DOENTES MENTAIS 1ª Pergunta.
Não seria o alienado mental um Espírito em estágio primário de evolução?
Resposta. A alienação mental é decorrente do mau uso da
inteligência, a partir do momento em que o Espírito tem noção do bem e do mal,
Por esse motivo não podemos enquadrar o alienado como um primitivo.
2ª Pergunta. A alienação envolve problemas cerebrais?
Resposta. Grande parte dos
doentes, nos hospitais psiquiátricos não apresentam nenhuma disfunção no
cérebro. O problema é espiritual, envolvendo a influência de Espíritos
obsessores e desajustes de comportamento relacionados com a existência atual ou
pretéritas do alienado.
3ª Pergunta. As alucinações do doente mental seriam
decorrentes de visões do mundo espiritual, marcadas pela pressão de Espíritos
obsessores?
Resposta. Positivo, mas também decorre de conflitos íntimos e de uma sobreposição de
vivências anteriores às experiências do presente, na tela mental.
4ª Pergunta. É possível uma criança ser perseguida por um
Espírito a ponto de comprometer seu desenvolvimento mental?
Resposta. Isso ocorre ás vezes. Depende da intensidade
dessa influência. Convulsões disparadas por agressões espirituais, nos domínios
da subjugação, dificultam o desenvolvimento mental da criança.
5ª Pergunta. Não é injusto alguém ter sua existência
comprometida, desde a infância, em virtude de uma agressão dessa natureza?
Resposta. Qualquer tipo de influência espiritual
subjugante, em qualquer idade, sempre nos parecerá injusta, por não sabermos
que obsessor e obsidiado são adversários engalfinhados em furiosos combates
espirituais. As posições vítima/verdugo, se alteram sob a inspiração do ódio.
6ª Pergunta. Os mentores espirituais não têm condições
para afastar compulsoriamente o obsessor?
Resposta. É possível, mas não é recomendável. Há uma
ligação muito forte entre os dois. Desfazê-la por um ato de força poderá criar
embaraços maiores ao obsidiado. André Luís, em psicografia de Chico Xavier, diz
que esses laços devem ser “desatados”, nunca “cortados”; é preciso o concurso
do tempo e do perdão de ambos.
7ª Pergunta. O que pode a família fazer em benefício do
doente mental?
Resposta. O primeiro passo é aceitá-lo com o seu
problema, considerando que é alguém que precisa de muita dedicação e carinho,
maior do que se seu mal fosse físico. Quanto ao mais, um ambiente ajustado, o
Culto do Evangelho no Lar, as orações, o passe, tudo ajuda.
8ª Pergunta. É aconselhável internar o doente mental em
hospital especializado?
Resposta. Há uma tendência atual, na psiquiatria, para
o tratamento ambulatorial e também é importante que o doente não perca o
contato com a família que pode ajudá-lo, a não ser quando o doente apresente comportamento perigoso.
LOUCURA E CRIMINALIDADE 1ª Pergunta.
Pode a loucura levar um indivíduo a cometer assassinato?
Resposta. O crime, sob qualquer motivação, é sempre uma
espécie de loucura, quando, renunciando à razão, damos livre curso às
tendências inferiores. O alienado mental pode mergulhar fundo nesse fosso de
instintos bestiais, tornando-se um “serial killer”, como dizem os americanos.
2ª Pergunta. E os Espíritos (alienados mentais) que não
cometem violências?
Resposta. Não obstante o problema mental eles são
Espíritos que superaram a agressividade.
3ª Pergunta. Alguns criminosos afirmam agir sob a
inspiração de vozes. Seriam obsidiados?
Resposta. É possível. Espíritos interessados em semear
a confusão se aproveitam de pessoas desajustadas, dotadas de sensibilidade, induzindo-as
a prática de crime contra aqueles a quem odeiam.
4ª Pergunta. E como fica a responsabilidade do criminoso
que age
sob essa influência?
Resposta. Se uma pessoa me recomenda que dê um tiro em
alguém não estou obrigado a fazê-lo; porém se atendo à sugestão assumirei a
responsabilidade pelo ato praticado, perante a lei.
5ª Pergunta. Como fica o alienado que mata? Assume a
responsabilidade?
Resposta. A justiça humana considera o alienado mental
inimputável, isto é, não responde por seus atos, ainda que criminoso. À Justiça
Divina competirá julgar o Espírito, para definir se sabia o que estava fazendo,
ainda que prisioneiro de um cérebro insano.
