sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MARANHÃO, SEUS ENCANTOS, LENDAS, TRADIÇÕES





 
O Brasil tem paisagens deslumbrantes com muitas cachoeiras e rios de dar inveja aos outros paises. Paraísos ecológicos espalham-se por 43% do território nacional, mas, ainda assim, o país é um anão no ramo do turismo e eco-turismo, uma modalidade que rende fortunas a países sem tantos atrativos. A Embratur e o Instituto do Eco-turismo do Brasil já descobriram que o nosso país tem atualmente mais de 100 roteiros turísticos e ecológicos com potencial para exploração turística.

 

Neste ano em que comemoramos os 400 anos de fundação da cidade de São Luis,  ela além de ser “Patrimônio Cultural da Humanidade”, foi escolhida também como “Capital Americana da Cultura”. São Luis, a única cidade fundada pelos franceses em 8 de setembro de 1612, por Daniel de La Touche, Senhor de Laravardière, a que chamou de França Equinocial, de onde foram expulsos poucos anos depois pelos portugueses. Em 1621, Felipe II rei da Espanha e Portugal dividiu a colônia brasileira em dois estados: Estado do Maranhão com a capital em São Luis e Estado do Brasil com capital em Salvador, tendo a divisão, permanecido até o ano de 1774.   Inicialmente chamada de Upaon-Açu pelos índios Tupi-guarani e Guajajaras, e Ilha Grande pelos portugueses, também ainda é conhecida como “Atenas Brasileira”, “Ilha do Amor”, “Cidade dos Azulejos”, e ultimamente chamada de Jamaica Brasileira, em virtude do reggae. Possui diversificada cultura, maior variedade de ecossistema no País com muitas praias, mangues e atrações proporcionadas por um sistema arquitetônico com cerca de mil e duzentos imóveis dos séculos XVII e XVIII, revestidos de azulejos e ruas com pedras de cantaria, remete o turista a um passado de riqueza e fausto.

 

Vamos conhecer um pouco de seus encantos culturas, tradições que existem em São Luís e no estado do Maranhão, pouco conhecidos dos turistas.  

 

Em São Luis, sempre existiram lendas e mistérios que até hoje povoam as mentes dos temerosos, e que são passadas ao longo dos anos, de geração em geração. Os casarões, suas ruas estreitas e seus becos de cantaria (pedras trabalhadas), são os palcos desses mitos e lendas que encantam os visitantes. Alguns deles chegam a ficar admirados com a arquitetura, tentando imaginar o que aconteceu em tais prédios, nos séculos passados, fazendo a imaginação retornar ao passado. As várias lendas da cidade fazem tanto sucesso entre os que acreditam, com seus diversos becos que transpiram tantos mistérios, que já se tornaram atração para o turismo. Dentre essas, destacamos as seguintes  LENDAS:

 

A lenda da carruagem de Ana Jansen, discutida matrona maranhense presente na vida econômica, social e política da cidade no século XIX. Conta á lenda que de noite, as pessoas ao pressentirem a aproximação de uma horrenda carruagem penada, fugiam aterrorizadas; pois se assim não fizessem, estariam sujeitas a receber da alma penada de Ana Jansen, uma vela acesa que amanheceria transformada em um defunto. A carruagem era puxada por cavalos decapitados, conduzida por um escravo também sem cabeça, e como corpo sangrando. Por onde ela passava, sons horríveis eram ouvidos com o coro das lamentações dos escravos.

 

A lenda da Serpente de São Luis. Conta-se que ao redor da ilha existe uma grande serpente, sempre a crescer, que estaria com a cabeça na Igreja da Sé e a cauda na galeria da fonte do Ribeirão. No dia em que a cauda alcançar a cabeça, o monstro reunirá todas as forças e, num grande abraço, comprimirá a porção de terra existente, fazendo desaparecer a ilha e a cidade de São Luis no oceano.

 

A lenda da manguda,  que consistia numa figura fantasmagórica, conhecida por trajar um chambre branco de mangas largas e compridas, que trazia pavor e sobressalto às crianças e a boa parte da população. Consta que seu rosto era coberto por uma máscara, e que da cabeça saía uma nuvem de fumaça que fazia as pessoas  desmaiarem apavoradas de medo.

 

A lenda da praia do Olho D’agua. Conta-se que naquele local havia uma aldeia indígena, cujo chefe era Itaporama. Sua filha apaixonou-se por um jovem da tribo, mas como este era muito bonito, provocou a paixão da “mãe d’agua” que, através dos seus poderes, conquistou-o e o levou para seu palácio encantado nas profundezas do mar. A índia perdendo seu amor, ficou muito triste, deixando de se alimentar e indo para a beira do mar, onde ficou chorando até morrer. De suas lágrimas, surgiram duas nascentes que até hoje correm para o mar, e deram origem ao nome da praia.

