terça-feira, 11 de setembro de 2012

JERÔNIMO MENDONÇA

JERÔNIMO MENDONÇA RIBEIRO Um espírita dos mais dedicados e que enfrentou as maiores dificuldades para cumprir sua missão foi, sem dúvida, Jerônimo Mendonça. Nasceu ele em Ituiutaba (MG), no dia 1º de novembro de 1939, filho de Altino Mendonça e Antonia Olímpia de Jesus, sendo o nono filho. Ele teve uma infância pobre e cheia de privações e seus pais sendo pobres e analfabetos, lutavam arduamente pela sobrevivência: a sua mãe lavando roupa para fora e seu pai fazendo “bicos” pelas fazendas. Com treze anos, foi levado a uma Igreja Presbiteriana, que professou até os 15 anos de idade. Após a desencarnação de sua avó, começou a se debater mentalmente no problema cruciante da morte e do destino da alma. Dotado de um espírito indagador, não se sujeitou aos horizontes estreitos da Igreja no que dizia respeito á crença em Deus, ao conceito de uma existência única e de uma salvação limitada. A amizade com um espírita o fez converter-se à Doutrina Espírita. O espírita esclareceu-lhe umas dúvidas sobre a vida no além-túmulo e conseguiu acalmá-lo. Já na mocidade, Jerônimo começou a sentir dores nas articulações, principalmente nos joelhos e tornozelos. Esses pontos de seu corpo passaram a “inchar” e já aos dezoito anos andava com dificuldades. Ele teve vários empregos, porém as dores se agravaram e não lhe deram tréguas e o impediam de permanecer por muito tempo num mesmo trabalho, como entregador de jornais, balconista, redator de uma revista e professor. Seu passatempo preferido era ir ao cinema, sendo fascinado por “Tarzan”, ficando ele com esse apelido. Em quanto sua saúde lhe permitia, participou de várias excursões com os jovens da Mocidade Espírita. Certo dia foi ao cinema assistir “...E o Vento Levou”, e como não havia nenhuma poltrona vazia, Jerônimo ficou então quatro horas em pé no fundo do salão. Ao terminar o filme, ele estava como que petrificado, com grandes dores nos membros inferiores. Foi aí que começou a jornada dolorosa e difícil da paralisia. Passou três meses deitado, plenamente impossibilitado de se locomover Depois usou muletas por algum tempo enquanto ia lecionar. Conhecer o Espiritismo ainda na juventude foi de grande auxílio para ele, pois se defrontou com a primeira das grandes provações que iria enfrentar: a artrite reumatoide, que lhe causava enormes dores e dificuldades de locomoção, quadro esse que foi se agravando até que aos vinte anos de idade ficou definitivamente numa cama ortopédica, porque a artrite reumatoide progredira. Seu quadro era tão desolador que, mesmo sob o efeito de medicamentos, seus amigos tiveram que fabricar uma cama especial e colocaram sobre seu peito um saco de areia de 30 quilos para que pudesse suportar a dor. Mesmo assim, como ele insistia em ir aos Centros Espíritas, recebeu de um amigo uma Kombi para poder ser levado para fazer suas palestras. Jerônimo tornou-se então, um orador espírita ambulante, transformando seu leito numa tribuna que viajou por muitos lugares do Brasil, realizando um grande e valioso trabalho, principalmente pelos seus exemplos de sacrifício e coragem. Quem o conheceu afirmava que ele sempre estava rindo, gostava de um bom papo e de cantar também. Certa vez, o Dr. Fritz disse-lhe que ele tinha a doença de três CCC – cama, carma e calma. Os seus amigos sempre o levavam ao cinema e também a outros lugares para se distrair. Estando certa ocasião, justamente num cinema, uma moça tropeçou em sua cama e “explodiu”! – “Não é possível! Aonde eu vou, está este aleijado! Vou a uma festa, o aleijado está lá! Esse aleijado me persegue! Aonde eu vou, ele está!” – Jerônimo pensou consigo: “É agora?! A moça está revoltada, nervosa mesmo. Tenho que lhe dar uma resposta, mas não quero irritá-la mais ainda. O que vou dizer?”