terça-feira, 30 de outubro de 2012

A DESENCARNAÇÃO E SEUS PROBLEMAS

A DESENCARNAÇÃO E SEUS PROBLEMAS O mundo avança célere em suas conquistas, nas mais diferentes áreas de conhecimento, entretanto, o velho mistério que envolve a desencarnação (morte física), não perde sua atualidade. É certo que a visão do ser humano vem se ampliando no entendimento desse difícil processo, mas ainda anda longe de uma visão realista que amenize seus conflitos. Esse fenômeno sempre intrigou o ser humano. O futuro dos mortos e o julgamento a que estaremos sujeitos ao nos transferirmos para o “outro lado”, foram sempre motivos de preocupação de todos nós, nas sucessivas experiências existenciais, nas mais diferentes culturas do planeta. Revendo a evolução de nossa compreensão da morte física, Emmanuel relembra: Os hindus acreditavam que havia um juiz dos mortos. Para os assírios-caldeus, os mortos viviam sonolentos em regiões subterrâneas. Já os gregos, criam que os espíritos seriam julgados por Minos, filho de Zeus. Nesta concepção, já entra a idéia de julgamento. Os romanos proclamavam o princípio da retribuição, acreditando que, no Orco (inferno para eles), divindades infernais puniam as almas que se fizeram presas de ilusões e maltrataram outros seres. Aí já começa a se fixar o “fazer aos outros como queres que te façam”, mesmo levados pelo medo. Para Maomé, havia sete andares no céu e sete infernos, talvez para atender as diferenças de erros e culpas. Na simbologia judaica, isso nos recorda as palavras de Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” Os vedas, já tinham uma visão mais real do pós-morte: krisna dizia que “o corpo é só um envoltório da alma. Ao fim do corpo, se a alma foi pura, voa para as regiões dos seres puros que vivem com Deus.” Buda, finalmente, afirma que o bem é o fim supremo da natureza e que “tudo que somos é resultado do que fomos e que a morte é um agente da vida que exige renovação contínua e transformações incessantes.” Essa é também a visão da Doutrina dos Espíritos”... São muitas as razões do medo da morte que sempre nos acompanha. Umas, estão associadas a lembranças arquivadas na memória espiritual, de mortes trágicas dos tempos da barbárie. Outras se associam ao terror daquela imagem do julgamento dito divino de céu, purgatório e inferno; destinos teológicos que fizeram nossos tormentos no passado, e que hoje são apenas teorias. Também entram os rituais que evocam tristezas e cores escuras do antigo luto. A tudo isso, acrescente-se a associação da palavra “morte”, com a palavra “fim”, que traz o pavor do nada. A soma desses fatores inspira em muitas pessoas o sofrimento, pela simples possibilidade de enfrentá-la, que mesmo não desejando, é inevitável para todos nós. Para a maioria das pessoas, é o desconhecido, o fim; entretanto, para outros é a libertação, a realidade existencial, a verdadeira vida, que é espiritual. É comum haver uma busca da religião, uma ampliação de nossa capacidade de entendimento das coisas, uma benevolência maior que nos torna mais fraternos. Também acontece às vezes, a transferência do afeto dedicado à pessoa que partiu para outras pessoas desamparadas. Pais que cujos filhos partiram, buscam outros filhos para exercitarem a capacidade de amar. E há tantos filhos em desamor, necessitados de carinho!... Quase sempre essa dor impulsiona-nos à fraternidade. Exemplos de pessoas que suavizaram suas dores não nos faltam: Lucinha Araújo, mãe do contar Cazuza, é um deles. Passou ela a dedicar-se às crianças portadoras do vírus HIV, o mesmo que levou seu filho para a Espiritualidade. Como ela, muitas outras pessoas estão no trabalho de benemerência, com o qual procuram preencher a ausência de um ente querido. A desencarnação traz em si, grandes mudanças, não só para a pessoa (espírito) que se transfere de uma dimensão para outra, mas também para os que ficaram saudosos. A adaptação à vida sem a pessoa que partiu é quase sempre lenta e difícil. Há em geral, mudanças no comportamento de toda a família. Uns se fecham, ficam introvertidos, acabrunhados; outros extrovertem-se repentinamente. Algumas crianças e jovens começam a imitar o parente que partiu. Há as que tentam fugir das lembranças do ausente, no ambiente doméstico, mudando de endereço e até de cidade. Só mais tarde percebem que a dor ou a tristeza as acompanha para onde forem, porque elas se situam dentro e não fora da pessoa. Outros buscam o consolo na religião e se excedem na freqüência. Alguns identificam as atividades profissionais, trabalhando excessivamente, tentando esquecer o acontecimento. Há ainda os revoltados, que brigam com Deus e afastam-se da religião e do trabalho, dando espaço à revolta e à tristeza, por não aceitarem o Determinismo Divino. Auto-piedade e auto-punição também atingem alguns, nesses primeiros momentos de ausência. Às vezes, o medo de que aquele acontecimento se repita no lar chega a neurotizar algumas criaturas. Certas mães que perderam o filho(a) nas ruas ou estradas, redobram os cuidados com os amados que ficaram. Ansiedades, culpas, arrependimentos, acompanham os que ficaram. Culpas por tudo e por nada. Tudo isso pode nos adoecer o corpo físico, se não tivermos a resignação de que tudo o que aconteceu, cumpriu o determinismo divino. Há casos de mães que enlouqueceram, venerando retratos de filhos que partiram. Entretanto, há criaturas que superaram bem essa situação. Com as mensagens de jovens desencarnados que vinham pela psicografia de Chico Xavier, confortar os corações de seus pais e lhes pediam que não se entregassem à dor e ao desânimo, por se sentirem vivos, muito cresceu a Doutrina dos Espíritos. Eles aconselhavam a que os pais cuidassem das dores de outros sofredores para amenizar as suas próprias. Alguns grupos espíritas originaram-se dessas situações. Essa é a dor aproveitada. Chico Xavier elegeu seu trabalho em benefício dessas mães, como o de que mais gostava de fazer, e o considerava dos mais importantes de sua tarefa mediúnica. Para nós, espíritas, o enigma da morte é mais suave, porque sabemos que ninguém morre; apenas nos libertamos do corpo físico e retornamos à nossa realidade espiritual. Porém, como estamos sujeitos às mesmas regras de convivência e aos mesmos compromissos que regem os laços de família, a dor e a saudade ainda repercutem fortemente em nossas almas, razão por que a ausência física tem, para nós, um peso relativo que não está em nossa vontade afastar. Mensagem de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, em que são comprovados os fatos relatados e as pessoas mencionadas, garantiu-nos uma melhor compreensão e maior intimidade com esse fenômeno da desencarnação. Muitas dores foram aliviadas pelas mensagens recebidas com a permissão de Deus, através desse generoso médium. Emmanuel nos orienta dizendo: “A existência é a experiência digna da imortalidade”. Pensar bem, agir bem e viver em regime de amor e respeito ao próximo, desapegando-nos de bens materiais supérfluos e do sentimento de posse, no nosso relacionamento com os semelhantes, pode ser excelente exercício para uma desencarnação tranqüila, sob o amparo dos bons Espíritos. “Quanto menos material for às moléculas constitutivas do perispírito, mais rápida será a desencarnação e mais vastos são os horizontes que se abrem ao espírito”, garante-nos Leon Denis. Os nossos amados que partiram, sofrem também com a nossa inevitável dor. Muitas vezes ficam por algum tempo sem coragem de nos deixar. Então continuam ligados a nós e sofrem ao ver-nos sofrer! Uma jovem recém-desencarnada pediu à sua mãe, numa mensagem, que não falasse e não se lembrasse dela como pessoa morta, porquanto ela estava muito viva e se sentia péssima, quando ouvia tal referência a ela; porque se via viva e feliz ao lado do noivo que desencarnou com ela no mesmo acidente que os vitimou. Através das instruções dos Espíritos desencarnados, que já alcançaram certo grau de evolução, e com espíritos enfermos, nas sessões mediúnicas de trabalho, existe um princípio geral após o retorno ao plano espiritual, que é, ser encaminhado para a posição de que é merecedor. O tempo em que isso ocorre vai depender dos fatores que influenciaram a desencarnação, também, do conhecimento intelectual e da moralidade conquistados na experiência terrena, e do acervo das existências anteriores e do automatismo da lei de causa e efeito. A situação do espírito ao passar à Espiritualidade não lhe será acrescido de nada, nem em conhecimento ou progresso além do que já possuía ao deixar a Terra. A invisibilidade e a intangibilidade serão comuns a todos os desencarnados, com relação aos que ficaram na Terra. Eles percebem também os desencarnados que estejam na sua situação evolutiva ou abaixo dela. Somente os Espíritos Superiores são vistos ou percebidos, se assim o desejarem. A desencarnação, em muitos casos, não deixa o espírito perceber a realidade da própria situação, isto é, ele não acredita que desencarnou, tal a identidade entre a aparência do corpo físico que usava e a do perispírito, que é semelhante. Como no mundo espiritual “o pensamento é tudo”, e a vontade é a força modeladora do pensamento, o espírito alcança os objetivos que pretende. O retorno ao reduto doméstico é conseguido pelo anseio forte, embora ele não saiba como conseguiu. Os espíritos que se mantenham preocupados com os assuntos e bens da existência material, continuam presos a eles. Muitos desencarnados se comprazem em manter-se ligados às sensações físicas, na ilusão de assim continuarem “vivos”. E para conseguir tais sensações, sugam as energias dos encarnados, que se lhes assemelham, moral e intelectualmente, que funcionam como “pontes vivas” a lhes servirem... Os que se viciaram no álcool, nas drogas ou na sensualidade, conseguem ligar-se aos seus hospedeiros, que vivenciam os mesmos vícios e os satisfazem. É o chamado “vampirismo” que é uma realidade. Outras pessoas começam a fazer pedidos de ajuda e proteção aos recém-desencarnados, como se apenas a passagem para a espiritualidade, lhes acrescentasse poderes que nunca possuíram. Muitas das vezes, os espíritos, do outro lado, não têm condições de resolver nem os problemas surgidos com a sua nova situação. O perispírito mantém todos os sintomas do corpo e, com a natural evolução, a satisfação das necessidades vai desaparecendo até extinguir-se, já que o espírito se mantém com outros recursos de energia espiritual. Na verdade, a necessidade desses recursos existe mais por causa do estado mental do espírito do que por exigência do corpo espiritual. Não é de imediato que o espírito se liberta da escravidão dos sentidos, a não ser que seja muito elevado. Somente à proporção que o domínio mental vai se ampliando e tomando conhecimento da nova realidade, é que os sentidos irão deixando de atuar, porquanto já está liberto das influências da matéria, na ascensão aos patamares espirituais. O Eclesiastes diz: “Há tempo de ganhar e perder; tempo de guardar e desfazer.” Assim, ao reencarnarmos, perdemos depois de algum tempo o seio da mãe, os amigos da infância, a professora do jardim, a escola maternal, a primeira amiguinha, a primeira namorada, o sonho do amor perfeito... Perdemos a inocência, o brinquedo estimado, o cãozinho adorado, o concurso desejado, o emprego, perdemos os pais, o corpo físico, e até a existência terrena; e mesmo assim, temos dificuldades de diferenciar o efêmero do eterno. Estudamos e trabalhamos para conquistar coisas materiais, que são passageiras, e não elaboramos roteiro que nos conduzam às conquistas eternas. Somos às vezes, cegos e surdos aos apelos divinos e depois reclamamos quando às adversidades nos visita. Existem estudos que demonstram que os seres humanos têm reações as mais diversas, frente à perda ou possível perda: Negação – Não é comigo; não vou perder o emprego; não desfiz o lar; não perderei os que amo... Raiva – Não deveria acontecer comigo; não faço mal a ninguém; por que esse castigo?... Barganha – Deus, se eu conseguir isto ou aquilo; se você Jesus não permitir eu perder... eu faço... em troca, eu prometo fazer... o filho para o pai; se você me deixar fazer isto, eu prometo... o pai para o filho; se você me atender, eu faço... Depressão – Não vou conseguir; o meu dia está péssimo; Desse jeito eu não vou arranjar... Aceitação – “Senhor, faça-se em mim, Tua vontade”, Maria de Nazaré; “Está consumado”, Jesus; “Faça-me instrumento de Vossa Vontade”, Francisco de Assis. Emmanuel estabelece uma diferença entre Existir e Viver. Muitos existem e não sabem viver. “O berço comprova a nossa existência, mas a vida é obra de Deus na eternidade”. Talvez nisso se situe o ponto crucial do problema. Aceitação da existência, eis outra condição indispensável, pois as pessoas nunca estão satisfeitas. A superação possível e a adaptação à nova situação, será proporcional à aceitação do fato como uma necessidade para o nosso espírito. A resignação e a humildade nos ajuda a aceitar os desígnios divinos e nos garante a paz para trabalharmos, ocupando nosas horas. Contudo, o pranto às vezes parece inevitável. Podemos chorar? – Por que não? – Chorar de saudade, sem a revolta que revela ausência de confiança em Deus e na continuidade da vida dos que partiram. Toda manifestação de existência na Terra é processo de transformação e evolução permanente. Respeitemos o livre-arbítrio da pessoa para caminhar de conformidade com sua vontade, seus esforços e conhecimentos. A Doutrina dos Espíritos demonstra a continuidade da vida, que não cessa com a morte do corpo físico. Contrapondo-se ao materialismo, oferece as comprovações da vida espiritual do espírito. O Espiritismo reafirma os ensinamentos de Jesus quanto à vida em Espírito, que Ele mesmo demonstrou com a sua Ressurreição. Com os ensinos de Jesus e da Doutrina dos Espíritos, a vida futura do espírito imortal é fato comprovado e não simples hipótese; vida essa que se desdobra tanto em mundos espirituais como em mundos materiais como a Terra, nos quais o renascimento ou reencarnação, ocorre em corpos materiais. Allan Kardec observa em comentário a questão 171 de “O Livro dos Espíritos”, o seguinte: “A doutrina da reencarnação, isto é, a que admite para o espírito muitas existências, de acordo com as necessidades, é a única que corresponde a idéia que formamos da justiça de Deus, para com os seres humanos que se acham em condições de moral inferior; a única que explica o futuro e fortalece as nossas esperanças, pois nos oferece os meios de quitarmos os nossos erros pelos resgates. A razão assim nos indica e os espíritos a ensinam”. A vida na Espiritualidade aguarda a todos nós, espíritos bons, maus, indiferentes, sensíveis, amorosos e dedicados aos seus semelhantes, ou capazes dos maiores crimes e torpezas. O Pai, o Criador do Universo, ama a todos nós, sem exceção de nenhum filho, mas a sua justiça alcança também a todos, não com o objetivo de premiar ou condenar, mas fazendo retornar á cada um, as conseqüências naturais das ações praticadas, boas ou más. Suas Leis, cujo conhecimento a Doutrina Espírita proporciona aos seres humanos, precisam ser conhecidas e divulgadas para todos os povos e raças, já que, do seu cumprimento depende o progresso e a felicidade das pessoas e da humanidade. A nossa existência é valiosa e sabemos que um dia, mais cedo ou tarde, teremos que nos libertar do corpo material que usamos e retornar ao plano espiritual onde a nossa vida continua... Entretanto, para que não enfrentemos os sofrimentos, devemos melhorar a nossa moral e o nosso comportamento, a fim de sairmos deste mundo, melhor do que quando aqui chegamos. Fraternidade e caridade e amor são as ações que nos elevarão no mundo da espiritualidade. Esta é a nossa obrigação e ao ler esta exposição não poderemos mais dizer que não sabemos. Se não atender a obrigação prepare-se para sofrimentos. “Nascer, viver, morrer e renascer novamente, tal é a Lei Divina”, ensina o grande professor Allan Kardec. Trabalhemos desde já nossa transformação com Jesus, construindo o nosso progresso espiritual, na certeza de que teremos a proteção e a misericórdia de nosso Pai Celestial... Bibliografia: “Revista Espírita de Campos” “Novo Testamento” + acréscimos e modificações. Jc. Refeito em 20/9/2005.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