 

A lenda do Palácio das Lágrimas. Conta-se que na Rua de São João, em frente da igreja do mesmo nome, havia um casarão de três pavimentos, que foi ocupado em determinada época, por dois irmãos portugueses que vieram ao Maranhão, em busca de riquezas. Um deles conseguiu ficar rico enquanto o outro continuou na pobreza. Com inveja, o irmão pobre assassinou o outro a fim de herdar sua fortuna, já que o irmão não era casado, vivendo amasiado com uma escrava. De posse dos bens herdados, passou a tratar a escrava e os filhos do seu irmão com extrema crueldade. Um dia, um dos filhos soube que o assassino do seu pai era o seu próprio tio e logo tratou de vingá-lo, jogando-o de uma janela do sobrado, matando-o. Descoberto o crime, e por ser ele escravo, foi condenado à morte na forca, levantada em frente ao casarão.  No momento do enforcamento, o condenado amaldiçoou o sobrado com as palavras: “Palácio, que vistes as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante, serás conhecido como palácio das lágrimas”. E assim o sobrado passou a ser conhecido até hoje, onde funciona atualmente a Faculdade de Farmácia.

 

Muitas outras lendas e histórias existem como o aparecimento de N. S. da Vitória, durante a batalha travada no Outeiro da Cruz, entre portugueses e franceses, que vão passando de geração em geração, e fazem com que a ilha de São Luis, tenha esses mistérios e encantos que fascinam e deslumbram os turistas que nos visitam...

 

São Luis possui o famoso conjunto arquitetônico da Praia Grande (Patrimônio da Humanidade), com sobrados e casarões da época do Brasil Colonial; entre eles o Palácio Cristo Rei, Palácio dos Leões, sede do governo estadual, o Palácio La Ravardiere, sede do governo municipal, Igreja Catedral da Sé, Teatro Artur Azevedo, Convento do Carmo, Palacete da Viração, Casa das Tulhas, Convento das Mercês, Casa da Cidade de São Luis, Fonte do Ribeirão, etc.,  belas praias, bons hotéis, ótimos restaurantes e um povo hospitaleiro, além de variadas tradições culturais que encantam os turistas.

 

As PRAIAS   São Francisco, São Marcos, Ipem, Caolho, Calhau,  Litorânea, Olho D’agua, Praia do Meio, Araçagy, Boqueirão e outras mais.

 

As IGREJAS   Entre outras temos  a Catedral, a Igreja de São João, a Igreja dos Remédios, a Igreja de São Benedito, Igreja do Desterro, Igreja de Santo Antonio, onde o padre Antonio Vieira proferiu o seu célebre sermão, e outras mais.

 

As UNIVERSIDADES  A historia delas começou com a implantação da Universidade Federal do Maranhão, em 1966, a Universidade Estadual do Maranhão em 1972, e o Centro de Ensino Unificado do Maranhão, 1989.

 

Os HOTEIS  Há diversos de boa categoria como o Rio Poty Hotel, Hotel Premier, Hotel Abbeville,  Hotel Vila Rica, Hotel Quatro Rodas e outros.

 

Os RESTAURANTES  Amendoeira, Dona Maria, Cheiro Verde, Feijão de Corda, Oriental, Vegetariano, Sabores do Maranhão e muitos outros, onde podemos degustar vários tipos de comidas, entre elas, o arroz de cuxá, a carne de sol, o vatapá, a juçara, a pescada rosa, o peixe pedra, a caranguejada, o camarão graúdo, churrascos, galinha a molho pardo, leitão assado e outras variedades. Refrigerante e sucos, temos: A Cola-Jesus (refrigerante rosa genuinamente maranhense) O suco de Assai (juçara), Bacuri, Cupuaçu, Murici e outras frutas.

 

ARTESANATOS  Da madeira, do tucum e das fibras naturais das palmeiras do babaçu e do buriti e das mãos de artesãos surgem uma infinidades de peças de variados formatos e utilidades, bem como rendas de bilros e as peças de cerâmicas que encantam e atraem os turistas.

