoísmo, ou por vantagens materiais, abrimos espaço para que se instale o sofrimento, como meio de reparação da desarmonia criada. Se quiséssemos corrigir os erros que estamos cometendo, não haveria necessidade de passarmos por rigorosas lições de sofrimento. A questão é que não nos corrigimos o que seria mais razoável, mas unicamente nos livramos dos problemas sem esforço, na busca de prazer e conforto material. Os seres humanos são vítimas de doenças orgânicas e psíquicas, e todos se esforçam por se verem livres delas. Esses doentes em geral supõem que a Doutrina dos Espíritos realiza milagres e produz curas maravilhosas, a exemplos de outros que prometem e dizem que fazem. Por isso, as Casas Espíritas estão sempre recebendo doentes que, já havendo esgotado os recursos fornecidos pela medicina convencional, procura encontrar nela, como última tentativa de recuperação, a saúde desejável. A verdade, porém, é que se as moléstias forem passageiras, sararão com os cuidados médicos e remédios receitados, às vezes, até com chás caseiros; mas, em se tratando de doenças que são provações de resgates do espírito, para liquidação de dívidas perante a Lei Divina, tornam-se elas necessárias ao reequilíbrio espiritual do doente. Os cuidados da ciência médica, os tratamentos espirituais podem melhorar o estado do doente, dando-lhe a esperança e a resignação, mas não vai alterar a situação satisfatoriamente, e a doença seguirá seu curso, a não ser que haja o merecimento ou a misericórdia divina a se manifestar. Nos casos de resgates, os Espíritos Protetores não poderão também eliminar os motivos que impedem a recuperação do doente, para não prejudicá-lo, ao invés de ajudá-lo como muitos pensam. Meditem os doentes de que a ocorrência de doenças sérias é sinal certo de que estão sendo impulsionados para a libertação espiritual, transpondo obstáculos no caminho da evolução. Auxiliemos o processo, cuidando do corpo “o jumentinho da alma”, como dizia Francisco de Assis, aceitando o que não pode ser modificado e nem se torturando em busca de um restabelecimento que nem sempre pode se dar, nem convém que às vezes seja dado, para não aumentar a dívida, e não vamos julgar a doença uma infelicidade, um mal irreparável, quando na verdade é a quitação com a Justiça Divina, ou foi escolhida por nós mesmos, ao retornar a nova existência na Terra. Considere o sofredor, como é imensa a bondade de Deus que, conhecendo nossa fraqueza e atendendo nossas súplicas, nos permite a assistência e consolações espirituais atentas e carinhosas, não só por parte dos nossos entes queridos na Terra, como também dos desencarnados afins e dos protetores espirituais. Por isso Jesus disse: “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”, prometendo compensações quando falou aos sofredores. Você, prezado irmão/irmã, deve acreditar nas palavras de Jesus. Há alguns anos conheci um menino que viveu até os 18 anos, tetraplégico, mudo, praticamente incomunicável com o mundo exterior. Vivia ele sob os cuidados da sua mãe que zelava por ele como se ele fosse à coisa mais preciosa do mundo. Somente seus olhos, com o brilho da vida que palpitava em seu interior, se expressava cheios de mensagens e significados. Nascendo já com todos os limites e motivos para desistir da existência, ele lutou e sobreviveu por alguns anos. Contra todas as expectativas médicas e fisioterápicas, conseguiu ele desenvolver alguns movimentos e articular alguns sons, como comunicação com seus pais. A alegria espontânea, transparecendo no brilho dos seus olhos, era vida que transbordava de sua alma, como a dizer a todos nós ao seu redor: “Vejam, não posso nada, dependo de alguém, até para coçar meu nariz, mas sou feliz porque posso aprender alguma coisa com a vida.” Eu ficava imaginando quando o visitava que, se ele pudesse falar perguntaria: “Como é caminhar pela rua em dia de sol, tomar banho de chuva, trocar a própria roupa? Como é falar ao telefone, fazer um carinho, pintar uma tela, sentir o vento no rosto? Como é cantar uma música ou andar de bicicleta; assistir a um filme comendo pipoca? Qual é a sensação quando se olha o firmamento, a lua cheia, andar de carro ou pentear os próprios cabelos? Lembro também de uma senhora idosa chamada Vicentina que durante a sua vida útil serviu a várias famílias e quando ficou impossibilitada de trabalhar, por motivo de doença, e por não ter parentes que a acolhessem na capital, foi internada