Partindo do princípio de que
todos nós tivemos várias encarnações e que o ser humano é constituído de Espírito, Perispírito e
Corpo Físico, na classificação kardequiana, poderemos realizar uma série de observações
sobre as heranças palingenésicas.
Sabemos que o Espírito é um
foco de inteligência que possui, ao seu redor, um corpo energético de
características eletromagnéticas, conhecido como perispírito. É através do
perispírito que o espírito se prende ao corpo físico, visto que apresenta uma
estrutura vibratória intermediária: nem tão sutil como o espírito e nem tão
condensada como a matéria orgânica. Serve ele, portanto, de elo que liga as
duas partes e se caracteriza como um corpo de forma complexa, porque possui
campos de força que obedecem aos comandos do espírito que os repassa para a
vestimenta física, quando de sua união com a mesma.
O vocábulo espírito designa
o princípio inteligente individualizado. O espírito é o centro da vontade e a
fonte geradora de todos os comandos que chegam ao perispírito sob as formas mais
diversas possíveis. É no espírito que se encontram o inconsciente puro, o
inconsciente passado e o inconsciente atual. Essas zonas do espírito são
capazes de regular os eventos psíquicos e influenciar toda a existência de
relações da pessoa.
Pitágoras (570 a 500 A/C) já
afirmava que “a alma é a verdadeira substância distinta do corpo, ao qual preexiste
e no qual se encarna”. O pai da filosofia estava adiante de seu tempo, pois já
separava a alma do corpo e admitia a imortalidade da alma e da reencarnação. Sócrates (469 a 399 A/C) dizia que o espírito
é a causa da existência no corpo; desde que esse princípio animador o abandone,
o corpo perece e morre. O Pai da Filosofia Grega chegou a afirmar que o
espírito é o nosso único bem imperecível e temos de educá-lo.
O presidente americano
Abraham Lincoln teria dito que se nós soubéssemos quem somos e para onde nós
iremos após a morte, por certo agiríamos de maneira diferente. A visão espírita alarga os horizontes a
respeito desse magno tema.
Hernani Guimarães de Andrade
(contemporâneo) definiu o espírito como um arquétipo, tetradimensional
histórico e auto organizado, possuindo o
arquivo completo de sua evolução histórica, atingindo por seus próprios meios,
estágios mais avançados, armazenando experiências anteriores e delas se valendo
para evoluir sempre. A importância, portanto, do autoconhecimento permitirá uma
melhor tomada de atitudes na conquista da paz interior.
É comum falarmos nas
emoções, sensações, virtudes, violência e deixamos o conhecimento do espírito
para depois, quando, na realidade, é ele o objeto da existência e de toda a
educação humana. É nele que se encontra o psiquismo humano com seu arquivo de
vivências e a fonte impulsionadora dos pensamentos. A felicidade ou a
infelicidade depende, portanto, da educação que se lhe dê. A orientação segura
na direção de sua transformação moral é que levará o espírito para melhores
estágios evolutivos. Educar os sentimentos é trabalhar esse campo do espírito
que se relaciona com a moral. Vejamos o ponto de vista da Doutrina dos
Espíritos a respeito desse tema:
- O espírito é o resultado
do aperfeiçoamento do princípio inteligente que veio fazendo experiências
através dos reinos da Natureza, até a sua completa individualização, recebendo
então o nome de Espírito;
- Todos os espíritos foram criados simples e ignorantes, e nenhum
foi criados já santos enquanto outros foram criados imperfeitos;
- Sua coloração varia do
escuro ao brilhante, conforme seu grau de evolução espiritual;
- Durante as reencarnações ele
vai acumulando experiências e conhecimentos, desenvolvendo capacidades e
progredindo sem nunca retroagir:
- Ele influencia a sua
própria genética do corpo físico por intermédio do perispírito;
- As zonas psíquicas do
espírito possuem a capacidade de arquivar vivências e de influenciar a
encarnação seguinte, de acordo com o conteúdo saudável ou deletério que exista
em seu interior;
- O uso da prece fervorosa,
da oração sentida, da meditação profunda, do hábito de bons pensamentos e
sentimentos modifica a energética espiritual, trazendo paz á alma encarnada.