- E ele saiu com esta resposta: “Mas também, minha filha, você não pára em casa, hein!” – Ela olhou-o atônita e em seguida começou a rir. Riram juntos e ficaram amigos. Jerônimo permaneceu assim cerca de trinta e dois anos preso ao leito, paralítico e com a agravante da perda da visão. Como ele tinha dificuldades de dormir, aproveitou para estudar bastante a Doutrina dos Espíritos. Quando ficou cego, os amigos liam para ele. Certa vez, um repórter lhe perguntou o que era a felicidade. Ele respondeu assim: “A felicidade para mim, deitado há tanto tempo nesta cama sem poder me mexer, seria poder virar de lado”. Em outra ocasião ele disse: “Casei-me com a Doutrina Espírita no religioso e com a dor no civil”. Eis alguns casos da existência desse vulto do Espiritismo: Por ocasião de um enterro, quando o cortejo seguia para o cemitério, sua Kombi estava logo atrás. Quando retiraram sua cama do veículo para seguirem as pessoas ao local do sepultamento, um alcoolizado que passava, vendo os amigos carregando a sua cama, exclamou: “Nossa! Dois defuntos! Esqueceram o caixão deste!” Ele não disse nada, pois aprendeu a não se revoltar com comentários infelizes que recebia. Gostava de citar uma frase de Cairbar Schutel que dizia: “Melindre é orgulho ferido”. Em outra ocasião, numa palestra de Divaldo Franco, a cama de Jerônimo estava na frente, para não atrapalhar os que quisessem passar. Em certo momento, aproximou-se um homem um pouco alcoolizado que lhe disse: “Paralítico, levanta-te e anda!” – E Jerônimo respondeu: “Depois, meu amigo, depois”, temendo Jerônimo que a cena fosse notada e atrapalhasse a palestra. “Paralítico, levanta-te e anda!”, insistiu o homem. Jerônimo falou baixinho: “Bem que eu queria, mas não consigo”, tentando chamar o homem à razão. O homem então saiu desconsolado dizendo: “Oh homem de pouca fé”, referindo-se a Jerônimo. Certo dia uma pessoa pediu a irmã de Jerônimo para que ele fosse fazer uma visita ao seu irmão, e ele assim fez. Quando chegou à casa, foi convidado a entrar e, ouvindo o barulho do pessoal nos fundos da casa, para lá ele foi levado. O homem estava tão desesperado que se virou para a D. Terezinha e disse: “É esse homem que irá me confortar?” – Fez-se silêncio e o homem foi apresentado. “Jerônimo, este é o senhor que veio de S.Paulo, só para conversar com você. Com certeza, desejará faze-lo sozinho”. Todos se retiraram e o senhor tomou a palavra: “Olha moço, eu era uma pessoa muito rica, até uma semana atrás. Eu tinha uma fazenda com todo o conforto da vida moderna, até campo de aviação. Fui tão incauto que, ao fazer a venda da fazenda passei a escritura e recebi uma nota fria, uma Nota Promissória sem valor. Eu não tive nem condições de reclamar e o advogado falou que era perda de tempo. A minha família antes me tolerava porque eles possuíam o que queriam. Agora todos vêm em cima de mim, me cobrando o conforto e a fazenda: eu não resisto a essa situação. Estava na farmácia para comprar um remédio para dar cabo da minha existência, quando um amigo me perguntou para que eu queria aquilo”. Como ele sabia do negócio, ele disse-me: “Eu não admito que você compre esse remédio!” – Eu respondi: “Você não manda na minha existência!” – Ele respondeu: “Eu deixo se você for conversar com o Jerônimo, em Ituiutaba;lhe dou até as passagens”. E aqui estou eu, mas acho que perdi meu tempo, porque você não sabe o que é o sofrimento alheio”. O Jerônimo lhe respondeu: “Meu amigo, você é uma pessoa que realmente está sofrendo. Você perdeu uma fazenda maravilhosa, mas vamos supor que essa pessoa que lhe comprou a fazenda, voltasse agora e lhe perguntasse: “Você quer trocar a sua fazenda por seus olhos?” – “Jerônimo, que bobagem é essa, os olhos são preciosos”. Então vamos supor... um braço?” – “Que conversa, onde já se viu isso?” – Jerônimo então lhe disse: “Meu amigo, cheguei a conclusão de que você não é pobre, você não é miserável; você é arquimilionário das benção de Deus”. – O homem saiu dali, esqueceu o suicídio, mudou seu modo de pensar, e sempre que podia voltava para conversar com Jerônimo, e acabou se tornando um trabalhador da causa espírita. Hoje, após trinta e dois anos de trabalhos, esse baluarte de determinação, de resignação, de sacrifícios, como foram também, Eurípedes Barsanulfo, Cairbar Schutel, Aparecida Conceição Ferreira, Chico Xavier, e muitos outros, é um exemplo para outras pessoas que o conheceram e muitos, que tomaram conhecimento das suas atividades, que o reverenciam, na Terra, como um missionário de Jesus. Bibliografia: Marinei Ferreira Rezende Jornal “O Imortal” 02/2008 Jc. S.Luis, 19/04/2011.

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