segunda-feira, 30 de junho de 2014

A CÓLERA




 As pessoas que se encolerizam facilmente não sabem, certamente, o mal que causam ao seu próximo e a si mesmo.  Segundo aprendemos na Doutrina dos Espíritos, a pessoa colérica é, sem nenhuma dúvida, a primeira vítima da cólera que não consegue reprimir, mas não é a única. A benfeitora espiritual Clara, no livro “Entre a Terra e o Céu”, refere-se ao tema, confirmando a impropriedade da cólera, dizendo: “Indiscutivelmente a cólera não aproveita a ninguém e não passa de perigoso curto-circuito de nossas forças mentais, por defeito na instalação de nosso mundo emotivo, arremessando raios destruidores, ao redor de nossos passos...” Em tais ocasiões, se não encontramos, junto a nós, alguém com o material isolante da oração ou nos chamar atenção com paciência, o súbito desequilíbrio de nossas energias estabelece os mais altos prejuízos à nossa existência, porque as ações desvairadas, se interiorizando, provocam a temporária cegueira de nossa mente, e descemos quase sem perceber a infelizes experiências da animalidade inferior. A criatura enfurecida é um dínamo em descontrole, cujo contato pode gerar as mais estranhas perturbações.
No capítulo IX de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, encontramos o seguinte comentário: “Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar. Em seu frenesi, o ser humano colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque lhe não obedecem. Se nesses momentos pudesse ele observar-se, ou teria medo de si mesmo, ou bem ridículo se acharia”.
Quando não fosse pelo respeito que deve a si mesmo, cumpria-lhe esforçar-se por vencer essa atitude que o torna objeto de piedade. Outra consideração deveria contê-lo: a de que torna infelizes todos os que o cercam.  Não lhe será motivo de remorso fazer sofrer os entes queridos a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar pelo resto da existência? Isto deve bastar para que o ser humano esforce-se por dominá-la. O espírita é concitado a isso por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristã.
“Que mundo é este?” - Nos dias atuais, ouvimos tal indagação em virtude das atrocidades sofridas pela sociedade. Atrocidades essas que vêm sido noticiadas constantemente pela mídia, como também as não noticiadas por essa via, mas que tomamos conhecimento no nosso dia-a-dia. Fatos esses que nos infelicitam, gerados por pequenos e grandes distúrbios emocionais e/ou psíquicos e, entre eles, destacamos o estado colérico, por tratar-se de fator responsável por desgraças cometidas nas ruas, nas famílias e na sociedade.
Com a cólera em ação, temos mortes no trânsito, em locais destinados ao lazer, e ainda, nos bares, boates e lanchonetes, sem falar nas mortes em ambientes escolares, de trabalho, nas vias públicas, nas praças e becos espalhados pela cidade. A manifestação da cólera, quase sempre, está ligada a circunstâncias ligadas a interesses pessoais. Pode ela se manifestar em qualquer tempo ou ocasião, mantendo-se, porém embutida no âmago do ser,  alimentando-se de pensamentos de raiva, desprezo, inveja, mágoa e rancor, ressentimentos esses que podem a qualquer momento despertar a “fera” aprisionada pelas conveniências sociais. Tantas desgraças e muitos crimes nasceram de pequenos atritos e pequenos desgostos que, uma vez cultivados, levam o ser humano a comportar-se e agir como um animal enlouquecido.
Tudo isso poderia ser evitado se o código divino contido no Novo Testamento fosse seguido e propagado entre as pessoas. Mas ainda não é assim!  Hoje, mais do que ontem, é preciso divulgar e expandir esses ensinamentos entre as pessoas do nosso relacionamento ou não. O materialismo causador do egoísmo e do desejo de posses terrenas é o grande vilão. Ele invade as igrejas, estimulando “as ofertas e oferendas” a título do “dai para receberdes” onde alguns se beneficiam usando a miséria de outros. Ele invade os lares através do consumismo estimulado pela mídia, invade a existência do cidadão iludido pelas aparências do “quem tem mais é o melhor e o mais aceito”, não importando tanto se o “ter” lhe chegou às mãos por meios lícitos ou não.
Por estas e outras razões, as pessoas desavisadas e distraídas pelas ilusões materialistas, propiciam ambientes mentais e físicos extremamente favoráveis para que espíritos desordeiros, enganadores, vingadores e usurpadores, que são sofredores, “deitem e rolem” na bagunça dos sentimentos desvirtuados do bem e de valores morais do ser em evolução.  O que fazer então?  Como todo mal nasce dos sentimentos contrários ao bem, á resposta é simples: “Cultuar os sentimentos do bem em quaisquer circunstâncias que se nos apresente”. Entretanto, esse trabalho requer esforço e sacrifício, cabendo aos espíritas, desenvolver métodos para que estes ensinamentos de Jesus se expandam nas pessoas objetivando o aprimoramento espiritual. Isto resultará na tão almejada Paz.  Para tanto, é preciso buscar apaziguar os tumultos existentes.  Tumultos gerados por pensamentos e  ações  menos felizes,  que fervilham  nas  mentes humanas  e que,  por sua vez,  acabam perturbando e levando outras mentes a conviver e a compartilhar dessas situações infelizes.
O Livro dos Médiuns nos informa no capítulo XX, quanto somos influenciados pelos Espíritos e até conduzidos por eles, na rotina dos nossos dias. Esclarece ainda que essa influência pode ser positiva ou negativa, dependendo do teor   da vibração emitida por nós mesmos e nossos pensamentos, atraindo ou repelindo aqueles que nos são afins. Tais influências ocorrem em todos os locais, especialmente naqueles que nos possibilitam o exercício do bem e o salutar convívio familiar ou social.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo IX, nos informa que “o orgulho de nos crermos mais do que somos e não suportarmos uma comparação que nos possa rebaixar, e ainda, nos julgarmos acima dos nossos irmãos, seja como espírito, seja na posição social, enfim, que nos cause qualquer irritação, nos assalta a cólera. Procuremos a origem desses acessos de demência, que nos assemelham aos animais ferozes, nos fazendo perder o sangue-frio, a calma e a razão, e vamos encontrar, quase sempre, o orgulho ferido. As próprias impaciências que causam contrariedades prendem-se à  importância que se atribui à nossa personalidade, diante da qual nos cremos,  tudo deve nos obedecer. Que julgue por aí a impressão que deve produzir sobre as outras pessoas. Se sabemos que a cólera não resolve nada, ela nos altera a saúde, compromete-nos a existência e a primeira vítima somos nós mesmos.  
“Ide e pregai a paz e a serenidade, que as populações receberão com alegria as vossas palavras de orientação e consolação, de fraternidade, de esperança e de amor”. Parti, pois, cheios de coragem, para remover essas montanhas de cólera e iniquidades que as gerações futuras não devem conhecer, senão como pertencentes á idade das lendas, da mesma maneira como conhecemos  vagamente, os períodos anteriores, da civilização pagã. Atentai, pois, no vosso caminho, e buscai a mansidão e a verdade, para o vosso aprimoramento espiritual e agradecei a Deus a tarefa que vos concedeu...

Bibliografia:
Tânia Regina Reato
Jornal “O Imortal” – 02/2003
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”
“Livro dos Médiuns”
Astolfo O. de Oliveira Filho
Jornal “O Imortal” – 06/2014
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 26/02/2013
Refeito em 27/06/2014

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