O Brasil tem paisagens
deslumbrantes com muitas cachoeiras e rios de dar inveja aos outros paises.
Paraísos ecológicos espalham-se por 43% do território nacional, mas, ainda
assim, o país é um anão no ramo do turismo e eco-turismo, uma modalidade que
rende fortunas a países sem tantos atrativos. A Embratur e o Instituto Eco-turismo
do Brasil já descobriram que o nosso país tem atualmente mais de 100 roteiros
turísticos e ecológicos com potencial para exploração turística.
Neste ano em que comemoramos
os 406 anos de fundação da cidade de São Luis, ela além de ser “Patrimônio Cultural da
Humanidade”, foi escolhida também como “Capital Americana da Cultura”. São
Luis, a única cidade fundada pelos franceses em 8 de setembro de 1612, por
Daniel de La Touche ,
Senhor de Laravardière, a que chamou de França Equinocial, de onde foram
expulsos poucos anos depois pelos portugueses. Em 1621, Felipe II rei da
Espanha e Portugal dividiu a colônia brasileira em dois estados: Estado do
Maranhão com a capital em São
Luis e Estado do Brasil com capital em Salvador, tendo a
divisão, permanecido até o ano de 1774.
Inicialmente chamada de Upaon-Açu pelos índios Tupi-guarani e
Guajajaras, e Ilha Grande pelos portugueses, também ainda é conhecida como
“Atenas Brasileira”, “Ilha do Amor”, “Cidade dos Azulejos”, e ultimamente
chamada de Jamaica Brasileira, em virtude do reggae. Possui diversificada
cultura, maior variedade de ecossistema no País com muitas praias, mangues e
atrações proporcionadas por um sistema arquitetônico com cerca de mil e
duzentos imóveis dos séculos XVII e XVIII, revestidos de azulejos e ruas com
pedras de cantaria, remete o turista a um passado de riqueza e fausto.
Vamos conhecer um pouco de
seus encantos, culturas e tradições que existem em São Luís e no estado do Maranhão,
pouco conhecidos dos turistas.
A lenda da carruagem de Ana
Jansen, discutida
matrona maranhense presente na vida econômica, social e política da cidade no
século XIX. Conta á lenda que de noite, as pessoas ao pressentirem a
aproximação de uma horrenda carruagem penada, fugiam aterrorizadas; pois se
assim não fizessem, estariam sujeitas a receber da alma penada de Ana Jansen,
uma vela acesa que amanheceria transformada em um defunto. A carruagem era
puxada por cavalos decapitados, conduzida por um escravo também sem cabeça, e
como corpo sangrando. Por onde ela passava, sons horríveis eram ouvidos com o
coro das lamentações dos escravos.
A lenda da Serpente de São
Luis.
Conta-se que ao redor da ilha existe uma grande serpente, sempre a crescer, que
estaria com a cabeça na Igreja da Sé e a cauda na galeria da fonte do Ribeirão.
No dia em que a cauda alcançar a cabeça, o monstro reunirá todas as forças e,
num grande abraço, comprimirá a porção de terra existente, fazendo desaparecer
a ilha e a cidade de São Luis no oceano.
A lenda da manguda, que consistia numa figura
fantasmagórica, conhecida por trajar um chambre branco de mangas largas e
compridas, que trazia pavor e sobressalto às crianças e a boa parte da
população. Consta que seu rosto era coberto por uma máscara, e que da cabeça
saía uma nuvem de fumaça que fazia as pessoas ficarem apavoradas de medo.
A lenda da praia do Olho
D’agua.
Conta-se que naquele local havia uma aldeia indígena, cujo chefe era Itaporama.
Sua filha
apaixonou-se por um jovem da
tribo, mas como este era muito
bonito, provocou a paixão da
“mãe d’agua” que, através dos
seus poderes, conquistou-o e
o levou para seu palácio encantado nas profundezas do mar. A índia perdendo seu
amor, ficou muito triste, deixando de se alimentar e indo para a beira do mar,
onde ficou chorando até morrer. De suas lágrimas, surgiram duas nascentes que
até hoje correm para o mar, e deram origem ao nome da praia.
A lenda do Palácio das
Lágrimas.