6ª Pergunta. Qual a origem dos problemas de alienação
mental?
Resposta. Eles surgem a partir de quando nos
desajustamos e deixamos de aceitar e respeitar os ensinos que Deus nos
propiciou.
TERAPIA DE VIDAS PASSADAS 1ª Pergunta.
Nota-se certa resistência à Terapia de Vidas Passadas no meio espírita.
Por quê?
Resposta. Enfatiza-se que a TVP é um recurso
terapêutico a ser aplicado por profissionais habilitados – médicos e psicólogos
-, e não um exercício de ajuda espiritual no Centro Espírita.
2ª Pergunta. Será prudente essa incursão pelo passado das
pessoas, considerando, como explica a Doutrina Espírita, que o esquecimento é
uma bênção?
Resposta. Aprendemos com a Doutrina Espírita que a dor,
em suas várias manifestações, é uma bênção. Nem por isso a Doutrina considera imprudente o empenho da medicina em
aliviá-la.
3ª Pergunta. Circula em vários periódicos espíritas uma
manifestação de Emmanuel, em psicografia de Chico Xavier, condenando a
regressão. O que dizer disso?
Resposta. Com a sabedoria que o caracteriza, Emmanuel
pondera a inconveniência da regressão inspirada em mera curiosidade. A TVP não
se enquadra nessa condição. Apenas procura identificar circunstâncias
traumatizantes que originaram determinados estados patológicos, favorecendo a
recuperação do paciente.
4ª Pergunta. Mas isso não seria indébita interferência no
carma?
Resposta. Todas as disciplinas terapêuticas da
medicina, inclusive a TVP, são recursos facultados pela misericórdia divina,
atenuando os efeitos de nossas faltas no pretérito. As causas geradoras estão
em nossas imperfeições e atitudes.
5ª Pergunta. E quanto ao fato da TVP envolver riscos?
Resposta. Viver já é um risco. Há pessoas que sofrem
choques anafiláticos ingerindo uma
aspirina. No entanto ela tem beneficiado a milhões de pessoas. Justamente pelos
riscos que causa, a TVP deve ser praticada por profissionais habilitados.
6ª Pergunta. Poderíamos
situar a TVP na área da ciência espírita?
Resposta. Não devemos situá-la em área nenhuma da
Doutrina, muito menos na área do Centro Espírita, a envolver confrades despreparados.
Não obstante, a TVP trabalha em favor da Doutrina Espírita, na medida em que
familiariza o profissional com a reencarnação. Ele fatalmente entrará em
contato com vidas anteriores do paciente e acabará por admiti-la.
O ESPÍRITA E A POLÍTICA 1ª Pergunta. Deve o espírita entrar nas lides
políticas?
Resposta. Como espíritas podemos entrar em qualquer
lugar. O importante é como saber permanecer sem comprometimento com o mal e
compromissados com o Bem.
2ª Pergunta. Por que muitos espíritas consideram um
“pecado” envolver-se com essa atividade?
Resposta. A política está desgastada. Vemo-la associada
á corrupção, desonestidade, mentiras, tráfico de influência, suborno. Daí a
resistência dos espíritas não quererem participar desse ambiente negativo que pode
lhes trazer problemas morais.
3ª Pergunta. Mas não é isso mesmo?
Resposta. Semelhante ideia exprime um equívoco. A ação
política que trata da organização e do governo do Estado é fundamental a
estabilidade social. Porém, não pode ser rotulada negativamente em virtude de
maus políticos, da mesma forma que não podemos denegrir a medicina pelos maus
médicos. Veneráveis vultos espíritas como Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel e
outros, exerceram cargos públicos.
4ª Pergunta. O político está sujeito a muitas pressões e,
geralmente, para conseguir seus objetivos, até mesmo quando justos, é obrigado
a fazer concessões que não são éticas. Será razoável entrar nesse covil de
lobos?
Resposta. Na questão 932 de “O Livro dos Espíritos”,
Kardec pergunta: “Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus
sobrepuja a dos bons?” Responde o mentor: “Por fraqueza dos bons: “Os maus são
intrigantes e audaciosos, enquanto os bons são tímidos; quando estes o
quiserem, preponderarão.” Justo,
portanto que o espírita se disponha ao desafio de moralizar a atividade
política de que porventura venha a participar.
5ª Pergunta. Vários movimentos religiosos têm
representantes nas câmaras municipais, estaduais e federal. Raramente vemos
espíritas nessas câmaras. Por quê?
Resposta. Porque os espíritas não se interessam em
participar da política. Poderíamos ter um ou dois deputados para cada Estado,
contribuindo para que os ideais espíritas no campo social estivessem presentes,
defendendo a moralidade.
6ª Pergunta. O empenho por eleger determinado candidato
espírita não desvirtuará a Doutrina Espírita?
Resposta. Não
devemos transformar a tribuna espírita em veículo de propaganda
eleitoral, nem a Casa espírita em reduto partidário. Além do mais, nossos
ideais são maios importantes do que essa política, porquanto a Doutrina tenta melhorar o ser humano, que por sua vez melhorará a sociedade.
7ª Pergunta. Não poderá ocorrer de se eleger um espírita
que mereça nossa confiança e se revelar incompetente no exercício de seu mandato?
Resposta. Corremos esse risco em relação a qualquer
candidato. Nesse caso, usamos o bom senso e não o elegeremos mais.
EUTANÁSIA 1ª
Pergunta. Cresce no mundo a ideia de que
pacientes terminais devem ser beneficiados com a chamada morte branda. Não é
razoável abreviar o sofrimento do paciente?
Resposta. Somente Deus pode tirar a existência de um
Espírito. A Doutrina Espírita informa
que ninguém tem o direito de eliminar a existência de uma pessoa, ainda que nos
últimos momentos.
2ª Pergunta. E quando a decisão é do próprio interessado?
Resposta. Ele estará
cometendo um suicídio, igualmente contrário às leis divinas.
3ª Pergunta. A eutanásia
gera algum prejuízo para o Espírito que
desencarna?
Resposta. Sim, na medida em
que o impede de cumprir integralmente a existência expiatória. Além disso, a
utilização de substâncias em doses letais provoca desajustes perispirituais,
dificultando a adaptação do mesmo no
plano da vida espiritual.
4ª Pergunta. E quando o
paciente é mantido vivo com o concurso de aparelhos, situando-se inconsciente,
em existência vegetativa?
Resposta. Não há ponto de vista doutrinário a respeito,
na Codificação da Doutrina, pois não se cogitava de semelhante possibilidade.
Por alguns motivos os parentes desejam manter essa situação aflitiva para o
paciente, por motivos particulares, mas, após algum tempo, deve ser desligados
os aparelhos, deixando a Natureza seguir seu curso, de acordo com as
determinações divinas.
5ª Pergunta. Se desligarmos
os aparelhos não estaremos abreviando a existência do paciente?
Resposta. Entendemos que estaremos apenas evitando que
se prolongue, inutilmente e indefinidamente, com sofrimentos para o paciente e os
familiares.
6ª Pergunta. Mantendo-o vivo
não haverá a possibilidade de vir a ser beneficiado por recursos da Medicina,
capazes de recuperá-lo?
Resposta. Estamos nos referindo a pacientes terminais
em estado irreversível, sustentados artificialmente, por motivos obscuros.
7ª Pergunta. Como
situaríamos um paciente com rins paralisados,
mantido vivo com aparelhos de hemodiálise?
Resposta. Não é um paciente terminal, mas apenas
alguém com disfunção renal,
perfeitamente consciente e que pode prolongar sua existência, recorrendo à
purificação do seu sangue, até uma possível operação de rim, que lhe restituirá
a sua normalidade.
8ª Pergunta. Se a eutanásia for legalizada,
qual será a responsabilidade daqueles que se envolvem com ela, considerando que
estarão cumprindo a lei?
Resposta. Há leis humanas e leis divinas. Quando elas são
incompatíveis, o bom senso indica que devemos ficam com as leis divinas.
CRIMES HEDIONDOS 1ª Pergunta. Nos Estados Unidos um homem matou
dezenove pessoas, e no Brasil um rapaz matou quatorze meninos. Podemos debitar
tais horrores à loucura ou à obsessão?
Resposta. Provavelmente Espíritos primitivos
transferidos da taba para a civilidade.
2ª Pergunta. Por que ocorre essa transferência
perturbadora?
Resposta. Na medida em que a civilização expandiu-se,
massacrou milhões de indígenas em
variadas regiões e países, apropriando-se de suas terras. Sem seu habitat
natural esses Espíritos, em estágios primários de evolução, reencarnam em nosso
meio. Assim, funciona a Lei de Causa e Efeito. Somos chamados a acolher aqueles
que prejudicamos.
