sábado, 22 de maio de 2010

O REINO E O AMOR DE DEUS

O REINO DE DEUS

Ao estudarmos os ensinamentos de Jesus, dois textos importantes que se harmonizam, constituem uma séria e oportuna advertência, a nós espíritas brasileiros:
“A Luz ainda está convosco por um pouco tempo; andai
enquanto tendes a Luz, para que as trevas não vos apanhem,
pois quem anda nas trevas, não sabe para onde vai. Portanto,
eu vos digo que o Reino de Deus vos será tirado, e será dado
a uma outra nação que dê os seus frutos”
João cap.12 v.35- Mateus cap.21 v.43
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Na antiguidade, a nação Israelita foi contemplada com o esplendor da Luz do Reino de Deus, por ser o único povo de convicção monoteísta, isto é, acreditar em um único Deus. Entre estes, surgiu Moisés que recebeu no monte Sinai, as tábuas da Lei, ou seja, Os Dez Mandamentos. O que fez esse povo considerado eleito por Deus ? – Passado pequeno período, crises e o domínio romano degenerou o monoteísmo hebraico.

O Pai resolveu então enviar o Messias para restaurar toda a Lei e dar-lhe cumprimento, pelos ensinamentos novos e exemplos de vida. O povo, entretanto, muito orgulhoso, que esperava um Messias, todo poderoso que lhe desse a glória terrena e o poder sobre as outras nações, não aceitou aquele humilde carpinteiro que ensinava a Bondade e o Amor, até mesmo para os inimigos. Condenou-o à morte e o crucificou com dois ladrões. Nessa hora fatídica, para o destino desse povo, a Luz do Cordeiro se apagou e o Reino de Deus, lhe foi arrebatado das mãos e dado a uma outra nação, ficando o povo ingrato, numa noite tenebrosa de provações seculares.

Passado algum tempo, A Luz sublime do Mestre e o Reino de Deus, voltaram a se manifestar, desta vez, na Grécia, que se transformou no país das filosofias espiritualistas, das ciências avançadas e das artes nobres. Ali, haviam surgido vultos proeminentes como Sócrates, Platão, Pitágoras, Demóstenes, Sólon, Péricles, Aristóteles e tantos outros vultos que marcaram uma época de grandes conhecimentos. Os gregos, porém, a exemplo dos judeus, não souberam conservar tão elevadas aquisições concedidas por infinita bondade de Deus; tornaram-se orgulhosos, considerando-se superiores aos demais povos da Terra. O resultado de semelhante inconseqüência, foi que a Luz Divina se apagou e a graça do Reino de Deus, lhe foi tirada e dada à outra nação, passando a Grécia a enfrentar um longo período de decadência.

Passados mais alguns séculos, os mensageiros espirituais voltaram a acender a Luz do Amor de Jesus e o Reino de Deus, desta vez na França, que havia então se insurgido contra a prepotência da monarquia dominante, e, através da revolução, havia destruído a bastilha, símbolo da tirania, adotando a legenda da “Fraternidade, Liberdade e Igualdade”, o que a tornava digna de ser a escolhida. A França tornou-se então, o ponto convergente de todas as atenções do mundo. Ali, reencarnaram espíritos elevados como, Voltaire, Vitor Hugo, Joana D’arc, Allan Kardec, Camille Flamarion, Léon Denis, Ernesto Bozzano e tantos outros vultos da história. Apesar das primeiras manifestações espíritas terem sido efetuadas na América do Norte, foi, no entanto, no seio acolhedor da França, que a Doutrina dos Espíritos encontrou ambiente propício para ser codificada e apresentada no seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso. Mas a França que recebeu tão elevado patrimônio, não propagou a terceira revelação, o Consolador Prometido, trazido pelos “Espíritos de Verdade”, passando a considerá-la, apenas como filosofia espiritualista. As conseqüências de tal irresponsabilidade foi que a Luz Divina se apagou novamente, e o Reino de Deus lhe foi tirado e transferido para outra nação, mais capacitada a produzir seus frutos abençoados, enquanto a França passava a enfrentar uma fase de grandes dificuldades e provações.

E agora meus irmãos e irmãs, em que país da Terra, se encontram a Luz de Jesus e o Reino de Deus ?

Coube ao eminente espírito do nosso conterrâneo Humberto de Campos, numa revelação feliz e oportuna, nos trazer a resposta certa e autorizada, através do livro maravilhoso, psicografado por Francisco Candido Xavier, intitulado: “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”.

Meus caríssimos irmãos e irmãs é aqui que está colocado atualmente, o farol imenso da Luz Divina, irradiando os seus clarões fulgurantes, para todas as partes do mundo aflito e conturbado. No Brasil, localiza-se presentemente, toda a influência astral superior do Reino de Deus, com a cascata divina de dádivas e graças misericordiosas e infinitas. A nós brasileiros e ao Brasil, por suas características excepcionais, está confiada a sagrada e gloriosa missão de ser, no decorrer do terceiro milênio, o berço da Nova Recristianização do Mundo, sob a bandeira de Paz, Harmonia e Amor.

Muitos missionários de Jesus, já encarnaram nesta terra e aqui deixaram a sua contribuição; entre tantos, podemos citar, Antonio Alves Martins, Ariston Telles, Átila Nunes, Atlas de Castro, Aura Celeste, Aparecida Conceição Ferreira, Bezerra de Menezes, Carlos A. Baccelli, Carlos Imbassay, Cairbar Schutel, Clóvis Tavares, Djalma Argolo, Divaldo Pereira Franco, Edgard Armond, Euripedes Barsanulfo, Francisco Candido Xavier, Frederico Figner, Geraldo de Aquino, Geraldo Guimarães, Guillon Ribeiro, Hugo Gonçalves, Humberto de Campos, Humberto Ferreira, Irmã de Castro (meimei), Jerônimo Mendonça, Jorge Rizzini, Juvanir Borges de Souza, Leopoldo Machado, Luis Olimpio Teles de Menezes, Nestor João Masotti, Neto Guterres, Oli de Castro, Raul Teixeira, Richard Simonetti, Sérgio Lourenço, Suely Caldas Schubert, Viana de Carvalho, Yvone do Amaral Pereira, e muitos outros irmãos abnegados e anônimos da seara do Mestre.

Para complementar a preparação extraordinária da Nova Era, do Novo Tempo, existem também entidades superiores espirituais, a nos proporcionar, com sua assistência amorosa e constante, a orientação precisa e oportuna; dentre elas citamos com carinho, André Luiz, Emmanuel, Ismael, Joana de Angelis, Neio Lúcio, e tantas outras. Em parte alguma do mundo, se está realizando um intercâmbio espiritual tão eficiente e confortador, e se tem recebido tantas e tão maravilhosas mensagens e obras espirituais, como no Brasil. Mensagens e obras essas que são traduzidas para outros idiomas e remetidas para muitas nações.

Como se tantos e tão valiosos testemunhos já não bastassem para comprovar de modo positivo, a cascata de Luz Divina e da ação misericordiosa do Reino de Deus, sobre este Brasil privilegiado, basta considerar os seguintes tópicos:

1º- O Brasil, é o único país do mundo, onde se professam com dignidade e
respeito, todas as religiões da Terra;
2º- O Brasil é o único país onde vivem em Paz e Harmonia, os filhos de todas as
nações; muito embora eles briguem lá fora;
3º- O Brasil é o único país onde se fala livremente todas as línguas estrangeiras;
4º- O Brasil é o único país onde existem todos os climas da Terra;
5º- O Brasil é o único país que tem a flora mais rica e exuberante, variada e
medicinal da Terra;
6º- O Brasil é o único país onde não existem as calamidades dos fenômenos,
geológicos como: Ciclones, maremotos, furações, terremotos, vulcões, etc;
7º- O Brasil é o único país onde existe o maior volume de água doce;
8º- O Brasil é o único país com a maior floresta, que é o “pulmão do mundo”; 9º- O Brasil é o único pais que possui o maior número de obras assistências, de
iniciativa privada, sendo grande parte delas de origem espíritas;
10º- E, finalmente, abreviando, o Brasil é o único país onde a sublime
Doutrina Cristã-Espírita, encontrou corações abertos para aceitá-la e
professá-la no seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso, o que
evidência de modo categórico, o esplendor irradiante da Luz do Cristo,
envolvendo a tudo e a todos, e as graças do Reino de Deus, que se fazem
presente em todos os seus recantos, ainda que sejam os mais longínquos.