Conta-se que na Rua de São João, em frente da igreja do mesmo nome, havia um
casarão de três pavimentos, que foi ocupado em determinada época, por dois
irmãos portugueses que vieram ao Maranhão, em busca de riquezas. Um deles
conseguiu ficar rico enquanto o outro continuou na pobreza. Com inveja, o irmão
pobre assassinou o outro a fim de herdar sua fortuna, já que o irmão não era
casado, vivendo amasiado com uma escrava. De posse dos bens herdados, passou a
tratar a escrava e os filhos do seu irmão com extrema crueldade. Um dia, um dos
filhos soube que o assassino do seu pai era o seu próprio tio e logo tratou de
vingá-lo, jogando-o de uma janela do sobrado, matando-o. Descoberto o crime, e
por ser ele escravo, foi condenado à morte na forca, levantada em frente ao
casarão. No momento do enforcamento, o
condenado amaldiçoou o sobrado com as palavras: “Palácio, que vistes as
lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante, serás
conhecido como palácio das lágrimas”. E assim o sobrado passou a ser conhecido
até hoje, onde funciona a Faculdade de Farmácia.
Muitas outras lendas e histórias
existem como o aparecimento de N. S. da Vitória, durante a batalha travada no
Outeiro da Cruz, entre portugueses e franceses, que vão passando de geração em
geração, e fazem com que a ilha de São Luis, tenha esses mistérios e encantos
que fascinam e deslumbram os turistas que nos visitam...
São Luis possui o famoso
conjunto arquitetônico da Praia Grande (Patrimônio da Humanidade), com sobrados
e casarões da época do Brasil Colonial; entre eles o Palácio Cristo Rei,
Palácio dos Leões, sede do governo estadual, o Palácio La Ravardiere , sede do
governo municipal, Igreja Catedral da Sé, Teatro Artur Azevedo, Convento do
Carmo, Palacete da Viração, Casa das Tulhas, Convento das Mercês, Casa da Cidade
de São Luís, Fonte das Pedras, Fonte do Ribeirão, etc., belas praias, bons hotéis, ótimos restaurantes
e um povo hospitaleiro, além de variadas tradições culturais que encantam os
turistas nos meses de junho.
As PRAIAS São
Francisco, São Marcos, Ipem, Caolho, Calhau,
Litorânea, Praia do Meio, Olho D’agua, Araçagy, Boqueirão, Raposa e outras
mais.
As IGREJAS Entre
outras temos a Catedral, a Igreja de São
João, a Igreja dos Remédios, a Igreja de São Benedito, Igreja do Desterro, Igreja
de Santo Antonio, onde o padre Antonio Vieira proferiu o seu célebre sermão, e
outras mais.
As UNIVERSIDADES A historia delas começou com a implantação da
Universidade Federal do Maranhão, em 1966, a Universidade Estadual do Maranhão em
1972, e o Centro de Ensino Unificado do Maranhão, 1989.
Os HOTEIS Há diversos de boa categoria como o Rio Poty
Hotel, Hotel Premier, Hotel Abbeville, Hotel Vila Rica, Hotel Quatro Rodas e outros
mais.
Os RESTAURANTES Amendoeira, Dona Maria, Cheiro Verde, Feijão
de Corda, Oriental, Vegetariano, Sabores do Maranhão e muitos outros, onde
podemos degustar vários tipos de comidas, entre elas, o arroz de cuxá, a carne
de sol, o vatapá, a juçara, a pescada rosa, o peixe pedra, a caranguejada, o
camarão graúdo, churrascos, galinha a molho pardo, leitão assado e outras variedades.
Refrigerante e sucos, temos: A Cola-Jesus (refrigerante rosa genuinamente
maranhense) O suco de Assai (juçara), Bacuri, Cupuaçu, Murici e outras frutas.
O Aeroporto Cunha Machado Com destino para outras capitais, onde
são recebidos os visitantes para conhecerem a cidade de
São Luís, Alcântara,
Barreirinhas, Morros e outros localidades.
ARTESANATOS Da madeira, do tucum e das fibras naturais das
palmeiras do babaçu e do buriti e das mãos de artesãos surgem uma infinidades
de peças de variados formatos e utilidades, bem como rendas de bilros e as
peças de cerâmicas que encantam e atraem os turistas.