JÉSUS GONÇALVES, O REI E O LEPROSO

JÉSUS GONÇALVES, O REI E O LEPROSO Ao estudarmos a história da Doutrina dos Espíritos no Brasil, descobrimos a importância que muitas pessoas tiveram para o crescimento e a divulgação da Doutrina. Cada um no seu lugar, na sua cidade, no seu estado, exercendo importante papel. Jesus, o verdadeiro responsável pela vinda do Consolador Prometido para as terras brasileiras, não apenas recrutou Espíritos elevados, mas, também é muito significativo, não ter dispensado o auxílio dos Espíritos endividados com as leis divinas, convidando-os a ressarcir seus débitos e ao mesmo tempo dando sua cota de contribuição na nova etapa de seu Evangelho no Brasil. Se conhecemos Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier, entre os seres iluminados, também pudemos conhecer irmãos dedicados como Jerônimo Mendonça, Jésus Gonçalves e outros que, comprometidos com a Humanidade por desacertos em existências passadas, não deixaram de dar seus testemunhos de luz, exemplificando a mensagem de Jesus, à luz do Espiritismo. Vamos conhecer a existência de um deles, conhecido no meio espírita como “O Poeta das Chagas Redentoras”. Há muitos anos atrás, numa família extremamente pobre, nasceu em 12 de julho de 1902, um menino a quem seus pais, João Gonçalves e Josefa, deram o nome de Jesus, para homenagear o Mestre de Nazaré. O pai era lavrador e trabalhava duro para suprir as necessidades da família. Tempos depois, quando o menino contava três anos de idade, a mãe de Jesus ficou doente e acabou por desencarnar. Assim, ele cresceu sem o carinho da mãe e sem poder frequentar a escola, como era da sua vontade. Aos dezessete anos, Jesus Gonçalves saiu de Borebi, cidadezinha do interior de São Paulo e foi tentar a vida em uma cidade maior. Como ele era muito inteligente e aprendia com facilidade, um tio o ensinou a tocar um velho instrumento de sopro. Jesus conseguiu emprego e, gostando muito de música, comprou e passou a tocar um clarinete na bandinha da cidade. Passado algum tempo, ele casou-se com Theodomira, viúva, que já tinha duas filhas e a família foi aumentando com a chegada de mais quatro filhos. Entretanto, a felicidade de Jesus logo terminou, pois sua esposa faleceu, deixando-o sozinho com seis crianças. Ele ficou sem saber o que fazer, visto que seu filho menor tinha apenas três anos, e ele precisava trabalhar, foi então que uma vizinha chamada Anita, com bom coração, vendo sua dificuldade, resolveu ajudá-lo no cuidado com as crianças e na organização da casa. Com a convivência, ele e Anita acabaram se casando. No entanto, novamente a felicidade de Jesus Gonçalves durou pouco. Notando estranhas manchas em sua pele, preocupado, procurou um médico que lhe deu o diagnóstico secamente: -- O senhor está com hanseníase! Jesus Gonçalves já ouvira falar dessa doença, chamada de lepra, que assustava antigamente todo mundo, e ficou apavorado, repassando em sua cabeça o que conhecia a respeito dela. Era a mesma doença que na época de Jesus de Nazaré, os doentes eram obrigados a deixar as famílias e ir para o “Vale dos Imundos” ou “Vale dos Leprosos” e desse local nunca mais saiam. Muitos desses ficaram felizes por serem curados pelo Messias. Mas agora, ele sabia que os enfermos eram levados pela saúde pública para os hospitais, ficando afastados da família e da sociedade. Jesus sentiu que seu mundo desabava, entretanto, enfrentou com coragem o destino que lhe era reservado. Assim, quando a ambulância veio buscá-lo para ser levado ao Asilo-Colônia de Aymorés, chamado de leprosário, para tratamento, que na época era muito precário e incerto, ele não se revoltou. Porém, sem compreender o porquê de ser retirado da sociedade subitamente e ter de ficar longe de seus afetos, revoltou-se contra o “Deus de injustiças” que ele não lograra compreender. Ele não acreditava em Deus e, portanto, não poderia beneficiar-se da fé, para ajudá-lo a suportar o resto da existência no hospital. Mesmo assim, não se entregou. Como era cheio de ânimo, coragem e determinação, em pouco tempo tinha mudado a existência dos outros doentes: criou uma bandinha, um jornal, time de futebol e escreveu poesias e peças de teatro. Depois, Jesus conseguiu ser transferido para o Hospital-Colônia de Pirapitingui, maior e com mais recursos. Ali também, em pouco tempo, havia mudado a existência dos doentes, levando-lhes mais alegria. Fundou uma estação de rádio, um jornal, encenou peças de teatro e, lógico, montou uma bandinha. Apesar de tudo isso, sua dor era grande pela situação em que viviam. Quando sua segunda esposa, Anita, que vivia com ele havia onze anos, faleceu ele ficou desesperado. Outro acontecimento triste viria fincar nova marca em seu espírito já tão sofrido... Ao velar o corpo da esposa, ele e seus companheiros se veem subitamente perplexos diante de surpreendente cena! Para tentar consolá-lo, antes do enterro, Anita tenta conversar com ele através da médium Jordelina, e ele desgostoso e com o clima que se formara no ambiente repreende: “Não gosto de brincadeira comigo. Tudo isso é bobagem! Deixe de feitiçaria, Jordelina!” Entretanto, ela usando a médium e em linguagem bastante íntima dos dois, diz a ele: “Velho, não duvides mais, Deus existe!” – E prosseguiu sua conversação que o impressionaram muito, pelo teor íntimo das confidências, e, por tudo o que ela lhe disse. Jesus de espírito ponderado, não se deixou levar pelo primeiro impacto da emoção, mas, depois, consultando a razão, foi buscar nos livros espíritas explicações para o sucedido. Foi o marco inicial da transformação que iria se operar na existência de Jesus Gonçalves. Agora ele não tinha mais dúvidas de que era realmente sua esposa que lhe falara. Entretanto, o fato que culminou com a sua total conversão aconteceria poucos dias depois, conforme relato de seus companheiros de Pirapitingui. Estava ele como sempre, as voltas com sua dor, que nesse dia estava mais forte que de costume. Então ele, no auge do sofrimento resolveu chamar por aquele “deus” de que tanto falavam e ele ainda se recusava a aceitar. Dada a inoperância dos medicamentos que tomava, retirou um copo com água da talha, colocou-o na mesa e disse, prática e resolutamente: “Se Deus existe mesmo, dou cinco minutos para que Ele coloque nessa água um remédio que me alivie a dor!” E marcou no relógio. Passados os cinco minutos, foi beber a água, e grande foi sua surpresa, pois ela estava muito amarga. Impressionado, chamou um companheiro para provar aquela água e a da talha, e este, por sua vez, provou e sentiu a diferença. Estaria enfeitiçada? Seria uma alucinação? ... Mas a dor não lhe deu tempo para pensar e Jesus não se fez de rogado: ao olhar espantado do amigo, ele sorveu a goles, o líquido, no intuito de aliviar a dor que não transigia. Não demorou nem dois minutos para que ele sentisse o efeito, já sem dores, entre espantado e agradecido. Finalmente encontrou Deus e passou a entender as leis divinas. Suas palestras ficaram famosas na Sociedade Espírita Santo Agostinho, que ele fundou dentro da Colônia de Pirapitingui. Aos poucos, sua saúde foi piorando cada vez mais, até que retornou ao mundo espiritual, onde entendeu a razão das dificuldades e dos sofrimentos que enfrentara. Ele viu imagens de um passado distante, fatos ocorridos há muitos séculos, quando ele era Alarico, rei dos visigodos, um guerreiro extremamente cruel. Por onde ele passasse com seus exércitos, deixava destruição, ruina, desespero e morte; e ao sair, ateava fogo nas aldeias e cidades, para que nada mais restasse... Por muitos séculos ainda, em outras existências, espalhou dores e sofrimento a muitas pessoas, até o dia em que arrependido, ele começou a melhorar sendo amparado pela providência divina. Reencarnou muitas vezes, e em várias dessas existências, voltou como leproso, para limpar seu corpo espiritual das manchas que adquirira em séculos de horrores. Uma lembrança, porém, marcara-o de modo muito especial e, vislumbrando o passado viu quando o exército de Alarico se preparava para invadir Roma. À noite, o acampamento das tropas recebeu a visita de Agostinho, bispo de Hipona, que enfrentara muitos perigos para vir suplicar a Alarico que poupasse a cidade e seus habitantes em troca da sua vida. O guerreiro ficou furioso com a audácia daquele homem franzino, que ousava vir até ele fazer-lhe tal pedido. O diálogo foi difícil, porém, mesmo cercado pelo violento exército, o bispo não demonstrou temor, mantendo sempre a humildade e a mansidão. Depois da longa conversa, Agostinho, triste, retornou para Roma sem ter conseguido convencer Alarico. No entanto, ao tomar a cidade, o exército de Alarico respeitou os templos religiosos. Ao perceber isso, a população procurou abrigo nas igrejas, principalmente as mulheres e as crianças. Agostinho, ao perceber que Alarico, apesar da invasão, respeitava os templos e não fora tão cruel com a cidade de Roma quanto costumava ser com outras cidades, ficou-lhe eternamente grato, iniciando-se a partir desse episódio a ligação entre esses dois Espíritos, pois Agostinho tornou-se seu Espírito protetor. Jesus comovido, só então compreendeu a razão de, intuitivamente, ter simpatia por Agostinho, e tê-lo homenageado ao escolher o nome de “Santo Agostinho” para o Centro Espírita do leprosário, que fundara com amigos. No mundo espiritual, ciente da sua pequenez, ganhando iluminação espiritual não desejou mais ser chamado de Jesus. Afirmava não merecer usar o mesmo nome do Mestre, preferindo ser conhecido como Jésus, que lhe recordava a existência em que vestira um corpo de chagas, através do qual se transformara moralmente. Ao reencarnar, não se lembrava dos erros que praticara contra seu próximo em muitas existências. Entretanto, como Jésus Gonçalves, trouxera na consciência o desejo de ajudar seus semelhantes. Essa fora a razão pela qual tinha se esforçado para espalhar o bem a todos, levando alegria, bom-ânimo e esperança por onde passava. Apesar das dores, do sofrimento e da segregação em que viviam no leprosário, seus companheiros – antigos guerreiros de Alarico que também reencarnaram para o acerto com a lei divina – sempre viram nele o líder, o amigo, o confidente, alguém que não perdia ocasião para ajudá-los. Para Jésus Gonçalves, Alarico era o doente, pois a verdadeira doença é a do Espírito. E Jésus por ter vencido nessa encarnação, tornou-se moralmente melhor, segundo os preceitos do Cristo. Bibliografia: (Mensagem de Meimei, recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR., em 25/06/2012). Jornal “O Imortal” - julho/2012 Eduardo Carvalho Monteiro, no livro “A Extraordinária Vida de Jésus Gonçalves”. PS. A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica que afeta principalmente a pele, a mucosa e os nervos, mas que atualmente é curável. Jc. S.Luís, 19/10/2012