Que os brasileiros, principalmente os espíritas, não se esqueçam de que a Luz do Divino Mestre, ainda está conosco; andemos, pois, enquanto temos a Luz, para que as trevas não nos apanhem, pois quem anda nas trevas, não sabe para onde vai... Quão aflitiva e tormentosa será, no entanto, a situação do povo brasileiro, se incorrer nos mesmos erros graves cometidos no passado, pelos povos das outras nações.

A Luz Divina que banha o Brasil se apagará e o conforto espiritual do Reino de Deus, que se faz sentir em nossos corações, nos será tirado e dado a uma outra nação mais responsável, pois está escrito nos Evangelhos, quando diz: “Aquele que tem (merecimento) mais se dará, mas aquele que não tem, até aquilo que tenha, lhe será tirado”. Mateus cap. 13 v.12 - Foi isso exatamente o que aconteceu às outras nações credenciadas anteriormente.

E por que tantas nações fracassaram no desempenho de tão sublime missão ? É o próprio Jesus quem responde, ao dizer: “A Luz veio ao mundo e as pessoas amaram mais as trevas, do que a Luz, porque suas obras eram más”. João cap. 3 v.19. – “O Reino de Deus não vem com aparato exterior; não se pode dizer: Ei-lo aqui ou acolá! O Reino de Deus está dentro de vós”. Lucas cap.17 v.20

É por essas e outras razões que nós espíritas não nos cansaremos de alertar e repetir, tantas vezes quantas sejam necessárias, as sábias e oportunas advertências do Divino Mestre, contidas nos dois textos evangélicos, para todos os que têm “olhos de ver, ouvidos de ouvir”, inteligência de compreender, coração de sentir e liberdade para praticar.

“A Luz ainda está convosco por pouco tempo; andai enquanto tendes a Luz, para que as trevas não vos apanhem, pois quem anda nas trevas, não sabe para onde vai”.

A nossa responsabilidade como brasileiro e espírita é muito grande e a seara está aguardando os trabalhadores de boa-vontade para agirem no sentido de manter a luz em nosso país. “Bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos porque ouvem; em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram”, Mateus cap. 13 vs. 16 e 17.

Que a Paz do Senhor e o Reino de Deus continuem a beneficiar o nosso país que é “O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho”.

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O AMOR DE DEUS

O primeiro registro obtido no Monte Sinai, foi aquele em que devemos Amar a Deus, sobre todas as coisas. Esse mandamento, por muito tempo, ficou fazendo parte da cultura humana, nos diversos aspectos religiosos, embora mal compreendido no seu conteúdo.

No início, o Todo Poderoso era visto com muito temor, fato que levou muitos a se colocarem numa posição de estranha subalternidade e temeridade. Na era Cristã, por graças dos ensinamentos de Jesus, Deus passou a ser um Pai Bondoso e Misericordioso, não obstante ficasse ainda incompreendido, em razão da imaturidade dos povos daquela e de outras épocas. Somente com o advento da Doutrina dos Espíritos, é que foi apresentada uma nova filosofia sobre Suas Leis, porque, até então, o amor a Deus, era resumido numa mistificação e num deslumbramento, sem qualquer sentido racional ou espiritual. Hoje, somos levados a entender esse Amor, sob uma nova dimensão; não mais pelo aspecto da idolatria ou fantasia, mas tendo a certeza de que todos os Seus atos, são justos e bondosos, com misericórdia e amor.

Se antes, a revolta nos abatia porque carregávamos um defeito físico ou uma moléstia grave, entendemos agora que somente pelo resgate, são refeitas as células do perispírito, anteriormente prejudicadas. Se ontem reclamávamos do filho, que se nos apresenta como um atropelo na existência, agora compreendemos que, pela Lei Maior, o inimigo do passado foi colocado no nosso caminho, para nos proporcionar a reconciliação e a nossa reabilitação. Se antes nos irritávamos do próprio Deus, por nós dar uma existência conflituosa e sofrida, a razão hoje nos leva a crer que, se abusamos e esbanjamos em existências anteriores, somos agora levados a praticar, moderação e respeito pelas pessoas e coisas.

Não basta o arrependimento – ensinam os espíritos – é preciso reparar o mal pelo bem. Se Deus é modelo de perfeição e bondade, igualmente suas leis são rigorosas e imperdoáveis dentro do contexto de “causa e efeito”. Assim, toda vez que contrariamos essa Lei, forçosamente seremos chamados para a devida reparação, e se por isso reclamamos, é porque ainda não a compreendemos na sua infinita misericórdia. No Universo tudo se harmoniza, e se ainda não conseguimos nos harmonizar com nossos semelhantes e a própria Natureza, é devido ao nosso atraso espiritual. Se contribuirmos para a desordem, que nos é peculiar, sem dúvida estaremos indo de encontro a essa Lei. Não é a Lei Divina que é má; somos nós, com nossos erros e ignorância, os verdadeiros predadores da Casa Divina, que nos acolhe tão dadivosamente...

Pelo amor de Deus, a pequenina semente colocada sob a terra, germina e lutando contra a mesma terra que lhe nutre e sepulta, emerge para a vida, transformando-se em árvore, a fim de possibilitar ao ser humano, o sua quota de colaboração; pela utilidade de sua sombra que refresca a terra, pelo oxigênio que produz com a colaboração do sol, pelos frutos que proporciona o alimento, pelas folhas secas que adubam a terra, pela madeira que serve para muitas utilidades. Finda a sua fase de amor e caridade, ainda continua a servir, através do seu fruto que vai gerar outra árvore, e assim por diante.

É maravilhosa a maneira como Jesus nos faz ver a Providência Divina cuidando da Criação. Desde a pequenina erva do campo, passando pelas aves e animais, até chegar ao ser humano, tudo é cuidado com amor pelo nosso Pai Celestial. Ninguém é órfão, ninguém está abandonado ou desamparado. Deus sabe do que é melhor para nós e todas as facilidades nos são concedidas para vivermos em existência melhor. Assim entendemos o Determinismo Divino, no qual estamos sujeito, porém, dada a nossa evolução atual, somos possuidores do “livre-arbítrio”, melhor dizendo, o direito de escolha de como proceder. Viver e evoluir. Colheremos o que plantamos. De acordo com nossos pensamentos, palavras e ações, podemos alcançar planos superiores, se agirmos com fraternidade, caridade e amor, evitando sofrimentos e reencarnações desnecessárias.

Os seres humanos são livres, assim Deus nos fez. Embora respeitando o pensar e proceder alheio, devemos agir guiados pelos nossos sentimentos, caminhar com nossos próprios pés, pensar com nossas próprias cabeças. Compete a nós saber como usar a liberdade que nos foi concedida; se imitamos um aluno que fica repetindo a mesma série, ou se desejamos por meio dos nossos atos fraternos e caridosos, passar para outra etapa, em nossa escalada evolutiva. Saibamos que a grande verdade é que ninguém se eleva aos planos superiores, sem plena quitação com a Terra. Portanto, quando prejudicamos o nosso próximo, sem dúvida seremos chamados, cedo ou tarde, sem às vezes saber, para a reparação do mal, pois nada fica sem quitação. Nesse sentido é bom repetir que somos nós os errados, com as nossas inclinações para o mal, e não a Lei Divina que se apresenta no momento certo, para a correção necessária.

