vE vendo Jesus a grande multidão do povo, subiu a um monte e depois de se ter sentado, se achegaram para junto dele os seus discípulos. E Ele abrindo a sua boca os ensinava, dizendo: - Bem-aventurados os pobres de espírito; porque deles é o reino dos céus.
Não devemos ver na
expressão “pobres de espírito” um
designativo pejorativo. É a correta designação dos espíritos que já compreendem
as leis divinas e se esforçam por obedecê-las. “Pobres de espirito” para o
mundo são os humildes, os simples os bondosos,
Bem-aventurados
os
mansos, porque eles possuirão a terra.
Conquanto pareça que os
violentos sejam senhores da terra, um dia a violência será banida da face do
planeta. À medida que os seres humanos forem ficando esclarecidos à luz da
fraternidade universal, irão também desaparecendo os atos violentos que as
nações praticam contra nações e pessoas contra pessoas. Os rebeldes que não se
submeterem às leis fraternas serão desterrados para mundos inferiores. E então,
a terra será possuída pelos mansos, isto é, pelos que não tentam violentar o
próximo nem por palavras nem por atos.
Bem-aventurados
os que choram; porque eles serão consolados.
O sofrimento é a moeda com a
qual pagamos as faltas e os erros que, em nossa ignorância, cometemos em
encarnações passadas, e com ele compramos nossa felicidade futura; porque os
que sofrem têm contas a ajustar com a Justiça Divina. As lágrimas, quando
suportadas resignadamente, lavam as manchas da nossa consciência e purificam o
espírito. Por isso Jesus diz que são felizes os que choram; porque já iniciaram
o resgate dos seus débitos anteriores; e embora a Terra lhes reserve lágrimas,
suaves consolações os esperam no mundo espiritual, onde entrarão libertos de
remorsos, originados pelos maus atos praticados no pretérito.
Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça; porque serão fartos.
A justiça da terra é falha;
ignora as causas profundas que levaram alguém a cometer uma falta; por isso
julga superficialmente. Além disso, quantos crimes ficam impunes! Qualquer um de nós pode observar diariamente uma
quantidade enorme de erros que ferem nosso próximo, mas que a justiça da terra
não corrige, castiga e nem pune. Embora possamos iludir a justiça terrena, é
impossível iludir a Justiça Divina.
Jesus,
profundo conhecedor da lei de compensação que cada um age pró ou contra si
próprio, nos diz: - Não te importes se sofreres injustiças ou se irmãos que te
ofenderam não foram alcançados pela justiça dos homens. No mundo
espiritual para onde irás, mais
cedo ou
mais tarde, pontifica um Juiz
Incorruptível; Ele te fará justiça. Bem-aventurados os misericordiosos; porque
eles alcançarão misericórdia.
Misericordioso é aquele que
se compadece da miséria alheia. Ser misericordioso é sentir o coração pulsar de
piedade para com os irmãos tocados pela necessidade e pelo sofrimento; é ser
amigo, tolerante e bondoso. A misericórdia, porém, deve ser uma virtude ativa;
deve procurar os desafortunados e mitigar-lhes a situação dolorosa, dentro das
possibilidades que o Senhor concede a cada um, num gesto de ajuda e
fraternidade. Os misericordiosos alcançarão misericórdia; porque aquilo mesmo
que fizermos aos outros, isso mesmo também receberemos.
Bem-aventurados
os limpos de coração; porque eles verão a Deus.
Ser limpo de coração é não
dar abrigo a paixões inferiores, tais como: o ódio, a inveja, o egoísmo, a
maledicência, o orgulho, porque as paixões inferiores turvam a visão
espiritual.
Bem-aventurados
os pacíficos; porque eles serão chamados filhos de Deus.
Os pacíficos são aqueles que
obedecem à lei da fraternidade porque sabem que todos somos irmãos, filhos de
um mesmo Pai, e tratam a todos com brandura, moderação, mansuetude, afabilidade
e paciência.
Bem-aventurados
os que padecem perseguição por amor a justiça; porque deles é o reino dos céus.