sábado, 6 de outubro de 2012

O EGOÍSMO

O EGOÍSMO Antes de falarmos sobre o egoísmo, vamos reler o que diz o Livro dos Espíritos, no capítulo XII, falando das paixões e do egoísmo: Pergunta 907 de Kardec – Visto que o princípio das paixões está na Natureza, ele é mau em si mesmo? Resposta dos Espíritos Superiores: - Não, a paixão está nos excessos acrescentados à vontade, porque o princípio foi dado ao ser humano para o bem, sendo o abuso que dele se faz é que causa o mal. Pergunta 913 de Kardec – Dentre os vícios, qual o que se pode considerar como radical? Resposta dos Espíritos: - Nós já o dissemos muitas vezes; é o egoísmo; dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos está o egoísmo. Todo aquele que quer se aproximar da perfeição moral, deve extirpar de seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades morais. Pergunta 917 de Kardec – Qual o meio de se destruir o egoísmo? Resposta dos Espíritos: - O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da existência moral sobre á material e, com o conhecimento da Doutrina dos Espíritos, que bem compreendida, transformará os hábitos, os costumes, os usos e as relações sociais. O egoísmo se fundamenta sobre a importância da personalidade, do eu, da pessoa, e o Espiritismo, ensinando o princípio da fraternidade e da caridade, faz a pessoa ver as coisas em tal amplitude que o sentimento de personalidade desaparece diante da magnitude da Criação Divina. Que o princípio da fraternidade e da caridade seja á base das instituições sociais, de pessoa a pessoa, de povo a povo. A cura poderá ser demorada porque o egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como o amor é a fonte de todas as virtudes. A educação é a chave do progresso moral. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pelo conhecimento. Procurar destruir o egoísmo e desenvolver a caridade deve ser o objetivo de toda pessoa que deseja assegurar sua felicidade neste mundo e na Espiritualidade. À espera dos bens do Céu, o ser humano tem necessidade dos bens da Terra para viver. Jesus somente nos recomenda não dar maior importância aos da Terra que os da Espiritualidade, porque assim fazendo, estaremos nos tornando ambiciosos, egoístas e orgulhosos. O egoísmo se caracteriza na pessoa, pela ausência dos sentimentos de solidariedade, humanidade e caridade. A cobiça pelas coisas e riquezas terrenas, leva o ser humano a se tornar egoísta e insensível ao sofrimento alheio e ingrato até aos que lhe ajudaram a conseguir fortuna. Há ricos e pobres porque Deus sendo justo possibilita aos pobres a prova da resignação e humildade, e aos ricos, a prova da abnegação e da caridade. Às vezes se pergunta se Deus é justo ao dar a riqueza a essas pessoas que fazem da mesma lamentável uso, afrontando, humilhando e esbanjando, qual filho pródigo, sem trazer benefício a ninguém. Se todos tivessem apenas uma existência, nada justificaria essas desigualdades; mas, se considerarmos que tivemos outras existências, vê-se então que tudo se ajusta com justiça. Quem não tem riqueza material hoje, já teve ou a terá em outra existência; e quem a tem hoje, poderá não tê-la amanhã. Sendo assim, o pobre de hoje não tem motivo para acusar a Providência Divina nem para invejar o rico; e o rico não tem do que se vangloriar do que possui, porque na verdade, nada lhe pertence, e pode lhe ser tirado a qualquer momento, conforme aconteceu com o avarento da parábola narrada Jesus e está em Lucas cap. XII, vrs. 16 a 21. A fonte do mal está no apego, na ambição, no egoísmo e no orgulho pelas posses terrenas cuja duração é temporária, de vez que nada trouxemos quando chegamos e nada levaremos quando partirmos da Terra, a não ser o mérito ou o demérito dos nossos pensamentos palavras e ações. O egoísmo, essa chaga da Humanidade, deve desaparecer da face da Terra, cujo progresso moral retarda. O egoísmo é, portanto, o objetivo maior para o qual todos os verdadeiros cristãos devem dirigir suas forças para combatê-lo. O egoísmo é a negação da caridade e sem caridade não haverá tranqüilidade nem segurança na sociedade. Quando a lei do amor e da caridade for á lei da Humanidade, não haverá mais o egoísmo entre as pessoas; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem enganados pelos prepotentes e violentos que não mais existiram. Jesus nos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo; porque, enquanto Jesus sofria a crucificação e pedia ao Pai o perdão para os seus algozes, Pilatos, sabendo que Jesus era justo e inocente, havia lavado as mãos, deixando que o conduzissem ao suplicio. A propósito do egoísmo, conta-se a história de certo homem que, com fé, rogou a Deus e em resposta recebeu a visita de um anjo do Senhor. O homem então perguntou ao anjo: - Mensageiro Divino, que devo fazer para viver ao lado de Jesus? – Faze o bem, respondeu o anjo. – Posso rogar-te recursos para semelhante missão? – retrucou o homem. Disse-lhe então o anjo: - Pedes o que desejas. - Voltou a falar o homem: - Quero muito dinheiro para socorrer o próximo. – O emissário divino estranhou o pedido e considerou: - Nem sempre o dinheiro é o auxiliar mais eficiente para isso. – Retrucou o homem: - Penso que, sem dinheiro, é muito difícil praticar a caridade. – O anjo ainda perguntou: - Não temes as tentações do dinheiro? – Não, - disse o homem. – Então terás o que desejas, mas não esqueças de que onde estiver o tesouro estará também o teu coração, e que as dádivas divinas devem ser usadas em benefícios dos semelhantes para que não te transforme em prisioneiro delas. O homem então prometeu exercer a caridade e servir sempre. Então os anjos da prosperidade começaram a ajudá-lo. Multiplicaram-lhe, de início, os alimentos e as roupas. Porém o devoto já remediado suplicou mais condições. – Deram-lhe então casa e haveres. Longe de praticar o bem, o homem considerava sempre escasso os haveres que já possuía e rogava mais haveres. – Deram-lhe rebanhos e mais haveres, mas o interessado de subir ao paraíso pela senda da caridade, temendo a miséria, pediu mais rebanhos e mais haveres. Não dava um pão nem uma sopa a ninguém, declarando-se sem recursos para auxiliar os necessitados, e pedia cada vez mais e mais, com a promessa de distribuir algum pão aos famintos. De alegre passou a ser desconfiado, carrancudo e solitário. Receando parentes e amigos, escondia grandes soma em caixa forte e assim viveu e passaram os anos, apegados aos bens que lhes tinham sido concedidos, sem fazer nenhuma caridade. Quando envelheceu, veio à morte do corpo, separando-o da imensa fortuna que tinha. Com surpresa, acordou em espírito, deitado ao lado do cofre. Objetos preciosos, pedaços de ouro e prata e muitas pilhas de cédulas, serviam-lhe de leito. Tinha fome e sede, mas não podia servir-se do dinheiro; queria a liberdade, porém os objetos pareciam agarrá-lo. Então gritou em pranto: - Santo anjo vem ajudar-me a partir em direção do Céu! – O mensageiro divino dignou-se a vir até ele e, reparando-lhe o sofrimento, exclamou: - É muito tarde para ti. Estás sufocado pelas facilidades materiais que o Senhor te confiou, porque a fizeste uso tão somente em teu proveito, sem qualquer benefício para com os teus irmãos de lutas, que sofriam necessidades enquanto tu vivias no egoísmo e opulência. – O infeliz homem implorou: - E o que devo fazer para voltar à paz e viver no paraíso? – O anjo pensou e respondeu: - Espalha com os necessitados as moedas que ajuntaste, desfaze-te das terras vastas que retiveste em vão com os sem teto, entrega à circulação do bem, todos os valores que recebeste do Tesouro Divino e que amontoaste sem utilidade, atendendo ao teu egoísmo e avareza, e depois disso, vem a mim para retomarmos o entendimento efetuado há sessenta anos atrás... Reconhecendo, porém, o homem que já não dispunha de um corpo físico para semelhante serviço, ainda implorou ao anjo: - Mensageiro Divino, dê-me a oportunidade de nova existência, com as mesmas condições, e prometo que farei como recomendas. O emissário divino respondeu: - Como não soubeste usar a fortuna que o Senhor te concedeu, em teu proveito e em benefício dos teus semelhantes, por causa da tua avareza e egoísmo, vais voltar à Terra, sem a ajuda do Tesouro Divino ao teu dispor. Sofrerás a falta do dinheiro, passarás privações, dormirás ao relento, tuas vestes serão andrajos e precisarás da caridade dos outros para viveres, e se muitos te faltarem com o auxílio, não estarás senão colhendo o que plantaste de necessidade aos que te suplicavam um pão. Aprenderás a dar o devido valor aos dons de Deus e usar o pouco que conseguires, em benefício dos outros mais necessitados. Só assim, resgatarás o teu débito para com o Tesouro Celestial... O homem voltou então a Terra, em nova existência em condição de extrema miserabilidade. Essa pequena história nos serve de alerta para começarmos hoje mesmo a ser mais caridosos com todos indistintamente, quer na pobreza como na riqueza, no nosso dia a dia, praticando e elevando os sentimentos de fraternidade, caridade e amor para com nossos semelhantes. O progresso intelectual realizado até hoje nas mais vastas proporções é um grande passo, e marca a primeira fase da Humanidade, mas é impotente para regenerá-la; enquanto o ser humano estiver dominado pelo orgulho e pelo egoísmo, ele utilizará a sua inteligência e os seus conhecimentos em proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais; e é por isso que os aplicam no aperfeiçoamento dos meios para prejudicar os seus semelhantes. Só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos seres humanos na Terra, pondo um freio às más paixões do orgulho e do egoísmo; só ele pode fazer reinar, entre eles, a concórdia, a paz e a fraternidade. Esse estado de coisas supõe uma mudança radical no sentimento das massas, um progresso geral que não poderia se cumprir senão saindo do círculo das idéias estreitas que fomentam o egoísmo. O número dos retardatários, sem dúvida, é ainda muito grande, mas o que podem contra as gerações, senão criar-lhes algumas dificuldades? Eles desaparecerão com as gerações que se vai a cada dia em grande número. Tentarão defender suas posições, mas é uma luta desigual porque é a do passado de vaidade de orgulho de egoísmo, contra o futuro da criatura de progresso, amparada por Deus, com sentimentos de bondade, fraternidade e amor porque os tempos marcados para a renovação do mundo está chegando, e nada poderá detê-la. As gerações que estão desaparecendo levarão consigo os seus preconceitos e os seus erros; as gerações que estão sucedendo, banhada numa fonte mais depurada, imbuídas de idéias mais nobres, imprimirá no mundo o movimento ascensional no sentido do progresso moral, que deve marcar a nova fase da Humanidade. Esta fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis, por idéias grandes e generosas que nascem e que começam a encontrar ecos. As novas gerações, constituídas de espíritos mais evoluídos, com as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento ao qual chegaram unidas ao sentimento do bem e das crenças espiritualistas, farão reinar na Terra, a justiça, a paz e a fraternidade entre os seres e os povos. . . O egoísmo, a fonte de todos os males, será então varrido da Terra e o amor que é a fonte de todo o bem, passará a reinar... Que a Paz do Senhor se faça presente em nossos corações. Bibliografia: Evangelho Segundo o Espiritismo A Gênese Jc. S. Luís, 23/04/1999 Refeito em l6/9/2012