no Asilo de Mendicidade, onde permaneceu por muitos anos acamada, por estar paralítica e cega, e que era de uma humildade e resignação nunca visto em outra pessoa. Para ela tudo estava bem e bonito, e tratava as pessoas com tanta amabilidade que nos comovia, apesar de todo o seu problema. Ao lembrar-me disso, percebi o valor de tudo aquilo que muitas vezes não somos capazes de reconhecer como bênçãos em nossas existências e que só realmente valorizamos quando as perdemos. Quantos de nós vivemos nos queixando de tudo e desprezando as chances de realizar algo de útil, desperdiçando nosso tempo em atividades fúteis que nada nos acrescenta. Aquele jovem e aquela idosa, mesmo diante de sua terrível prisão orgânica, vivendo somente uma vida interior, sem sofrerem a tortura de uma consciência alucinada, qual um alcoólatra ou um drogado. Porém, uma coisa o dependente tinha como vantagem sobre a situação daqueles dois imobilizados. Ele podia sair da situação na hora que quisesse; podia recuperar sua liberdade e dignidade; era só querer e lutar. Lutar pela própria existência que desprezava. Para isso ele precisava apenas saber o quanto é importante usufruir, a saúde e a existência. A autodestruição tem um saber amargo, enquanto a autolibertação tem um saber divino. Todos nós somos capazes; todos nós podemos conseguir... só depende de querermos, de lutar para melhorar ou mudar. É importante refletirmos na função educativa do sofrimento num planeta em que há predomínio dos interesses materiais, em detrimento da busca espiritual. Como terapeuta dos nossos tormentos, o sofrimento tem um especial papel no processo de crescimento do ser humano a caminho de Deus. Muito embora vivamos orientados para o sucesso material, há em todo ser reencarnado um estímulo ao que é divino e superior, e é por isso que vibra em todos nós um forte impulso de amor e um sincero desejo de realizarmos o que é essencial, afastando-nos do que consome nossas forças nas experiências terrenas. Aos poucos vamos percebendo que o sofrimento é um mecanismo da inteligência superior do Universo – Deus, a fim de lembrar constantemente Sua criação, (ser humano) do verdadeiro sentido da existência. O sofrimento não é imposto por Deus como meta de equilíbrio, sua intensidade e duração, foi ele escolhido por cada criatura antes de reencarnar. Ensina-nos um pensador da ciência psicológica que “o sofrimento é sinal da disponibilidade de energia para transformar situações; é a maneira que a razão tem de indicar uma atitude ou comportamento errado e, para a pessoa que não é revoltada, cada momento de sofrimento é uma oportunidade de crescer”. Não seria interessante, então, mudarmos nossa forma de interpretar o sofrimento? Em vez de usarmos a queixa e/ou a revolta no momento de aflição, de dificuldade no caminho evolutivo, não seria melhor ponderar “O que devo mudar?” Entendendo a dor e o sofrimento como mecanismos de profunda reflexão do ato de viver, quando ele se aproximar, vejam as mudanças necessárias antes que a aflição se instale em nós, para que não seja atormentado o presente e complicado o futuro. Nós somos os causadores de nossos infortúnios, porque recusamos atender o chamado divino e uma existência com mais consciência e dentro das leis do Senhor. O ponto em que nosso planeta se encontra como mundo-escola, em contínuo avanço, nos convoca a uma renovação de padrão mental, a refletir-se em atitudes novas, mais justas e caridosas. Enquanto permanecermos numa existência de interesses próprios, o entendimento de Vida Eterna ficará adormecido. Mas, a partir do instante em que nossa existência se amplia, o entendimento de Vida Eterna se aplica ao cotidiano, nos gestos simples que movimentam nossos dias, na descoberta de recursos valiosos para o progresso de todos, transformando experiências em lições preciosas para o nosso Espírito imortal. Às horas de intranqüilidade que marcam o ponto evolutivo da Terra, sucederão períodos de muita paz, e toda pessoa que já aceitou o sofrimento como mensageira da mudança do espírito para uma situação melhor, desfruta desde logo, do justo crescimento das almas que sabem converter lágrimas em esperança. Como forma de esclarecimento nos caminhos de luz, é preciso compreender que são “bem-aventurados os que choram”, que aceitam o sofrimento com resignação; que diante do sofrimento, não perguntam: “Por quê?”, e sim: “Para que?” O sofredor a que se refere Jesus, é o dos corações que