As nobres ideias que fazem
com que a humanidade avance espiritual, moral, política e materialmente,
encontram acérrimos opositores, que se esforçam por esmagá-las. E no mundo,
formam-se castas que se aproveitam de suas prerrogativas, tirando o máximo
proveito de seus poderes e não admitem a mais leve mudança no regime que as
mantém e favorece. Jesus torna dignos de recompensa divina os homens
esclarecidos e de boa vontade, que lutam para que a justiça reine entre todos
os setores das atividades humanas.
Bem-aventurados
sois quando vos injuriarem e perseguirem e disserem tudo de mal contra vós,
mentindo por meu respeito. Folgai e exultai, porque o vosso galardão é copioso
nos céus; pois assim também perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
A doutrina de Jesus veio
estabelecer na Terra as bases definitivas em que as relações e as instituições
humanas se apoiarão nela. É natural que tenha de destruir tudo quanto não se
conforme com ela. Acontece, porém, que os interessados em ofuscar a luz
acendida por Jesus, são muitos e poderosos e, como não lhes convém seguir a lei
divina, perseguem impiedosamente os sinceros colaboradores do Mestre. Desde o
sacrifício que impuseram a Jesus, o espetáculo dos cristãos lançados às feras,
até à calúnia e à mentira injuriosas, quanto amargor foi, é e ainda será
vertido nos corações dos que são fieis para o completo triunfo do verdadeiro
Cristianismo! Jesus conforta seus trabalhadores prometendo-lhes que no mundo
espiritual serão recompensados.
Vós
sois o sal da terra. E se o sal perder sua força, com que outra coisa há de salgar? Para nenhuma coisa mais fica servindo, senão
para ser lançado fora.
A comparação que Jesus faz
entre o sal e seus discípulos é bastante explicita. O bom sal salga,
preservando da podridão. Os modernos discípulos de Jesus são os espíritas
chamados a fazer brilhar novamente no mundo os preceitos do Evangelho.
Cumpre-lhes lutar para que a corrupção
não arruíne o corpo e a alma da humanidade.
Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade que está situada sobre um
monte.
A luz destrói as trevas. A
ignorância é treva da alma. Os discípulos de Jesus destroem a ignorância, sendo
a luz espiritual do mundo. Uma cidade erguida sobre um monte é vista por todos,
desde muito longe. Assim é o discípulo de Jesus: todos o observam a ver se não
desmente com os atos o que prega com as palavras.
Assim
luza a vossa luz diante dos homens; que eles vejam as vossas boas obras e
glorifiquem. a
vosso Pai que está nos céus.
Os modernos discípulos de
Jesus trazem consigo uma luz que deve luzir diante dos homens. Essa luz é a
mediunidade. Para que a luz da mediunidade brilhe em todo o esplendor, o médium
é obrigado a travar lutas, por vezes bem ásperas. Há duas espécies de lutas
para que a luz luza diante dos homens: Uma é a luta que se desenrola em seu
próprio íntimo, lutando contra si mesmo, para vencer o comodismo, a inércia, a
rotina, e deverá saber sobrepor-se a seus gostos e a seus caprichos,
sacrificando suas vaidades, em todas as oportunidades a serviço do Altíssimo,
em socorro dos necessitados e em esclarecimento aos ignorantes. A outra luta é
contra os preconceitos sociais, entre os quais, está incluída a incompreensão
dos familiares. A esse respeito, Emmanuel assim se expressa: “A missão
mediúnica, se tem os seus percalços e suas lutas, é uma das mais belas oportunidades
de progresso e redenção, concedidas por Deus a seus filhos”.
Não
julgueis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim a destruí-los, mas sim
a dar-lhes cumprimento..
A lei a que Jesus se refere
é o Decálogo, dado a Moisés e transmitido a todos. Os profetas que vieram
depois de Moisés, chamaram sempre a atenção do povo para a observância dos Dez
Mandamentos. Jesus não veio invalidar o Decálogo ou o que disseram os profetas,
mas fazer com que os homens o cumprissem à risca. Assim também a Doutrina dos
Espíritos; não veio destruir e combater as religiões, mas ensinar-nos a viver
de acordo com o Evangelho.
Porque
em verdade vos afirmo que enquanto não passar o céu e a terra, não passará da
lei um só i ou til, sem que tudo seja cumprido.
Ao afirmar que da lei não
passará um único til sem que tudo seja cumprido, Jesus se refere ao progresso
contínuo a que está sujeito o que segue o Evangelho. À medida que for estudando
o Evangelho e se esforçando por viver de acordo com ele, a lei divina se
gravará em seu períspirito e chegará o dia em que saberá cumpri-la sem exceção
de um i ou til.
