terça-feira, 10 de julho de 2018

O MÉDIUM JOÃO DE DEUS





 
Um documentário publicado na revista “Isto É”, expõe a intimidade e o método de curas do médium que afirma ser “apenas um instrumento de Deus” – mas que a palavra final está com a Ciência.
Em julho de 2013, o médium goiano João Teixeira de Faria, conhecido como John of God (João de Deus), reuniu 10 mil pessoas na Messe Basel, centro de convenções em Basiléia, para mostrar suas sessões de curas, famosas mundialmente. Na segunda viagem a Suíça, como sempre faz em turnês mundiais, realizou cirurgias espirituais munido de facas comuns, agulhas, linhas e tesouras – ferramentas nos quais se tornou exímio na juventude, quando trabalhou como alfaiate.
Na Europa, repetia a rotinas que mantém há 42 anos na Casa Dom Inácio, em Abadia, vilarejo a 80 quilômetros  de Goiânia, frequentada por pessoas de todo tipo, sobretudo sofredores e celebridades. Vestido de branco, sentado a uma cadeira de costas para um triângulo preso à parede, revirou os olhos azuis para receber uma das 40 entidades que se apossam de seu corpo. Na ocasião recebia o espírito do rei Salomão. Este, ordenava em português que os deficientes abandonassem  as muletas e caminhassem; em seguida, procedia a sangrias para sanar dores crônicas e extirpava tumores de doenças consideradas sem cura, por meio de uma tesoura inserida nas narinas dos pacientes.
O estado de espírito entre os fiéis trajados de branco era de êxtase, até ser interrompido por um homem que desafiou o paranormal, dizendo: “Se o senhor diz que é milagroso, por que não mostra algo que nenhum ser humano é capaz de fazer?” – João então espatifou um copo retirado da mesinha ao lado e mastigou os cacos de vidro. Depois cuspiu os cacos de vidro, e mostrando a língua sem ferimentos ao contendor cético, lhe perguntou: “Viu o que fiz? Você é capaz de fazer isso?” Esse episódio faz parte do longa-metragem “João de Deus, o Silêncio é uma Prece”, que entra em cartaz nesta semana. O diretor Candé Salles afirma que levou um susto e não teve tempo de filmar a cena completa, mas conseguiu  flagrar a mastigação milagrosa. “Até os médicos presentes se espantaram e disseram que um ser humano normal seria levado a um hospital para extrair os cacos de vidro” disse ele.
Segundo Edna Gomes, roteirista e assessora de imprensa do médium, foi um ato extraordinário. “O rei Salomão não incorporava havia 16 meses e não voltou de bom-humor”. O filme, diz Candé, pretende alcançar a simplicidade da Casa Dom Inácio e de seu criador. “Edna e eu estamos totalmente envolvidos com o tema”, afirma Candé. “João exigiu que passássemos  por um tratamento para acompanhá-lo. O filme surgiu nos recantos da Casa”.  Mesmo assim, o diretor não crê que o documentário possa ser usado como uma peça de propaganda.
Com a narração da atriz Cissa Guimarães, paciente da Casa Dom Inácio, o longa metragem de 100 minutos leva a plateia a penetrar na intimidade de um sertanejo rude q       ue enriqueceu no garimpo de ouro, pedras preciosas e na pecuária, e ainda por cima conquistou a glória mundial por meio de operações que obtiveram alto índice de eficácia. Mesmo dizendo que mais de 9 milhões de pacientes foram curados nos últimos 50 anos, nem por isso se considera santo. Ao contrário, ele frequentou  bordéis, viajou pelo mundo, gosta de se divertir e tem nove filhos com nove mulheres.
Nas sessões mediúnicas, afirma que permanece inconsciente. “Não curo ninguém”, repete. “Quem cura é Deus”. Apesar da simpatia pela maçonaria (refere-se a Deus como “Grande Arquiteto do Universo”) e pelo Espiritismo (Chico Xavier foi seu guia), João apesar de médium se declara católico, fiel de Santa Rita de Cássia e principalmente devoto da Ciência.
Na entrevista  a  “Isto É” por e-mail, João defende a união da espiritualidade e da ciência. “a cura no meu hospital de almas atinge a causa espiritual dos males, mas o paciente não pode dispensar a medicina convencional”, diz ele. O filme mostra como em 2015 ele venceu um câncer no estômago ao se tratar no hospital Sírio-Libanês de São Paulo, experiência para ele iluminadora, porque a partir daí passou a pensar em um sucessor nos trabalhos espirituais. Eis o trato que tanto o diferencia de outros médiuns e médicos paranormais como lhe dá credibilidade internacional, mesmo diante dos céticos que o desafiam.
Como o médium se tornou famoso e virou João de Deus.
No dia 24 de junho de 1942, nasce João Teixeira de Faria, em
Cachoeira de Goiás, em uma família de agricultores. Na sua infância chegou a passar fome. Em 1950, ele descobre que tem mediunidade, com a visita em sonho de Santa Rita de Cássia, de quem se tornou devoto. Em 1970, Chico Xavier, por recomendação de Bezerra de Menezes, diz que João deve fundar um hospital de almas em Abadiânia. Em 1976, ele funda a Casa Inácio de Loyola, em Abadiânia, em homenagem ao padre jesuíta, sua entidade mais poderosa. Em 1991, João cura a atriz Shirley MacLaine de um câncer no estômago. Ela então o apelida de “John of God” (João de Deus).
Entrevista:
Isto É – Como o senhor concilia a vida espiritual na Casa Dom Inácio e as suas atividades como empresário e ruralista?
João – Eu venho de uma família pobre, passei fome, fui alfaiate e depois fui tentar a vida nos garimpos e trabalhei muito para ter o que tenho. Hoje tenho a obrigação de retribuir o que Deus me ajudou. Tenho o dever de ser verdadeiro com a vida. O meu sucesso profissional eu devo corresponder à luz que Deus me presenteou.
Isto É – As entidades próximas do senhor variam muito?
João – Não tenho domínio sobre o meu corpo nesses momentos. Sinto a presença  de tantas entidades... Mas tenho um guardião que não me abandona nunca, Deus.
Isto É – De que forma o senhor lida com o fato de algumas pessoas não terem sido curadas pelo senhor?
João -   Se a pessoa não tem merecimento  e a fé em Deus, não sou responsável.  A fé é superior, uma força que vem e não se sabe de onde. Fé no que temos dentro de nós – e somos mais forte do que imaginamos!
Isto É – Como a cura espiritual se harmoniza com o tratamento médico convencional?
João – Espiritualidade e ciência caminham juntas para trazer a realização na existência.
Isto É – O senhor foi operado de câncer num hospital de São Paulo. Tirou alguma lição dessa experiência?
João – Sim! Que o Sol tem uma beleza única. Nunca tinha percebido o quanto é bom senti-lo na minha pele. Que Deus foi incrível comigo, me fazendo crer que a vida é por demais bela.
Isto É – As entidades que o cercam são sempre desafiadas a provar a força. Como lidar com os céticos?
João – Allan Kardec, ao se pronunciar a respeito da validade do pensamento dos imortais que inspiraram  o aparecimento do Espiritismo no mundo, nos diz em sua lucidez e extremo bom senso que, se um dia a ciência provasse que o Espiritismo estivesse errado em seus postulados, que ficássemos com a ciência...