O Amor de Deus está nas Suas Leis sábias e justas que regem o Universo e que devemos aceitá-las, porque nelas encontraremos o progresso espiritual que nos isenta de uma existência de sofrimentos, a não ser que queiramos permanecer por muito tempo estacionados, sem progresso espiritual. Quem não vai pelo amor será obrigado a seguir por meio da dor. A prova maior que podemos dar de amor a Deus, está na aceitação de todas as situações que surgirem, não no sentido de conformismo, porque devemos todos dar as mãos em ajuda recíproca, mas afastando a revolta do nosso coração e tentando resolver os problemas.

Contudo, se não conseguimos ainda alcançar a Paz almejada, por conta da nossa sujeira espiritual, e entendendo ser a Lei de Deus a que deve prevalecer, somos então forçados a buscar no sofrimento a necessária experiência que nos possibilitará a evolução e o reconhecimento do amor de nosso Pai Celestial. Na qualidade de Seus filhos, Ele nos ama infinitamente e devemos amá-lo também, vivendo intensamente às ordenações que dizem: “Ama a Deus sobre todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo”.



Obrigado, Senhor, nosso Criador, nosso Deus e nosso Pai, pelo Vosso Reino e pelo Vosso Amor...




Bibliografia:
Evangelho de Jesus
José Mariano Junior
Oli de Castro


Jc.
S.Luis, 18/03/1996
“ 05/05/1997

A MULHER, A MÃE

A MULHER, A MÃE

De todas as datas comemorativas, uma das mais importantes é a que enaltece e reverencia a figura da mulher-mãe. Para se falar das conquistas da mulher, temos que criar o referencial, antes e depois de Jesus. – Antes, a mulher era uma criatura insignificante que nenhum homem, fosse pai, irmão ou marido, lhe dirigia a palavra na rua. A lei judaica declarava a mulher inferior ao homem, e, comprava-se uma mulher por dinheiro, contrato e relação sexual. A mulher, nesse tempo, valia menos do que um animal ou um escravo. Depois, Jesus acabou com tais preconceitos, ao se dirigir a uma mulher samaritana, considerada uma inimiga, para pedir água; além disso, era uma pecadora. Também era pecadora e repudiada pela sociedade, Madalena, a quem Ele fez a portadora da Imortalidade da alma (espírito), ao reaparecer para ela após sua morte física. Jesus foi o primeiro a valorizar as mulheres e a aceitá-las na sua missão.

Nos dias atuais, encontramos a mulher alçada a altos postos, confiante e ativa. Foi uma longa jornada que ainda prossegue, porque muito há ainda por conquistar. Falando-se, no entanto, da mulher confiante e ativa, temos que fazer algumas considerações. É que com essa situação, a mulher vem relegando a sua missão maior na Terra: a maternidade. Emmanuel classifica a maternidade como “sagrado serviço espiritual”, em que a alma se demora séculos, aperfeiçoando as qualidades do sentimento. Sendo, pois, serviço sagrado, não pode ser violado sem causar grandes danos a quem o violar.

A figura da mulher-mãe tem sido cantada em versos e prosas. Não raro, se generaliza à missão das mães, a ponto de transformá-las em escravas dos filhos. Carregar uma vida, ter a responsabilidade de nutri-la e mantê-la, é tarefa que só a mulher sabe e está preparada para desempenhar.

Nas páginas do Evangelho, encontramos Maria de Nazaré, a mãe carnal de Jesus. Foi à missionária que recebeu em seu ventre, o grande enviado de Deus, que veio a Terra, desempenhar a mais sublime das missões, e que trouxe à Humanidade sofredora, o iluminado código de verdades que são os seus ensinamentos. No desenvolver de sua tarefa de mãe, sofreu o impacto doloroso de ver o seu filho inocente, ser preso, açoitado e crucificado.

Não podemos deixar de lembrar também das outras três Marias que ilustram as páginas do Evangelho; Maria de Magdala ou Madalena, a mulher que deve servir de exemplo para todas as mulheres do mundo. Abandonando uma existência de luxúria, de ostentação e de pecados, ela soube sair vencedora da dura batalha que travou. Lavando os pés de Jesus, com perfume e com lágrimas, e exugando-os com seus cabelos, ela demonstrou todo seu arrependimento, tornou-se a mais dedicada seguidora de Jesus, ao ponto de tornar-se merecedora de receber a visita do Espírito de Jesus, com prioridade, após a sua ressurreição. O Mestre assim procedeu, para dar uma demonstração viva do seu apreço, pela reforma íntima que ela havia realizado.
Maria de Betânia, foi a jovem que maior apreço demonstrou aos ensinamentos de Jesus. Em sua pureza, revelou também todo o apreço e dedicação ao Mestre, lavando sua cabeça com valioso perfume, numa demonstração viva do modo como assimilava todos os ensinamentos que emanavam de Jesus. Ela não perdia a oportunidade de ouvi-lo, todas as vezes que Ele visitava Betânia.

Maria, mãe de Marcos, foi à mulher dedicada que abrigava os apóstolos em sua casa, após a partida de Jesus, tornando-se assim, valorosa cooperadora na tarefa de dar sustentação aos apóstolos do Mestre, os quais tinham sobre os ombros, a enorme missão de divulgar os ensinos evangélicos.

Apesar destes magníficos exemplos de abnegação, observa-se, entretanto, com crescente espanto, que a maternidade é atualmente de tal modo reduzida ao segundo plano, que chega até mesmo a ser rejeitada. Inúmeras vozes em nossos dias se levantam a favor do aborto – crime inominável. “A mulher é dona do seu corpo”, dizem algumas. “As ricas têm o direito ao aborto, em detrimento das pobres que não têm condições”, afirmam outras. Pergunta-se então: - Quem será realmente dona do seu corpo ? O que acontece com ele quando abandonamos o plano físico ? Não é ele devolvido à Natureza ? Assim sendo, ficamos sabendo que só é nosso aquilo que trazemos e o que podemos levar deste mundo. E o que levamos deste mundo ? – Somente os valores morais e o mérito das boas ações que praticamos durante a existência, ou o demérito das ações más, que vão nos julgar na espiritualidade.

O crime do aborto não é praticado apenas pela mulher. São responsáveis também por ele, o parceiro que muitas das vezes, força o ato criminoso por comodismo ou não querer assumir a responsabilidade; a família que, em nome de preconceitos e interesses outros, pressiona em favor do aborto; os patrões que não aceitam ou despedem as mulheres grávidas. Existe ainda a sinistra figura da “exterminadora de anjos” e as clínicas que praticam esse ato cruel, desumano e condenável.

O feto que está no ventre da mãe, desde o instante da fertilização, já é um ser vivente, com um espírito a ele ligado, e não apenas um pedaço de carne do corpo da mãe; pedaço esse que ela poderá descartar a seu bel-prazer, sem incorrer no crime que comete contra a Lei de Deus. Interromper a vida iniciante, é um delito até mais hediondo, porque o nenê não tem condições de se defender. A mãe ou qualquer outra pessoa cometerá um crime contra a lei divina, ao induzir ou tirar a vida de uma criança, antes do seu nascimento. As mulheres devem ter sempre em mente que, a cada mãe, perguntará Deus: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?”- É possível que alguma mulher tenha praticado o aborto sem conhecer-lhe as conseqüências morais, psíquicas, espirituais e o crime que cometeu. Porém, se acordou para a responsabilidade quanto a esse ato, esforce-se para transformar o próprio arrependimento, em socorro a outras crianças infelizes.