As TRADIÇÕES e
as festas existentes aqui são
variadas e de diversos tipos. Para
termos uma ideia da diversidade só no Bumba-Meu-Boi que é um dos festejos
juninos, existe várias modalidades, com seus estilos e sotaques e
apresentações, sem desrespeitar a lenda que dá origem ao auto. O Bumba-meu boi
do Maranhão faz parte do ciclo das festas juninas dedicadas a Santo Antonio,
São João, São Pedro e São Marçal, que acontece todos os anos no mês de junho,
mas, se prolonga até o mês de julho, quando acontece a matança do boi e o
encerramento dos festejos. Nas segundas quinzenas de junho acontece o auge dos
festejos, e nos bairros e outros locais, são instalados arraiais, cheios de luz
e de colorido, com barracas para servir todos os assistentes e o palco para
apresentação dos vários grupos folclóricos, sendo executados diversos tipos de
músicas, de acordo com as apresentações.
É assim que vão se apresentando, a Quadrilha, o Tambor de Crioula,
Tambor de Mina, Dança Portuguesa, Dança do Boiadeiro, Dança do Coco, Dança do
Cacuriá, Dança da Fita, Dança de São Gonçalo, e os Bumba-Meu-Boi que se
apresentam com uma dança à parte, dependendo do estilo, como a dança-mãe de
todos e o núcleo da identidade maranhense; o espetáculo mais representativo do
período junino, o único que não pode faltar nos arraiais, clubes, associações e
nas ruas, onde a festa acontece. Ás vezes ele inicia e termina a programação de
cada local. É a figura do Boi, sua imagem e identidade que serve de base para a
propaganda e publicidade turística, para vender artesanato, para decoração dos
arraiais e outros locais, para a divulgação da imagem do Maranhão em shows e
exposições durante todo o ano. Nos locais de apresentações, pode-se adquirir
CDs ou DVDs com as apresentações dos grupos. Antes, a brincadeira do Boi só
tinha a participação masculina, mas na década de 80, ocorreu a inclusão de
mulheres na brincadeira, identificadas como as índias, vaqueiras e até mesmo
como diretoras das sociedades folclóricas. A diversidade dos estilos, dos
adereços, da riqueza das vestimentas e das danças, apresenta um espetáculo
inesquecível para qualquer assistente. Entretanto, não existe um único grupo
igual a outro, de um total de mais de cem em atuação nas festividades. São
vários, como já dissemos os sotaques dos Bois, entre eles os de Matracas, de
Zabumba, de Pandeiro, de Orquestra, de Costa de Mão, Boizinho Barrica, etc.
Em frente à cidade de São
Luis, atravessando a baia de São Marcos em lancha que atende os turistas, está
localizada a cidade histórica de Alcântara, antiga capital do Estado,
onde está atualmente localizada a Base de Lançamento de Foguetes da
Aeronáutica. Nessa cidade, se realiza todos os anos, no mês de maio a festa do
“Divino Espírito Santo”, relembrando o passado do reinado no Brasil. Ali ainda
existe em uma praça o pelourinho onde eram amarrados e chicoteados os escravos
fujões, bem como alguns casarões bem antigos, inclusive o que iria abrigar o
imperador D. Pedro, que terminou por cancelar sua viagem ao Maranhão.
A lenda e origem de São José
de Ribamar Conta-se que certa vez, uma nau portuguesa
resolveu contornar a ilha, e, chegando em determinado lugar, distraíram-se os
navegadores admirando a paisagem, sem saber que as vazantes da maré, na costa
maranhense são bem acentuadas e em virtude disso, a nau terminou ficando
encalhada na areia. Eles, por muitos dias, tentarem libertar a nau sem sucesso,
até que um deles, devoto de São José das Botas, existente em Portugal, rogou ao
santo e prometeu que, se o navio voltasse a flutuar, ele em retribuição, quando
voltasse a Portugal e retornasse a esta ilha, traria uma imagem de São José e
faria uma capela onde colocaria a imagem. Veio então uma maré de Lua Cheia e a
nau desencalhou; e tempos depois, conforme prometera o português voltou e
colocou a imagem de São José das Botas numa capela. Consta ainda que a capela
construída por ele ficava de frente para o mar. Quando os moradores resolveram
fazer uma igreja para substituir a capela, fizeram-na de frente para a vila e
de costas para o mar. Em virtude disso, conta ainda á lenda que a imagem sempre
sumia da igreja e aparecia na capela em frente ao mar. Os moradores resolveram
então para satisfazer o Santo, construir outra igreja, no mesmo local, porém
voltada de frente para o mar, que está até hoje. O nome de Ribamar, pois,
deve-se ao fato do santo haver levantado o mar desencalhando a nau; ou seja:
“Arriba-mar”, arribou o mar (levantou o mar), que o povo simplificou para
“Ribamar”, e que deu nome ao povoado, hoje cidade turística e venerada. É por
isso que a imagem de São José de Ribamar, que existe na igreja, usa botas e não
sandálias, como era o costume, usada por José, carpinteiro, pai de Jesus.
