“Felizes são aqueles que levam consigo uma parte das suas dores no mundo. Durante a longa jornada, eles saberão mais coisas sobre a felicidade do que aqueles que a evitam.”
Todo
e qualquer ser humano passa por duas grandes fases na existência, quais sejam o
nascimento e a morte física (encarnação
e desencarnação). Entre estes dois períodos, cada espécie possui a sua própria trajetória
terrena, onde tudo ocorre no seu devido tempo. Um camundongo, por exemplo, vive
em média mais de quatro anos; um gorila por sua vez pode ultrapassar os 40 anos
de idade, enquanto o ser humano pode chegar até 120 anos, e a existência é
dividida em quatro situações: Infância, adolescência, fase de adulto e velhice.
A
infância é o período que vai desde o nascimento até os sete anos. É um período
de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e
do peso da criança. Mais do que isto, é um período onde o ser humano
desenvolve-se psicologicamente, envolvendo as graduais mudanças no seu
comportamento e na aquisição das bases de sua personalidade. Neste estágio,
especialmente nos primeiros anos, a criança é totalmente dependente dos
cuidados de terceiros (geralmente os pais), para quaisquer coisas, como
alimentação, higiene e locomoção. Neste período, a criança aprende a sentar-se,
a engatinhar e andar, enfim, é o estágio da existência em que ela cresce
rapidamente.
Essa
fase é caracterizada na criança pelo egocentrismo, pois ela não compreende que faz parte de uma
sociedade, e o mundo para ela gira em torno de si mesma. Apesar de termos tido
as mesmas experiências da inocência infantil, da ignorância de tantas coisas,
ao nos tornarmos adulto, é como se esquecêssemos do que fizemos, do que éramos.
Quando foi que deixamos de ser criança ou quando foi que assumimos o papel de
adulto e ás vezes zangado com a situação no mundo? Quando foi que deixamos de
apreciar alguma coisa simples, mas que nos dava imenso prazer?
A
dor nos faz mais leve, quando extraímos dela a sabedoria. De que adianta
sofrermos e continuarmos com os mesmos defeitos e os mesmos vícios? O
sofrimento quase sempre é compreendido como injusto e apenas, com o passar do
tempo é quando a visão madura de nós mesmos sobrepõe-se ao nosso pensamento e
persiste na alma. Todos os dias a Natureza nos brinda com o esplendor do sol,
nos acaricia o vento, sentimos o perfume
das flores, tanto quanto a chuva, o frio e a neve.
Allan
Kardec, em o Livro dos Espíritos, diz que a civilização tem os seus graus, como
todas as coisas. Uma civilização incompleta é um estado de transição que
engendra males especiais, mas nem por isso deixa de se constituir em progresso
natural, necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. À medida
que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que
engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral. De dois povos que
tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado,
aquele em que se encontre menos egoísmo, orgulho e vaidade; em que os costumes
sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa
desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa fé,
benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de
nascimento sejam menos enraizados, isto porque essas atitudes são incompatíveis com o verdadeiro amor ao
próximo.
Nenhum
de nós terá dons ou virtudes ofertadas como presentes injustificáveis da
bondade divina. O que Deus nos oferece é a oportunidade de desenvolver dons e
virtudes que ainda adormecem em nossa alma, esperando o esforço de cada um de
nós. A nossa existência é, pois, a oportunidade de desenvolver virtudes morais
e dons intelectuais, e é por isso que ela nos oferece embates, dores,
dificuldades que serão sempre as oportunidades de progresso e evolução.
Pensemos em quanto de nós, após um progresso doloroso e difícil em determinado
momento da existência, saímos dele mais fortalecidos e maduros.
Se
não nos apressarmos e deixar o tempo correr, quando chegar a hora da nossa
partida, e nos dermos conta, será tarde; talvez não haja mais tempo para nos
reabilitar. Quem sabe, não haverá outra chance de apreciar o que há de mais
belo no mundo, que é a vida. A água que hoje passa debaixo da ponte, não será a
mesma amanhã; a chuva de verão, talvez não faça brilhar as mesmas cores do
arco-íris que aparecerá no dia seguinte. Deixemos nossas mazelas de lado e
plantemos fraternidade, compaixão e amor, para que, ao chegar o “ponto exato”,
possamos colher a paz, o carinho, a paciência e a sabedoria, porque será com
elas que manteremos nosso foco no progresso moral, intelectual e principalmente
espiritual.
Deus
escolheu com esmerado cuidado a melhor família para nosso aprendizado, a melhor
cidade para nosso progresso e as melhores condições de existência para as
lições de que precisamos. Ele apenas espera que possamos cada um de nós, bem
aproveitar essas oportunidades que a existência nos oferece, para fazermos a
nossa evolução espiritual.
Fonte:
Revista “O Imortal” –
10/2016
Autor: Marcel Bataglia
+ Algumas
modificações.
Jc.
São Luís, 19/10/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário