domingo, 18 de dezembro de 2016

QUANDO CHEGAR A HORA





  “Felizes são aqueles que levam consigo uma parte das suas dores no mundo. Durante a longa jornada, eles saberão mais coisas sobre a felicidade do que aqueles que a evitam.”
Todo e qualquer ser humano passa por duas grandes fases na existência, quais sejam o nascimento e a morte física  (encarnação e desencarnação). Entre estes dois períodos, cada espécie possui a sua própria trajetória terrena, onde tudo ocorre no seu devido tempo. Um camundongo, por exemplo, vive em média mais de quatro anos; um gorila por sua vez pode ultrapassar os 40 anos de idade, enquanto o ser humano pode chegar até 120 anos, e a existência é dividida em quatro situações: Infância, adolescência, fase de adulto e velhice.
A infância é o período que vai desde o nascimento até os sete anos. É um período de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criança. Mais do que isto, é um período onde o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo as graduais mudanças no seu comportamento e na aquisição das bases de sua personalidade. Neste estágio, especialmente nos primeiros anos, a criança é totalmente dependente dos cuidados de terceiros (geralmente os pais), para quaisquer coisas, como alimentação, higiene e locomoção. Neste período, a criança aprende a sentar-se, a engatinhar e andar, enfim, é o estágio da existência em que ela cresce rapidamente.
Essa fase é caracterizada na criança pelo egocentrismo, pois  ela não compreende que faz parte de uma sociedade, e o mundo para ela gira em torno de si mesma. Apesar de termos tido as mesmas experiências da inocência infantil, da ignorância de tantas coisas, ao nos tornarmos adulto, é como se esquecêssemos do que fizemos, do que éramos. Quando foi que deixamos de ser criança ou quando foi que assumimos o papel de adulto e ás vezes zangado com a situação no mundo? Quando foi que deixamos de apreciar alguma coisa simples, mas que nos dava imenso prazer?
A dor nos faz mais leve, quando extraímos dela a sabedoria. De que adianta sofrermos e continuarmos com os mesmos defeitos e os mesmos vícios? O sofrimento quase sempre é compreendido como injusto e apenas, com o passar do tempo é quando a visão madura de nós mesmos sobrepõe-se ao nosso pensamento e persiste na alma. Todos os dias a Natureza nos brinda com o esplendor do sol, nos acaricia o vento, sentimos  o perfume das flores, tanto quanto a chuva, o frio e a neve.
Allan Kardec, em o Livro dos Espíritos, diz que a civilização tem os seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, mas nem por isso deixa de se constituir em progresso natural, necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. À medida que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral. De dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado, aquele em que se encontre menos egoísmo, orgulho e vaidade; em que os costumes sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa fé, benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos enraizados, isto porque essas atitudes  são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo.
Nenhum de nós terá dons ou virtudes ofertadas como presentes injustificáveis da bondade divina. O que Deus nos oferece é a oportunidade de desenvolver dons e virtudes que ainda adormecem em nossa alma, esperando o esforço de cada um de nós. A nossa existência é, pois, a oportunidade de desenvolver virtudes morais e dons intelectuais, e é por isso que ela nos oferece embates, dores, dificuldades que serão sempre as oportunidades de progresso e evolução. Pensemos em quanto de nós, após um progresso doloroso e difícil em determinado momento da existência, saímos dele mais fortalecidos e maduros.
Se não nos apressarmos e deixar o tempo correr, quando chegar a hora da nossa partida, e nos dermos conta, será tarde; talvez não haja mais tempo para nos reabilitar. Quem sabe, não haverá outra chance de apreciar o que há de mais belo no mundo, que é a vida. A água que hoje passa debaixo da ponte, não será a mesma amanhã; a chuva de verão, talvez não faça brilhar as mesmas cores do arco-íris que aparecerá no dia seguinte. Deixemos nossas mazelas de lado e plantemos fraternidade, compaixão e amor, para que, ao chegar o “ponto exato”, possamos colher a paz, o carinho, a paciência e a sabedoria, porque será com elas que manteremos nosso foco no progresso moral, intelectual e principalmente espiritual.
Deus escolheu com esmerado cuidado a melhor família para nosso aprendizado, a melhor cidade para nosso progresso e as melhores condições de existência para as lições de que precisamos. Ele apenas espera que possamos cada um de nós, bem aproveitar essas oportunidades que a existência nos oferece, para fazermos a nossa evolução espiritual.

Fonte:
Revista “O Imortal” – 10/2016
Autor:  Marcel Bataglia
+ Algumas modificações.

Jc.
São Luís, 19/10/2016

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