AS ESCOLHAS
DO CAMINHO
O
autor do livro “Longo Caminho de Volta” é Ricardo Lucena Júnior, deficiente
físico e, entre suas limitações, está á reduzida capacidade de escrever por
falta de coordenação motora nas mãos, cuja confecção do livro contou com recursos
diversos como fitas gravadas, trechos ditados e conversas que visavam captar
seu pensamento com a máxima fidelidade, principalmente com a médica Vivian
Carole Moema Elinger, e esta, é a história dele nas escolhas do seu caminho.
Para
cada situação na existência de uma pessoa, existem pelo menos duas opções, duas
possibilidades de escolha. Fazer ou não fazer alguma coisa, ir ou não ir a
algum lugar, estar ou não estar na companhia de alguém... No momento em que se
escolhe uma dessas alternativas, abandona-se a outra. Quanto ao traçado da linha de nossa existência,
penso que há um ser maior – Deus – que se encarrega disso desde o momento em
que somos concebidos.
O
que me proponho a contar é apenas o relato simples da experiência vivida por
mim, após uma escolha que considero desastrada, porque, poderia não tê-la
vivido se tivesse optado no sentido inverso. Mas, como acredito haver um
destino já traçado, já determinado para cada um de nós, estou certo de que
apenas colori de cinza estes últimos três anos de minha existência terrena. Nem
sonhava o que estava por vir e o que enfrentaria por causa dessa escolha. Seu
efeito foi equivalente a minha própria sentença de profunda mudança, mudança
enxertada de muito sofrimento...
Dali
em diante, eu seria inteiramente diferente. Tanto, e de maneira tão forte, que
hoje posso ver pensar e sentir o mundo com uma percepção completamente nova,
quase como se tivesse me desligado do ser anterior e, agora, fosse uma nova
pessoa. Passei a observar fatos e aspectos do
cotidiano sob outros ângulos e o que mudou foi a ótica diante da existência. Desde o
primeiro momento, ao longo desses três anos, faço a mim mesmo uma inútil
pergunta: POR QUÊ? – Até hoje não obtive qualquer resposta e, provavelmente,
jamais vou obter.
Estava
no dia 28/2/1988, domingo, em Campo Grande-RJ., na casa de meu avô, curtindo o
último final de semana das férias. De repente, não sei se por causa do calor
aqui no Rio ou pela saudade dos amigos de Teresópolis, onde vivi minha infância
e adolescência, resolvi subir a serra, pois achava que me faria bem. 1ª
escolha. Meu avô, sempre carinhoso
comigo, insistiu para que eu não fosse e ficasse o final de semana com ele. Mas
como o desejo de ir para Teresópolis foi mais forte, me despedi dele e fui para
a rodoviária.
A
viagem foi agradável. Na subida da serra a temperatura refrescou, deixando para
trás o calor do Rio de Janeiro. Fiquei pensando que até então minha existência
girava somente em torno do basquete, da música e da informática. Chegando á
Teresópolis, fui para a casa de meus avós paternos. A fome era grande, pois
dois metros de altura e cem quilos de peso exigem muita comida. Mas não era só
a fome, o cansaço também da viagem e o
fato de haver dormido tarde na véspera, me deram uma lombeira e antes de
dormir, pedi à minha avó que me acordasse às oito da noite.
Na
hora, ao observar que eu dormia profundamente e desejando que eu dormisse até o
dia seguinte, foi a contragosto que ela me acordou ás oito horas. Talvez
tivesse sido melhor; quem poderia supor o que estava para acontecer? 2ª escolha. Eu levantei rápido e tomei um banho para
acordar de vez. Em pouco tempo estava pronto para sair. O meu avô ao perceber
que vou sair faz as recomendações de sempre: não esquecer as chaves, não chegar
tarde e levar agasalho.
Já
na esquina da Rua Jorge Lóssio com a avenida, encontro o pessoal. Um alô geral
e passa a Alessandra, vizinha e amiga. Fomos então até a pracinha Ginda Block e
chegaram outras amigas e perguntaram se não íamos ver o circo instalado na Rua
Higino. Decidimos ir olhar o tal circo.
