A família, como todos sabem, é o
bem maior e mais valioso que Deus nos concede no processo reencarnatório. Por
esse motivo a Doutrina dos Espíritos nos tem ensinado sobre o papel e a
importância dessa instituição, que muitas pessoas só valorizam, quando a
perdem.
Emmanuel nos diz que habitualmente, somos
nós mesmos que escolhemos a formação da família, antes do renascimento
terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da
casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos, engenheiros, pedreiros
e auxiliares. Chico Xavier afirmou também: “chamamos a nós, antigos companheiros de
aventuras infelizes programando-lhes a volta em nosso convívio e prometendo-lhes
socorro e oportunidades, em que se lhes reedifique a esperança de resgates e
evolução”. Outras vezes vemos dois seres nascidos de pais diferentes, serem
mais irmãos pelos laços espirituais do que se o fossem pelos laços de sangue.
O ambiente familiar tem, pois,
suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos
aqueles que se comprometeram, na Espiritualidade, a desenvolver na Terra uma
tarefa construtiva e de fraternidade real e definitiva. Preponderam nesse
instituto divino, os elos do amor para alicerçar as experiências de outras
existências. Mas, acorrem igualmente os ódios e as perseguições do passado
tenebroso, a fim de se transformarem pela aceitação sanguínea, em solidariedade
fraternal com vistas ao futuro.
Os integrantes das famílias
humanas quase sempre, são espíritos vinculados ao casal, ora mais fortemente ao
pai, ora mais ligados ao lado materno, em face das próprias necessidades de
aprimoramento e auto corrigenda, resgate e progresso. Em vista disso, cooperam
em ações decisivas, na aproximação dos futuros pais, que lhes possibilitem a
nova existência pelos processos da gravidez, reclamando naturalmente, a quota
de carinho e atenção que lhes é devida. Entretanto, pode acontecer que um mau
espírito peça a oportunidade de renascer como filho/a de pais bons, na
esperança de que seus conselhos e exemplos o encaminhem para uma jornada
melhor, e, frequentemente, Deus concede essa solicitação, como registra “O
Livro dos Espíritos” na questão 209. Falando de uma pessoa cujo caráter, gostos
e inclinações não têm nenhum semelhança com
os de seus parentes, parece que ela não é
da família. A animosidade e a rebeldia de certos filhos
têm essa origem, como também pode ser que sejam espíritos endividados ou
credores, uns dos outros, que precisam vir na mesma família, para que sejam
efetuados os resgates necessários para a evolução de todos.
Os pais podem melhorar os
espíritos dos filhos a quem deram nascimento e que lhes foram confiados,
através de conselhos, orientações e exemplos, pois esse é o dever. Os maus
filhos são uma prova para os pais, prova essa que pode ser vencida, se os pais
encararem os filhos, não como um peso, mas como uma oportunidade real de
progresso para todos os envolvidos.
Na questão 385 do “Livro dos Espíritos”,
podemos colher os esclarecimentos a que entendamos o porquê e a finalidade da
existência da infância. As crianças – ensina o Espiritismo – são os seres que
Deus envia em novas existências, dando-lhes novas aparências da inocência.
Mesmo em uma criança cujo espírito é mau, suas faltas são desculpadas com a não
consciência dos seus atos. Essa inocência não representa uma superioridade; é
tão somente a imagem de que elas deveriam ser, quando crescerem, e se não o
forem, é sobre esses espíritos que as animam que recai o resgate. Se não fora
assim, o amor dos pais seria enfraquecido à vista do caráter inferior e rude do
filho/a; enquanto que, crendo-os dóceis e bons, dão-lhes toda a sua afeição e
os cuidam de todas as atenções. Logo, porém, que os filhos não têm mais
necessidade dessa assistência, por terem crescidos, seu caráter real reaparece
em toda a sua realidade. Conservam-se bons, se já eram espíritos com alguma
evolução, ou se revelam com as suas deficiências, ocultas na infância, se são
espíritos atrasados.
A infância tem, ainda, outra
utilidade. É que os espíritos reencarnam para se aperfeiçoarem, e a fraqueza da
pouca idade, os torna flexíveis e acessíveis aos conselhos da experiência e dos
bons exemplos, daqueles que os devem fazer progredir. É quando se pode reformar
seu caráter e reprimir suas más inclinações. Esse é o dever que Deus confiou
aos pais, missão sagrada pela qual deverão responder. Por isso a infância na
existência, não é somente útil, necessária, indispensável, mas ainda é a
conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.
