quinta-feira, 11 de julho de 2019

EVOLUÇÃO HUMANA





 
Partindo do princípio de que todos nós tivemos várias encarnações e que o ser humano  é constituído de  Espírito, Perispírito  e  Corpo Físico, na classificação kardequiana,  poderemos realizar uma série de observações sobre as heranças palingenésicas.
Sabemos que o Espírito é um foco de inteligência que possui, ao seu redor, um corpo energético de características eletromagnéticas, conhecido como perispírito. É através do perispírito que o espírito se prende ao corpo físico, visto que apresenta uma estrutura vibratória intermediária: nem tão sutil como o espírito e nem tão condensada como a matéria orgânica. Serve ele, portanto, de elo que liga as duas partes e se caracteriza como um corpo de forma complexa, porque possui campos de força que obedecem aos comandos do espírito que os repassa para a vestimenta física, quando de sua união com a mesma.
O vocábulo espírito designa o princípio inteligente individualizado. O espírito é o centro da vontade e a fonte geradora de todos os comandos que chegam ao perispírito sob as formas mais diversas possíveis. É no espírito que se encontram o inconsciente puro, o inconsciente passado e o inconsciente atual. Essas zonas do espírito são capazes de regular os eventos psíquicos e influenciar toda a existência de relações da pessoa.
Pitágoras (570 a 500 A/C) já afirmava que “a alma é a verdadeira substância distinta do corpo, ao qual preexiste e no qual se encarna”. O pai da filosofia estava adiante de seu tempo, pois já separava a alma do corpo e admitia a imortalidade da alma e da reencarnação.  Sócrates (469 a 399 A/C) dizia que o espírito é a causa da existência no corpo; desde que esse princípio animador o abandone, o corpo perece e morre. O Pai da Filosofia Grega chegou a afirmar que o espírito é o nosso único bem imperecível e temos de educá-lo.
O presidente americano Abraham Lincoln teria dito que se nós soubéssemos quem somos e para onde nós iremos após a morte, por certo agiríamos de maneira diferente.  A visão espírita alarga os horizontes a respeito desse magno tema.
Hernani Guimarães de Andrade (contemporâneo) definiu o espírito como um arquétipo, tetradimensional histórico e  auto organizado, possuindo o arquivo completo de sua evolução histórica, atingindo por seus próprios meios, estágios mais avançados, armazenando experiências anteriores e delas se valendo para evoluir sempre. A importância, portanto, do autoconhecimento permitirá uma melhor tomada de atitudes na conquista da paz interior.
É comum falarmos nas emoções, sensações, virtudes, violência e deixamos o conhecimento do espírito para depois, quando, na realidade, é ele o objeto da existência e de toda a educação humana. É nele que se encontra o psiquismo humano com seu arquivo de vivências e a fonte impulsionadora dos pensamentos. A felicidade ou a infelicidade depende, portanto, da educação que se lhe dê. A orientação segura na direção de sua transformação moral é que levará o espírito para melhores estágios evolutivos. Educar os sentimentos é trabalhar esse campo do espírito que se relaciona com a moral. Vejamos o ponto de vista da Doutrina dos Espíritos a respeito desse tema:
- O espírito é o resultado do aperfeiçoamento do princípio inteligente que veio fazendo experiências através dos reinos da Natureza, até a sua completa individualização, recebendo então o nome de Espírito;
- Todos os espíritos  foram criados simples e ignorantes, e nenhum foi criados já santos enquanto outros foram criados imperfeitos;
- Sua coloração varia do escuro ao brilhante, conforme seu grau de evolução espiritual;
- Durante as reencarnações ele vai acumulando experiências e conhecimentos, desenvolvendo capacidades e progredindo sem nunca retroagir:
- Ele influencia a sua própria genética do corpo físico por intermédio do perispírito;
- As zonas psíquicas do espírito possuem a capacidade de arquivar vivências e de influenciar a encarnação seguinte, de acordo com o conteúdo saudável ou deletério que exista em seu interior;
- O uso da prece fervorosa, da oração sentida, da meditação profunda, do hábito de bons pensamentos e sentimentos modifica a energética espiritual, trazendo paz á alma encarnada.
Como observamos, todas as funções psíquicas estudadas por psicólogos e psiquiatras fazem parte da estrutura do espírito. Desde a inteligência até as emoções, elas nada mais são do que elementos pertencentes à alma.                             