A turma estava toda lá circulando do lado de fora. Aos pouco o cansaço de antes
bateu de novo e resolvi voltar para casa e dormir. Disse a Alessandra que ia embora e ela também
não estava mais a fim de ficar ali e pediu para que eu a levasse até a sua casa
e saímos. Pensei que faria bem em voltar logo e despreocupar os meus avós.
Então,
eu e Alessandra tomamos o rumo da Rua Jorge Lóssio atravessamos a avenida e
chegamos à calçada em frente ao novo Higino. Sei que, de repente, ainda estava
de costas para a rua quando ouvi o grito de Alessandra: “Ricardo, olha essa
moto!” Tentei virar de frente, mas não deu tempo. Apenas vi um farol que
avançava em nossa direção em velocidade.
Num reflexo, empurrei Alessandra para o lado e senti uma forte pancada nas
pernas. Tudo o que aconteceu depois é muito confuso. As imagens pintam na minha
cabeça em pequenos flashes, como num sonho. A pancada nas pernas me projetou
para o alto com incrível rapidez e violência, jogando meu corpo de encontro a
um carro que passava por ali, e que, acabou por lançar-me de cabeça no chão do
outro lado da rua. O choque brutal e o impacto com o chão. . . Senti um zumbido no ouvido e uma forte e
nauseante tonteira tomou conta de mim. Havia uma espécie de torpor em todo o
meu corpo e não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. Não parecia
real! Era como um pesadelo, e a perna direita doía horrivelmente de forma
insuportável. . .
Vi
muitas pessoas em volta de mim, curiosas, acotovelando-se para chegar mais
perto e diziam que eu estava morto, as
vozes pareciam distantes e de repente ouvi a sirene da polícia. Ouvi uma voz
implorando para me levarem para um hospital. Um policial aproximou-se bem do
meu rosto, olhou-me e perguntou se eu ainda estava vivo. Completamente imóvel, entrei em desespero
quando percebi que não podia mostrar nem a ele e a ninguém mais que não
morrera. Pensei que aquilo só podia ser um pesadelo e não estava acontecendo
comigo. Tentava mover as pernas, os braços, um dedo pelo menos e nada. Tentava
falar e os lábios não obedeciam; continuava imóvel. A tonteira e a dor da perna
aumentavam. Eu fazia um esforço enorme para me manter lúcido, para acordar de
vez e acabar com aquele pesadelo, mas nada conseguia. . .
Senti
quando me levantaram do chão e me colocaram na carroceria de uma pick-up.
Fiquei apavorado, pois não sabia se estava sendo levado para um hospital ou para
uma capela. Havia outro corpo estendido ao meu lado. Quem seria? Alessandra? O
carro começou a rodar rápido e minha cabeça rodou de vez e apaguei. Não sei
quanto tempo depois, acordei e percebi que estava num hospital. A dor da perna
havia passado, mas a tonteira aumentara ainda mais. Um rosto se aproximou do
meu e reconheci a doutora Vivian. Eu não podia dizer a ela que a estava vendo,
mas ela devia saber disso por que segurou meu braço e ouvi sua voz me
tranquilizando. Sua presença e sua voz fizeram com que me sentisse amparado,
cuidado e seguro e voltei a apagar. Só muito mais tarde vim “a saber” que
aquilo não era um pesadelo mas que eu estava entrando em coma.
Enquanto
estava nessa situação, um homem toma minha mão e me leva a um prédio alto e
branco, subimos e chegamos a um andar
onde vejo a figura de meu pai que morreu há quinze anos. Ele me chama e diz que posso ir ao seu
encontro e que nada de mal vai acontecer. Sinto uma vontade de ir até ele, mas
o homem que me levou segura meu braço e não me deixa ir impedindo e me puxa de volta. Parece uma luta de
influências. A de meu pai que me pede que vá ao seu encontro e a do homem que
não me deixa ir. Meu pai então percebe que não posso ir e vai embora. De novo
me encontro diante do prédio e tudo se repete diversas vezes sem interrupção,
como um vídeo que se recomeça sempre do mesmo ponto, só que não tenho controle
daquilo. Por vezes, o filme muda. Um farol muito forte me ofusca e vem de
encontro a mim e a moto passa em alta velocidade e se repete também. Ora com
nitidez, ora em imagens confusas sem saber quando começou ou vai terminar.