A PRESENÇA DO SOFRIMENTO

A PRESENÇA DO SOFRIMENTO O Amor é a lei maior do Universo. Ela se expressa de várias maneiras, desde as formas mais singelas de vida. Tudo é beleza, harmonia e esplendor no Plano Divino, no entanto parece que há algo errado na existência do ser humano – o sofrimento. Esse fenômeno visita todos os lares e corações, desde o ignorante até o homem de cultura, da choupana ao palácio. Atinge os seres em todos os países, em todas as idades, em diferentes condições sociais e econômicas. Todos sofrem neste planeta; ninguém consegue ficar ileso a ele. Que contradição! Sendo tudo Amor no Universo, o ser humano sofre muito em escala individual e coletiva. Teria Deus criado o sofrimento para seus filhos? Concebendo o Criador como a perfeição e a misericórdia, isso é inadmissível, mas o certo é que o sofrimento nos segue; faz parte da história humana e, através dele é que a civilização avança em discernimento e luz espiritual. Se o sofrimento não é proveniente da vontade de Deus, nem da fragilidade humana, pois somos fortes e dotados de infinitos recursos para viver, de onde então vem o sofrimento? – A resposta é muito simples: da conduta do ser humano. Esse sofrimento provém de três causas distintas: Como provações, como expiações e como abnegações. Como provação, vem para resgate dos débitos contraídos para com a Justiça Divina. Na provação o espírito reencarna com uma programação feita na Espiritualidade da qual participou. Na expiação, o sofrimento imposto ao espírito foi programado pelos mentores espirituais, como compulsório, por se recusar ele em reconhecer seus débitos e não querer passar por resgates. Na abnegação o espírito vem como missionário, com existência difícil enfrentando privações e sofrimentos para dar o exemplo de resignação, igual á passagem evangélica do homem que nasceu cego, não por sua culpa ou dos pais, mas para que “se manifestassem nele as obras de Deus...” João 9: 1 a 3. Considerando a harmonia universal, e as leis que regem a vida espiritual e a existência do ser humano, aprendemos na Doutrina dos Espíritos que todo sofrimento é advindo da nossa intervenção nessa harmonia; de um desarranjo nos propósitos superiores da vida, que podem ser reparados por um ato de amor ou, caso isso não ocorra, por uma reparação pela dor. Por isso sempre ouvimos dizer que “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Quando nos equivocamos na existência, quando seguimos na contramão das leis, por ignorância ou vontade própria, repetimos a lição, a fim de aprendermos a discernir o que é certo e o que não deve ser feito, ocasião em que o senso moral vai sendo construído. Se, insistimos em continuar no erro, por teimosia, revolta, egoísmo, ou por vantagens materiais, abrimos espaço para que se instale o sofrimento, como meio de reparação da desarmonia criada. Se quiséssemos corrigir os erros que estamos cometendo, não haveria necessidade de passarmos por rigorosas lições de sofrimento. A questão é que não nos corrigimos o que seria mais razoável, mas unicamente nos livramos dos problemas sem esforço, na busca de prazer e conforto material. Os seres humanos são vítimas de doenças orgânicas e psíquicas, e todos se esforçam por se verem livres delas. Esses doentes em geral supõem que a Doutrina dos Espíritos realiza milagres e produz curas maravilhosas, a exemplos de outros que prometem e dizem que fazem. Por isso, as Casas Espíritas estão sempre recebendo doentes que, já havendo esgotado os recursos fornecidos pela medicina convencional, procura encontrar nela, como última tentativa de recuperação, a saúde desejável. A verdade, porém, é que se as moléstias forem passageiras, sararão com os cuidados médicos e remédios receitados, às vezes, até com chás caseiros; mas, em se tratando de doenças que são provações de resgates do espírito, para liquidação de dívidas perante a Lei Divina, tornam-se elas necessárias ao reequilíbrio espiritual do doente. Os cuidados da ciência médica, os tratamentos espirituais podem melhorar o estado do doente, dando-lhe a esperança e a resignação, mas não vai alterar a situação satisfatoriamente, e a doença seguirá seu curso, a não ser que haja o merecimento ou a misericórdia divina a se manifestar. Nos casos de resgates, os Espíritos Protetores não poderão também eliminar os motivos que impedem a recuperação do doente, para não prejudicá-lo, ao invés de ajudá-lo como muitos pensam. Meditem os doentes de que a ocorrência de doenças sérias é sinal certo de que estão sendo impulsionados para a libertação espiritual, transpondo obstáculos no caminho da evolução. Auxiliemos o processo, cuidando do corpo “o jumentinho da alma”, como dizia Francisco de Assis, aceitando o que não pode ser modificado e nem se torturando em busca de um restabelecimento que nem sempre pode se dar, nem convém que às vezes seja dado, para não aumentar a dívida, e não vamos julgar a doença uma infelicidade, um mal irreparável, quando na verdade é a quitação com a Justiça Divina, ou foi escolhida por nós mesmos, ao retornar a nova existência na Terra. Considere o sofredor, como é imensa a bondade de Deus que, conhecendo nossa fraqueza e atendendo nossas súplicas, nos permite a assistência e consolações espirituais atentas e carinhosas, não só por parte dos nossos entes queridos na Terra, como também dos desencarnados afins e dos protetores espirituais. Por isso Jesus disse: “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”, prometendo compensações quando falou aos sofredores. Você, prezado irmão/irmã, deve acreditar nas palavras de Jesus. Há alguns anos conheci um menino que viveu até os 18 anos, tetraplégico, mudo, praticamente incomunicável com o mundo exterior. Vivia ele sob os cuidados da sua mãe que zelava por ele como se ele fosse à coisa mais preciosa do mundo. Somente seus olhos, com o brilho da vida que palpitava em seu interior, se expressava cheios de mensagens e significados. Nascendo já com todos os limites e motivos para desistir da existência, ele lutou e sobreviveu por alguns anos. Contra todas as expectativas médicas e fisioterápicas, conseguiu ele desenvolver alguns movimentos e articular alguns sons, como comunicação com seus pais. A alegria espontânea, transparecendo no brilho dos seus olhos, era vida que transbordava de sua alma, como a dizer a todos nós ao seu redor: “Vejam, não posso nada, dependo de alguém, até para coçar meu nariz, mas sou feliz porque posso aprender alguma coisa com a vida.” Eu ficava imaginando quando o visitava que, se ele pudesse falar perguntaria: “Como é caminhar pela rua em dia de sol, tomar banho de chuva, trocar a própria roupa? Como é falar ao telefone, fazer um carinho, pintar uma tela, sentir o vento no rosto? Como é cantar uma música ou andar de bicicleta; assistir a um filme comendo pipoca? Qual é a sensação quando se olha o firmamento, a lua cheia, andar de carro ou pentear os próprios cabelos? Lembro também de uma senhora idosa chamada Vicentina que durante a sua vida útil serviu a várias famílias e quando ficou impossibilitada de trabalhar, por motivo de doença, e por não ter parentes que a acolhessem na capital, foi internada no Asilo de Mendicidade, onde permaneceu por muitos anos acamada, por estar paralítica e cega, e que era de uma humildade e resignação nunca visto em outra pessoa. Para ela tudo estava bem e bonito, e tratava as pessoas com tanta amabilidade que nos comovia, apesar de todo o seu problema. Ao lembrar-me disso, percebi o valor de tudo aquilo que muitas vezes não somos capazes de reconhecer como bênçãos em nossas existências e que só realmente valorizamos quando as perdemos. Quantos de nós vivemos nos queixando de tudo e desprezando as chances de realizar algo de útil, desperdiçando nosso tempo em atividades fúteis que nada nos acrescenta. Aquele jovem e aquela idosa, mesmo diante de sua terrível prisão orgânica, vivendo somente uma vida interior, sem sofrerem a tortura de uma consciência alucinada, qual um alcoólatra ou um drogado. Porém, uma coisa o dependente tinha como vantagem sobre a situação daqueles dois imobilizados. Ele podia sair da situação na hora que quisesse; podia recuperar sua liberdade e dignidade; era só querer e lutar. Lutar pela própria existência que desprezava. Para isso ele precisava apenas saber o quanto é importante usufruir, a saúde e a existência. A autodestruição tem um saber amargo, enquanto a autolibertação tem um saber divino. Todos nós somos capazes; todos nós podemos conseguir... só depende de querermos, de lutar para melhorar ou mudar. É importante refletirmos na função educativa do sofrimento num planeta em que há predomínio dos interesses materiais, em detrimento da busca espiritual. Como terapeuta dos nossos tormentos, o sofrimento tem um especial papel no processo de crescimento do ser humano a caminho de Deus. Muito embora vivamos orientados para o sucesso material, há em todo ser reencarnado um estímulo ao que é divino e superior, e é por isso que vibra em todos nós um forte impulso de amor e um sincero desejo de realizarmos o que é essencial, afastando-nos do que consome nossas forças nas experiências terrenas. Aos poucos vamos percebendo que o sofrimento é um mecanismo da inteligência superior do Universo – Deus, a fim de lembrar constantemente Sua criação, (ser humano) do verdadeiro sentido da existência. O sofrimento não é imposto por Deus como meta de equilíbrio, sua intensidade e duração, foi ele escolhido por cada criatura antes de reencarnar. Ensina-nos um pensador da ciência psicológica que “o sofrimento é sinal da disponibilidade de energia para transformar situações; é a maneira que a razão tem de indicar uma atitude ou comportamento errado e, para a pessoa que não é revoltada, cada momento de sofrimento é uma oportunidade de crescer”. Não seria interessante, então, mudarmos nossa forma de interpretar o sofrimento? Em vez de usarmos a queixa e/ou a revolta no momento de aflição, de dificuldade no caminho evolutivo, não seria melhor ponderar “O que devo mudar?” Entendendo a dor e o sofrimento como mecanismos de profunda reflexão do ato de viver, quando ele se aproximar, vejam as mudanças necessárias antes que a aflição se instale em nós, para que não seja atormentado o presente e complicado o futuro. Nós somos os causadores de nossos infortúnios, porque recusamos atender o chamado divino e uma existência com mais consciência e dentro das leis do Senhor. O ponto em que nosso planeta se encontra como mundo-escola, em contínuo avanço, nos convoca a uma renovação de padrão mental, a refletir-se em atitudes novas, mais justas e caridosas. Enquanto permanecermos numa existência de interesses próprios, o entendimento de Vida Eterna ficará adormecido. Mas, a partir do instante em que nossa existência se amplia, o entendimento de Vida Eterna se aplica ao cotidiano, nos gestos simples que movimentam nossos dias, na descoberta de recursos valiosos para o progresso de todos, transformando experiências em lições preciosas para o nosso Espírito imortal. Às horas de intranqüilidade que marcam o ponto evolutivo da Terra, sucederão períodos de muita paz, e toda pessoa que já aceitou o sofrimento como mensageira da mudança do espírito para uma situação melhor, desfruta desde logo, do justo crescimento das almas que sabem converter lágrimas em esperança. Como forma de esclarecimento nos caminhos de luz, é preciso compreender que são “bem-aventurados os que choram”, que aceitam o sofrimento com resignação; que diante do sofrimento, não perguntam: “Por quê?”, e sim: “Para que?” O sofredor a que se refere Jesus, é o dos corações que sabem que é bem melhor quitar, que prorrogar com mais dívidas, o seu débito para com a Justiça Divina; é reconhecer que com o Mestre a dor é benção e progresso. Assim, o sofrimento tem a marca abençoada da redenção. Esses que assim aceitam são como bem disse Emmanuel: “os que recebem o sofrimento transitório da existência terrena, por bendita e honrosa oportunidade de crescimento, com bondade e paciência, resignação e esperança”. O sofrimento nos restaura, abrindo portas para o amor, que nos equilibra e nos alerta, como a nos dizer que o mundo é um lugar de passagem e não o fim da jornada da vida. Cabe-nos, portanto, realizar nele o melhor que pudermos. Evitar todo tipo de agressão a si mesmo, aos semelhantes e ao meio em que vive. Estamos em processo de evolução a caminho de Deus, nosso Pai Celestial. Bendita é a dor que nos arranca da indiferença e nos faz seguir as leis do Senhor, passando a viver em função dos Seus propósitos e amor e bondade. A Terra passa por momentos difíceis, de aferição dos nossos valores. Jesus convoca-nos a fazer parte das fileiras do Bem, para trabalharmos com Ele na implantação de um reino de Paz, que se inicia no coração de todo aquele que já se cansou das tentações do mundo e se compromete de vez, com o plano Divino. Atendamos ao Seu chamado e veremos multiplicada a alegria que nos falta, porque o ser humano que segue o caminho da luz, já não mais vive para si; vive para a glória do Pai, na benção da Vida Eterna. A posição espiritual de cada um de nós está na razão direta da permanência do sofrimento em nosso viver... Isso nos faz concluir que AMOR E SOFRIMENTO são mecanismos que funcionam em situações independentes: Sabemos então que, quando um se aproxima de nós, o outro se afasta... Se Deus é o Pai de infinita bondade e justiça, não pode Ele agir com parcialidade. As vicissitudes da existência têm assim uma causa, e, uma vez que Deus é justo, o sofrimento também deve ser justo. Jesus nos prometeu as compensações e o “Consolador” prometido por Ele, que é a Doutrina dos Espíritos, vem revelar as causas das aflições. Elas têm duas fontes bem diferentes; uma na existência atual, e a outra em existências anteriores, onde contraímos as dívidas. As da existência atual são resultados da nossa imprevidência, do nosso egoísmo, da nossa falta de caridade e amor para com nossos semelhantes, da nossa ambição. Quantas uniões infelizes realizadas que nada tem com o coração; quantos males e enfermidades, conseqüências de excessos de todos os gêneros; quantos pais infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências quando ainda eram crianças; quantas pessoas arruinadas por má conduta... Que todos aqueles que passam por sofrimentos interroguem a consciência, e verão se não podem dizer: Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria hoje em tal situação. Ha males que achamos estranhos e que parecem nos atingir por fatalidade, cuja compreensão somente a Doutrina dos Espíritos sabe explicar. O ser humano nem sempre resgata suas faltas na mesma existência, embora não escape jamais da Lei Divina. Os sofrimentos que fizemos os outros passarem, teremos que passar também, e ainda com acréscimos. Assim, o que causou aleijão ao seu semelhante poderá voltar aleijado; o que usou mal a fortuna poderá voltar em extrema miséria; o que foi orgulhoso voltará em condição humilhante; o que usou mal a palavra pode voltar mudo; o que usou mal os olhos pode vir sem a visão, e assim por diante. Nas várias existências, vamos resgatando nossos débitos para com nossos semelhantes e a Justiça Divina, e, para os que sofrem com resignação é que Jesus afirmou: “Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”. Entretanto, nem todas as aflições e sofrimentos são resgates de dívidas, porquanto muitos Espíritos já com maior evolução espiritual, aceitam as provas da existência terrena, sofrendo todas as dores e dificuldades com humildade, resignação e sem lamentações, como missão de exemplo de vida aos outros e na sua própria melhora espiritual. Eis a resposta para os casos que mencionei acima, do jovem e da idosa. Todas estas orientações e muito mais outras, sobre os “porquês” da nossa existência terrena, podem ser encontradas no livro “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Que a Paz do Senhor nos assista na nossa existência. Bibliografia: Evangelho de Jesus “Evangelho Segundo o Espiritismo” Jc. S.Luis, 01/2001 Refeito em 15/9/2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