O Perispírito

O vocábulo perispírito foi um neologismo, criado por Allan Kardec
para designar o envoltório do Espírito. Etimologicamente, temos: peri (grego) = em torno, spiritus (latim) – perispírito. Existem dezenas de vocábulos diferentes para  designar esse corpo sutil da alma; os mais conhecidos são: 
- corpo espiritual, empregado pelo discípulo Paulo;
- psicossoma, criado por André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier;
- corpo astral, de origem esotérica;
- Kama-rufa, utilizado no budismo;
- corpo fluídico, usado por  Leibnitz
A Codificação Espírita faz uma síntese sobre o períspirito, dizendo:
-  A natureza do períspirito é mais ou menos etérea  segundo o mundo  e o grau do Espírito; isto é, o períspirito poderá ser mais ou menos denso, com maior ou menor frequência energética e alterando-se de acordo com as vibrações vertidas do Espírito;
- As propriedades são as mais variadas possíveis. Ele poderá ser suscetível aos comandos ou se modificar ante as vibrações provindas do exterior;
- As funções são além daquela de servir de elemento intermediário  e ligar o espírito ao corpo, ele atua também na formação do corpo físico durante o período de gestação, bem como lhe fornece elementos vitais durante a existência do corpo físico;
- Outras observações informa que o perispírito apresenta-se com uma estrutura mais ou menos semelhante à do corpo material, só  que em outra frequência vibratória. Ele poderá estar tão densificado (sem brilho)  ou tão etéreo (iluminado e irradiando luz), dependendo de suas condições espirituais. O perispírito ainda está vinculado a uma série de outros fenômenos tendo parte importante no processo reencarnatório acompanhando o Espírito durante suas existências.                         

O Psiquismo

A Doutrina Espírita explica que a origem do Espírito se perde no tempo. Ele é um produto originado da essência espiritual, criada por Deus em época remotíssima, e destinado a um processo de constante aperfeiçoamento. Esse princípio espiritual em sua gênese um impulso inicial das forças divinas da criação e se torna, a partir daí, um elemento participador do processo evolutivo. Nessa longa caminhada ele recebe e produz influências variadas que irão tipificar uma energética espiritual cada vez mais aprimorada e com certas condições de atuar junto à matéria densa.
Tudo fica arquivado nesse repositório sutil em condições de configurar uma vida mental embrionária em seu início. O conjunto de elementos vibráteis dessa estrutura em desenvolvimento é que irá compor o que hoje se chama Psiquismo. É importante destacarmos que a partir da fase humana seu complexo psíquico já atingiu condições mais nobres e mais capazes de estabelecer conexões mentais entre as diversas funções psíquicas que se estruturam em seu interior. Vimos, então, o processo da memória, dos instintos em transformação, do surgimento das emoções, da inteligência em níveis cada vez mais elevados e das demais capacidades que se estruturam na parte psíquica do ser humano.

Funções Psíquicas


As funções  especiais do psiquismo  atuais, caracterizam o nível  de 
desenvolvimento mental e espiritual da criatura humana. Nossas funções psíquicas demandam conhecimento constante e prática na direção de nossa pureza espiritual. O autoconhecimento é importante porque sem ele o indivíduo não vê o caminho de seu futuro e não sabe por que age ou reage dessa ou daquela maneira.