3ª Pergunta. Mas o indígena aculturado, em contato com a
civilização, não é normalmente pacífico?
Resposta. Pode ser, mas quando agressivo resvala
facilmente para a violência, agindo entre nós como se estivesse na selva, sem
respeito pela existência humana.
4ª Pergunta. É o preço do desrespeito por nossos irmãos?
Resposta. Pagamos muito mais o preço por nossa omissão.
Não é com o propósito de cobrar débitos ou impor-nos tragédias, que esses
Espíritos reencarnam em nosso meio. Eles vêm para ser esclarecidos, orientados
e educados.
5ª Pergunta. Reencarnam
sempre em faixas humildes da população?
Resposta. Não há discriminação na experiência reencarnatória.
Quando nascem em classes
pobres é preciso que os ajudemos, a fim de não optarem pela violência na
solução de seus problemas.
6ª Pergunta. Crimes como os citados poderiam ser evitados?
Resposta. Evidente, pois não existe fatalidade no mal.
Fomos cria-dos para o Bem. Nesses casos há o primitivismo, a agressividade, mas
há, sobretudo, a ausência de um lar bem constituído, de carinho, de amizade, de
compreensão de amor para a existência. Se o campo é bem cuidado dificilmente
crescerão ervas daninhas.
7ª Pergunta. Não seria justificável a pena de morte em
casos dessa natureza
Resposta.
A pena de morte apenas o retira da existência, dando oportunidade para
exercer como Espírito, maiores tormentos e gerando novas violências aos
encarnados. Jesus ensinava que “o doente precisa de médico e não do carrasco”.
BALAS PERDIDAS 1ª Pergunta.
Algumas pessoas morrem vitimadas por balas perdidas, em tiroteios entre
bandidos e policiais. Podemos aplicar o maktub
da tradição oriental? Estava escrito?
Resposta. Está escrito que vamos desencarnar um dia. O
mesmo não se dá com certas circunstâncias. Ninguém nasce predestinado a ser
assassinado e muito menos a envolver-se em tiroteios, para que alguém cumpra
semelhante sina.
2ª Pergunta. Pessoas que morrem dessa maneira não estão
expiando crimes de vidas passadas?
Resposta. A Terra é um mundo de provas e expiações. O
fato de aqui vivermos significa que somos Espíritos comprometidos com débitos
que justificam qualquer tipo de sofrimento ou morte que venhamos a sofrer, como
contingência evolutiva, sem que tenha um planejamento celeste nesse particular.
3ª Pergunta. Não é a “mão de Deus” que guia essas balas
para que pessoas resgatem seus débitos?
Resposta. Não imagino Deus a executar suas criaturas,
como se a morte em tais circunstâncias fosse irrecorrível castigo divino. Além
disso, aceitar essa ideia seria isentar de culpa aqueles que saem por aí a dar
tiros sem a preocupação de matar pessoas inocentes.
4ª Pergunta. Então essas mortes acontecem por acaso?
Resposta. Em qualquer sorteio alguém é premiado. Apenas
o cumprimento da lei das possibilidades, segundo a qual todos terão uma chance.
Da mesma forma, milhões de tiros são disparados todo dia no mundo, que atingem
pessoas que não tinham nenhum envolvimento com o tiroteio, pela lei das probabilidades.
5ª Pergunta. É curioso imaginar que se possam dar fatos
graves conosco, que não façam parte de nosso destino e independente de nossa
vontade?
Resposta. Nosso destino é a perfeição e estamos longe
dela e, no atual estágio, sujeitos às contingências do mundo em que vivemos,
onde o livre-arbítrio de certas pessoas podem interferir na vivência de seus semelhantes.
6ª Pergunta. Poderia citar alguns exemplos?
Resposta. São incontáveis. A mulher assassinada pelo
marido ciumento; a população dizimada numa cidade bombardeada; a vítima de um
assaltante que não lhe poupa a vida; o
pai milionário que é envenenado pelo filho que pretende a sua fortuna; outras
pessoas que morrem pela violência alheia, não tinham que morrer assim.
7ª Pergunta. Haverá um meio de nos preservarmos de
semelhantes ocorrências, geradas pela maldade humana?