 

As TRADIÇÕES  e  as  festas existentes aqui são variadas e de diversos tipos.  Para termos uma ideia da diversidade só no Bumba-Meu-Boi que é um dos festejos juninos, existe várias modalidades, com seus estilos e sotaques e apresentações, sem desrespeitar a lenda que dá origem ao auto. O Bumba-meu boi no Maranhão faz parte do ciclo das festas juninas dedicadas a Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal, que acontece todos os anos no mês de junho, mas, se prolongando até o mês de setembro quando acontece a matança do boi e o encerramento dos festejos. Nas segundas quinzenas de junho acontece o auge dos festejos, e nos bairros e outros locais, são instalados arraiais, cheios de luz e de colorido, com barracas para servir os assistentes e o palco para apresentação dos vários grupos folclóricos, sendo executados diversos tipos de músicas, de acordo com as apresentações.  É assim que vão se apresentando, a Quadrilha, o Tambor de Crioula, Tambor de Mina, Dança Portuguesa, Dança do Boiadeiro, Dança do Coco, Dança do Cacuriá, Dança da Fita, Dança de São Gonçalo, e o Bumba-Meu-Boi que se apresenta com uma dança à parte, dependendo do estilo, como a dança-mãe de todos e o núcleo da identidade maranhense; o espetáculo mais representativo do período junino, o único que não pode faltar nos arraiais, clubes, associações e nas ruas, onde a festa acontece. Ás vezes ele inicia e termina a programação de cada local. É a figura do Boi, sua imagem e identidade que serve de base para a propaganda e publicidade turística, para vender artesanato, para decoração dos arraiais e outros locais, para a divulgação da imagem do Maranhão em shows e exposições durante todo o ano. Nos locais de apresentações, pode-se adquirir CDs ou DVDs com as apresentações dos grupos. Antes, a brincadeira do Boi só tinha a participação masculina, mas na década de 80, ocorreu a inclusão de mulheres na brincadeira, identificadas como as índias, vaqueiras e até mesmo como diretoras das sociedades folclóricas. A diversidade dos estilos, dos adereços, da riqueza das vestimentas e das danças, apresenta um espetáculo inesquecível para qualquer assistente. Entretanto, não existe um único grupo igual a outro, de um total de mais de cem em atuação nas festividades. São vários, como já dissemos os sotaques dos Bois, entre eles os de Matracas, de Zabumba, de Pandeiro, de Orquestra, de Costa de Mão, Boizinho Barrica, etc. etc. etc.

 

Em frente à cidade de São Luis, atravessando a baia de São Marcos em lancha que atende os turistas, está localizada a cidade histórica de Alcântara, antiga capital do Estado, onde está atualmente localizada a Base de Lançamento de Foguetes da Aeronáutica. Nessa cidade, se realiza todos os anos, no mês de maio a festa do “Divino Espírito Santo”, relembrando o passado do reinado no Brasil. Ali ainda existe em uma praça o pelourinho onde eram amarrados e chicoteados os escravos fujões, bem como alguns casarões bem antigos, inclusive o que iria abrigar o imperador D. Pedro, que terminou por cancelar sua viagem ao Maranhão. Distante de São Luis, 32 quilômetros, se chega à balneária e aprazível cidade de São José de Ribamar, cidade de romeiros e de pagadores de promessas, santo que a Igreja Católica adotou como padroeiro do Maranhão.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

 

A lenda e origem de São José de Ribamar  Conta-se que certa vez, uma nau portuguesa resolveu contornar a ilha, e, chegando em determinado lugar, distraíram-se os navegadores admirando a paisagem, sem saber que as vazantes da maré, na costa maranhense são bem acentuadas e em virtude disso, a nau terminou ficando encalhada na areia. Eles, por muitos dias, tentarem libertar a nau sem sucesso, até que um deles, devoto de São José das Botas, existente em Portugal, rogou ao santo e prometeu que, se o navio voltasse a flutuar, ele em retribuição, quando voltasse a Portugal e retornasse a esta ilha, traria uma imagem de São José e faria uma capela onde colocaria a imagem. Veio então uma maré de Lua Cheia e a nau desencalhou; e tempos depois, conforme prometera o português voltou e colocou a imagem de São José das Botas numa capela. Consta ainda que a capela construída por ele ficava de frente para o mar. Quando os moradores resolveram fazer uma igreja para substituir a capela, fizeram-na de frente para a vila e de costas para o mar. Em virtude disso, conta ainda á lenda que a imagem sempre sumia da igreja e aparecia na capela em frente ao mar. Os moradores resolveram então para satisfazer o Santo, construir outra igreja, no mesmo local, porém voltada de frente para o mar, que está até hoje. O nome de Ribamar, pois, deve-se ao fato do santo haver levantado o mar desencalhando a nau; ou seja: “Arriba-mar”, arribou o mar (levantou o mar), que o povo simplificou para “Ribamar”, e que deu nome ao povoado, hoje cidade turística e venerada. É por isso que a imagem de São José de Ribamar, que existe na igreja, usa botas e não sandálias, como era o costume, usada por José, carpinteiro, pai de Jesus.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

