quarta-feira, 6 de julho de 2016

NOSSOS FILHOS






  Quanto mais tratamos do assunto família, mais importante se torna que nos conscientizemos da responsabilidade da paternidade e da maternidade, para a evolução da espécie humana. Essa é a missão que aceitamos antes de reencarnar, para a qual nos preparamos com “cursos” no plano espiritual, alertando-nos sobre nossa responsabilidade. Recordemos que é nosso compromisso perante Deus, que nos confia outros filhos Seus para que os amparemos e os esclareçamos em sua jornada de aprendizagem e progresso. Assim, somos co-criadores junto ao Pai Celestial. Por isso “os deveres dos pais com relação aos filhos estão gravados na consciência”.

Dois seres se unem. Ligados pela afeição, formando o lar, garantindo os alicerces da família e da civilização. Através do casal estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação no Mundo Espiritual. Os benfeitores espirituais nos relatam constantemente que os filhos, necessitando “nascer” em nova existência no corpo físico e estão sempre cooperando de modo decisivo na aproximação dos futuros pais.

O espírito que aí vem nessa nova oportunidade de aprendizado e evolução, na condição de recém-nascido, ele é antigo, portanto já existia antes do momento da concepção, trazendo, portanto, uma herança psicológica de suas outras encarnações (existências), ou seja, sua própria personalidade, com aptidões e tendências, valores e dívidas adquiridas anteriormente. Daí que, renascendo numa mesma família, todos os filhos são diferentes “como os dedos da mão”; ligados entre si têm eles estágios evolutivos distintos e diferentes, com experiências diversas, que geram comportamentos desiguais...

Tomemos como exemplo, o desenvolver de uma criança chamada Lucius, hoje com 6 anos. Desde a mais tenra idade, ao começar a caminhar, tinha ele uma grande agitação. A mãe não conseguia mantê-lo quieto. Quando começou a ir para a escola, aos 3 anos, tinha a mãe muitas dificuldades com ele, devida à inquietude. Observava nele uma inteligência muito grande, falando corretamente, o que era difícil ver em outras crianças da idade dele ou mais velhas. O mais comum infelizmente são crianças que freqüentam as escolas públicas, falando “nós vai, nós foi”, e atualmente imitando os pais, trocarem o “nós” por “agente vai, agente foi”, etc. O Lucius não, ele falava num português que encantava. Outra virtude dele era o afeto; muito carinhoso e sempre a pedir desculpas por alguma traquinagem, nos abraçando e nos beijando como para corrigir o fato e nos pedir desculpas.

Começando o “pré-escolar”, com menos de 4 anos, a mãe foi chamada à escola por diversas vezes, porque as professoras queriam que o menino fosse levado para a neuropediatra. A professora disse para a mãe do Lucius, que não conseguia manter ele calmo, porque ele terminava a tarefa antes que os outros e aí ficava perturbando a aula. Isso demonstrava a evolução da criança e a professora queria tolhê-lo!  Que despreparo da professora!  A mãe respondeu para ela que, em vez de remédios, ela deveria aumentar a quantidade de atividades dele, já que ele acabava primeiro que os outros. Foi agindo assim que a professora pode resolver o problema. Sem desmerecer ninguém, a escolinha queria “tranquilizar” o aluno com remédio calmante.

Para melhorá-lo, a mãe passou a conversar com o filho durante o sono dele, falando-lhe baixinho e dizendo-lhe que ele precisava ficar mais tranquilo e mais calmo. Com essa atitude a mãe foi sendo vitoriosa, insistindo na disciplina e na educação dos seus instintos e dizendo-lhe que o amava muito. Hoje, com 9 anos, ele cuida do irmãozinho com tanto zelo que até parece o pai do bebê. O Heitor quando acorda já procura com os olhos o Lucius e fica muito feliz quando ouve a voz do irmão. Ao vermos o carinho e os cuidados do Lucius com o irmão, nós lhe dissemos: “Você cuida muito bem do seu irmãozinho”, e ele respondeu: “Cuido com amor e dou a minha vida por ele, se precisar”.

Essa é a dura realidade, atualmente. Mães chegando com os filhos, crianças de 3, 4 e 5 anos, aos consultórios médicos, dizendo que elas são agitadas, querendo que sejam tratadas com “calmantes” que a escola recomenda, porque eles não aguentam, devido às crianças não ficarem quietas. O que está faltando não são remédios, mas paciência, educação, amor e limites. . . Os psicólogos que analisam as crianças declaram que a maioria dos casos é apenas falta de disciplina, de limites, de amor. Problemas existem na família e na escola e não com as crianças.