DEUS, VINGATIVO OU DE BONDADE E AMOR?

DEUS, VINGATIVO OU DE AMOR E BONDADE? Pitágoras, que viveu no século VI antes de Cristo, foi um dos mais lúcidos Espíritos da antiga Grécia. Chamado sábio pelos seus discípulos, respondia que era apenas um filósofo, um amigo do saber. Para Plantão, outro grande sábio grego, a filosofia devia ser exercitada não por mero prazer, mas como uma necessidade básica do ser humano, em busca da Verdade. – Quem sabe de onde veio, situa-se melhor; quem sabe por onde anda não se perde nos caminhos; e quem sabe para onde vai, não experimenta o desalento. Na grande maioria, os filósofos procuram o saber, não por amor à sabedoria como Pitágoras; nem por amor a Verdade, como Platão. Vaidosos de si mesmos, os filósofos e cientistas pretendem decifrar os enigmas do Universo, a partir da exaltação da própria vaidade. Quase sempre cometem um erro fundamental: Ignoram a presença de Deus no Universo, pretendo explicar a criação sem um Criador. Diz Jesus, narrado por Mateus, C-11 V-25: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”. Não menos importante é exercitarmos a razão para apreciar a Regência Divina. Sem esse empenho, incorreremos no milenar erro: conceber um deus, feito à nossa imagem e semelhança, governando a vida universal, sob a inspiração de paixões típicas da inferioridade humana. Jeová, o todo poderoso senhor bíblico, vingava-se até a quarta geração daqueles que o ofendiam e determinava que os judeus passassem a fio de espada, em terras inimigas, tudo o que tivesse fôlego, todos os viventes, fossem homens, mulheres, velhos, crianças, etc. O “deus” que muito cristãos ainda aceitam não é melhor. Em nome de Deus, durante séculos e séculos, imensas hordas humanas fanáticas e desvairadas, se perseguiram e se assassinaram, nas antigas “guerras santas”. Em nome de Deus, violentos conflitos feudais fizeram no Velho Mundo, um rio de sangue. Em nome de Deus, as truculências da Inquisição, torturaram, queimaram e mataram milhares de pessoas. Em nome de Deus, terríveis conflagrações religiosas ensanguentaram a Europa. Em nome de seu Deus, “aiatolás” distribuem sentenças de morte e promovem mundo afora, criminosos atentados terroristas. Em nome de Deus, se cometem, em toda parte, as mais insidiosas perfídias e agressões aos seres humanos. Em nome de Deus, digladiaram-se os chamados cristãos na Irlanda, e digladiam-se até hoje, judeus e palestinos, e em disputas propagandísticas aqui no Brasil. Todas essas violências foram e são praticadas em nome de Deus, por aqueles que se diziam e dizem serem seus representantes, muito embora Deus ou Jesus, nunca tenha passado procuração nesse sentido. Deus, criador e único, de extremo amor, bondade e misericórdia, manifestou-se através de Moysés, para fazer-se conhecer, não somente aos Hebreus, mais ainda aos povos pagãos. A Lei de Deus, conhecida como o “Decálogo” ou Dez Mandamentos, recebida por Moysés no Monte Sinai, é um código moral com alguns aspectos religiosos e não nos ameaça com sofrimentos eternos, nem recomenda a prática do mal. A ordenação do “dente por dente” e “olho por olho”, ou mesmo a matança de outras pessoas sob qualquer alegação ou justificativa, foi criada por Moysés para conter os excessos do povo ignorante e embrutecido. Assim, se falta aos filósofos e cientistas a religiosidade, carece de fraternidade os religiosos que se digladiam sem respeitar os direitos dos outros. Allan Kardec, ao começar seu trabalho da Codificação da Doutrina dos Espíritos, teve o bom senso de partir da ideia fundamental – DEUS. A primeira pergunta que formulou as Entidades Elevadas foi: “Que é Deus?” Normalmente de perguntaria: quem é Deus? – No entanto, qualquer estudante secundário sabe que há uma diferença fundamental entre os pronomes – que e quem. O pronome –quem- identifica alguém. Quem é Jesus? Um judeu, nascido em Belém, filho de José e sua esposa Maria. Já o pronome, –que- define atividade, condição, qualificação. Por isso Allan Kardec, sabiamente, não perguntou quem é Deus. Onde nasceu? Qual sua origem? Quem são seus pais? – Limitou-se ele a perguntar, quanto à qualificação de Deus e não quanto a sua identificação. – “Que é Deus?” – Os mentores espirituais ao responder, dizem que Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, esgotando o assunto, nos limites do saber humano. Após a partida de Allan Kardec para o mundo espiritual, Gabriel Delanne, em reunião realizada em Paris, lançou luzes sobre a Doutrina Espírita, dizendo: “Estudaremos sob a direção dos Espíritos Superiores, as questões que tratam da busca da Verdade, porém convém nos entendermos sobre o ponto de partida de nossos trabalhos. A questão da existência de Deus é a primeira que se apresenta. Todas as religiões antigas fizeram uma falsa ideia da Divindade; elas lhe reconhecem um poder superior ao da Humanidade, mas, ao mesmo tempo, lhe atribuíam a maior parte das paixões. Essa concepção era a resultante do estado geral dos espíritos. O ser humano, devendo sofrer evoluções sucessivas não podia, nas primeiras idades, oferecer uma ideia justa do Ser Supremo, que chamamos Deus”. Quanto mais o Espírito progride, desenvolve suas faculdades intelectuais, favorecendo a evolução de novas ideias, e a Ciência, ampliando a compreensão humana engrandece a noção da Divindade, reconhecendo um Deus que reina não apenas em nosso pequeno mundo, mas na imensidão do Universo. É diante desses horizontes, abertos à investigação humana, que o Espírito maravilhado, descobre o Criador, tão acima de nós, onde a ordem, o trabalho, a grandeza, a majestade reinam por toda parte; tudo demonstrando a bondade e justiça de Deus. Esse Deus não é mais o deus implacável e vingativo, que condenava eternamente o ser humano pela falta de um momento. Não é mais o Jeová rancoroso, que ordenava a degola dos que não acreditavam nele. Esse Deus atual, apresentado por Jesus, nos aparece como a Inteligência Suprema, se manifestando no admirável conjunto das forças que dirigem o Universo; sua bondade, pela lei da reencarnação, nos permite resgatar nossas faltas e nos elevar, gradativamente, até sua Infinita Majestade. Em face desses novos ensinos de amor e bondade, caem as velhas lendas que faziam mergulhar nossos espíritos num dogmatismo absurdo, enigmático e tirânico. Neste pequeno globo em que vivemos, a Terra mostra sem cessar, aos nossos olhos, o emocionante quadro de transformações. As estações seguem seu curso, os corpos se atraem e combinam a vida circula sobre o planeta, juntando e desagregando moléculas, segundo leis supremas. Entretanto, as leis que produzem esses fenômenos demonstram uma identidade de origem. Todas elas se cumprem maravilhosamente. Além disso, na Natureza, tudo é harmonia; os corpos se unem em proporções definidas, havendo para cada corpo uma determinada quantidade de matéria que se combina. Tudo vibra na Natureza, em condições determinadas por uma Inteligência, sendo a causa maior que o efeito. Se essas observações são verdadeiras no mundo material, elas o são igualmente no mundo espiritual, cuja existência nos é demonstrada de uma forma irrecusável, pois faz parte de nossa crença. Sabemos, pelos Espíritos Superiores, que eles próprios obedecem a regras que lhes são impostas e leis às quais é necessário obedecer e que são evidentemente superiores. Disso resulta que o Deus que descobrimos é de Infinita Grandeza, de Infinito Poder, de Infinita Justiça e de Infinita Bondade. É o Deus que paira acima da Criação, que a envolve com seus fluidos; é por Ele que o Universo se formou; é por Ele que os planetas gravitam nos espaços, em torno dos focos luminosos, formando brilhantes auréolas de sóis. É por Sua vontade que as admiráveis leis imutáveis desenvolvem no Infinito, as combinações maravilhosas que produzem tudo quanto existe. É por sua justiça que traçou as leis de fraternidade e solidariedade que se fazem sentir entre os seres humanos e os mundos; e por Sua vontade, deu ao ser humano o meio de conseguir a felicidade através das reencarnações. É O Deus da vida eterna; é o Deus cuidando da Criação. Desde a tenra e pequenina erva do campo, passando pelas aves e animais, tudo é cuidado com Amor por Ele. Ninguém é órfão, ninguém está desamparado. Deus cuida do que é melhor para nós e todas as facilidades nos serão concedidas para vivermos e progredirmos para uma vida melhor. Assim é o Determinismo Divino ao qual estamos sujeito, e, possuidores do “livre arbítrio”, escolhemos como viver e progredir. Podemos galgar planos superiores se agirmos conforme as Leis Divinas, evitando reencarnações e sofrimentos desnecessários. Para se crer em Deus e na sua Infinita Bondade, basta lançar os olhos sobre as obras da Criação. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e acreditar e aceitar que o nada pôde fazer tudo isso que aí está. A propósito da existência de Deus, conta-se a historia de um velho árabe analfabeto que orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez, o chefe da caravana onde ele servia, chamou-o a sua presença e lhe perguntou: - Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabe ler? O crente fiel respondeu: - Senhor conheço a existência de nosso Pai Celestial, pelos sinais dele. – Como assim? – indagou o chefe admirado. O servo humilde explicou então: - Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu? – Pela letra e assinatura - respondeu o chefe. – Quando o senhor ouve passos de animais ao redor da tenda, como sabe depois, se foi um carneiro ou um camelo? – Pelos rastos - respondeu o chefe intrigado. Então o velho crente convidou-o a sair da tenda e, mostrando-lhe o Céu, onde brilhava a lua cercada de muitas estrelas; exclamou respeitoso: - Senhor, por aqueles sinais, lá em cima, que não foram feitos pelos homens, reconheço a existência de Deus... Quanto maiores os efeitos, mais potente é a causa. Deus não se mostra, mas se revela pelas Suas obras. Quem não se curva reverente, ante a grandiosidade do Universo? E diante dos micro-organismos que não vemos a olho nu, e que pensavamos não existir? As Leis de Deus são todas plenas de sabedoria e bondade, e sua misericórdia se revela tanto nas pequeninas como nas grandes coisas, e não devemos duvidar da Sua Existência. Ainda sobre a existência de Deus, conta-se a história de uma professora que estava tendo problemas em sua classe com os alunos. Um deles, de família afastada de religião e com ideias negativas, afirmava para as outras crianças, que Deus não existia; era apenas uma invenção dos homens. As outras crianças, surpresas e inquietas, não sabiam como desdizer as palavras do colega e começaram a se sentir inseguras na sua fé. Chegando ao conhecimento da professora, ela preocupada com o problema de esclarecer a existência de Deus, pensou, pensou e afinal teve uma ideia. Avisou aos alunos que no dia seguinte iriam fazer uma experiência e disse ela às crianças, que deveriam trazer qualquer objeto, - brinquedo, relógio, rádio, etc. que estivesse quebrado e também que deveriam trazer uma caixa em que coubesse o objeto. No dia seguinte, compareceram os alunos portando um objeto solicitado, e intensa era a expectativa. A professora mandou então que todos colocassem o objeto quebrado dentro da caixa com todas as peças e pedaços e tampasse a caixa. Em seguida ela mandou que agitassem a caixa, tentando fazer com que as peças e pedaços se encaixassem em seus lugares e os mecanismos voltassem a funcionar. Findo algum tempo, a professora pediu que parassem de agitar e abrissem as caixas para ver o resultado. – Como estão os brinquedos e aparelhos? – perguntou a professora. As crianças olharam o conteúdo de suas caixas, e uma delas desanimada, respondeu: - Continuam quebrados. Ela então perguntou à classe: - Ninguém conseguiu consertar o seu objeto? Todos responderam negativamente. Um deles afirmou convicto: - Nem que ficássemos agitando o dia inteiro, conseguiríamos consertá-los dessa maneira. – E por que? – voltou a perguntar a professora. Outro aluno então respondeu: - Porque para que funcione é preciso que “alguém” coloque as peças no lugar e ponha em movimento. A professora voltou a falar: - Vocês concordam que é preciso uma pessoa que conheça o mecanismo e saiba fazer o serviço? Todos os alunos concordaram. Satisfeita, a professora então falou: - Muito bem. É preciso o esforço de alguém para que alguma coisa funcione. Fez uma pequena pausa e concluiu: - E o Universo que é tão grande, quem fez? Quem pode me dizer quem faz o Sol nascer todas as manhãs? Quem faz as plantinhas brotarem? As árvores darem frutos, as chuvas banharem a terra e as marés subirem e descerem? Quem criou os minerais, os vegetais, os animais? E os peixinhos do mar...? Então, quem fez todas essas coisas maravilhosas? – Todos responderam: - DEUS! - Muito bem, Deus criou tudo o que existe, até nós mesmos. Ele é o nosso Pai e devemos sempre lembrar que Deus nos ama a todos, e não quer o nosso mal, porque Ele é Bom e Amoroso... Aqui acaba essa historia e nos deixa uma pergunta: Por que o medo de Deus é a principal causa de estresse em criança de 7 a 10 anos de idade, segundo pesquisa realizada pela psicóloga Marilda Novaes? De acordo com a psicóloga, as crianças recebem dos pais ou escolas, a imagem de um Deus que pune aqueles que não obedecem às leis. Na pesquisa, muitas crianças disseram ter a sensação de estarem sendo “vigiadas” por um Deus capaz de castigá-las, se não agissem de acordo com os padrões determinados pelos pais, escolas e religiões. Algumas religiões exageram, e acabam criando nas crianças um medo real de ir para o inferno. O fato de crianças nessas idades serem vítimas de estresse compreende-se: os pais passam para elas, esta imagem deformada do Criador. Faço minhas as palavras do irmão Delmo Ramos, quando diz: - Nestes séculos, o Deus mostrado pelas outras religiões, é ainda aquele adotado por Moysés, para conter os excessos de um povo ignorante e atrasado intelectual e moralmente. Esse ainda é o Deus vingador e impiedoso que condena seus filhos ao fogo eterno no inferno; que admite privilégios de castas; que quer ser adorado e louvado com a vaidade digna dos seres humanos; o Deus que criou o demônio, criatura tão poderosa que desafia o Criador; enfim, o Deus que ainda é mostrado para muitas pessoas, feito a imagem e semelhança do homem, pelo próprio homem, com a figura de um velho de longas barbas. As religiões durante séculos nos levaram a temer a ira do Senhor, ao invés de mostrar-nos a Sua Bondade, a Sua Justiça, a Sua Misericórdia e o Seu Amor. Um dia, Deus na Sua Infinita Bondade, permitiu ao ser humano ver a Verdade dissipar as trevas. Esse dia foi o advento do Cristo. Jesus foi o iniciador de uma nova era de moral mais pura e mais sublime. Os seus exemplos, os seus atos e ensinamentos permanecem até os nossos dias, nos chamando a uma reflexão. Ao se despedir dos seus apóstolos, promete que pediria ao Pai, para enviar outro Consolador para fazer recordar (só se recorda aquilo que foi esquecido), tudo o que Ele havia dito e ensinar todas as coisas. A Doutrina dos Espíritos, considerada o “Consolador Prometido”, nos libertou das trevas, e nos veio revelar o verdadeiro Deus de Bondade, Misericórdia e Amor, oculto durante milênios, que dá aos seus filhos, tantas oportunidades quantas forem necessárias, por meio da reencarnação, para resgatarem suas faltas cometidas contra o próximo. Assim sendo, não castiga, apenas submete todas as suas criaturas às suas Leis, dentre elas, a lei de “Causa e Efeito”, também conhecida como a lei de “ação e reação”. São palavras de Jesus: “A cada um será dado, segundo as suas obras”, que confirmam esta verdade. O ser humano foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, conforme afirmação evangélica, ocasionando daí o fato de muitos entenderem e retratarem Deus, como sendo igual ao homem. Tal imagem reduziria a grandeza do Criador, a mera condição humana, o que é inconcebível, fruto da concepção de mentes ainda muito ignorantes. Essa semelhança entre o Criador e a criatura, é de ordem espiritual apenas, porque Deus é Espírito, e, sendo suas criaturas espíritos inteligentes, é nesse sentido que nos assemelhamos a Deus. Semelhantes, mas não iguais, porquanto Deus é imutável, único, criador de todas as coisas, enquanto nós seres humanos, ou espírito, somos mutáveis, sujeitos a existências na matéria, a fim de fazermos a nossa evolução. Deus é Espírito e a sua criação, o homem também o é, essa é a semelhança que muitos não compreendem. Finalizando, vamos dar carinho, amor e bons exemplos aos nossos filhos a fim de não precisarmos fazer de Deus, nosso substituto nessa tarefa, e nem façamos do nosso Pai Criador, o disciplinador das faltas dos nossos filhos, função que é de responsabilidade dos pais, perante as Leis de Deus... Bibliografia: Evangelho de Jesus “Livro dos Espíritos” Jc. S. Luís, 22/09/2004 Refeito em 13/09/2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