Aqui no Maranhão, possuímos
alguns ENCANTOS, ainda desconhecidos dos brasileiros, ricos de paisagens
e atrações diversas que poderiam ser desenvolvidas e trazer muitos benefícios
para o estado. A revista “Veja” de 6/10/1999, publica uma reportagem sobre as Reentrâncias
Maranhenses, na costa norte do estado, onde as atrações são as ilhas e os
manguezais repletos de aves, como guarás e colhereiros, além das pescadas amarelas
e camarões que são abundantes na cidade de Cururupu.
Parque dos Lençóis
Maranhenses. Para se chegar até lá, existe uma linha de
ônibus que sai de São Luís diariamente, ou de carro pela BR-135 até Bacabeira,
vira-se a esquerda no sentido da cidade de Rosário, atravessando o Rio
Itapecuru, segue-se no sentido da cidade de Axixá, atravessando o Rio Munim,
chega-se a um cruzamento onde a direita leva a cidade de Morros onde existe o
rio Una, de águas límpidas, com barracas para atender os banhistas; retornando
à estrada principal, prossegue-se no sentido da cidade de Barreirinhas e após
250 quilômetros, chega-se a essa cidade. No parque existem Castelos de Areia
que se move de lugar a cada dia, várias lagoas de água salgada e de água doce
proveniente das chuvas. O rio Preguiças banha a cidade de Barreirinhas,
localizada na fronteira do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, na costa
leste do estado, que são uma atração a extasiar os que visitam a região. Entre
palmeiras e coqueiros e para vencer o areal da estrada, é usada uma camioneta
com tração nas quatro rodas e atravessando o rio Preguiças, começa a aventura
rumo ao parque nacional e seus 155 mil hectares de areia. Finalmente o encontro
com o deserto e uma surpresa: a areia é fria, uma delícia de pisar, de deitar,
de rolar... Ali nos deparamos com os Castelos de Areia que chegam a atingir 30 metros de altura; a
cada duna um desenho diferente toma forma. O vento sopra e levanta uma fina
camada de areia que apaga as pegadas e seus vestígios. A alma incorpora a
figura de um beduíno, nômade do deserto, que, ao contrário do Saara, onde a
água é escassa, a buscar no passo seguinte o encontro com a água das lagoas
criadas pelas chuvas que caem de janeiro a junho, e chegam a atingir até 3 metros de profundidade,
com águas transparentes que dá para ver o fundo e tão límpidas que dá para
beber; afinal, dizem que Deus é brasileiro.
Descendo o rio Preguiças em
barcos a motor, após 16 km
depois da cidade de Barreirinhas, chega-se a Caburé; descendo mais um pouco o rio,
chega-se ao povoado de Atins, onde de um lado o rio, do outro o mar, divididos
apenas por uma faixa de areia e coqueiros. Esse local é o lugar certo para
deixar-se relaxar, comer uma peixada na panela de barro, usufruir da
tranqüilidade, da brisa e balançar em uma rede ao luar. Ali, na localidade de
Mandacaru, está localizado um velho farol de 150 degraus, que é preciso muito fôlego
para vencê-los. No alto do farol, a visão é incrível; o mundo de coqueiros o
rio e as dunas com suas lagoas, a praia e o mar, muito mar... É um
encanto para qualquer pessoa. Para esse passeio, quem tem condições
financeiras, o melhor é tomar um táxi aéreo e curtir o visual da viagem. Para outras
informações: Tel: 0-98-32317065 Fax 0-98-32326041.
No sul, localiza-se a cidade
de Carolina, distante 220 quilômetros da cidade de Imperatriz, onde existem cachoeiras
paradisíacas no Rio Itapecuru, em Pedra Caída e também na cidade de Riachão,
que são visitadas por muitos turistas. E finalmente o Delta do Rio Parnaíba,
entre as divisas do Maranhão e do Piauí, com suas inúmeras ilhas e
praias de água salgada e doce e seus encantos naturais.
Bibliografia:
Francisca Ester de Sá
Marques
Revista “Espírito de
Aventura” –nº 3 – 3/1999
Marcos Gusmão - Revista
“Veja” – 10/1999
Livro “História do Maranhão”
– 2001
Livro “Enciclopédia do
Maranhão”
Jc.
S.Luis, 23/4/2012
Refeito em 25/03/2019