Aquele,
pois, que quebrar um destes mandamentos e que assim ensinar aos homens, será
chamado pequeno, mas o que guardar e ensinar a guardá-los, esse será reputado
grande no reino dos céus.
Jesus nos adverte da grande
responsabilidade dos que ensinam. Se seus ensinos não forem pautados no
Evangelho, tremendas contas lhes serão tomadas, porque retardaram o progresso
espiritual do mundo. E grandes recompensas aguardamos que ensinamos os povos a
se encaminharem para Deus. Entretanto,
notemos que não é só ensinar; é preciso ensinar e praticar o que ensina; nunca
desmentir com os atos o que prega com as palavras, nem mandar que os outros pratiquem
e se eximir de também praticar.
Porque
eu vos digo que se a vossa justiça não for
maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no
reino dos céus.
Quanto mais evoluídos
estivermos, mais serão nossas responsabilidades. Dada a grande soma de
conhecimentos espirituais que os espíritas receberam, são eles os que mais
obrigados estão para com o Pai. Sem dúvida, os espíritas são indicados a
praticarem com mais perfeição os ensinos evangélicos, do que
seus
irmãos de outras crenças menos evoluídas.
Ouvistes
o que foi dito aos antigos: Não matarás; e quem matar será réu no juízo. Eu vos
digo que todo o que se ira contra seu irmão será réu no juízo; e o que disser a
seu irmão: Raca, será réu no conselho; e o que disser: és um tolo, será réu no
fogo.
A existência dos nossos
semelhantes não nos pertence. Quem mata seu irmão, conquanto não aniquile o
Espírito que é imortal, faz a pessoa desencarnar violentamente, acarretando-lhe
sofrimentos diversos. E, ainda, lhe
corta as oportunidades de progresso, que a encarnação lhe proporcionaria. É bom
saber que uma encarnação não se consegue facilmente; por vezes é conseguida à
custa de muitos sacrifícios e trabalhos no mundo espiritual. Além disso, não é
só o progresso da vítima que o assassino
interrompe: também o dos entes que dependiam dela, porque o trabalho
estabelecido no plano espiritual, fica
sem um dos elementos que, pode ser o principal, para a sua realização. Não
somente causar a morte material, mas também evitar causar mortes morais. Há
pessoas que são incapazes de matar uma barata, mas não evitam em matar as
reputações alheias, a harmonia existente num lar e matar a fé e a esperança que
enxuga as lágrimas dos aflitos; tudo isso é morte moral.
Portanto,
se tu estás fazendo a tua oferta diante do altar e te lembrar de que teu irmão
tem contra ti alguma coisa. Deixa ali tua oferta e vai reconciliar-te primeiro
com teu irmão e depois virás fazer a tua oferta.
Nos, que adoramos a Deus em
Espírito e Verdade, temos por altar a nossa consciência, e a oferta que fazemos
ao Pai são nossas orações sinceras. E quando estivermos orando a Deus, nossa
consciência nos acusar de termos prejudicado a um irmão, quer por palavras ou
por atos, devemos em primeiro lugar, procurar o irmão e pedir-lhe que nos
perdoe. Isto feito, podemos continuar nossa oferta ao Pai, e, em caso contrário,
Ele não a aceitará.
Reabilita-te
com teu adversário, enquanto estás a caminho com ele; para que não suceda que
ele te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao guarda e sejas mandado para a
cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá enquanto não pagares o último
ceitil.
O caminho em que estamos com
nosso adversário, é a existência presente, durante a qual houve o atrito.
Enquanto estamos juntos, ambos encarnados,
é que convém desfazer os agravos e transformar as inimizades, por menores
que sejam em estima, porque se não fizermos assim, as ações malévolas ficarão
em nossa consciência e seremos colhidos pelas reencarnações dolorosas.
Ouvistes
que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu porém, vos digo: Que aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a,
já no seu coração adulterou com ela.
O simples pensar com maldade
revela inferioridade de uma pessoa. E se não realiza o seu mau pensamento, é
porque não se lhe apresentou ocasião favorável; tivesse tido oportunidade e o
mal que guardou consigo, se traduziria em ação. Se alguém pensa no mal e não o
pratica, nem por isso está livre da responsabilidade de expurgar do seu
pensamento os sentimentos ruins. Onde há pensamentos malévolos, ainda não há
pureza de alma.