sabem que é bem melhor quitar, que prorrogar com mais dívidas, o seu débito para com a Justiça Divina; é reconhecer que com o Mestre a dor é benção e progresso. Assim, o sofrimento tem a marca abençoada da redenção. Esses que assim aceitam são como bem disse Emmanuel: “os que recebem o sofrimento transitório da existência terrena, por bendita e honrosa oportunidade de crescimento, com bondade e paciência, resignação e esperança”. O sofrimento nos restaura, abrindo portas para o amor, que nos equilibra e nos alerta, como a nos dizer que o mundo é um lugar de passagem e não o fim da jornada da vida. Cabe-nos, portanto, realizar nele o melhor que pudermos. Evitar todo tipo de agressão a si mesmo, aos semelhantes e ao meio em que vive. Estamos em processo de evolução a caminho de Deus, nosso Pai Celestial. Bendita é a dor que nos arranca da indiferença e nos faz seguir as leis do Senhor, passando a viver em função dos Seus propósitos e amor e bondade. A Terra passa por momentos difíceis, de aferição dos nossos valores. Jesus convoca-nos a fazer parte das fileiras do Bem, para trabalharmos com Ele na implantação de um reino de Paz, que se inicia no coração de todo aquele que já se cansou das tentações do mundo e se compromete de vez, com o plano Divino. Atendamos ao Seu chamado e veremos multiplicada a alegria que nos falta, porque o ser humano que segue o caminho da luz, já não mais vive para si; vive para a glória do Pai, na benção da Vida Eterna. A posição espiritual de cada um de nós está na razão direta da permanência do sofrimento em nosso viver... Isso nos faz concluir que AMOR E SOFRIMENTO são mecanismos que funcionam em situações independentes: Sabemos então que, quando um se aproxima de nós, o outro se afasta... Se Deus é o Pai de infinita bondade e justiça, não pode Ele agir com parcialidade. As vicissitudes da existência têm assim uma causa, e, uma vez que Deus é justo, o sofrimento também deve ser justo. Jesus nos prometeu as compensações e o “Consolador” prometido por Ele, que é a Doutrina dos Espíritos, vem revelar as causas das aflições. Elas têm duas fontes bem diferentes; uma na existência atual, e a outra em existências anteriores, onde contraímos as dívidas. As da existência atual são resultados da nossa imprevidência, do nosso egoísmo, da nossa falta de caridade e amor para com nossos semelhantes, da nossa ambição. Quantas uniões infelizes realizadas que nada tem com o coração; quantos males e enfermidades, conseqüências de excessos de todos os gêneros; quantos pais infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências quando ainda eram crianças; quantas pessoas arruinadas por má conduta... Que todos aqueles que passam por sofrimentos interroguem a consciência, e verão se não podem dizer: Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria hoje em tal situação. Ha males que achamos estranhos e que parecem nos atingir por fatalidade, cuja compreensão somente a Doutrina dos Espíritos sabe explicar. O ser humano nem sempre resgata suas faltas na mesma existência, embora não escape jamais da Lei Divina. Os sofrimentos que fizemos os outros passarem, teremos que passar também, e ainda com acréscimos. Assim, o que causou aleijão ao seu semelhante poderá voltar aleijado; o que usou mal a fortuna poderá voltar em extrema miséria; o que foi orgulhoso voltará em condição humilhante; o que usou mal a palavra pode voltar mudo; o que usou mal os olhos pode vir sem a visão, e assim por diante. Nas várias existências, vamos resgatando nossos débitos para com nossos semelhantes e a Justiça Divina, e, para os que sofrem com resignação é que Jesus afirmou: “Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”. Entretanto, nem todas as aflições e sofrimentos são resgates de dívidas, porquanto muitos Espíritos já com maior evolução espiritual, aceitam as provas da existência terrena, sofrendo todas as dores e dificuldades com humildade, resignação e sem lamentações, como missão de exemplo de vida aos outros e na sua própria melhora espiritual. Eis a resposta para os casos que mencionei acima, do jovem e da idosa. Todas estas orientações e muito mais outras, sobre os “porquês” da nossa existência terrena, podem ser encontradas no livro “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Que a Paz do Senhor nos assista na nossa existência. Bibliografia: Evangelho de Jesus “Evangelho Segundo o Espiritismo” Jc. S.Luis, 01/2001 Refeito em 15/9/2012