Em nome da realização profissional, a mulher-mãe tem relegado e transferido

para outras pessoas, a tarefa importante da educação dos próprios filhos. Ficam as crianças entregues as mãos de empregadas, na maior parte das vezes, ou a parentes que já se encontram sobrecarregados com seus próprios filhos, quando não passam essa tarefa aos idosos, sem maiores condições de atender as crianças. Perde com isso, a educação e o carinho que deveriam ter e cria-se para as crianças um grande problema: a falta da mãe, o abandono.

Há pouco tempo tomamos conhecimento pela fala de uma criança que, ao ser indagada sobre o que desejava ganhar como presente, no dia do seu aniversário, respondeu: “Quero uma mãe”. – Mas você tem uma mãe, por que quer outra ? – Voltou a responder a criança: “É que a mãe que eu tenho, ela sempre está fora de casa e não liga para mim”. Era o desabafo de uma criança de sete anos, retratando a sua realidade.

Observamos mães que têm mais de um emprego; que se afastam do lar por muitas horas, tudo em nome da necessidade financeira. Ressalvadas aquelas que realmente se vêem obrigadas a longas e exaustivas horas de trabalho fora do lar, a fim de promoverem o sustento aos pequeninos, o que se vê por aí, são mulheres que têm por principal objetivo crescer na vida profissional, fugindo das suas atribuições de mãe. Outras mães deixam de cuidar dos filhos para se ocuparem com frivolidades; com a vida dos outros, o que fazem, como se vestem, com as novelas, etc. Outras por não gostarem de ficar presas no lar; outras mais por não quererem assumir as responsabilidades e os sacrifícios de uma verdadeira mãe, não importando o preço, mesmo que os filhos fiquem carentes do afeto e de cuidados maternais. Tudo em prejuízo da criança, da sua necessidade afetiva que é real, da necessidade fluídica, pois a criança se alimenta também dos fluidos da mãe, a quem ama e de quem depende.

Meimei, numa linda mensagem dedicada às mães, diz: “Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra, as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente; de alguém que não enxergasse o mal; que quisesse ajudar sem exigir pagamento; que se dispusesse a amparar as crianças, com paciência e ternura, junto ao coração; que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente às pequenas lições de cada dia; que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação; que cantarolasse baixinho, para adormecer os bebês; que permanecesse em casa, por amor, amparando as crianças que ainda não podiam sair à rua; que falasse sobre a existência e o mundo; que abraçasse e beijasse as crianças doentes; que lhe ensinasse a orar e a dar os primeiros passos; que os conduzisse à escola, a fim de aprenderem; que contasse muitas histórias sobre Jesus... Dizem que nosso Pai Celestial permaneceu muito tempo examinando, e em seguida chamou a mulher, deu-lhe o título de “Mãezinha” e confiou-lhe as criancinhas...

Mães de hoje, devem repensar suas atitudes. Vejam se não estão abdicando da mais nobre missão que o Senhor da Vida lhes confiou: a maternidade. Missão essa que as eleva a função de educadoras devotadas por excelência.
As mães espíritas têm a seu favor o conhecimento da reencarnação. Sabem também que só por volta dos sete anos, se completa o processo reencarnatório e que, por isso mesmo, é preciso trabalhar o caráter de seus filhos até essa idade, quando o espírito está mais aberto à educação, à aquisição de valores nobres. Temos o dever de oferecer às nossas crianças, um ambiente de harmonia onde se cultive o hábito da oração. Não podemos nos esquecer de oferecer também exemplos de solidariedade, de caridade, de equilíbrio, de trabalho e de amor.

Não estamos sugerindo à mulher, um retorno irrestrito ao lar, ao exclusivo fogão e tanque; estamos falando das horas fora do lar, das horas perdidas dentro do lar, sem a devida assistência aos pequeninos. Carinho de mãe pode ser substituído? – Talvez. Mas a educação que deixarem de dar aos seus filhos por isso terão de responder com certeza. Se há necessidade do trabalho e este exige muitas hora fora, ao chegarem em casa, depois de um tempo, dediquem-se a eles. Parem para ouvi-los, as mil coisinhas do dia que para eles são sempre de muita importância. Passem a lhes dar carinho, sorrisos e a brincar com eles.
Permitam que em algum horário do dia, eles possam matar as saudades pela ausência da mãe. Vejam os desenhos (rabiscos) que fizeram e que para eles é uma obra prima, verifiquem a lição que devem aprender. Acompanhem seus progressos na escola. Nos finais de semana procurem sair e passear com eles. Ouçam as suas dúvidas, sendo suas confidentes e ensine-os a fazer uma oração de agradecimento. Falem dos ensinamentos ou das histórias de Jesus. Dêem-se a eles e realizem a tarefa de conduzir para o bem, essas almas que Deus as confiou, à conta de seus filhos.

A mãe é a representante do Divino Amor de Deus na Terra, ensinando-nos a ciência do perdão, do carinho da caridade e do amor, em todos os instantes de nossa jornada terrena. Se pudermos imitá-la nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente ela nos oferece, por certos seremos na existência, felizes e preciosos auxiliares do Reino de Deus. Toda mãe acha que seu filho(a) será sempre a sua criança, não importando a sua idade. Vários são os nomes dessa mulher, mas sempre a chamaremos de MÃE.

Nossa mãe, através dos tempos, nos ensinou. Ensinou a ser humilde, trabalhador, honesto, falar a verdade, não desistir e sempre recomeçar, valorizar a existência, cultivar valores e a ter, como ela, fé em Jesus. Obrigado mãe querida por tudo o que nos deu de lições e exemplos para nossa existência, e que tentamos repassar para nossos filhos.

Quem ama o seu filho(a), está amando também a Deus...

Bibliografia:
O “”Evangelho de Jesus”
Maria H. Márcon

Jc.
19/07/1997

A ARTE DE ENVELHECER

A ARTE DE ENVELHECER

O envelhecimento tornou-se um novo campo de estudos especializados pela elevação contínua dos índices de expectativa da existência humana. Em função de pesquisas recentes, os gerontólogos passaram a distinguir etapas nesse processo de durabilidade, chamando de Terceira Idade, a faixa de 60 a 80 anos; e de Quarta Idade, a que se segue dos 80 anos em diante.

Segundo os especialistas, a Terceira Idade seria ainda constituída por anos bons, dispondo a pessoa de relativo vigor e tendo preservadas a inteligência e a memória, o que lhe asseguraria ainda trabalhar e ter uma existência ativa e de boa qualidade. Já a Quarta Idade, seria uma fase com fragilidade e disfuncionalidade; manifestando muitos nonagenários, perdas sensíveis de autonomia, memória e identidade pessoal. Por outro lado, por meio de testes aplicados, os idosos, nessa fase, mostram índices mais elevados de inteligência emocional e sabedoria, despertando neles, a consciência de que eles não são “corpos”, mas Espíritos imortais, preparando-se para desligar-se do envoltório carnal, no ensejo da desencarnação, encarando com tranqüilidade a passagem para a Espiritualidade, na qual a vida continua.

É ainda preconceituosa e inamistosa a maneira com que muitas pessoas analisam e consideram o envelhecimento físico, sem se darem conta que, os que assim pensam e agem, estarão fadados a essa experiência no ciclo da existência biológica, a não ser que morram prematuramente.