Como observamos, todas as
funções psíquicas estudadas por psicólogos e psiquiatras fazem parte da
estrutura do espírito. Desde a inteligência até as emoções, elas nada mais são
do que elementos pertencentes à alma.
O Perispírito
O vocábulo perispírito foi
um neologismo, criado por Allan Kardec
para designar o envoltório
do Espírito. Etimologicamente, temos: peri (grego) = em torno, spiritus (latim)
– perispírito. Existem dezenas de vocábulos diferentes para designar esse corpo sutil da alma; os mais
conhecidos são:
- corpo espiritual,
empregado pelo discípulo Paulo;
- psicossoma, criado por
André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier;
- corpo astral, de
origem esotérica;
- Kama-rufa,
utilizado no budismo;
- corpo fluídico,
usado por Leibnitz
A Codificação Espírita faz
uma síntese sobre o períspirito, dizendo:
- A natureza do períspirito é mais ou menos
etérea segundo o mundo e o grau do Espírito; isto é, o períspirito
poderá ser mais ou menos denso, com maior ou menor frequência energética e
alterando-se de acordo com as vibrações vertidas do Espírito;
- As propriedades são as
mais variadas possíveis. Ele poderá ser suscetível aos comandos ou se modificar
ante as vibrações provindas do exterior;
- As funções são além
daquela de servir de elemento intermediário
e ligar o espírito ao corpo, ele atua também na formação do corpo físico
durante o período de gestação, bem como lhe fornece elementos vitais durante a
existência do corpo físico;
- Outras observações informa
que o perispírito apresenta-se com uma estrutura mais ou menos semelhante à do
corpo material, só que em outra
frequência vibratória. Ele poderá estar tão densificado (sem brilho) ou tão etéreo (iluminado e irradiando luz),
dependendo de suas condições espirituais. O perispírito ainda está vinculado a
uma série de outros fenômenos tendo parte importante no processo reencarnatório
acompanhando o Espírito durante suas existências.
O Psiquismo
A Doutrina Espírita explica
que a origem do Espírito se perde no tempo. Ele é um produto originado da
essência espiritual, criada por Deus em época remotíssima, e destinado a um
processo de constante aperfeiçoamento. Esse princípio espiritual em sua gênese
um impulso inicial das forças divinas da criação e se torna, a partir daí, um
elemento participador do processo evolutivo. Nessa longa caminhada ele recebe e
produz influências variadas que irão tipificar uma energética espiritual cada
vez mais aprimorada e com certas condições de atuar junto à matéria densa.
Tudo fica arquivado nesse
repositório sutil em condições de configurar uma vida mental embrionária em seu
início. O conjunto de elementos vibráteis dessa estrutura em desenvolvimento é
que irá compor o que hoje se chama Psiquismo. É importante destacarmos que a
partir da fase humana seu complexo psíquico já atingiu condições mais nobres e
mais capazes de estabelecer conexões mentais entre as diversas funções
psíquicas que se estruturam em seu interior. Vimos, então, o processo da
memória, dos instintos em transformação, do surgimento das emoções, da
inteligência em níveis cada vez mais elevados e das demais capacidades que se
estruturam na parte psíquica do ser humano.
Funções Psíquicas
As
funções especiais do psiquismo atuais, caracterizam o nível de
desenvolvimento mental e
espiritual da criatura humana. Nossas funções psíquicas demandam conhecimento
constante e prática na direção de nossa pureza espiritual. O autoconhecimento é
importante porque sem ele o indivíduo não vê o caminho de seu futuro e não sabe
por que age ou reage dessa ou daquela maneira.
Instintos
No capítulo IV, 1ª parte de
“O Livro dos Espíritos”, o instinto foi
descrito como uma espécie de inteligência ou como uma inteligência sem
raciocínio, rudimentar e não racional. Os Espíritos explicam, ainda, que o
instinto existe sempre, mesmo entre pessoas mais intelectualizadas, o que
significa dizer que podemos aliar o instinto a inteligência, oferecendo-lhe uma
boa dose de razão. Quanto menos intelectualizado for o ser humano, mais ele
seguirá as suas forças instintivas. Um sujeito, por exemplo, poderá cometer
desatinos para saciar seus instintos, como acontecia no período primitivo da
humanidade. Até hoje ainda vemos e constatamos comportamentos que denotam uma
ancestralidade animal ainda muito forte em certas pessoas, onde o instinto
sobrepõe o sentimento. As forças instintivas são muito exploradas pela mídia,
conduzindo as pessoas a uma aceitação de programas que em nada contribuem para
o aperfeiçoamento do indivíduo e da sociedade em geral. Os instintos, portanto,
possuem sua razão de ser e sua utilidade no desenvolvimento do ser humano, e
quando eles estão sob o comando da inteligência e do bom senso, há um
aprimoramento considerável do mesmo na direção dos sentimentos mais elevados.