Havia
perdido a noção de qualquer coisa e, mais ainda, do tempo. Essa era a primeira
lembrança que tenho depois de haver apagado no hospital, após a médica Vivian
dizer que tudo ficaria bem. É como se tivesse caído em um vácuo e não sei
quanto tempo mais tarde comecei a ver os dois filmes passando velozes diante de
mim. De repente a projeção dos filmes é interrompida e ouço ruídos em torno de mim. Tento me mover e percebo que
não posso; tento abrir os olhos mais parece que eles estão abertos, porém não
vejo nada. Sinto que estou acordado. Pessoas conversam. Um homem diz achar
melhor esperar mais vinte e quatro horas. Outro dizia que era melhor fazer logo
a punção. A dúvida acabou quando mexeram na minha cabeça. Pareciam retirar
ataduras. Afinal, o que havia acontecido comigo? Não me lembrava de nada! Num
esforço desesperado, tentei falar e não consegui mover os lábios. Em seguida,
senti uma dor insuportável, do lado direito de minha cabeça como se uma agulha
perfurasse meu cérebro. O desespero não demorou muito e apaguei novamente. Não
sei quanto tempo fiquei apagado e quando acordei ouvi: “Quem vai descer com
ele?” Então ouvi a voz de minha mãe dizendo para o enfermeiro: “Eu vou com
ele”. Eu senti que não estava sozinho e ouvi o enfermeiro dizer que o médico já
estava na sala de tomografia. Eu não fazia a mais leve ideia do que era aquilo.
Não sei quanto tempo fiquei assim, pois apenas podia pensar, ouvir e cheirar.
Não
sei quanto tempo mais fiquei, mas meu novo acordar foi diferente. Pisquei os
olhos e, de repente, vi um rosto amado.
Era Daniela, minha irmã e ela falou: “Ricardo, você está me vendo? Você piscou
os olhos, fale comigo.” Eu não conseguia falar e pisquei os olhos de modo que
ela entendesse que eu a ouvia. A alegria que vi em seu rosto me fez perceber
que ela havia entendido. Mal tivemos tempo de curtir aquele momento e entraram
no quarto os dois enfermeiros que me atendiam, Marília e Geraldo. Iriam me levar
para fazer uma série de exames um pouco demorado. Perguntaram se eu havia
entendido e eu pisquei os olhos uma vez concordando. Fui levado a um lugar com
uma porta de vidro e minha mãe só foi até ali e me disse: “Não tenha medo, tudo
vai dar certo.”
Aquilo
não era um exame, pois ouvi a voz de Marília que informava ao médico sobre os
bisturis, pinças e outros instrumentos de que ele iria precisar que já estavam
prontos. Eu não ia fazer exames; seria operado. Estava assustado e com muito
medo. Ouvi também falar sobre a anestesia. E se eu não mais acordasse? Pelo
comentário do médico a cirurgia era na cabeça. O pavor tomou conta de mim e
tentei gritar ficando só na vontade e no desespero. Ser apagado sem saber por
que. Logo me apossou um torpor e em seguida apaguei. Devia ter dormido bastante
porque a voz do médico me dizia: “Ricardo, vamos acordar!” Afinal, eu estava
vivo, acordado e entendendo tudo. Pela primeira vez eu me dava conta de meu
estado físico. Preso na cama, sem movimentos, com tubos por todo o lado.
Trocaram minhas fraldas e não podia urinar ou evacuar sem um ajudante,
inteiramente dependente. Eu estava esquelético.
Minha
mãe pediu ao enfermeiro que nos deixasse a sós porque ela queria conversar
comigo. Mal podia esperar, afinal iria ter uma explicação das perguntas que
giravam em minha cabeça. O relato de minha mãe deixou-me completamente atônito.
