sábado, 21 de maio de 2011

VICENTE DE PAULO

VICENTE DE PAULO, Expoente da Codificação

Vicente de Paulo nasceu dia 24 de abril de 1581, na aldeia Pouy, sul da França. Ele foi batizado no mesmo dia de seu nascimento. Era o terceiro filho do casal João de Paulo e Bertranda de Moras, camponeses profundamente católicos. Os seis filhos receberam o ensinamento religioso em casa através da mãe. A família possuía terras e um rebanho de vacas, ovelhas e porcos. Vicente era encarregado de levar o rebanho a pastar e seu olhar se perdia na contemplação da natureza. Cedo, nele se manifestaram a inteligência aguda, o olhar observador, o espírito vivo, o coração generoso e a sincera devoção a Maria, mãe de Jesus, o que motivou seus pais a encaminhá-lo aos estudos eclesiásticos, findo os quais Vicente, aos 19 anos, ordenou-se sacerdote.

Ele fez seus primeiros estudos em Dax, onde, após quatro anos, tornou-se professor. No ano de 1604 recebeu o título de bacharel, o que lhe permitiu concluir os estudos de teologia na Universidade de Toulouse. Logo que foi ordenado sacerdote, em 23 de setembro de 1600, ele passou pela primeira provação: uma viúva que gostava de ouvir suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou-lhe uma herança – uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha. Ele então seguiu para essa cidade, contudo, no retorno dessa viagem, em 1605, o navio em que se encontrava foi atacado por piratas turcos. Vicente sobreviveu ao ataque, mas foi feito prisioneiro. Os turcos o conduziram a Tunis, onde ele foi vendido como escravo. Ele foi inicialmente vendido a um pescador, depois a um químico. Com a morte deste, passou a servir o sobrinho do químico, que o vendeu para um fazendeiro que fora antes católico, mas, com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana.

O fazendeiro tinha três esposas: uma era turca, a qual, ao ouvir os cânticos do jovem escravo, sensibilizou-se e quis saber o significado do que ele cantava. Ciente da sua história, ela censurou o marido por ter abandonado uma religião tão bonita. O fazendeiro então se arrependeu e propôs a Vicente uma fuga para a França, fato que só ocorreu dez meses depois, já em 1607. Em uma pequena embarcação, eles atravessaram o Mar Mediterrâneo e conseguiram chegar à costa francesa, onde encontraram o vice-legado do Papa. Vicente voltou, então, à condição de sacerdote e o renegado, após abjurar sua crença no Islã, voltou para a Igreja Católica. Vicente e o renegado ficaram vivendo por algum tempo com o vice-legado. Durante sua estada na cidade, ele pôde freqüentar a Universidade, formando-se em Direito Canônico e o fazendeiro foi então admitido em um mosteiro tornando monge.

Em determinada ocasião o Papa precisou mandar um documento sigiloso para o rei Henrique IV da França e o padre Vicente foi escolhido como mensageiro. O rei Henrique após receber a mensagem o nomeou capelão da rainha Margarida de Valois, a rainha Margot. Em sua função de capelão ele distribuía esmolas aos pobres e fazia visitas aos enfermos do hospital de caridade, em nome da rainha. Depois do assassinato de Henrique IV, em 1610, Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fundada pelo cardeal Pierre de Bérulle, embora continuasse a viver no mundo dos grandes e ricos.
Ele se tornou o doador de esmolas da rainha Margarida e protegido da senhora De Gondi, até o dia em que optou por se dedicar à instrução e ao serviço dos camponeses, lhe sendo designada a paróquia de Châtillon, uma das problemáticas e mais desleixadas da região.

Num domingo, ele recebeu a notícia de que uma família miserável estava prestes a morrer, por estarem todos doentes. Alertados pelo seu sermão, os paroquianos se dirigiram à casa da família e prestaram-lhe auxílio. O cérebro de Vicente de Paulo lhe fervilhou: “Eis aqui uma grande caridade”, pensou, “mas está mal organizada”. Idealizou então, a criação de uma Associação e no dia 20 de agosto de 1617, graças à sua iniciativa, nasceu uma associação de mulheres com o objetivo de visitar, alimentar e prestar aos enfermos, todos os cuidados indispensáveis; nascia a Confraria do Rosário, e todos os dias realizavam visitas aos doentes.