JERÔNIMO MENDONÇA

JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO Um espírita dos mais dedicados e que enfrentou as maiores dificuldades para cumprir sua missão foi, sem dúvida, Jerônimo Mendonça. Nasceu ele em Ituiutaba (MG), no dia 1º de novembro de 1939, filho de Altino Mendonça e Antonia Olímpia de Jesus, sendo o nono filho. Ele teve uma infância pobre e cheia de privações e seus pais sendo pobres e analfabetos, lutavam arduamente pela sobrevivência: a sua mãe lavando roupa para fora e seu pai fazendo “bicos” pelas fazendas. Com treze anos, foi levado a uma Igreja Presbiteriana, que professou até os 15 anos de idade. Após a desencarnação de sua avó, começou a se debater mentalmente no problema cruciante da morte e do destino da alma. Dotado de um espírito indagador, não se sujeitou aos horizontes estreitos da Igreja no que dizia respeito á crença em Deus, ao conceito de uma existência única e de uma salvação limitada. A amizade com um espírita o fez converter-se à Doutrina Espírita. O espírita esclareceu-lhe umas dúvidas sobre a vida no além-túmulo e conseguiu acalmá-lo. Já na mocidade, Jerônimo começou a sentir dores nas articulações, principalmente nos joelhos e tornozelos. Esses pontos de seu corpo passaram a “inchar” e já aos dezoito anos andava com dificuldades. Ele teve vários empregos, porém as dores se agravaram e não lhe deram tréguas e o impediam de permanecer por muito tempo num mesmo trabalho, como entregador de jornais, balconista, redator de uma revista e professor. Seu passatempo preferido era ir ao cinema, sendo fascinado por “Tarzan”, ficando ele com esse apelido. Em quanto sua saúde lhe permitia, participou de várias excursões com os jovens da Mocidade Espírita. Certo dia foi ao cinema assistir “...E o Vento Levou”, e como não havia nenhuma poltrona vazia, Jerônimo ficou então quatro horas em pé no fundo do salão. Ao terminar o filme, ele estava como que petrificado, com grandes dores nos membros inferiores. Foi aí que começou a jornada dolorosa e difícil da paralisia. Passou três meses deitado, plenamente impossibilitado de se locomover Depois usou muletas por algum tempo enquanto ia lecionar. Conhecer o Espiritismo ainda na juventude foi de grande auxílio para ele, pois se defrontou com a primeira das grandes provações que iria enfrentar: a artrite reumatoide, que lhe causava enormes dores e dificuldades de locomoção, quadro esse que foi se agravando até que aos vinte anos de idade ficou definitivamente numa cama ortopédica, porque a artrite reumatoide progredira. Seu quadro era tão desolador que, mesmo sob o efeito de medicamentos, seus amigos tiveram que fabricar uma cama especial e colocaram sobre seu peito um saco de areia de 30 quilos para que pudesse suportar a dor. Mesmo assim, como ele insistia em ir aos Centros Espíritas, recebeu de um amigo uma Kombi para poder ser levado para fazer suas palestras. Jerônimo tornou-se então, um orador espírita ambulante, transformando seu leito numa tribuna que viajou por muitos lugares do Brasil, realizando um grande e valioso trabalho, principalmente pelos seus exemplos de sacrifício e coragem. Quem o conheceu afirmava que ele sempre estava rindo, gostava de um bom papo e de cantar também. Certa vez, o Dr. Fritz disse-lhe que ele tinha a doença de três CCC – cama, carma e calma. Os seus amigos sempre o levavam ao cinema e também a outros lugares para se distrair. Estando certa ocasião, justamente num cinema, uma moça tropeçou em sua cama e “explodiu”! – “Não é possível! Aonde eu vou, está este aleijado! Vou a uma festa, o aleijado está lá! Esse aleijado me persegue! Aonde eu vou, ele está!” – Jerônimo pensou consigo: “É agora?! A moça está revoltada, nervosa mesmo. Tenho que lhe dar uma resposta, mas não quero irritá-la mais ainda. O que vou dizer?”- E ele saiu com esta resposta: “Mas também, minha filha, você não pára em casa, hein!” – Ela olhou-o atônita e em seguida começou a rir. Riram juntos e ficaram amigos. Jerônimo permaneceu assim cerca de trinta e dois anos preso ao leito, paralítico e com a agravante da perda da visão. Como ele tinha dificuldades de dormir, aproveitou para estudar bastante a Doutrina dos Espíritos. Quando ficou cego, os amigos liam para ele. Certa vez, um repórter lhe perguntou o que era a felicidade. Ele respondeu assim: “A felicidade para mim, deitado há tanto tempo nesta cama sem poder me mexer, seria poder virar de lado”. Em outra ocasião ele disse: “Casei-me com a Doutrina Espírita no religioso e com a dor no civil”. Eis alguns casos da existência desse vulto do Espiritismo: Por ocasião de um enterro, quando o cortejo seguia para o cemitério, sua Kombi estava logo atrás. Quando retiraram sua cama do veículo para seguirem as pessoas ao local do sepultamento, um alcoolizado que passava, vendo os amigos carregando a sua cama, exclamou: “Nossa! Dois defuntos! Esqueceram o caixão deste!” Ele não disse nada, pois aprendeu a não se revoltar com comentários infelizes que recebia. Gostava de citar uma frase de Cairbar Schutel que dizia: “Melindre é orgulho ferido”. Em outra ocasião, numa palestra de Divaldo Franco, a cama de Jerônimo estava na frente, para não atrapalhar os que quisessem passar. Em certo momento, aproximou-se um homem um pouco alcoolizado que lhe disse: “Paralítico, levanta-te e anda!” – E Jerônimo respondeu: “Depois, meu amigo, depois”, temendo Jerônimo que a cena fosse notada e atrapalhasse a palestra. “Paralítico, levanta-te e anda!”, insistiu o homem. Jerônimo falou baixinho: “Bem que eu queria, mas não consigo”, tentando chamar o homem à razão. O homem então saiu desconsolado dizendo: “Oh homem de pouca fé”, referindo-se a Jerônimo. Certo dia uma pessoa pediu a irmã de Jerônimo para que ele fosse fazer uma visita ao seu irmão, e ele assim fez. Quando chegou à casa, foi convidado a entrar e, ouvindo o barulho do pessoal nos fundos da casa, para lá ele foi levado. O homem estava tão desesperado que se virou para a D. Terezinha e disse: “É esse homem que irá me confortar?” – Fez-se silêncio e o homem foi apresentado. “Jerônimo, este é o senhor que veio de S.Paulo, só para conversar com você. Com certeza, desejará faze-lo sozinho”. Todos se retiraram e o senhor tomou a palavra: “Olha moço, eu era uma pessoa muito rica, até uma semana atrás. Eu tinha uma fazenda com todo o conforto da vida moderna, até campo de aviação. Fui tão incauto que, ao fazer a venda da fazenda passei a escritura e recebi uma nota fria, uma Nota Promissória sem valor. Eu não tive nem condições de reclamar e o advogado falou que era perda de tempo. A minha família antes me tolerava porque eles possuíam o que queriam. Agora todos vêm em cima de mim, me cobrando o conforto e a fazenda: eu não resisto a essa situação. Estava na farmácia para comprar um remédio para dar cabo da minha existência, quando um amigo me perguntou para que eu queria aquilo”. Como ele sabia do negócio, ele disse-me: “Eu não admito que você compre esse remédio!” – Eu respondi: “Você não manda na minha existência!” – Ele respondeu: “Eu deixo se você for conversar com o Jerônimo, em Ituiutaba;lhe dou até as passagens”. E aqui estou eu, mas acho que perdi meu tempo, porque você não sabe o que é o sofrimento alheio”. O Jerônimo lhe respondeu: “Meu amigo, você é uma pessoa que realmente está sofrendo. Você perdeu uma fazenda maravilhosa, mas vamos supor que essa pessoa que lhe comprou a fazenda, voltasse agora e lhe perguntasse: “Você quer trocar a sua fazenda por seus olhos?” – “Jerônimo, que bobagem é essa, os olhos são preciosos”. Então vamos supor... um braço?” – “Que conversa, onde já se viu isso?” – Jerônimo então lhe disse: “Meu amigo, cheguei a conclusão de que você não é pobre, você não é miserável; você é arquimilionário das benção de Deus”. – O homem saiu dali, esqueceu o suicídio, mudou seu modo de pensar, e sempre que podia voltava para conversar com Jerônimo, e acabou se tornando um trabalhador da causa espírita. Hoje, após trinta e dois anos de trabalhos, esse baluarte de determinação, de resignação, de sacrifícios, como foram também, Eurípedes Barsanulfo, Cairbar Schutel, Aparecida Conceição Ferreira, Chico Xavier, e muitos outros, é um exemplo para outras pessoas que o conheceram e muitos, que tomaram conhecimento das suas atividades, que o reverenciam, na Terra, como um missionário de Jesus. Bibliografia: Marinei Ferreira Rezende Jornal “O Imortal” 02/2008 Jc. S.Luis, 19/04/2011.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