Tinha sido atropelado em Teresópolis por uma moto que subiu na calçada e me
atingiu, e a gravidade da situação fez com que eu fosse transferido para a
Beneficência Portuguesa, no Rio de Janeiro, onde fiquei em coma profundo
durante trinta e sete dias onde me encontrava. Soube depois que o motoqueiro
havia bebido e estava drogado. Eu queria saber mais. Alessandra sofrera apenas
algumas escoriações, quanto ao motoqueiro não teve a mesma sorte, pois morreu
após dar entrada no hospital de Teresópolis.
Senti
enorme raiva tomar conta de mim, diria mesmo um ódio. Como pode uma pessoa
beber e se drogar e sair dirigindo uma moto que subiu na calçada atropelou pessoas,
me deixa neste estado e, como se não bastasse, ainda se dá ao luxo de morrer
sem se responsabilizar por nada? Naquele momento era isso que eu sentia. Como
se a vida tivesse sido muito generosa com ele, como se premiasse a
irresponsabilidade e o descaso. Era isso o que achava; o motoqueiro estava
livre, havia morrido na santa paz de Deus, deixando um rastro de sofrimento.
Naquele momento, desejei estar em seu lugar na companhia de meu pai. A morte
sem sofrimento me parecia uma benção. Minha mãe percebeu a minha revolta e me
disse que de melhor eu podia fazer era procurar entender as fatalidades, que
não se pode evitar, não cabendo apurar responsáveis por ela. Fiquei com raiva
de minha mãe. Não era fatalidade, mas sim irresponsabilidade de quem não estava
mais aqui para ouvir poucas e boas ou, levar umas porradas e aprender a se
comportar como pessoa civilizada. Aquela ideia de bom samaritano que ela sempre
ensinava, parecia naquele momento fora de propósito. De que adiantava isso se
os outros não nos respeitam da mesma maneira? Para quê? Vem um idiota e destrói
a sua existência numa fração de segundo, e o que é pior, depois de tudo, se
manda como se dissesse: “Olha aí, cara, dane-se você que eu vou descansar”. Que
ódio!
A
sorte da gente é esquecer a dor física depois que ela passa. Era o
pessoal do hospital comentando a quantidade de gente acidentada com traumatismo
craniano e graves problemas de medula. As mortes se multiplicavam; as causas
eram as de sempre, só que em número jamais imaginado. Atropelamentos, choques
com motos e carros, bebedeira ao volante e drogas. O trânsito parece um polvo
assassino que, a cada dia, destrói mais e mais pessoas. Mas a verdade é bem
outra. O trânsito não é o culpado de nada. Ele é uma invenção para atender a nossa
necessidade de ir e vir, de locomoção. Ele é o reflexo do homem irresponsável
que bebe, que se droga e do violento que mutila e mata impunemente, protegido
por leis deficientes. A rotina de um
hospital que atende a acidentados é a prova mais clara, dura e fiel da
irresponsabilidade com que os homens lidam com a própria existência, e o que é
pior com a de seus semelhantes.
Manhã
de sábado, de repente, como qualquer bebê em fase de evolução oral, balbuciei a
palavra mágica “mãe”. Geraldo ficou surpreso e pediu que eu repetisse. Consegui
falar mais claro. Minha mãe logo chegaria e resolvemos fazer-lhe uma surpresa.
Chegou aflita para saber como tinha passado a noite. Depois de me beijar, foi
guardar algumas coisas no armário e ficou de costas para minha cama. Quando ela
me ouviu chamá-la, o susto e a emoção foram grandes. Ainda não articulo frases,
mas ao menos já dizia o que queria, como pedir água e coçar as costas, que eram
as necessidades mais urgentes. Foi aí que comecei a me tocar de que não era
vítima do mundo e de que não era o único deficiente jovem sobre a face da
Terra. No sábado seguinte o médico Valter entrou no quarto e disse que eu teria
alta e poderia continuar o tratamento em casa. Mal podia acreditar, depois de
três meses estava fora do hospital.