E
se teu olho te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; e se tua mão
te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque é melhor que se
percam dois dos teus membros do que todo o teu corpo vá para o inferno.
A palavra escândalo aqui
empregado, é tudo quanto é mal, e as causas de escândalo são os meios pelos
quais o ser humano pratica o mal. Os olhos postos a serviço da cobiça, da
inveja e do mal; as mãos que usam do poder para esmagar os fracos; a língua
quando maldizente; o cérebro que se serve da inteligência para prejudicar seus
semelhantes e afastá-los de Deus; enfim todos os órgãos do corpo e os bem
intelectuais e os materiais, quando usados para a satisfação de apetites
inferiores, são causas de escândalo.
Também
foi dito: Qualquer que se desquitar de sua mulher, dê-lhe carta de
repúdio. Mas eu vos digo: Que todo o que
repudiar sua mulher, a não ser por causa do adultério, o faz ser adúltera.
O casamento serve para unir
dois seres para evoluírem juntos e providenciarem corpos materiais para que
outros espíritos encarnem e progridam. Nele o que é imutável é somente o que
vem de Deus, e tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. No
casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos para operar a reposição
dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de ordem tão
humana, que não há na cristandade, dois
países em que elas sejam iguais. Mas, nem a lei civil, nem os compromissos que
ela faz contrair, pode suprir a lei do Amor que preside a união. Quando Jesus
disse: “Vós não separeis o que Deus uniu”, deve-se entender da união segundo a
lei imutável de Deus, e não segundo a lei variável dos homens. O divórcio é uma
lei humana civil, que tem por fim separar legalmente o que está separado de
fato; não é contrária à lei de Deus, uma vez que modifica apenas o que os
homens fizeram, e não foi levada em conta a lei divina do amor. Os casais que
vivem essa lei, não precisam do divórcio.
Igualmente
ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás ao Senhor
os teus juramentos. Eu porém vos digo: Que não jureis nem pelo céu, porque é o
trono de Deus; nem pela terra, porque é o assento dos seus pés; nem por
Jerusalém, porque é a cidade do grande rei; nem jurarás pelo tua cabeça, pois não podes acrescentar
um fio a mais ou que seja branco ou
negro. Mas seja o teu falar: Sim, sim; não, não; porque tudo o que daqui passa
procede do mal.
Os juramentos que fazemos,
traduzem sempre presunção, porque não sabemos se poderemos cumprir. Se nas
mínimas coisas temos que nos sujeitar à vontade divina, quanto mais nas
grandes? Vamos ser sinceros em nossas
afirmativas e em nossos compromissos, e no tocante à parte religiosa, maior
deverá ser a nossa sinceridade. Como cristãos e espíritas, seguindo o Evangelho,
nosso comportamento deve confirmar a religião que professamos.
Vós
tendes ouvido o que se disse: Olho por olho e dente por dente.
No tempo em que Moisés
legislou, teve ele de ordenar para povos primitivos e quase ferozes, que não
tinham compreensão alguma da espiritualidade. Ele foi obrigado a recomendar que
retribuíssem a violência pela violência, para que fossem contidos pelo medo de
receberem o mesmo que fizessem aos outros.
Eu,
porém vos digo que não resistais ao que vos fizer mal; se alguém te ferir na
face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que demandar-te em juízo e
tirar-te a tua túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir
carregado mil passos, vai com ele mais outros mil.
Jesus aqui nos ensina que a
lei divina proíbe rigorosamente a vingança. Estando já os povos mais adiantados
em compreensão espiritual, Jesus lhes demonstra que o castigo deve sempre vir
do Alto, o qual sabe como obrigar ao que errou a corrigir o erro cometido
contra o próximo. Ao Senhor compete punir os seus filhos rebeldes; pois,
afirmou Jesus que serão saciados os que clamam por justiça. Então porque
procurar fazer justiça por suas próprias mãos? A vingança tem enchido prisões,
arruinado lares e perdido existências preciosas. Jesus que veio combater as
causas das infelicidades materiais e espirituais da humanidade recomenda-nos
que procuremos harmonizar as situações sem recorrer a vingança, mesmo que
tenhamos de arcar com prejuízos materiais ou morais. Dizendo que andemos mil
passos com quem nos obriga a andar mil,
Jesus nos aconselha a obediência para com os nossos superiores sem
murmurar. Se não obedecermos aos homens, como poderemos obedecer a Deus e
cumprir-lhes as ordens, vivendo conforme sua vontade?