Fonte:
Revista “Isto É” – edição de 6/6/2018
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 8/6/2018

MORTE ACELERADA DAS FLORESTAS





 
Estudos internacionais publicados em fevereiro, com participação brasileira, mostra que os riscos que correm as florestas tropicais do mundo estão se intensificando em ritmo acelerado.
Como se o desmatamento já não fosse suficientemente ruim, uma série de outras ameaças mata, num ritmo cada vez mais intenso, as árvores da Amazônia e de outras florestas úmidas da Terra. Uma revisão de artigos científicos feita por especialistas no tema, incluindo o pesquisador brasileiro Paulo Brando, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), e publicada na revista “New Phytologist” em fevereiro, indica que a taxa de mortalidade dessas árvores mostra sinais de aceleração nos últimos anos. Os motivos são o aumento da temperatura, secas longas e piores, ventos mais fortes, incêndios mais extensos, e até a abundância de gás carbônico na atmosfera – uma das causas do desmatamento, do efeito estufa e elemento fundamental da fotossíntese. As mudanças climáticas estão ligadas a todos os problemas apontados. “O trabalho mostra que há indícios fortes que relacionam a mortalidade das árvores de florestas tropicais úmidas às alterações que estão sofrendo com o desmatamento essas regiões, em escala global e regional” afirma Paulo Brando. 
O foco do estudo foi ás florestas primárias ou antigas, na América do Sul, África e no Sudeste Asiático. A Amazônia brasileira aparece em destaque porque é o local mais estudado de todos. “Na Amazônia, todas essas causas de mortalidade de árvores estão presentes; mas é difícil dizer que uma é mais relevante do que outra, porque todas têm um papel. Desmatamento que provoca as secas causam picos de mortalidade, enquanto o aumento do CO provoca mudanças de fundo; já eventos de tempestades de vento impactam mais áreas fragmentadas, e o fogo causa muitos danos no sudeste da Amazônia.” É impossível estabelecer qual desses ataques é o pior. As secas têm se tornado mais longas e severas.
Como defesa imediata, as árvores tomam atitudes extremas, como fechar os espaços (por onde ocorre á respiração das plantas) e perdem mais folhas. Estas por sua vez, se acumulam em abundância no solo e servem de combustível para incêndios florestais, que se alastram facilmente e por muito tempo. Secas e temperaturas mais altas podem ainda levar as árvores a definhar. Outra explicação é que a floresta se torna mais dinâmica com mais CO, crescendo e morrendo mais rapidamente, tanto por mudanças na sua estrutura como pelo metabolismo. O fato de estarem próximas à linha do equador traz vantagem para as florestas tropicais úmidas num planeta mais quente.
Segundo Brando, reduzir a taxa de mudança no clima e estabilizar o processo o quanto antes, o que envolve tanto derrubar os níveis de emissão de CO² quanto os do desmatamento são os fatores essenciais para manter as florestas tropicais. “Quanto menor o desmatamento da floresta, menor será o impacto da seca, do fogo e dos ventos”.

Para nossa melhor vivência no planeta é necessário preservar a floresta Amazônica que funciona como o pulmão do mundo, e sem ela estaremos sujeitos a morrer sem o oxigênio que ela produz.

Fonte:
Revista “Planeta” – edição 539.
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 15/4/2018