Em
casa, minha revolta me fazia encarar a deficiência como uma espécie de castigo,
ao ver as outras pessoas normais. O que não conseguia recuperar em equilíbrio
recuperava em força no braço direito. Passei a usar esse braço para agredir o
mundo. Quando estava na cadeira de rodas, batia portas, dava soco nos móveis e
derrubavas coisas pela casa. Um dia minha mãe chegou do trabalho e encontrou a
família em polvorosa. Eu havia me enfurecido
a tal ponto e tão violenta com a minha situação, que quebrara o vidro da porta
que liga a sala de visitas à varanda, e batera em minha irmã
Daniela. Minha mãe também saiu do
sério, pela primeira vez, desde meu acidente. Não havia ternura ou doçura ou
compreensão em seu rosto. Havia cansaço e raiva. Ela juntou tudo o que eu já
vinha aprontando, imaginou a cena do vidro e dos tapas que deu em sua irmã, somou, multiplicou e me disse o
diabo. Minha mãe estava muito braba. Como eu agredira minha irmã daquele jeito?
Como causava danos a casa, quando cada tostão que ela ganhava era para custear
meu tratamento? Com que direito eu infernizava a vida de todos daquela forma?
Ela e toda a família estavam farta de sua ignorância. Lidar com sua deficiência
já era uma barra. Lidar com sua loucura era demais. Depois do desabafo, ela
sentou e chorou muito. Não fiquei nem um pouco comovido porque estava com raiva
dela, das minhas irmãs e da minha existência.
Naquela
mesmo noite ela contou que o que ganhava não era suficiente para sustentar meu
tratamento e a lista de despesas era imensa. Aluguel da cadeira de rodas, os
salários do enfermeiro, do fisioterapeuta, da fonoaudiologia, da terapia
ocupacional, remédios, alimentos especiais e outras coisas das quais eu nem
fazia ideia. Um grupo de parentes e de amigos contribuía mensalmente para
ajudá-la a pagar as despesas todas. A lista das pessoas que ajudavam era grande e ela se sentia desconfortável com
aquela situação. Era a assim que ela conseguia manter, e era a primeira vez que
eu tomava ciência dessa informação. Até então, esse lado da história tinha
ficado distante de mim. Tenho certeza de que minha mãe não escolheu por acaso
aquele momento para me contar essas coisas. Estava me dando um tapa com luvas
de pelica. Era como se dissesse: “Olha filho, você se achando um zero a
esquerda no mundo e tanta gente preocupada com você e lhe desejando o bem.” Hoje,
penso nisso e me dou conta dos inúmeros sacrifícios a que todos tiveram de se
submeter. Naquela época não pensava assim. Só pensava no que pudesse me trazer
de volta a chamada normalidade.
Hoje,
posso ver pensar e sentir o mundo com uma percepção completamente nova, quase
como se tivesse me desligado do ser anterior, ignorante e vingativo e, agora,
fosse uma nova pessoa. Passei a observar as pessoas, os fatos e aspectos do
cotidiano sob outros ângulos e o que mudou foi a minha ótica. Deixei de pensar na minha existência para
pensar mais na Vida.
O
último censo do país indicou a existência de catorze milhões de deficientes.
Não é um número de se jogar fora ou esquecer. São seres humanos que, de alguma
forma, foram atropelados na existência. E esse número não é resultado de
nenhuma catástrofe. Esses milhões de mutilados são os frutos da
irresponsabilidade, da violência e do descaso das autoridades do país. É
preciso fazer alguma coisa, para impedir que essa deficiência se estenda a
outras áreas. O deficiente físico não é um coitadinho, um ser frágil que
necessita de leis especiais que o protejam; precisamos sim que o Denatran e os Detran promovam
leis rígidas para evitar os desastres que fazem os deficientes e promovem a
morte das pessoas. O deficiente físico precisa sim daquilo que todos os seres
humanos precisam: A Compreensão e o Respeito da sociedade. . .
Fonte:
Livro “Longo Caminho
de Volta”
Autor: Ricardo Lucena
Júnior
+ Supressões e
modificações.
Jc.
São Luís, 2/9/2018