Dá
a quem te pede e não voltes ás costas ao que deseja que lhe emprestes.
Prestar auxílio a quem o
solicita é uma lei divina. A quem nos pedir, quer sejam auxílios materiais ou
espirituais, precisamos socorrer na medida de nossas possibilidades. É verdade
que nem sempre estamos em condições de atender os pedidos que nos fazem, porém
com um pouco de boa vontade e de bom coração, sempre encontramos meios de
atender os pedidos que nos são dirigidos. Jesus nos ensina á colocarmos o pouco
ou o muito que possuímos, a serviço da fraternidade entre as pessoas.
Tendes
ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Mas eu
vos digo: Amai a vossos inimigos, fazei o bem ao que vos tem ódio: orai pelos
que vos perseguem e caluniam.
Os homens, pertença, a que
raça pertencerem, são irmãos e filhos de um único Pai. Moisés teve que ensinar
a amarem pelo menos os de sua tribo ou família. Jesus dilata ensinando-nos que
o nosso inimigo, é nosso próximo, pois é nosso irmão em Deus. Este ensino de
Jesus poderia ser um contra senso, se não houvesse a lei da reencarnação. Se
vivêssemos na Terra apenas uma vez, e
depois da morte mergulhássemos no nada, ou fôssemos viver em beatitude
ou em tormentos eternos, conforme
ensinam os homens, por que haveríamos de forçar nosso coração a amar
quem nos odeia? Por que orar pelos que nos espezinham? Sabemos que nossa vida
não termina com a morte física. A lei da reencarnação faz com que os espíritos
que se odeiam, encarnem no mesmo grupo, a fim de os sofrimentos e as alegrias
que suportarem em comum, transforme em fraterna amizade, a repulsa que os
separava, livrando-os do pesado fardo, e harmonizando os contendores.
Para
serem filhos de vosso Pai que está nos céus; o qual faz nascer o seu sol sobre
bons e maus e vir a chuva sobre justos e injustos.
Porque Deus permite que
também os maus gozem dos bens da Natureza, na mesma proporção dos bons? Porque
Deus sabe que seus filhos rebeldes de hoje, por força da lei do progresso, hão
de ser bons no futuro, assim como os bons de hoje, já foram maus no passado. O
bem é a lei suprema do Universo e o mal é a ausência do bem, assim como a
escuridão é a ausência da luz. Assim,
quando um espírito malévolo procura a luz, as trevas da ignorância e maldade
que o envolviam, dissipam-se e ele se torna do bem.
Porque
se vós não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem
os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que
fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios?
O progresso espiritual se
verifica quando a pessoa combate seu excessivo amor próprio. Ele é um das mais
comuns manifestações do orgulho, causa principal, que impede se estabeleça a
fraternidade entre os homens. Sacrificando seu amor próprio, cada um encontrará
os meios de fazer com que desapareçam as inimizades e a fraternidade existirá
no mundo.
Sede
vós perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito.
Parece que este preceito de
Jesus seja impossível de ser praticado. Se meditarmos um pouco sobre ele,
veremos que é um mandamento lógico e cujo cumprimento está ao alcance de
qualquer pessoa de boa vontade. Deus não ama mais a um filho em detrimento de
outro. O forte e o fraco, o rico e o pobre, o são e o doente, o sábio e o
ignorante, o justo e o pecador, todos são amados por Deus e a Divina
Providência vela por todos; guiando-os e amparando-os para a Perfeição. Para
sermos perfeitos como nosso Pai celestial é perfeito, precisamos amar todos os
nossos irmãos, a toda a humanidade. Todos merecem nosso carinho, nosso amor sem
exceção de pessoas.
Fim
da 1ª parte:
os que colocam os deveres da
fraternidade acima de tudo. “Ricos de espírito” para o mundo são os orgulhosos,
os que se julgam melhores do que os outros e os que pensam que todos devem se
dobrar a seus caprichos.