Resposta. Se nos preocuparmos demais com isso,
acabaremos por paralisar nossas iniciativas. O essencial é que nos disponhamos
à prudência e a prática do Bem, agindo com discernimento nas situações. Assim
estaremos habilitados a mais ampla proteção dos benfeitores espirituais, que
preservarão nossa integridade, mesmo que nos vejamos expostos a um tiroteio.
8ª Pergunta. E se mesmo com a proteção espiritual viermos
a morrer numa situação dessa natureza?
Resposta. Ainda que isso ocorra, por probabilidade,
destino ou por indébita interferência alheia, não há nenhum problema, a não ser
aqueles gerados com nossos temores. Afinal, acreditamos ou não que a morte é a
nossa libertação, facilitando-nos o retorno à pátria espiritual?
RELIGIÃO 1ª Pergunta.
O que é religião?
Resposta. Do latim religare (ligar ou religar) é, segundo
a concepção universal, o caminho para Deus.
2ª Pergunta. Qual a função
da religião na sociedade?
Resposta. A Doutrina Espírita nos ensina que
iniciamos a jornada para Deus, quando
nos dispomos a ajudar o próximo. Assim,
a função social da religião seria estabelecer as bases de uma nova sociedade
solidária e participativa onde, segundo a expressão evangélica, “o maior será o
que mais estiver disposto a servir,”
3ª Pergunta. Como seria uma sociedade sem religião?
Resposta. O que aconteceria com um veículo trafegando
sem freios?
4ª Pergunta. Não compete aos governos estabelecer leis que
disciplinem nosso comportamento?
Resposta. Somente por imposição da nossa própria
consciência, o ser humano respeitará essas leis. Aí entra a religião.
5ª Pergunta. O que a religião representa para a
Humanidade?
Resposta. Pouca coisa. Há um
assustador clima de indiferença pelos valores espirituais. É que as religiões não acompanharam o
desenvolvimento intelectual do ser
humano, atando-se a dogmas e exterioridades que não atendem aos seus anseios de
religiosidade.
6ª Pergunta. Por que a
Humanidade dividiu-se, criando as religiões?
Resposta. Dizia
Terêncio: “Tantos são os homens, tantas
serão as opiniões”. Considerando que
cada pessoa está num estágio de evolução,
é natural que as ideias religiosas
variem ao infinito. A divergência dinamiza o pensamento religioso,
desdobrando novas possibilidades na procura da verdade.
7ª Pergunta. A Doutrina Espírita não corre também esse
risco?
Resposta. Sem dúvida, mas será difícil enquanto os
espíritas observarem o caráter racional da Doutrina, atendendo à proclamação de
Allan Kardec: “Fé verdadeira é aquela
que pode encarar a razão face a face em todas as épocas” e ainda a
norma: “Fora da caridade não há salvação.”
8ª Pergunta. Qual seria o ponto de divergência a Doutrina
Espírita e as demais religiões cristãs?
Resposta. É importante frisar que O Espiritismo é
também cristão. A Doutrina Espírita começa exatamente onde as demais religiões
cristãs pararam: a demonstração da imortalidade. Enquanto elas se limitam a
meras especulações, A Doutrina “vai lá”, mostrando a realidade da imortalidade
da alma (Espírito), diante das ingênuas e fantasiosas especulações dos teólogos
medievais.
TENTAÇÃO 1ª Pergunta.
A tentação é um teste?
Resposta. Num restaurante o freguês deixou o pagamento
da conta na mesa. Várias pessoas passaram por ali, indiferentes. Uma pessoa
aproxima-se, discreto, e pega o dinheiro. Somente o larápio foi tentado. A
tentação equivale à revelação de nossa tendência ainda moralmente inferior.
2ª Pergunta. Que dizer do ditado “a ocasião faz o ladrão?”
Resposta. Ficaria melhor considerar que somente o
ladrão se aproveita da ocasião.
3ª Pergunta. As más tendências exprimem uma condição moral
ou uma subordinação a fatores culturais?
Resposta.
São problemas morais que podem ser agravados ou minimizados pela
influência cultural e pela falta de religiosidade.
4ª Pergunta. Qual o significado das palavras de Jesus, na
oração dominical: “Não nos deixes cair em tentação?”
Resposta. Jesus demonstra que devemos estar atentos às
nossas fraquezas, buscando sempre a proteção divina, a fim de evitarmos o
envolvimento com o mal.
5ª Pergunta. Por que tantas pessoas cedem às tentações?
Resposta. Diz Paulo, na Epístola aos Romanos: “Porque
não faço o bem que prefiro, mas o que não quero, esse eu faço.” O apóstolo deixa bem claro que ainda estamos
comprometidos com fragilidades que nos conduzem a fazer o mal.
6ª Pergunta. Isso não indica que somos maus?
Resposta. Nossa vocação suprema é o Bem. Somos filhos
de Deus. O mal é simples excrescência nascida de nossas fragilidades. Ainda que
eventualmente nos ofereça alguma satisfação, como vingar-se, dar vazão a
impulsos passionais, deixa sempre o amargo sabor de intranquilidade e o
comprometimento de nossa consciência,
que cobra severamente nossos desvios.
7ª Pergunta. Como evitar a tentação?
Resposta. “Orai e vigiai” – recomenda Jesus. Vigiar
nossos impulsos, nossos desejos, nossos sentimentos, utilizando um
inconfundível elemento de avaliação:
Deus aprovaria o que faço?
EM TORNO DA MORTE 1ª Pergunta.
O que você pensa da morte?
Resposta. O axioma “Na Natureza nada se perde, nada se
cria, tudo se transforma” de Lavoisier, pode ser aplicado à morte. O que
chamamos morte é apenas a mudança da existência terrena para a vida do lado
espiritual. Jesus provou que não existe morte com o seu retorno, comprovando a Imortalidade.
2ª Pergunta. A Doutrina Espírita ajuda a entender essa
mudança?
Resposta. A Doutrina Espírita “mata” a morte, no que
ela tem de ameaçador, ao anunciar e comprovar a continuidade da nossa vida,
além-túmulo, oferecendo-nos o testemunho dos que, tendo ido para lá, retornam
para nos contar de suas experiências.
3ª Pergunta. Qual o problema maior para quem fica?
Resposta. O egoísmo, pois pensamos muito em nós mesmos,
na enorme perda, sem levar em consideração que aquele que partiu está livre das
amarras do corpo e pode estar ao nosso lado a qualquer tempo que queira.
Comportamo-nos à maneira de presidiário que não se conforma com a libertação do
companheiro.
4ª Pergunta. E para quem
partiu?
Resposta. Depende da sua evolução espiritual. Se, de
boa moral e princípios, leva com ele a saudade dos entes queridos que ficaram
na Terra. Outros, sem qualquer noção da vida espiritual, a sua ignorância é tão grande que o Espírito não
consegue sequer identificar sua nova condição. Vive tão alienado da realidade
espiritual quanto viveu na existência terrena.
5ª Pergunta. As pessoas
apegam-se à religião quando se sentem ameaçadas pela morte?
Resposta. Certamente, e com poucas exceções. A
proximidade da morte, nas doenças de longo curso, impõe sérias reflexões,
ajudando a pessoa a superar as ilusões do mundo e buscar consolo na religião e
em Deus.
6ª Pergunta. Ser religiosos ajuda a enfrentar a grande
transição?
Resposta. Todas as religiões admitem a sobrevivência. É
natural que a aceitação de um princípio religioso nos ajude no retorno à vida
espiritual, superando a ideia de aniquilamento pela morte.
7ª Pergunta. Que sentimentos os pacientes terminais
apresentam com maior frequência?
Resposta. Depende da existência que levaram. Há medo,
no delinquente; pavor, no materialista; esperança no sofredor; serenidade, no
que praticou o amor aos semelhantes. Há até alegria, naqueles que cumpriram
fielmente seus deveres.
8ª Pergunta. É frequente o doente grave aceitar a morte?
Resposta. Sim; após mobilizar recursos materiais e
espirituais em favor de sua recuperação, sem resultado, os pacientes terminais
acabam por aceitá-la, como uma benção que põe fim aos seus padecimentos.
MORTE E SOBREVIVÊNCIA 1ª Pergunta.
Por que, às vezes, as pessoas temem a morte?
Resposta. Talvez porque lhes pese a consciência e o
julgamento que terão, ou por julgarem que tudo termina com a morte.
2ª Pergunta. O apego à existência é característica comum
entre os povos da Terra?
Resposta. Sim. Trata-se da mera manifestação do
instinto de conservação. O problema é que muitos exageram, achando que vão
permanecer para sempre na existência terrena.
3ª Pergunta. A vida espiritual só é boa para os Espíritos
mais evoluídos e esclarecidos? Quando se é mau, sofre-se mais lá do que aqui?