Eu (79 anos) e muitos outros idosos que procuramos tratar com naturalidade esta fase da existência, nos vemos em certas ocasiões, apreensivos com as limitações que a fase do envelhecimento físico nos impõe. Olhando-me no espelho, tento recordar o meu rosto de outrora e estranho à aparência física que a realidade reflete. Pensei: a cada dia estou envelhecendo em pouco mais o que é natural. Percebo as marcas dos vincos que estão se acentuando. Noto que meus olhos já não têm tanto brilho e a percepção visual diminui a cada dia. Já não ouço os sons com a nitidez e a precisão que muitos momentos requerem... Minha voz já tem dificuldades em função da falta dos dentes. E meus cabelos ? Estão brancos e não possuem mais a maciez, o brilho e a vitalidade de outrora, embora ainda me reste a satisfação de não estar careca.

Lembrei-me de um poema de Cecília Meirelles, em que diz: “Em que espelho do tempo ficou perdido meu rosto ?” Mudamos muito, realmente, porquanto o tempo passa. Mudamos tanto intimamente como exteriormente. O desgaste da existência, os problemas do cotidiano, as lutas, os deveres e os trabalhos que são presentes ante a responsabilidade da família, nos vão desgastando ao longo dos anos. Entretanto, para nossa felicidade, sentimos que o desgaste maior é exterior, não afetando tanto nosso espírito que criado anteriormente, e por mais existências que já tenha tido, ainda é muito jovem, precisando progredir a cada ano, a cada nova existência. Observamos que não nos sentimos tão envelhecidos, quando analisamos nossa idade física e a comparamos com a nossa idade mental. Muitas pessoas espiritualizadas como eu, se sentem intimamente com menos idade, ou a idade não pesa tanto para nós.

Refletindo em torno do envelhecimento físico, busquei uma análise mais profunda sobre meu estado interior. Percebi que o mais importante é como eu estou me sentindo; e na busca desse conhecimento, constatei que existem muitas vantagens, muitos avanços e conquistas imperecíveis com relação a minha existência e o meu relacionamento com o próximo. Percebi que amo a minha presente existência, amo meu corpo (o jumentinho do espírito, no dizer de Francisco de Assis), amo minha esposa, meus filhos, meus parentes, amo meus amigos, amo o meu lar, a Natureza, amo a Jesus, e acima de tudo a Deus, por me ter dado a vida e tudo que Ele me tem proporcionado e aos meus entes queridos.

Esse imenso amor que sinto dentro de mim, dá um novo colorido a minha existência e a tudo que me cerca. Essa capacidade de amar não é privilégio meu, pois todos nós podemos amar, e estamos imersos no imensurável Amor de Deus...

Estou aprendendo a ser tolerante. Procuro não guardar o lixo mental das mágoas e dos aborrecimentos porque isso faz mal; tento esquecer o lado negativo das pessoas e das coisas, para não me prejudicar espiritualmente. Ainda faço planos, como todas as pessoas, sonho e tenho ideais que busco concretizar a cada dia da minha existência. Sempre que tivermos realizado um sonho, um desejo, devemos criar outros para nos dar a motivação do trabalho e da existência. No dia em que não tivermos mais sonhos ou desejos a realizar, nesse dia, melhor seria deixarmos a existência, o que também não deixa de ser um desejo para muitas pessoas que sofrem demasiadamente ou que estejam em fase terminal.

Luto pelos meus ideais e pelos meus sonhos, embora saiba que alguns deles talvez sejam irrealizáveis, mas não dispenso eles nem a ilusão com que eles enfeitam meus dias de esperanças... Alguém disse que “sonhar também é viver”.
Tenho prazer em ler um bom livro, ou revista e me sinto feliz com as histórias de outras pessoas que se realizaram no bem. Admiro a arte dos que sabem escrever sensibilizando as pessoas; seja um pequeno conto infantil tocado de sensibilidade, ou a mais profunda reflexão filosófica, como a Doutrina dos Espíritos.

Tenho procurado desenvolver o sentimento de fraternidade e o da gratidão... Poucas pessoas são agradecidas a Deus, à Natureza, à família, aos que sempre nos ajudaram ao longo da existência. São tantas as graças recebidas de Deus e de tantas outras pessoas que é impossível lembrar de todas, porém dou destaque à minha querida mãe, que foi a pessoa mais importante em minha infância, minha juventude e minha fase de adulto; que me ensinou a respeitar as pessoas e as leis divinas e a entendê-las na filosofia espírita. O ser humano evolui através do exercício da gratidão.

Olhando-me no espelho da vida, recordei a minha infância, os dias, meses e anos vividos e concluí que sou feliz, muito feliz. Não a felicidade efêmera e fugaz da existência terrena, mas a que nos confere uma consciência em paz, de quem está fazendo o possível para progredir e contribuir para a felicidade do seu próximo. Esta compreensão maior que a Doutrina dos Espíritos nos dá em torno do real sentido da existência, no trato com os problemas do dia-a-dia, no enfrentamento das dificuldades e limitações que o envelhecimento físico proporciona, é luz, é sabedoria a direcionar nossos passos, rumo ao nosso destino maior, neste entardecer da existência.

Joana de Angelis, no livro “O Despertar do Espírito”, diz: “A velhice física deve ser considerada inevitável e ditosa pelo que encerra de gratificante, após as lutas cansativas das buscas e realizações. É o resultado de como cada um se comportou, enriquecida com recordações ditosas ou infelizes... Envelhecer é uma arte e uma ciência; o despertar da alma para a grandeza espiritual”.

No livro “Boa Nova”, conta o Espírito de Humberto de Campos que, Jesus, respondendo ao apóstolo Simão o “Zelote”, no tema “Moços e Velhos”, sobre ele ser mais velho que os outros apóstolos, e o declínio de suas forças para os serviços do Evangelho, disse: “Simão, poderíamos acaso perguntar a idade de nosso Pai Celestial ? E se fôssemos contar o tempo, quem seria o mais velho de todos nós ? – A vida é como uma árvore grandiosa. A infância é a ramagem verdejante. A mocidade se constitui de suas flores formosas. A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem depois de receberem os primeiros raios do sol, e flores que caem ao primeiro sopro da Primavera. O fruto, porém, é sempre uma benção do trabalho do Todo Poderoso. A ramagem é uma esperança; a flor é uma promessa; o fruto é a realização. Só ele contém o doce mistério da vida. Esta imagem pode ser também a da vida do Espírito na sua radiosa eternidade, marchando sempre para o fruto da edificação. Em face da grandeza espiritual da vida, a existência humana é uma hora de aprendizado, no caminho infinito do Tempo, encerrando o que existe no todo. É por isso que vemos, por vezes, jovens que falam com uma experiência milenar, e velhos sem reflexão e sem esperança. – Achas que os moços de amanhã poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos e os conhecimentos dos que estão envelhecendo e os precederam ? Poderia a árvore viver sem a raiz; a alma sem Deus ? – Os moços de hoje também ficarão velhos e os cabelos brancos de suas frontes atestarão profundas experiências. – Quando estiveres com as crianças que ainda pedem cuidados, e os jovens que são como abelhas que ainda não sabem fazer o mel, desculpa os entusiasmos ainda sem rumo. Esclarece-os, Simão, e ama a todos, e não penses que outro homem pudesse efetuar, no conjunto da obra divina, o esforço que te compete. – Em verdade, Simão, ser moço ou velho no mundo, não interessa... Antes de tudo é preciso ser de Deus. Vai e tem bom ânimo !...”

Dando Jesus por terminado o seu esclarecimento, Simão, o Zelote, se retirou satisfeito, como se houvesse recebido no seu coração uma energia nova, que o reanimava ao trabalho do Evangelho.
Recentemente foi aprovado o Estatuto do Idoso. Infelizmente, estabelecer direitos, tanto em nosso país como em outros, não implica que sejam cumpridos. Para ser mais claro, a lei na maioria das vezes não representa a realidade. O Brasil é hoje “um país jovem de cabelos brancos”, e que ainda não aprendeu a lidar com essa massa popular que aumenta todo ano em nosso país. Por isso é que podemos observar tantas discriminações para com os idosos. Nossos jovens deveriam ter uma reeducação em relação ao que pensam sobre os idosos, pois os jovens de hoje, serão os idosos do amanhã. Vários paises na Europa, “já pensam nos idosos há muito tempo, e nas escolas eles educam as crianças a respeitar e se aconselharem com os mais velhos”.

A discriminação contra os idosos, não será resolvida pelas penalidades impostas no Estatuto do Idoso, que nos artigos 96 e 108, vão desde multa até a reclusão. Somente com a educação aplicada no âmbito familiar é que as pessoas passarão a obedecer essas regras, e não por temerem as penalidades, mas por uma questão moral. Esperamos que com o Estatuto, seja possível criar não uma mudança no sistema, mas uma mentalidade de mudança, já que a palavra, “velho”, vem acompanhada de conotações pejorativas. “Não devemos contar o ser humano pelos anos, que começa no berço e acaba no túmulo, mas dentro de uma perspectiva que teve começo e não terá fim, pois tudo caminha e se resume em termos de evolução e eternidade”.

Numa sociedade que idolatra a juventude, a beleza, a forma física, ser idoso significa estar envolvido em um universo de rejeição, preconceitos e exclusões. Quando as pessoas se referem ao processo de envelhecimento, geralmente o que vem à cabeça é um processo de perda; dificilmente são reconhecidos os ganhos com o passar da idade, quando a pessoa já vivenciou experiências, adquiriu conhecimentos e, na maioria das vezes, cresceu espiritualmente.

Segundo a Organização de Saúde, o Brasil ocupa hoje a décima posição no ranking de idosos. A cada ano, 650 mil novos brasileiros passam a figurar na camada acima de 60 anos. Uma pesquisa realizada no ano passado revelou que a expectativa de vida do brasileiro passou para 71 anos, enquanto em 1980 era de 62 anos. O IBGE afirma ainda que a população do Brasil com mais de 60 anos, está perto dos 16 milhões; ou seja, 9 % dos cidadãos deste país.

Para que se tenha uma idéia de como são tratados os idosos, nos servimos do artigo 15º, parágrafo 3º do Estatuto, que diz: “É vedada à discriminação do idoso nos planos de saúde, pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”. Desrespeitando a Lei e as autoridades, essa é uma prática comum nos planos de saúde, que vão aumentando as mensalidades de acordo com a idade das pessoas, chegando ao ponto de muitos abandonarem o sistema, por não poderem mais pagar, perdendo tudo o que pagaram anteriormente, sem nenhum ressarcimento por parte das empresas.

Outros exemplos negativos passo a expor como pequenas histórias, onde filhos tratam seus pais de maneira vergonhosa e interesseira, sem se preocuparem com o mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”. A primeira tem o título “A Fama de Rico”. - Manoel Rabelo, fazendeiro, fora acometido de paralisia nas pernas. Vivia no leito, rodeado pelos filhos atentos, com a assistência contínua e muito carinho. Durante a doença conheceu a Doutrina Espírita, que lhe abriu novos horizontes à existência mental. Pouco a pouco foi se desprendendo da idéia de posses terrenas. Para que morrer com tantas posses ? Queria agora era a benção da paz. Viúvo, com boa fortuna e prevendo a desencarnação próxima, chamou os quatro filhos e repartiu com eles os seus bens, avaliados em seis milhões de reais. Com isso, veio a reviravolta. Donos de riqueza própria, os filhos se fizeram distantes e indiferentes; embora o pai rogasse, as visitas eram raras e as atenções nenhuma. Rabelo, muito triste e quase abandonado, perguntava a si mesmo se não havia se precipitado, dividindo os seus bens. Os filhos não eram espíritas e mostravam irresponsabilidade para com ele. Nessa situação, apareceu-lhe antigo devedor. Antonio Matias, seu amigo, veio lhe pagar um grande empréstimo que havia tomado sob palavra, e lhe entregou quatro milhões de reais. Na presença de dois filhos, Rabelo colocou o dinheiro no cofre junto à cama. Sobreveio então o imprevisto. Os quatro filhos sabedores do assunto voltaram às antigas manifestações de atenção e carinho. Revezam-se junto a ele, e tome caldo de galinha, frutas vitaminas e outras coisas mais. E assim, viveu ainda mais dois anos, cercado dos filhos e em grande serenidade. Exposto o corpo a visitação, os filhos se fecharam no quarto e abriram aflitamente o cofre somente encontrando lá, um bilhete assinado pelo pai, entre as páginas de um “Evangelho Segundo o Espiritismo”. – O papel dizia; “Meus filhos queridos; Deus abençoe vocês. O dinheiro que recebi, distribuí entre várias obras espíritas de caridade. Deixo a vocês, o capítulo décimo quarto deste livro. – Os filhos extremamente desapontados, abriram o livro e leram o recomendado que dizia: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”...

A segunda história tem o título: “O Velho e o Neto”. – Existia num lugar, um velho, quase cego e surdo, com mãos e pernas trêmulas. Quando se sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Derramava a sopa na toalha e, quando afinal acertava a boca, deixava sempre cair uns bocados pelos cantos, qual criança pequena. O seu filho e a nora dele achavam que era uma porcaria e ficavam com nojo e o recriminavam. Eles terminaram por fazer o velho comer num canto da cozinha. Levavam a comida para ele, numa tigela de barro, e o que era mais reprovável, além da pior comida, ainda não lhe davam o suficiente, deixando-o quase sem alimento. O velho olhava para a mesa e nada mais vinha. -Numa ocasião, suas mãos tremeram tanto devida a fraqueza, que ele deixou a tigela cair no chão e ela se quebrou. A nora ralhou com ele que só chorou.
-Depois, para que não acontecesse de novo, a nora comprou uma gamela de madeira, e foi nela que o velho passou a comer... - Certo dia, quando estavam sentados na varanda, o neto do velho, um menino de quatro anos, estava brincando com um pedaço de pau. O pai lhe interrogou: “O que você está fazendo ?” O menino respondeu: “Estou fazendo um, igual ao do vovô, para papai e mamãe poderem comer quando estiverem velhos”. O pai e a mãe se olharam de surpresa e depois caíram no choro de arrependimento. Depois disso, trouxeram o velho de volta para comer na mesa; passaram novamente a comer juntos, e, quando o velho derramava alguma coisa, ajudavam e ninguém dizia nada. Eles haviam aprendido a lição”.

Igual, a esse filho, existem muitos outros pelo mundo afora, que não cuidam e nem respeitam os seus pais, achando-se somente credores de tudo, nada retribuindo pelo muito de sacrifícios, dedicação e amor que receberam, quando ainda crianças e adolescentes dependentes. Se visitarem os asilos, verão quantos pai e mãe lá se encontram abandonados pelos filhos e filhas, além de outras pessoas que serviram famílias durante anos e quando não puderam mais trabalhar, foram relegadas ao abandono sem nenhuma consideração.