 

Aqui no Maranhão, possuímos alguns ENCANTOS, ainda desconhecidos dos brasileiros, ricos de paisagens e atrações diversas que poderiam ser desenvolvidas e trazer muitos benefícios para o estado. A revista “Veja” de 6/10/1999, publica uma reportagem sobre as Reentrâncias Maranhenses, na costa norte do estado, onde as atrações são as ilhas e os manguezais repletos de aves, como guarás e colhereiros, além das pescadas amarelas e camarões que são abundantes na cidade de Cururupu.

 

Parque dos Lençóis Maranhenses.  Para se chegar até lá, existe uma linha de ônibus que sai de São Luís diariamente, ou de carro pela BR-135 até Bacabeira, vira-se a esquerda no sentido da cidade de Rosário, atravessando o Rio Itapecuru, segue-se no sentido da cidade de Axixá, atravessando o Rio Munim, chega-se a um cruzamento onde a direita leva a cidade de Morros onde existe o rio Uma, de águas límpidas, com barracas para atender os banhistas; retornando à estrada principal, prossegue-se no sentido da cidade de Barreirinhas e após 250 quilômetros, chega-se a essa cidade. No parque existem Castelos de Areia que se move de lugar a cada dia, várias lagoas de água salgada e de água doce proveniente das chuvas. O rio Preguiças banha a cidade de Barreirinhas, localizada na fronteira do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, na costa leste do estado, que são uma atração a extasiar os que visitam a região. Entre palmeiras e coqueiros e para vencer o areal da estrada, é usada uma camioneta com tração nas quatro rodas e atravessando o rio Preguiças, começa a aventura rumo ao parque nacional e seus 155 mil hectares de areia. Finalmente o encontro com o deserto e uma surpresa: a areia é fria, uma delícia de pisar, de deitar, de rolar... Ali nos deparamos com os Castelos de Areia que chegam a atingir 30 metros de altura; a cada duna um desenho diferente toma forma. O vento sopra e levanta uma fina camada de areia que apaga as pegadas e seus vestígios. A alma incorpora a figura de um beduíno, nômade do deserto, que, ao contrário do Saara, onde a água é escassa, a buscar no passo seguinte o encontro com a água das lagoas criadas pelas chuvas que caem de janeiro a junho, e chegam a atingir até 3 metros de profundidade, com águas transparentes que dá para ver o fundo e tão límpidas que dá para beber; afinal, dizem que Deus é brasileiro.

 

Descendo o rio Preguiças em barcos a motor, após 16 km depois da cidade de Barreirinhas, chega-se a Caburé; descendo mais um pouco o rio, chega-se ao povoado de Atins, onde de um lado o rio do outro o mar, divididos apenas por uma faixa de areia e coqueiros. Esse local é o lugar certo para deixar-se relaxar, comer uma peixada na panela de barro, usufruir da tranqüilidade, da brisa e balançar em uma rede ao luar. Ali, na localidade de Mandacaru, está localizado um velho farol de 150 degraus, que é preciso muito fôlego para vencê-los. No alto do farol, a visão é incrível; o mundo de coqueiros o rio e as dunas com suas lagoas, a praia e o mar, muito mar...   É um encanto para qualquer pessoa. Para esse passeio, quem tem condições financeiras, o melhor é tomar um táxi aéreo e curtir o visual da viagem. Para outras informações: Tel: 0-98-32317065 Fax 0-98-32326041.

 

No sul, localiza-se a cidade de Carolina, distante 220 quilômetros da cidade de Imperatriz, onde existem cachoeiras paradisíacas no Rio Itapecuru, em Pedra Caída e também na cidade de Riachão, que são visitadas por muitos turistas.

 

Finalmente, o  Delta do Rio  Parnaíba,  entre as divisas do Maranhão e do Piauí, com suas inúmeras ilhas e praias de água salgada e doce e seus encantos naturais.

 

 

 

 

Bibliografia:

Francisca Ester de Sá Marques

Revista “Espírito de Aventura” –nº 3 – 3/1999

Marcos Gusmão - Revista “Veja” – 10/1999

Maria Nadir Nascimento

Livro “História do Maranhão” – 2001

Livro “Enciclopédia do Maranhão”

 

 

 

Jc.

S.Luis, 23/4/2012

Refeito em 25/10/2013

 

 

 

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