A missão dos pais é um dever
muito grande, que obriga a ter responsabilidades muito mais do que pensamos. As
questões de nºs 208, 582 e 928 do “Livro dos Espíritos”, tratam com detalhes do
assunto. Deus coloca o filho/a sob a guarda dos pais, para que estes o dirijam
no caminho do bem, e facilitou a tarefa dando ao filho/a uma organização frágil
e delicada, que torna acessível a todas as impressões. Entretanto, há pais que
se ocupam mais com outros assuntos, sem assumirem o trabalho de encaminhar e
cuidar do caráter do seu filho/a. Se este fracassar, carregarão a pena e os
sofrimentos tanto o filho como os pais, porque não fizeram o que tinham de
fazer encaminhando-o para o caminho do bem.
Com respeito ainda á
responsabilidade dos pais com relação aos filhos, é importante ter em mente a
seguinte questão formulada por Kardec aos Espíritos Superiores, sob o nº. 892:
“Quando os pais têm filhos que lhes causam desgostos, são os pais desculpáveis
por não terem por eles a ternura que teriam no caso de serem bons?” Resposta
dos Espíritos: “Não, porque isso é um fardo que lhes é confiado, e a missão dos
pais é fazer todos os esforços para reconduzi-los ao bem. Estes desgostos são
também com freqüência resultado dos maus hábitos que os pais deixaram os filhos
tomarem desde pequena idade: eles colhem então a semeadura da indiferença que
dispensaram aos filhos”.
Evidentemente, ensina a Doutrina
dos Espíritos, se o filho se torna mal apesar dos cuidados e exemplos dignos
dos pais, estes não serão responsáveis. Entretanto, quanto mais as disposições
da criança forem más, mais penosa é a tarefa e maior será o mérito dos pais, se
conseguirem desviá-la do mau caminho. A natureza deu à mãe, o amor para com o
seu filho, no interesse de sua evolução. Se entre os animais, esse amor é
limitado às necessidades materiais, e cessam quando os cuidados se tornam
inúteis, entre os seres humanos, esse amor dos pais pelos filhos, persiste por
toda a existência, comportando um devotamento e uma abnegação que constituem
uma virtude, e muitas vezes, perduram até mesmo após a morte física que os
separa.
Existem, no entanto, casos em que
a mãe odeia o filho, às vezes até antes do nascimento. Por que isso
ocorre? – Responderam os Espíritos
Superiores: “Algumas vezes é uma prova escolhida pelo espírito do filho, ou uma
expiação (resgate), se ele foi mau pai ou mãe em outra existência. Em outros
casos, a mãe má, não é senão um espírito inferior, que se esforça por
dificultar a existência do filho; mas essa violação das leis da natureza, pela
mãe, não ficará impune, e o espírito do filho será recompensado pelos
obstáculos que haja superado”.
Orientam ainda os Espíritos na
questão 888: “Todo Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento e sua
situação como reencarnante ou errante, está sempre colocado entre um superior
que o guia e o assiste, e um inferior diante do qual tem os mesmos deveres a
cumprir”. Os laços da família espiritual não são destruídos pela reencarnação,
como pensam muitas pessoas. A reencarnação apenas os separa momentaneamente, e
após a volta para a Espiritualidade, os espíritos afins se reencontram.
Frequentemente, esses espíritos que formam a família espiritual, se juntam numa
mesma família, ou num mesmo círculo familiar, para trabalharem em conjunto, o
progresso de todos.
É bem conhecida a posição de
Kardec e dos instrutores espirituais acerca da importância da educação
principalmente para a reforma do ser humano e do mundo em que vivemos, assunto
em que o lar e a família têm influência decisiva.
Tratando das mazelas sociais e
das leis que são criadas para coibi-las, os instrutores espirituais asseveram
que, infelizmente, essas leis visam punir o mal quando já praticado, e não combater
o mal na fonte. Somente através da educação e da religião é que se podem
reformar os seres humanos. E reformados não terão mais necessidades de leis tão
rigorosas e de prisões. Esse é o ponto de partida, o elemento real do bem-estar,
a garantia da segurança e da paz para todos. Kardec não se refere a educação
intelectual, pois o ser humano pode direcionar essa inteligência para fazer o
mal, mas àquela que consiste na formação do caráter; a que dá hábitos
saudáveis, porque a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.
Quando se observa na população,
grande massa de indivíduos sem princípios, sem freios e entregues aos seus
próprios instintos... podemos imaginar as consequências desastrosas que disso
resultarão. Quando o ser humano receber a educação na família, terá no mundo
hábitos de ordem, de respeito que lhe permitirá viver dias menos difíceis e
dolorosos.
Allan Kardec na questão 775, do
“Livro dos Espíritos”, pergunta a respeito dos laços de família e os Espíritos
Superiores, respondem: “O relaxamento desses laços faria o recrudescimento do
egoísmo”. Emmánuel, pensa também desse
modo ao dizer:” De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é
o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a
existência”. É preciso que tenhamos em mente, no entanto, que a casa não é
apenas um refúgio de alvenaria e madeira; é o lar onde a união e o
companheirismo deve se desenvolver.