Envelhecer é uma condição inerente ao ser humano, que não é agradável e nem aceita por muitas pessoas, apegadas à existência terrena e as vantagens temporárias que desfruta. Envelhecer, para as pessoas que já têm noções da vida espiritual, é a esperança de uma viagem agradável, onde vamos colher os frutos do bem que fizemos aos nossos semelhantes. Somente aqueles que na existência nada fizeram para ter méritos ou evoluir, lamentam o envelhecimento e se arrependem da existência vazia de realizações positivas. Envelhecer, portanto, significa haver completado um ciclo de trabalhos, experiências, resgates e aquisições que nos garantem uma partida, quando chegar a nossa hora, em melhores condições das que quando aqui chegamos. Envelhecer é o caminho de retorno à nossa realidade de espírito imortal, rumo ao progresso e à nossa evolução espiritual.

Quando se cumprir toda a nossa jornada terrena, estamos tranqüilos para a nossa viagem de retorno à Espiritualidade, onde iremos encontrar aqueles que foram nossos entes queridos aqui na Terra.


“Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir continuadamente, tal é a lei”,
nos ensina Allan Kardec.



Bibliografia:
Livro “o Despertar do Espírito”
“ “Boa Nova”

Jc.
S.Luis, 17/3/2004
Refeito em 18/5/2010

domingo, 16 de maio de 2010

A OBSESSÃO E A POSSESSÃO

A OBSESSÃO E A POSSESSÃO

Antes da descoberta do microscópio, que ensejou ao ser humano verificar a existência e a ação de vírus e micróbios, a peste dizimava populações inteiras. Muitas delas, fruto da ignorância das criaturas, da omissão de governantes, pela falta de recursos e do uso de técnicas inadequadas, que infelizmente ainda persistem ainda hoje, na forma de epidemias e endemias localizadas e em infecções hospitalares.

O desconhecimento, pela maioria dos seres humanos, da realidade espiritual, e o atraso moral da humanidade, também ocasionaram enfermidades a nosso ver, mais cruéis do que a peste, a lepra, o câncer e a aids, que ameaçam o corpo: são as obsessões que acometem o ser humano, desde tempos imemoráveis e têm a idade da maldade humana, sendo popularmente chamados de “encostos”.

Os espíritos inferiores, vingativos, invisíveis aos nossos olhos mortais, atuam sozinhos e em legiões, perseguindo-nos com seu ódio, conforme registra o discípulo Marcos (cap.5 v-9): Perguntou-lhe, Jesus: “Qual o teu nome?” Respondeu ele: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”. Esses espíritos aproveitam-se da ignorância da Ciência e da falta de moral das vítimas, para a sua atuação prejudicial, comprovada nos inúmeros relatos existentes no Evangelho.

Por trás da maioria dos sofrimentos humanos quase sempre há a atuação de obsessores: nas guerras, nos vícios, no dia-a-dia do trânsito, nos lares, no trabalho; enfim, nos atritos e em todos os lugares. Nosso atraso moral, nossas paixões e nossos sentimentos negativos os atraem, e eles se ligam a nós, nas obsessões. E o que é obsessão? – A obsessão é o domínio que alguns espíritos exercem sobre certas pessoas. A obsessão é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo no sentido de prejudicá-lo. Apresenta características muito diversas, desde a simples influência sem sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Allan Kardec no “Livro dos Médiuns” cap. XXIII itens 237 a 240, classifica as obsessões: obsessão simples e possessão. As obsessões podem ser de pessoas para os espíritos, de pessoas para pessoas, de espíritos para pessoas e de espíritos para espíritos. São causadas na sua maioria, por vingança; pelo desejo de fazer o mal. O espírito que sofre quer que outros também sofram; por ódio ou inveja do bem. Na maioria dos casos o motivo se encontra em existências anteriores, na qual a pessoa que hoje sofre, fez sofrer anteriormente o seu obsessor.

A obsessão é causada pelos nossas próprias ações, espinheiros plantados pelos nossos pensamentos, palavras e atos. Vejamos um exemplo: Muitas pessoas são acometidas de uma incontrolável sonolências durante uma palestra espírita. Já aconteceu isso com você? O fato se deu de forma casual ou se trata de uma rotina? – Pois bem, se a resposta coincidir com a segunda possibilidade, é sinal de que algumas providências precisam ser tomadas. Nem sempre tal ocorrência é devido ao cansaço físico, ou mesmo a uma enfermidade debilitante capaz de impedir a fixação da mente no comentário do palestrante.

Se nos fosse permitido analisar àqueles que habitualmente nas reuniões públicas espíritas, “cochilam”, faríamos a seguinte pergunta: Em um mesmo horário, se estivesse assistindo a uma novela, o tele-jornal, uma partida de futebol, uma sessão de cinema, você costuma adormecer? – Certamente nos responderiam negativamente. Em virtude da resposta poderíamos argumentar: - Você está sendo forçado a comparecer à casa espírita? Sente-se sonolento pelo fato de não simpatizar com o palestrante ou com o assunto abordado? – Você não aceita os ensinos da Doutrina? – Mais uma vez certamente as respostas indicariam não se tratar de ser forçado, nem com antipatia contra o palestrante, o assunto ou os postulados espíritas. Então, por que tal fenômeno é observado no Centro Espírita?

A resposta mais convincente é fornecida por André Luiz, no capítulo 16 da obra “Nos Domínios da Mediunidade”. Conta ele que em visita de estudos feita em determinado Centro Espírita, observou valiosas anotações no decorrer da sessão. Vejam como é interessante: “Muitos eram os casos de espíritos perseguidores e malvados que procuravam hipnotizar as suas vítimas, precipitando-as no sono provocado, para que não tomassem conhecimento das mensagens transformadoras, que eram proferidas pelo palestrante”.

Tal fato constatado nos sugere às seguintes reflexões: A invigilância e a falta de moral elevada, servem de brechas para que os maus espíritos disso se aproveitem, com a finalidade de nos impedir o esforço de aprendizagem. Algumas pessoas buscam justificativa na mediunidade e responsabilizam a faculdade pelos “cochilos” habituais. Mas, em verdade, a ocorrência de tal fato está mais para uma obsessão do que manifestação de efeitos físicos, como cansaço ou alguma enfermidade. É sinal de que a pessoa se encontra necessitada de um tratamento espiritual. Além do tratamento que implica na melhora moral com o afastamento dos vícios que atraem os espíritos, tal medida deve ser acompanhada do uso freqüente da água fluidificada e do passe magnético. É necessário também o exercício da fé em Deus, a mudança de comportamento para melhor, a prece fervorosa, todos os dias, e as leituras edificantes, para elevar o padrão vibratório mental, de modo a afastar os obsessores e facilitar o processo de cura da obsessão.

A obsessão é um ato praticado sempre por um espírito mau. Os bons espíritos não obsediam ninguém. Há quatro causas que dão origem às obsessões:

1ª - Deficiências morais. Sabemos que, pela lei da afinidade moral, atraímos os espíritos cujos gostos, inclinações e aspirações são iguais as nossas. Assim sendo, cada uma das imperfeições de nosso caráter, atrai para junto de nós um espírito dotado da mesma imperfeição;
2ª – Vingança de inimigos desencarnados. Todos já tivemos muitas existências. Já fomos ignorantes e embrutecidos e essas condições nos fizeram praticar muitas ações detestáveis, ferindo muitos irmãos que se tornaram nossos inimigos. Estando esse inimigo desencarnado e, como ainda não soube transformar o ódio em amor, e nós, de nossa parte, nada fizemos para merecer o perdão, ele exerce sobre nós sua vingança, atormentando-nos pela obsessão. O ataque nem sempre visa à pessoa que sofre a obsessão. Às vezes é apenas um instrumento por ser portador de mediunidade, que o obsessor utiliza para martirizar seu inimigo ou ferir a família toda.

3ª – Mediunidade não desenvolvida. A mediunidade que não é desenvolvida sofre a obsessão de espíritos perversos e ignorantes. Há pessoas que resistem e embora sempre molestadas, levam a existência adiante; outras são mais fracas e se não desenvolverem a mediunidade, acabam sendo obsidiadas.