Inteligência
A inteligência é conceituada
como uma função mental que permite ao ser humano aprender ou conhecer, bem como
saber enfrentar situações novas. Ela é adaptativa, isto é, possibilita o
conhecimento e a adaptação das diversas situações que surgem na existência da
pessoa. Diz-se que aqueles que têm mais facilidades para o aprendizado e para
resolver as questões que aparecem são mais inteligentes do que aqueles que não
a possuem. Essa função tem rotulado
as pessoas de inteligentes ou pouco inteligentes, dividindo-as segundo
algumas capacidades intelectuais de que são portadoras; o chamado teste de
Q.I. Através dele se destacam os gênios,
os superdotados, os acima ou abaixo da média. Significa dizer que o gênio verdadeiro possui
uma mente com grande inteligência adquirida pelo conhecimento nas múltiplas
existências.
Na visão espírita o ser
humano vem desenvolvendo aptidões nas suas várias etapas existenciais e,
dependendo de sua escolha, ele poderá aprofundar o estudo e o aperfeiçoamento
dessas ou daquela aptidão, adquirindo, então, a inteligência na área
correspondente. Um Albert Einstein, por exemplo, não se constrói em apenas uma encarnação. Possivelmente ele
veio desenvolvendo o campo da matemática e da física em encarnações passadas,
assim, como um Francisco de Assis começou sua espiritualidade em outras
encarnações. Visto que o ser humano não possui uma única existência, é lógico
que ele vem adquirindo conhecimento e mais conhecimento no transcurso de suas
existências e continuará esse processo no futuro. Daí o surgimento de uma
inteligência mais aprimorada a cada existência. É evidente, também, que o
desenvolvimento de algumas aptidões e vocações favorecerá o aprimoramento de
outras aptidões.
Sentimentos
Os sentimentos foram
estudados por várias áreas de estudo do conhecimento humano. Cada vez mais os
neurocientistas conseguem localizar, no cérebro, as regiões correspondentes á
fala, à audição, a parte da inteligência, às diversas emoções, os sentimentos e
demais atributos do ser humano. O estudo do cérebro é muito importante por tudo
aquilo que ele representa na estrutura do corpo físico, bem como pela grande
central de reações químicas que ele é;
no entanto, por detrás dele, está a fonte mental de todos os fenômenos
emocionais e morais: O ESPÍRITO. A ciência terrena, evidentemente, ainda não
logrou chegar até a gênese das funções psíquicas, suas origens reais e
profundas.
O sentimento é o cerne da
espiritualidade. Ele pode ser considerado uma função racional, mais sutil, porque
obedece a lógica do coração e não da cabeça. Os dicionários definem os
sentimentos como um conjunto de qualidades morais do indivíduo, portanto,
altamente transformadora de uma sociedade. Sem as qualidades morais o ser
humano voltaria à barbárie, às guerras sem fim e aos sofrimentos de toda ordem.
Essas qualidades são a essência das leis
divinas que regem a felicidade humana. Na visão espírita, os sentimentos foram aflorando
progressivamente durante as múltiplas existências terrenas. A forma mais
primitiva desses sentimentos manifesta-se sob as expressões de maldade, de
egoísmo, de ganância e de todas as outras maneiras ainda bem conhecidas em
nossa época. Não foi sem razão que Allan Kardec insistentemente nos afirmou: “...no
encarnado como no desencarnado, é sobre o sentimento que se faz necessário atuar”.
Fonte:
Livro
“Educação dos Sentimentos”
Jason
de Camargo
+
Pequenas modificações
Jc.
São
Luís, 31/12/2015
Refeito
em 10/7/2019
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