Resposta. Assim informam
aqueles que nos precederam e os mentores espirituais. Embora não exista
inflação, recessão, estômago para alimentar ou corpo a abrigar, a permanência
na espiritualidade pode ser tormentosa
para aqueles que aqui, na existência, agiram mal para com o próximo.
4ª Pergunta. A Ciência já está mais sensível ao
espiritualismo ou a aceitação ainda vai demorar?
Resposta. A Ciência ainda pretende capturar o Espírito
em laboratório, para certificar-se de sua existência, o que é pouco provável.
5ª Pergunta. Já existem provas científicas da vida após a
morte?
Resposta. Alguém já disse que, para aquele que crê
nenhuma prova é necessária; para aquele que não crê nenhuma prova é suficiente,
e mesmo que lhe fosse provado, não aceitaria.
6ª Pergunta. É salutar a busca por mensagens
psicografadas, em vista das romarias aos médiuns buscando notícia de seus
mortos?
Resposta. Sim e não, dependendo do médium. Melhor
fariam cultivando os valores espirituais e fazendo orações em favor dos seus
“mortos”. Estariam habilitadas a um contato mais direto e gratificante com seus
entes queridos.
7ª Pergunta. Que fazer para que o momento da passagem para
a espiritualidade seja menos traumática, tanto para quem vai, quanto para quem
fica?
Resposta. Há duas
providências: A primeira é conversar e
ter conhecimento a respeito do assunto, nos habituando a encarar como natural o
nosso desencarne, ou de um familiar, para sabermos que a sinistra figura
(morte) não tem existência real. A segunda seria viver cada dia como se fosse o
último, fazendo o melhor. “Quando nasceste todos sorriram, só tu choravas. Vivas de tal forma que, quando morreres,
todos chorem, só tu estais a sorrir.”
ANO NOVO 1ª Pergunta. Exalta-se a felicidade nos
cumprimentos tradicionais, no final dos anos. As pessoas desejam umas às
outras, um ano novo muito feliz. Raramente isso acontece; é culpa do destino?
Resposta. A culpa é das pessoas, porque o problema é
que condicionamos a felicidade à satisfação de nossos desejos diante da
existência, quando ela está muito mais subordinada ao desejo de entendermos o
que a vida espera de nós.
2ª Pergunta. O que é necessário para esse entendimento?
Resposta. Um pouco de reflexão; muitos nem sabem por
que vivem, de onde vieram e para onde irão.
3ª Pergunta. “Batem” na roda da vida, dominados pela
rotina...
Resposta. Exatamente; comem , dormem, trabalham, procriam, divertem-se, descansam, sem nenhuma preocupação em saber por que estão na Terra. Quem não sabe por onde
anda tem poucas chances de encontrar os caminhos da felicidade.
4ª Pergunta. A situação atual do Brasil está complicada
demais, com problemas que nos roubam a serenidade necessária ao cultivo da
reflexão.
Resposta. Sim, mas apenas porque nos envolvemos demais
com eles. Diógenes, filósofo grego, dizia que para sermos felizes devemos nos
livrar dos supérfluos, dos modismos, buscando o essencial.
5ª Pergunta. Há ainda, um episódio curioso envolvendo
Diógenes e Alexandre...
Resposta. Alexandre, o Grande, quis conhecê-lo e pôr a
prova seu desprendimento dos bens terrenos, Foi encontrá-lo em fria manhã de
inverno, aquecendo-se ao sol. Conversaram e então o imperador o convidou a
escolher o bem mais precioso, que seria logo
atendido. Diógenes sorriu e respondeu:
“Quero apenas que não me tires o
que não me podes dar. Estás diante do sol que me aquece. Afasta-te, pois.”
6ª Pergunta. Desapego, reflexão, perdão... Qual outro
tema, deveríamos fazer como meta para o Ano Novo?
Resposta. O mais importante é o Amor. Estamos
distanciados dessa realização sublime. Tão distantes que nos deslumbramos
quando deparamos com alguém que exercita plenamente a capacidade de amar,
como Francisco de Assis ou um Eurípedes
Barsanulfo. O empenho de servir, ainda que modestamente, é a maneira que
podemos fazer, com valores de perseverança e boa vontade, até que possamos
oferecer ao próximo esse Maná do Céu que se chama Amor.
Fonte:
Livro
“A Força das Ideias”
Richard
Simonetti
+
Pequenas modificações.
Jc.
São
Luís, 30/6/2016