Instintos

No capítulo IV, 1ª parte de “O Livro dos Espíritos”, o instinto  foi descrito como uma espécie de inteligência ou como uma inteligência sem raciocínio, rudimentar e não racional. Os Espíritos explicam, ainda, que o instinto existe sempre, mesmo entre pessoas mais intelectualizadas, o que significa dizer que podemos aliar o instinto a inteligência, oferecendo-lhe uma boa dose de razão. Quanto menos intelectualizado for o ser humano, mais ele seguirá as suas forças instintivas. Um sujeito, por exemplo, poderá cometer desatinos para saciar seus instintos, como acontecia no período primitivo da humanidade. Até hoje ainda vemos e constatamos comportamentos que denotam uma ancestralidade animal ainda muito forte em certas pessoas, onde o instinto sobrepõe o sentimento. As forças instintivas são muito exploradas pela mídia, conduzindo as pessoas a uma aceitação de programas que em nada contribuem para o aperfeiçoamento do indivíduo e da sociedade em geral. Os instintos, portanto, possuem sua razão de ser e sua utilidade no desenvolvimento do ser humano, e quando eles estão sob o comando da inteligência e do bom senso, há um aprimoramento considerável do mesmo na direção dos sentimentos mais elevados.

Inteligência

A inteligência é conceituada como uma função mental que permite ao ser humano aprender ou conhecer, bem como saber enfrentar situações novas. Ela é adaptativa, isto é, possibilita o conhecimento e a adaptação das diversas situações que surgem na existência da pessoa. Diz-se que aqueles que têm mais facilidades para o aprendizado e para resolver as questões que aparecem são mais inteligentes do que aqueles que não a possuem.      Essa função tem  rotulado  as pessoas de inteligentes ou pouco inteligentes, dividindo-as segundo algumas capacidades intelectuais de que são portadoras; o chamado teste de Q.I.  Através dele se destacam os gênios, os superdotados, os acima ou abaixo da média.  Significa dizer que o gênio verdadeiro possui uma mente com grande inteligência adquirida pelo conhecimento nas múltiplas existências.
Na visão espírita o ser humano vem desenvolvendo aptidões nas suas várias etapas existenciais e, dependendo de sua escolha, ele poderá aprofundar o estudo e o aperfeiçoamento dessas ou daquela aptidão, adquirindo, então, a inteligência na área correspondente. Um Albert Einstein, por exemplo, não se constrói  em apenas uma encarnação. Possivelmente ele veio desenvolvendo o campo da matemática e da física em encarnações passadas, assim, como um Francisco de Assis começou sua espiritualidade em outras encarnações. Visto que o ser humano não possui uma única existência, é lógico que ele vem adquirindo conhecimento e mais conhecimento no transcurso de suas existências e continuará esse processo no futuro. Daí o surgimento de uma inteligência mais aprimorada a cada existência. É evidente, também, que o desenvolvimento de algumas aptidões e vocações favorecerá o aprimoramento de outras aptidões.

Sentimentos

Os sentimentos foram estudados por várias áreas de estudo do conhecimento humano. Cada vez mais os neurocientistas conseguem localizar, no cérebro, as regiões correspondentes á fala, à audição, a parte da inteligência, às diversas emoções, os sentimentos e demais atributos do ser humano. O estudo do cérebro é muito importante por tudo aquilo que ele representa na estrutura do corpo físico, bem como pela grande central de reações químicas  que ele é; no entanto, por detrás dele, está a fonte mental de todos os fenômenos emocionais e morais: O ESPÍRITO. A ciência terrena, evidentemente, ainda não logrou chegar até a gênese das funções psíquicas, suas origens reais e profundas.
O sentimento é o cerne da espiritualidade. Ele pode ser considerado uma função racional, mais sutil, porque obedece a lógica do coração e não da cabeça. Os dicionários definem os sentimentos como um conjunto de qualidades morais do indivíduo, portanto, altamente transformadora de uma sociedade. Sem as qualidades morais o ser humano voltaria à barbárie, às guerras sem fim e aos sofrimentos de toda ordem. Essas qualidades são a essência  das leis divinas que regem a felicidade humana. Na visão espírita, os sentimentos foram aflorando progressivamente durante as múltiplas existências terrenas. A forma mais primitiva desses sentimentos manifesta-se sob as expressões de maldade, de egoísmo, de ganância e de todas as outras maneiras ainda bem conhecidas em nossa época. Não foi sem razão que Allan Kardec insistentemente nos afirmou: “...no encarnado como no desencarnado, é sobre o sentimento  que se faz necessário atuar”. 

Fonte:
Livro “Educação dos Sentimentos”
Jason de Camargo
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 31/12/2015
Refeito em 10/7/2019

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