Outro menino foi levado pela avó ao médico, pedindo que este desse um remédio para o menino que não parava sossegado; um menino de apenas 4 anos. O que estava acontecendo por trás desse problema? – O médico apurou, após conversar com a avó, que o pai o abandonou, a mãe é ausente, por trabalhar fora e, quando tem um tempo livre, sai com as amigas e não dá atenção e afeto para o menino, ficando este por conta da avó. Existem motivos para o menino estar agitado e a avó na ausência e na irresponsabilidade da mãe, apela para o remédio, que é mais cômodo do que agir educando. Há necessidade de disciplina, de exemplos, de educação e de carinho e amor.

O monge Agostinho, no “Evangelho Segundo o Espiritismo” nos recomenda: “Os vossos cuidados e a educação que lhes derdes, ajudarão no seu aperfeiçoamento e no seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará:  “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” –  É nosso dever amar muito as nossas crianças e educá-las desde o berço, como nos é recomendado e muitos males serão evitados. Eduquemo-las para termos uma geração futura melhor, com afetividade, caráter nobre, honra e fraternidade. Não devemos confundir educação com instrução;  educação é transmitida pela família desde o nascimento, e é possível até em quem não tem instrução.  Já  a  instrução  adquirida  nas  escolas,   sem  a  educação  e  sem  os  sentimentos  de fraternidade e amor pode gerar mentes destruidoras.

Os espíritos que estão reencarnando na Terra, atualmente, na sua grande maioria são muito inteligentes, porém, muitos estão necessitados de aprender os sentimentos de humildade e amor, para vencerem o orgulho do conhecimento. Amor e educação são os medicamentos necessários para todos, em vez dos remédios que muitos pais usam sem necessidades. . .

Há filhos “companheiros”, afinados com seus pais, que encarnaram juntos visando crescerem em mútua cooperação, e há filhos “credores”, com os quais os pais têm que transformar e anular as dívidas do passado, mediante o trabalho de educação com amor. O lar é a valiosa e viva escola da alma. Reconduzido aos pais através do berço, o espírito vem humilde, pequenino, frágil, para aprender com eles, desde o período da gestação, pois está comprovado cientificamente que o feto já percebe sons, a palavra de paz, o gesto de carinho, do bem e do amor. Ao nascer ele vê nos pais as primeiras imagens da vida... Às vezes, mesmo sendo credores dos pais, não cobram as dívidas, graças ao esquecimento do passado e os desvelos dos genitores que o amparam no colo e nas mãos, para aprenderem os primeiros passos.

Nós, espíritas, já sabemos que o espírito, após seu nascimento no corpo físico, se encontra numa espécie de “dormência”, ligado muito mais ao mundo espiritual, até atingir os sete anos, quando se completa o processo reencarnatório.  Por conseguinte, nessa fase ele é muito sensível a influências, o que acontece ainda em menor intensidade até parte da adolescência. Daí o dever dos pais de serem educadores integrais, conduzindo seus filhos ao caminho da retidão, da ética cristã da fraternidade para com seus semelhantes, isto é, incutir-lhe bons sentimentos, aliados à noção de que são responsáveis por seus atos... Respeitando a individualidade de cada filho, corrigir-lhe os caprichos e as tendências inferiores, iluminando-lhe a estrada da existência através do esclarecimento lúcido e, principalmente, através dos exemplos edificantes. Nessa educação verdadeira, saber manter o equilíbrio, sem o exagero da disciplina nem da tolerância.

Nessa missão nenhum pai ou mãe pode alegar a impossibilidade de cumprir sua obrigação por falta de tempo. Como exemplo, lembramos o caso de um pai que, por trabalhar longe, saía de madrugada e só retornava tarde da noite para casa, só tendo possibilidade de estar com o filho, quando da sua folga de fim de semana. Normalmente, essa ausência poderia causar um baixo rendimento escolar no menino, entretanto, ao contrário, suas notas eram excelentes, o que levou a professora da escola a chamar o pai e com ele conversar.  Ele então lhe relatou que combinara com o filho que, toda noite ao chegar a casa, beijava o filho adormecido e dava um nó na ponta do lençol; assim, quando o filho despertava, sabia que o pai estivera junto dele, acariciando-o.  Sem dúvida que esse nó era um nó de afeto!

Qualquer criança necessita das referências dos adultos;  observa seus exemplos com mais atenção do que os conselhos e  precisa saber e compreender que há regras para o bem viver na existência. Necessita dos valores de respeito a si próprio e aos semelhantes e mais que isso, o futuro adulto deve ter nos pais, seus melhores amigos. Estes devem dar-lhe atenção, ouvir-lhe, exemplificar mais que proferir sermões ou castigar, falando-lhe ao sentimento e tratando-o com carinho, para o bom desempenho da missão. Só assim, teremos filhos, verdadeiramente companheiros e amigos e nossa tarefa terá sido compensada de êxito.

Lembremos sempre de que, antes de serem nossos filhos, eles são filhos primeiramente de Deus, assim como todos nós, que nos criou para o Amor e a Eternidade...



Bibliografia:
Jane Martins Vilela
+ acréscimos

Jc.

São Luís, 22/10/2010
Refeito em 7/6/2016

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