TRAGÉDIAS E AS PROVAÇÕES COLETIVAS

TRAGÉDIAS E AS PROVAÇÕES COLETIVAS Antes de apresentarmos este assunto, vamos primeiro saber o que são as provações, as expiações e as abnegações. Provações, são as dores e sofrimentos solicitados; as provas aceitas por nós mesmos antes de reencarnar (assumir um corpo físico na Terra), para resgatar nossos débitos para com a Justiça Divina. Na provação o Espírito reencarna com uma programação que foi feita na Espiritualidade, da qual ele participou, consciente de que deverá enfrentar para livrar-se de seus débitos. Expiações, são as dores e sofrimentos impostos compulsoriamente pela Lei Divina para os resgates das dívidas. Nesta o espírito reencarna com a sua programação feita pelos seus mentores espirituais, por se negar em reconhecer ou aceitar os seus débitos perante as leis divinas, e se recusa a aceitar os resgates. Abnegações, são as dores e sofrimentos suportados por todo missionário autêntico que vem à Terra, em missões, para seu aprimoramento moral e da humanidade. Nesta o Espírito já com certa evolução, escolhe uma existência difícil enfrentando privações e dificuldades, a fim de não se desviar do caminho escolhido, e dar exemplo de vida, de aceitação, de resignação e de caridade; igual á passagem evangélica, do homem que nasceu cego não por culpa sua ou de seis pais, mas para que “se manifestassem nele as obras de Deus...” ( João 9: 1 a 3 ) As dores avassaladoras e aparentemente indiscriminadas que têm alcançado o ser humano durante séculos, através de flagelos naturais e/ou provocados pelo próprio homem, deixam muitos questionamentos nos corações descrentes... Naquela noite, da época recuada do ano l77, o “Concilio” de Lião estava reunido, para estudar as comemorações para o dia seguinte, quando da chegada de Lúcio Galo, famoso general que desfrutava as atenções especiais do Imperador Marco Aurélio. Por esse motivo, enquanto lá fora se acotovelavam gladiadores e jograis, o patrício Álcio Plantus, descendente do fundador da cidade, presidia a reunião, programando os festejos. Marco Aurélio reinava e embora não houvesse lavrado nenhum decreto em prejuízo dos cristãos, permitia se aplicassem na cidade, com o máximo rigor, todas as leis existentes contra eles. Ninguém examinava necessidades ou condições; mulheres, crianças e velhos doentes, tanto como homens sadios e personalidades prestigiosas, que se declarassem seguidores do Nazareno, eram detidas, torturadas e eliminadas sumariamente, sem julgamento. Por esse motivo, multiplicavam-se as prisões e improvisaram grande circo com enorme arena. As pessoas após serem barbaramente espancadas, eram sacrificadas pelas feras, que, enfastiadas por massacrarem dezenas de vítimas, já não se mostravam tão ferozes. Por isso, inventavam-se novos suplícios... Álcio Plantus abrindo a reunião, disse que além das saudações ao general Lucio Galo, era preciso que o circo apresentasse alguma cena de exceção... O lutador Setímio poderia arregimentar os melhores gladiadores; contudo já eram comuns as lutas. A equipe de dançarinas poderia apresentar novos bailados que agradassem; mas, em consideração ao visitante, era imperioso acrescentar alguma novidade que Roma ainda não conhecesse. Alguém então gritou da assembléia: - Cristãos às feras! O chefe da reunião voltou a dizer: - Isso já não constitui novidade! Os leões recém-chegados da África estão preguiçosos... Depois das gargalhadas, Álcio continuou irônico: - Ouvi, ainda pela manhã, alguns companheiros que me apresentaram uma idéia que espero a aprovação de todos. Poderíamos reunir, nesta noite, centenas de crianças, mulheres, homens e velhos cristãos, guardando-os nos cárceres... E amanhã, coroando as homenagens, as colocaremos na arena, molhadas de resinas e devidamente cercadas de farpas embebidas em óleo, deixando apenas estreita passagem para a libertação dos mais fortes. Depois de mostrá-las festivamente em público, incendiaremos todas as pessoas, a área, e as estacas, e os mais fortes na ânsia de fugirem, nos proporcionarão muitos lances emocionantes e inéditos... Muito bem! muito bem! – rugiu a multidão apoiando a idéia. Plantus então disse: - O tempo urge e precisamos do concurso de todos. Centenas aplaudiram em delírio e concordaram em cooperar. Encorajado pelo entusiasmo geral e desejando distribuir a tarefa, o dirigente da reunião anunciou sarcástico e inflexível: - Cada um de nós saia á caça dessas pragas cristãs que ficam escondidas por toda parte... Caçá-las é o serviço de hoje. E saíram para a empreitada. Durante o dia e a noite inteira, muitas pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes, e no dia seguinte, ao sol vivo da tarde, grandes filas de crianças, mulheres e homens, em gritos e lágrimas, eram embebidas em resinas e colocadas na arena, cercada de farpas embebidas em óleo. No fim do trágico espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas ao sopro do vento, ou despedaçadas e pisoteadas pelos mais fortes, na tentativa de fugirem do inferno do fogo... Dezoito séculos se passaram desse tenebroso acontecimento. Entretanto, a Justiça de Deus, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis que, em diversas posições de idade, se reuniram para a dolorosa expiação, o que aconteceu no dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, em comovente incêndio na vesperal de estréia do “Gran Circo Americano”, que vitimou centenas de pessoas; e para sepultá-las, foi necessário que a Prefeitura de São Gonçalo, cidade vizinha de Niterói, cedesse um terreno onde surgiu o Cemitério de São Miguel... Esta narrativa do Irmão X faz parte do livro “Cartas e Crônicas”, edição da FEB. Como eu na época havia me mudado para a cidade de Niterói, fui testemunhar o local desse resgate coletivo. Passemos agora ao sul da França, onde residiam os povos albinenses ou cátaros (no grego: puros), nos séculos 10 e 13 de nossa era. Os cátaros constituíam na época, uma civilização muito mais adiantada do que o resto da Europa. Sua capital era a cidade de Toulouse-França; tinham um grande intercâmbio cultural com grande parte dos países do continente. Essa cultura era divulgada pelos trovadores e cantores populares que iam de cidade em cidade, transferindo a cultura evoluída da região. Os judeus eram aceitos entre os cátaros e praticavam sua religião em sinagogas sem serem molestados, o que não acontecia no resto da Europa onde eles eram perseguidos. Existiam terras e trabalho para todos, e todos eram convidados a aprender a ler, inclusive mulheres. As artes eram estimuladas e os artistas valorizados. A alimentação era abundante e dividida entre todos. Todo esse progresso tinha um motivo: A religião seguida por esse povo. Desde o fim do século X, os cátaros professavam a filosofia cátara, uma religião cristã dos primeiros anos do Cristianismo. Os princípios fundamentais se baseavam em que: - o mundo material era um lugar de expiações; - os seres humanos haviam sido postos na Terra, por causa do pecado do orgulho, por isso deviam aqui passar por diversas encarnações para se purificar. – Homens e mulheres eram iguais, com direitos e deveres. Eles possuíam pregadores, tanto homens como mulheres, que se dedicavam a educar as pessoas, principalmente as crianças, em escolas abertas para toda a população, onde alfabetizavam e ensinavam sua religião. Eles tinham que ganhar seu próprio sustento, trabalhando, porque diziam que ninguém era obrigado a sustentá-los. Seu lema era: “O trabalho é uma prece”. Eles não acreditavam no Velho Testamento, embora aceitassem alguns trechos, como os “Dez Mandamentos”, pois diziam que o Deus ali representado, era cruel e vingativo, representando o mal. Seguiam o Novo Testamento e diziam que representavam a verdadeira Igreja do Cristo, pois seguiam a Sua doutrina e dos seus apóstolos, em palavras e atos. Eles desprezavam os mandamentos da Igreja Romana e diziam que o Papa e os bispos eram homicidas por causa de suas guerras por posses terrenas. Ensinavam que ninguém é maior ou melhor que outro na Igreja, concordando com Jesus quando disse: “...vós todos sois irmãos, e aquele que quiser ser o maior, que se faça servo dos seus irmãos”. Ensinavam também que ninguém deve ser forçado a qualquer crença. Eles faziam a imposição das mãos sobre as pessoas, para curar males do corpo e do Espírito. Diziam que a cruz que supliciou o Cristo, não deveria ser venerada, porque ninguém venera a forca na qual o pai, amigo ou parente fosse enforcado... (Eu também sou da mesma opinião, porquanto a cruz, a forca e a guilhotina são instrumentos de suplício e morte). Quando o Papa Eugênio III enviou, em 1147, o monge Bernardo, posteriormente consagrado pela Igreja como São Bernardo, para converter os cátaros ímpios, e este, constatando a vida correta e religiosa dos ditos hereges, desistiu da missão, e comunicou ao Papa, a devassidão e a corrupção existente no clero. O Papa Inocêncio III, durante o seu mandato, inconformado com a rebeldia dos cátaros, decretou indulgência plena (perdão: ir para o céu) para quem fosse matar os cátaros... Os cátaros indiretamente foram por sua independência de Roma, os responsáveis por duas das mais cruéis atitudes tomadas pela Igreja Católica Romana. 1- Contra eles foi decreta e constituída uma das cruzadas pelo Papa, em 1207; 2ª- Por causa deles, em 1215, o Papa Inocêncio, criou o “Santo Ofício”, mais conhecido com ‘”A Inquisição”, que trouxe o terror, as torturas, as fogueiras e a morte para milhares de humanos. Os escritos históricos registram as atrocidades da “Inquisição”: Giordano Bruno é queimado vivo em Roma; Galileu Galilei teve que negar a tese heliocêntrica sobre a Terra e tornar-se um prisioneiro, para evitar ser queimado. O padre Jan Huss, foi sacrificado na fogueira. Milhares e milhares de pessoas foram mortos em nome de Jesus, que só ensinava o Amor. Os participantes das Cruzadas podiam violentar roubar e matar a todos sem distinção de sexo, idade ou situação, que seus pecados seriam imediatamente perdoados pelo Papa. Nessa cruzada de extermínio, comandada pelo fanático padre espanhol Domingos de Gusmão, participaram os reis Felipe Augusto e depois Luiz VIII, interessados que estavam nas terras e riquezas dos cátaros... Os historiadores estimam que mais de 500 mil pessoas, foram assassinadas durante o extermínio dos cátaros, acabando com esse povo e sua cultura elevada. Avancemos agora no tempo até o século XVI, na mesma França, em Paris. Corria o ano de 1572, e vamos encontrar a cidade num clima de extremada intolerância religiosa, contra os seguidores da Reforma de Martinho Lutero, conhecidos como huguenotes (protestantes), que eram vistos como inimigos pelos católicos romanos. Margarida de Valois e Eurico de Navarra, duques, ela católica e ele protestante, se conheceram e se apaixonaram. O casamento dos dois representaria o traço de união que poderia pacificar aquele clima de intolerância religiosa. Porém a reação a essa união estava sendo tramada e encabeçada pela rainha Catarina de Médicis, com o apoio de suas conselheiras. Elas, católicas, passaram a elaborar o fatídico plano de extermínio dos chamados “Cristãos da reforma”, e para isso, escolheram o dia 24 de agosto de 1572, um domingo, dia da festa em Paris, consagrada a São Bartolomeu, mártir do Cristianismo. O plano seria executado à noite. Margarida, por sua vez, sente maus presságios e manifesta a Eurico imensa preocupação com o que poderia vir do Palácio do Louvre. Chegada a hora, Catarina de Médicis dá a ordem aguardada pelos sicários da maldade, iniciando a caçada aos huguenotes, que ficou conhecida na história como “A Noite de São Bartolomeu”. Centenas de protestantes foram, pregados a cruzes e colocados nas estradas que davam acesso a Paris; muitos eram antes torturados e depois queimados até que a morte chegasse... Alguns séculos se passaram desses tenebrosos acontecimentos na França, e, para reabilitá-la, e também a cidade de Lion, renasce naquela cidade, Hippolyte Leon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec, o Codificador da “Doutrina dos Espíritos”, o “Consolador” prometido por Jesus. Ainda nos lembramos de Alexandre Magno, o Grande, nas suas conquistas pelo poder, que só na batalha de Arbenas, enfrentou e venceu um milhão de homens, sendo poucos os que sobreviveram. Do terrível Átila, no século V, à frente dos hunos que devastou e matou milhares de pessoas na Europa e na Ásia. Temos também na lembrança, a figura de Nero, que ordenou uma sangrenta perseguição aos cristãos e ainda os culpou pelo incêndio de Roma, que ele havia provocado. Do infeliz Adolfo Hitler, que mandou matar milhões de pessoas, só judeus foram seis milhões e dizimar nos fornos, milhares de criaturas. Das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Nagasaki em 06/10/1945, e Hiroxima em 09 do mesmo mês, que eliminaram milhares de pessoas. Do terremoto no Irã que ceifou milhares de vítimas na cidade histórica de Bam. Ainda mais recente, lembramos também da destruição das “Torres Gêmeas” na América do Norte, em 11/09/2001, que vitimou centenas de pessoas. Para não nos alongarmos, comentaremos o último terremoto e maremoto que atingiu o sudeste da Ásia, no dia 26 de dezembro de 2004, deixando um rastro de 225 mil mortos. O tremor de 9 graus provocou ondas de até 10 metros de altura e diversos “tsunamis”, onda oceânica de alto poder destrutivo quando chega à região costeira... As diferentes crenças religiosas evitam analisar essas tragédias por não terem como explicá-las, enquanto a Doutrina dos Espíritos nos fornece as razões, nos levando às reflexões. Vejamos o que nos orienta a filosofia espírita, sobre o assunto: - Pergunta nº. 737 de Allan Kardec, aos Espíritos Superiores; “Com que propósito fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?” – Resposta dos Espíritos: “Para fazê-la progredir mais depressa. A destruição é uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí os qualificardes de flagelos, por causa do prejuízo que vos causam.” – Volta Kardec a fazer a pergunta n º 738: “Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os flagelos destruidores?” – Resposta dos Espíritos: “Pode, e os emprega todos os dias, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O ser humano, porém, não se aproveita desses meios.” Permitam-me fazer algumas observações: 1- Sabemos que o acaso não existe, e o ser humano passa pelos resgates e experiências que contribuem para o seu progresso; 2- Essas ocorrências mobilizaram as nações e os povos que prontamente abraçaram a causa da solidariedade. Para que se tenha uma idéia, pela primeira vez na história, um avião israelense pousou no maior país muçulmano, a Indonésia, com uma ajuda humanitária e uma equipe de voluntários. Esta operação poderá no futuro promover as relações entre esses dois países que se consideram inimigos, por questões religiosas. 3- Um bebê de 20 dias dormia quando o maremoto atingiu a costa e ele sobreviveu graças ao colchão que flutuou; um garoto foi encontrado boiando, agarrado num galho de árvore... Por que milhares foram arrastados pelas águas e morreram, e alguns conseguiram se salvar? Sorte? Privilégio? Ventura? – Sabemos que não. Porque Deus permite esses desastres que promovem tantas lágrimas, espalham tantos sofrimentos e deixam marcas tão terríveis? – Kardec esclarece que Deus a ninguém pune e a ninguém concede privilégios. Apenas estabelece Leis Justas e Sábias, e quem a elas obedece é feliz e abençoado. Quem não as segue, sofre por causa dos seus atos, de acordo com a Lei de Causa e Efeito. Os dolorosos quadros do passado e atual, da vivência do ser humano na Terra, podem ser modificados e revertidos no futuro, desde que, apoiado nos conhecimentos já divulgados; sejam orientadas às novas gerações, até serem assimilados e vivenciados, os códigos morais deixados pelo Cristo, e relembrados e ampliados pelo “Consolador”. Devemos todos orar uns pelos outros, estabelecendo uma corrente protetora de energia benéfica, que é movimentada pela ação da oração. Caso tenhamos que enfrentar um dia de horas dolorosas, recordemos que Jesus dizia que Ele sempre estaria conosco. Um dia, livre das existências terrenas, porque livres das imperfeições, seremos amparados pela Bondade do Pai Celestial... Paz, harmonia e saúde, eu desejo a todos. Bibliografia: “Livro dos Espíritos” Jc. S.Luis, 15/6/2005 Revisado em 7/8/2012