Três anos depois, em 1620, Vicente instituiu a Confraria da Caridade dos Homens. As mulheres se dedicavam aos doentes e as viúvas, os homens deviam de dedicar aos velhos, os órfãos e os prisioneiros. Homem de visão, Vicente de Paulo orientava as Confrarias, incentivando a organização de cooperativas agrícolas, ensinando novos métodos de cultivo da terra, implantando, nas cidades, pequenas manufaturas para produzirem objetos de uso na região e, finalmente, criando centros de aprendizagem onde as crianças indigentes, pudessem receber educação cristã e aprender uma profissão, a fim de tirá-las da miséria. Como poderia Vicente falar-lhes das coisas espirituais? Era necessário primeiro, melhorar-lhes as condições de vida, visto que apodreciam vivos na miséria. O alimento era pão preto, a água era poluída e os golpes de chicote eram constantes.

Naquele período, a Marinha francesa estava em expansão e para resolver o problema da mão-de-obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés, por pequenos delitos comuns. Vicente de Paulo empenhou-se nessa missão, lutando por mais dignidade por aqueles prisioneiros, que viviam em condições sub-humanas. No trabalho em favor dos condenados às galés, ele chegou até a se colocar no lugar de um deles para libertá-lo. Intercedeu Vicente junto ao general das galés, Sr. Manoel de Gondi, e conseguiu realizar sensíveis mudanças. Oferecia-lhes cuidados corporais, distribuía alimentos entre eles, consolava-os, falava-lhes do Jesus e do Evangelho, chamava-os de “meus filhinhos”. Ele amava profundamente as pessoas e, por isso, mostrava-se incansável na descoberta das misérias humanas de ordem material e espiritual, socorrendo pessoalmente ou enviando as Damas da Caridade a hospitais, prisões, asilos, escolas e às ruas.

Vicente de Paulo foi um mestre na arte de conquistar corações. Conseguiu o apoio de muitos nobres e ricos para atender os seus pobres. Tinha amigos como a rainha Ana da Áustria, que lhe mandou ajuda material durante o longo período da guerra que assolou a França, sustentando a obra das crianças abandonadas; Maria, duquesa de Aiguillon, que o auxiliava em todas as suas obras caritativas; o rei Luis XIII, que assistia os doentes, apoiava e incentivava com bens materiais, inúmeras obras vicentinas; Luísa de Marillac, muito trabalhadora, visitando e coordenando as diversas Confrarias da Caridade, em redor da cidade de Paris.
Desde os 35 anos de idade, Vicente sentira o desconforto da doença em sua própria carne. As pernas e os pés inchavam, chegando um tempo, em 1645, que ele já sentia dificuldade para se manter a cavalo, para realização das suas viagens. Aos 74 anos, precisou ficar encerrado por muitos dias em seu quarto, enquanto a febre se instalava em seu corpo. Era com dificuldades e o auxílio de uma bengala, que conseguia dar alguns passos, contudo, dotado de indomável energia, ele continuava proferindo as palestras, em todas as manhãs, aos seus discípulos, demonstrando serenidade e lucidez, apesar das dores atrozes que o atormentavam.

Diante da morte iminente, brincava: “Em breve enterrarão o miserável corpo deste velho, que se transformará em cinzas e o pisarão com os pés.” Então, em 27 de setembro de 1660, antes que o sol se levantasse sentado numa poltrona, perto do fogo, Vicente de Paulo desencarnou. Era um pouco antes das cinco horas da manhã, hora em que ele habitualmente se punha em oração. Os pobres, mais do que ninguém, lamentaram e sofreram com a morte do seu benfeitor, amigo e pai.

Referindo-se a ele, o espírito de Francisco de Paula Vitor, pela psicografia de Raul Teixeira, escreveu: “Verdadeira luz a brilhar, no século XVII, seus exemplos de dedicação e fidelidade ao Mestre Jesus, contagiam inumeráveis corações que, depois dele, investem tempo e a existência aos serviços portentosos, em prol da instalação do reino dos céus na Terra.”

Esse Espírito abnegado, está presente como um dos colaboradores do Consolador Prometido, assinando as respostas às questões de números 888 e 888-a, de “O Livro dos Espíritos”, em que igualmente assinou, junto com outros Espíritos eminentes, os Prolegômenos, nas mensagens de nºs XX e XXVI do Capítulo XXXI de “O Livro dos Médiuns” e no item 12 do capítulo XIII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Nessa mensagem, especialmente, é que demonstra a grandeza do seu coração, externando: “A Caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador...”



Bibliografia:
“Vicente de Paulo, servidor dos pobres” – Ed. Paulinas
Jornal ‘Mundo Espírita – maio/2001
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “0 Imortal” – 11/2008

Jc.
S.Luis, 19/05/2011

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