André Luiz diz que a paisagem
social da Terra, se transformaria para melhor se todos nós, quando na condição
de seres humanos, nos tratássemos, dentro de casa, pelo menos com a cortesia que
dispensamos aos nossos amigos na rua. Enfeitemos o nosso lar com os recursos da
gentileza e do bom-humor. Colaboremos no trabalho dentro do lar, tanto quanto
possível. Sem a organização o companheirismo e a distribuição de tarefas,
torna-se impossível conservar a ordem e o bem estar dentre de casa. Recordemos
que precisamos tanto dos nossos entes queridos e familiares, quanto eles precisam de nós. Os pequenos
sacrifícios em família formam a base da felicidade para todos no lar.
Jesus nos ensina na passagem em
que sua mãe e irmãos lhe procuram que existem duas espécies de família; as
famílias pelos laços corporais e as famílias pelos laços espirituais; as
primeiras são frágeis, como á matéria e se dissolvem com o tempo; as segundas,
são duráveis, se fortalecem e se perpetuam no mundo espiritual, através das
diversas existências terrenas. Jesus não negligenciou nenhuma oportunidade de
dar um ensinamento; tomou a que lhe oferecia a chegada de sua família para
estabelecer a diferença que existe entre o parentesco corporal e o parentesco
espiritual. Foi isso que Jesus quis fazer compreender, ao dizer aos apóstolos:
“Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe”.
Divaldo Franco foi abordado certa
vez, por uma mãe desesperada que lhe pediu socorro, por causa de uma filha que
estava muito revoltada com ela. Divaldo disse-lhe que deveria durante o sono da
sua filha, conversar e orar por ela, diariamente, até que a filha melhorasse.
Essa situação muito atual, nos dias de hoje, leva muitos pais a consultórios
médicos e psiquiatras, buscando socorro para os filhos com problemas de
irritação, ansiedade, pavores, agressividade, timidez, etc. Diz um Espírito
Superior que com essa atitude dos pais, principalmente da mãe, utilizando-se do
período em que a criança dorme, para infundir-lhe coragem e anular as
impressões negativas, conversando e envolvendo-a com amor, poderá minimizar e
até eliminar os problemas. O inconsciente receberá as informações que serão
arquivadas e posteriormente, irá reestruturando a personalidade
infanto-juvenil. Não apenas o ato de falar, mas a vibração e a emoção da oração
acompanhada da palavra é que fará alcançar o desejado.
O psicoterapeuta francês, Émile
Coué, do Instituto de Educação Psíquica de Nancy, na França, dá o seguinte
conselho aos pais: “Devemos contribuir para extinguir os defeitos e as
qualidades negativas da criança, aplicando-lhe a sugestão da seguinte
maneira: “Todas as noites, assim que a
criança adormecer, se achegar ao leito, com cuidado para não despertá-la,
parar a meio metro de distância, e
dizer-lhe de quinze a vinte vezes seguidas, em voz baixa (murmurando), a coisa
ou coisas que se deseja dela, como, que seja uma criança boa, fraterna e
caridosa”. A orientação, portanto, é que a mãe converse com muito carinho com a
criança enquanto dorme, dizendo-lhe que a ama muito e que como mãe fará o
possível para ajudá-la. Que aproveite a oportunidade que o amor divino lhe
concede para harmonizar-se e melhorar-se. Com fé em Deus, tudo vai melhorar.
Vivemos momentos dolorosos de
agressividade acentuada. Por isso é necessário que nos melhoremos, amando um
pouco mais e ensinando os nossos filhos a amarem também e serem pacíficos. Se
assim fizermos, um dia as penitenciárias se esvaziarão e as armas ficarão
inúteis, pois é pela elevação moral que se melhora um povo, uma nação, e não
por leis... Procuremos fazer a nossa
parte, não importando a tempestade que existe lá fora, porque ela também vai
passar e nova aurora vai surgir.
Hoje é o dia, agora é o momento,
para que os pais demonstrem e pratiquem a boa-vontade, a amizade, a
solidariedade e o amor, tanto para com os seus filhos como para os parentes, os
amigos, e ainda, para todos que necessitem de uma oração, conforme nos ensinou
o Mestre Amado Jesus. Quantas vezes já dissemos aos nossos filhos que os amamos? uma, duas, mais vezes.. ou nunca dissemos que
o amamos ? Por que? Porque também nunca ouvimos dos outros que somos amados?
Vamos começar a botar para fora esse sentimento que guardamos e precisamos
externar aos nossos entes queridos.
É sempre bom lembrar também aos
pais que eles são responsáveis pelas almas que Deus os confiou como seus filhos,
e devem ser seus amigos e confidentes sinceros, em qualquer situação, em
qualquer tempo, em qualquer idade...
Que a Paz do Senhor permaneça em
nossos corações.
Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
“O Evangelho Segundo o
Espiritismo”
Divaldo Franco
Émile Coué
Jc.
S.Luis, 12/03/1996
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