4ª – Mediunidade mal empregada. O médium que não cumpre retamente seus deveres ou os cumpre movido pelo interesse pessoal, é abandonado pelos guias protetores e se torna presa fácil de espíritos inferiores que não o deixarão sossegado. Geralmente o espírito obsessor nunca age só. Igual aos malfeitores encarnados, anda junto a outro ou em grupos espalhando o sofrimento e inspirando o mal, aos que não fazem o bem e se esquecem de orar e vigiar.

A obsessão não é propriamente um mal, mas uma advertência, muito séria, de que a existência do obsidiado ou as pessoas da família, não estão seguindo o caminho reto que conduz a Deus; impondo-se uma retificação. A causa principal que produz a obsessão é a falta de moralidade. A pessoa moralizada, de bons costumes, não oferece oportunidades para que espíritos obsessores atuarem. A moralidade está contida nos mandamentos: “Amemos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

Corrigidas as imperfeições de nosso caráter, os espíritos obsessores se afastarão, porque não existe mais afinidade em nosso comportamento ou porque não encontraram mais campo propício para agirem. A partir de então, libertados das influências dos espíritos, poderão assistir as palestras doutrinárias, com toda a atenção, enriquecendo cada vez mais o patrimônio moral e espiritual de cada um de nós.

A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento. Exige também habilidade e valores morais a fim de encaminhar para o bem, espíritos muita das vezes, astuciosos, endurecidos e perversos, nada se obtendo pela ameaça. A cura só se dá após a renovação moral dos enfermos, porque estes, curados antes de adquirirem virtudes, cairiam em erros mais graves. O Mestre algumas vezes procurado pelos enfermos do corpo e do espírito, lhes dizia não convir que se curassem, porque não convinha ao espírito, fossem agravar suas responsabilidades, fazendo mal uso de uma graça recebida. Ainda mais: não convinha se curassem porque necessitavam das provações e das expiações, para se elevarem perante Deus, o que não conseguiriam com a saúde do corpo, mas sim, com a saúde do espírito.

Para neutralizar a influência dos maus espíritos, recomenda-nos os Espíritos Superiores: “a prática do bem, pondo em Deus, toda a nossa confiança”, resposta a questão 469 de “O Livro dos Espíritos”. Encontramos ainda em “A Gênese” cap.XIV item 46, a seguinte orientação: “Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos, o obsessor”. Mas não basta apenas orar. É indispensável a renovação íntima do obsidiado. É o que nos afirmam os Espíritos, na resposta da pergunta 479 de “O Livro dos Espíritos”. “A prece é em tudo um poderoso auxílio, mas credes, não basta alguém murmurar algumas palavras, para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que fazem e não os que se limitam a pedir. É pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que seja necessário para destruir em si mesmo, a causa da atração dos maus espíritos”.

O mentor Emmanuel dos diz mais; que o obsessor é “aquele que importuna; é alguém que participou da nossa convivência. Experimentamos atração ou aversão por aqueles espíritos com os quais já convivemos nas existências passadas. Encontramos obsessor reencarnados como pai ou mãe, esposa ou esposo, filhos ou parentes. Nas obsessões graves, toda a família da vítima é assediada. A ação dos espíritos maus provoca brigas, desequilíbrios, incompreensões, suicídios e assassinatos. Para beneficiar o ambiente, o ideal é que toda a família faça o culto do Evangelho no Lar, pelo menos uma vez por semana, não só para auxiliar o enfermo, como também para realizar o progresso individual de cada um. Com ele, educa-se o sentimento e é este, o instrumento mais efetivo para se convencer os perseguidores a nos deixar em paz”. Qualquer vitória, por menor que seja, devemos atribuí-la ao Divino Mestre, médico de nossas almas enfermas, não obstante o íntimo regozijo que nos invade a alma, quando presenciamos a melhora do sofredor.

É importante notar que nem tudo é obsessão de espírito. Muitas vezes a pessoa cria a sua obsessão, ao alimentar idéias absurdas, ambições desmedidas, leituras perniciosas, etc. Os obsedados estão sempre com os corpos encharcados de fluidos impuros que lhes injetam os espíritos obsessores; daí o fato de apresentarem sintomas de mal físico. Há, portanto, um duplo tratamento a fazer: Primeiro, doutrinar o obsessor; segundo, retirar do corpo do enfermo, os fluidos impuros. O fluido magnético do médium associado aos Espíritos Curadores, atua como uma força repulsora que penetrando no corpo do obsedado, expele os fluidos impuros. Aliados a este tratamento, a água fluidificada deve ser ministrada, para desfazer os fluidos venenosos, e a prece que toca o íntimo do espírito obsessor e lhe modificas os sentimentos, fazendo-o esquecer a obsessão e sentir desejos de iniciar uma nova vida.

Há casos em que o espírito obsessor tem com a sua vítima uma afinidade quase perfeita que a obsessão fica muito mais grave, porque se transforma numa possessão. As irradiações fluídicas do possesso, combinando-se bem com as do espírito possessor, fazem com que este paralise a vontade do encarnado, e daí por diante, subjuga-o inteiramente, a ponto de torná-lo um louco furioso; outras vezes fica falando sozinho, faz discursos ou mantém conversas absurdas.

Tanto a obsessão como a posssessão são doenças espirituais e devem ser tratadas espiritualmente, no Centro Espírita. O concurso da família é muito importante porque, como sabemos, nem sempre o visado é o obsedado, mas, uma ou mais pessoas que o cercam. A oração deve ser humilde, sincera e com fé, implorando o socorro Divino, não esquecendo, porém, de pedir também pelo espírito obsessor. Não pensem, contudo, que a cura se efetuará do dia para a noite. Geralmente passa algum tempo antes que o obsessor se convença, sentindo desejo de largar a vítima, de regenerar-se e de se afastar.

A doutrinação desempenha importante papel no cura das obsessões. Doutrinar é evangelizar, é demonstrar ao espírito obsessor o mal que está praticando, sem nenhum proveito com o seu péssimo modo de agir; a necessidade de reformar os seus atos à luz dos ensinamentos de Jesus, a fim de gozar um pouco de paz e felicidade. É uma tarefa penosa, lenta e fatigante. Não julguemos, porém, que se eles não fossem doutrinados nas sessões, os espíritos inferiores deixariam de progredir. Há no mundo espiritual, escolas onde todos aprendem a seguir o reto caminho e instrutores dedicados que guiam e ajudam os espíritos atrasados.

Se Deus permite que haja a comunicação de espíritos obsessores, é para convocar os encarnados ao serviço da caridade e para que sirvam de lições às pessoas, a fim de aprenderem a evitar os erros que lhes acarretarão as conseqüências observadas nos espíritos sofredores. Revelemos as sublimes verdades da imortalidade da alma, da fraternidade, da reencarnação, da comunicação e a paternidade que temos em Deus. Nunca forcemos ninguém a aceitar nossas idéias; ajudemos primeiro aos que se achegarem a nós. Procuremos socorrer os que imploram a misericórdia de Deus e nunca deixemos de dar de graça o que de graça recebemos.

Lembremo-nos sempre de que em qualquer parte que a bondade de Deus nos colocar, por mais humilde que seja a nossa função, serviços poderemos prestar. Se conseguirmos enxugar uma única lágrima, não perderemos nossa recompensa e seremos candidatos ao Reino de Deus.

Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.

Bibliografia:
Livro “Nos Domínios da Mediunidade”
Livro “Mediunidade sem Lágrimas”
“Livro dos Médiuns”
“Livro dos Espíritos”
20/10/1997