A delinquência moral e a violência não são apanágios exclusivos dos deserdados materiais, até porque os Espíritos reencarnam sempre nos mais diferentes lugares e situações sociais, no interesse de sua ascensão na escala evolutiva. Pobreza e riqueza não constituem punição nem privilégio, (porque se hoje somos pobres já fomos ricos, e se hoje somos ricos, já fomos ou seremos pobres em outra existência) elas são provações, cuja finalidade é experimentar o ser humano de modos diferentes, de conformidade com suas necessidades evolutivas.
A riqueza e o poder são
testes muito complicados porque enquanto a pobreza provoca as queixas contra a
Providência, a riqueza incita a todos os excessos, e é, por isso, numa
perspectiva espiritual, prova mais perigosa do quê a própria pobreza. O aumento
da violência, portanto, que se conhece desde o pós-guerra, não é imputável a
uma categoria de indivíduos, mas a uma generalização dos comportamentos
agressivos nas diferentes camadas da população.
Ultimamente, no Brasil, a
violência urbana, que antes estava presente nas metrópoles apenas, espalhou-se
para pequenos municípios à medida que o crime organizado procura novos espaços.
Há debates na visão das causas e de como superá-las, mas a maioria dos
especialistas no assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde
que políticas de segurança pública e social sejam colocadas em ação. Diversas
teorias psicológicas afirmam que a agressividade é inerente ao ser humano, mas ao
mesmo tempo colocam a importância da educação e da cultura, da vida social,
como reguladoras dos impulsos destrutivos. A humanidade atual é constituída, em
sua maioria, de Espíritos semicivilizados ou bárbaros, e as pessoas aptas a
fazer parte da espiritualidade superior são minorias.
A Doutrina Espírita
compreende o ser violento como um doente espiritual e não como mero produto do
meio social, nem como resultado de uma degenerescência hereditária e, muito
menos ainda, como um ser criado com instinto destruidor do qual ele não pode
fugir. A violência urbana ocorre na maioria das sociedades modernas em face do
“consumo” do subproduto da agressão veiculado pela Internet, televisão, rádio,
jornal revistas e outros meios. Há diversos tipos de violência que normalmente
sugerem ações organizadas, mas a selvageria do homem civilizado tem suas raízes
profundas e vigorosas na espessa bestialidade. O homo brutalis tem as suas leis: subjugar, humilhar, torturar e
matar.
O utilitarismo das
sociedades contemporâneas alienou o ser humano, tornando-o um autônomo
inconsequente. O homem de hoje vive atormentado pelo medo, esse inimigo atroz
que o assombra. Uma vez submetido às contingências da vida atual, de
insegurança e de incertezas, sofre como resultado os transtornos grave da
mente. Não se pode desconsiderar outros tipos de agressões (não menos
impactante) como as que ocorrem diariamente no trânsito, nas violências
sexuais, nos maus tratos infantis ou nas agressões domésticas.
Muitos erguem altos muros
com fios eletrificados ao redor de suas residências na tentativa de manter a
paz doméstica. Outros instalam equipamentos sofisticados que os alertam da
chegada de eventuais usurpadores de seus bens. Contudo, existe outro tipo de
violência - a que não damos atenção: é a que está fincada dentro de cada um de
nós. Violência íntima, que alguns alimentam, diariamente, permitindo que ela se
torne um animal feroz.
Difunde-se o imperativo da
paz produzindo-se metralhadoras, pistolas, fuzis, ogivas, canhões; cobiça-se
resolver os problemas sociais ativando a edificação de bordéis e presídios.
Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória
e sem fim. Uma das soluções para a paz seria desarmar a população mundial e a
proibição da fabricação e do comércio de armas de fogo em todos os países.
Naturalmente que isso não interessa aos fabricantes e não somos ingênuos de
pensar que tão somente a proibição do uso de arma de fogo, por si só, equacione
definitivamente o problema da violência.
É obvio que a arma de fogo
pode ser substituida por outras armas, talvez não tão “eficientes” como ela. Na
ausência de uma estrutura de aparelhagem preventiva e repressora do Estado, as
armas de fogo continuarão chegando às mãos dos malfeitores e fazendo suas
vítimas. Urge meditar que devemos
aprender a nos defender, desarmando, antes de tudo, nossos Espíritos e isto só
se consegue pela prática do amor e da fraternidade.
O espírita é convocado a
conservar-se em célula sadia, capaz de abrir caminho à recuperação do organismo
social. O espírita deve, onde apareça a ruína, converter-se em apelo ao
refazimento; onde haja a indisciplina, faz-se apoio da ordem e onde mine o
pessimismo, erga-se de imediato, uma mensagem de esperança. Por isso, a solução
que a Doutrina Espírita oferece para neutralizar a violência, é a educação em
seu amplo aspecto. Ela, essencialmente educativa, conclama-nos ao amor e à
educação que poderão formar uma nova mentalidade nos seres humanos.
A violência é o fruto
natural da ignorância humana. Remanescente da agressividade animal, ela
deflagra na natureza graças às bases do egoísmo, a doença moral que corrói o
organismo social. O antídoto do egoísmo é o altruísmo e a melhor maneira de
tornar uma sociedade justa e pacífica é a educação das novas gerações. Sabendo
que através da educação formaremos caracteres saudáveis, deveremos investir
tudo nesta obra libertadora, que é uma das mais elevadas expressões de
caridade...
Fonte:
Jornal
“Brasília Espírita” – nº 201
Escritor:
Jorge Hessen
+
Pequenas modificações.
Jc.
São
Luís, 23/7/2016
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