quinta-feira, 30 de maio de 2019

MARANHÃO, SEUS ENCANTOS, LENDAS E TRADIÇÕES...




 
O Brasil tem paisagens deslumbrantes com muitas cachoeiras e rios de dar inveja aos outros paises. Paraísos ecológicos espalham-se por 43% do território nacional, mas, ainda assim, o país é um anão no ramo do turismo e eco-turismo, uma modalidade que rende fortunas a países sem tantos atrativos. A Embratur e o Instituto Eco-turismo do Brasil já descobriram que o nosso país tem atualmente mais de 100 roteiros turísticos e ecológicos com potencial para exploração turística.

Neste ano em que comemoramos os 406 anos de fundação da cidade de São Luis,  ela além de ser “Patrimônio Cultural da Humanidade”, foi escolhida também como “Capital Americana da Cultura”. São Luis, a única cidade fundada pelos franceses em 8 de setembro de 1612, por Daniel de La Touche, Senhor de Laravardière, a que chamou de França Equinocial, de onde foram expulsos poucos anos depois pelos portugueses. Em 1621, Felipe II rei da Espanha e Portugal dividiu a colônia brasileira em dois estados: Estado do Maranhão com a capital em São Luis e Estado do Brasil com capital em Salvador, tendo a divisão, permanecido até o ano de 1774.   Inicialmente chamada de Upaon-Açu pelos índios Tupi-guarani e Guajajaras, e Ilha Grande pelos portugueses, também ainda é conhecida como “Atenas Brasileira”, “Ilha do Amor”, “Cidade dos Azulejos”, e ultimamente chamada de Jamaica Brasileira, em virtude do reggae. Possui diversificada cultura, maior variedade de ecossistema no País com muitas praias, mangues e atrações proporcionadas por um sistema arquitetônico com cerca de mil e duzentos imóveis dos séculos XVII e XVIII, revestidos de azulejos e ruas com pedras de cantaria, remete o turista a um passado de riqueza e fausto.

Vamos conhecer um pouco de seus encantos, culturas e tradições que existem em São Luís e no estado do Maranhão, pouco conhecidos dos turistas.  

Em São Luis, sempre existiram lendas e mistérios que até hoje povoam as mentes dos temerosos, e que são passadas ao longo dos anos, de geração em geração. Os casarões, suas ruas estreitas e seus becos de cantaria (pedras trabalhadas), são os palcos desses mitos e lendas que encantam os visitantes. Alguns deles chegam a ficar admirados com a arquitetura, tentando imaginar o que aconteceu em tais prédios, nos séculos passados, fazendo a imaginação retornar ao passado. As várias lendas da cidade fazem tanto sucesso entre os que acreditam, com seus diversos becos que transpiram tantos mistérios, que já se tornaram atração para o turismo. Dentre essas, destacamos as seguintes  LENDAS:

A lenda da carruagem de Ana Jansen, discutida matrona maranhense presente na vida econômica, social e política da cidade no século XIX. Conta á lenda que de noite, as pessoas ao pressentirem a aproximação de uma horrenda carruagem penada, fugiam aterrorizadas; pois se assim não fizessem, estariam sujeitas a receber da alma penada de Ana Jansen, uma vela acesa que amanheceria transformada em um defunto. A carruagem era puxada por cavalos decapitados, conduzida por um escravo também sem cabeça, e como corpo sangrando. Por onde ela passava, sons horríveis eram ouvidos com o coro das lamentações dos escravos.

A lenda da Serpente de São Luis. Conta-se que ao redor da ilha existe uma grande serpente, sempre a crescer, que estaria com a cabeça na Igreja da Sé e a cauda na galeria da fonte do Ribeirão. No dia em que a cauda alcançar a cabeça, o monstro reunirá todas as forças e, num grande abraço, comprimirá a porção de terra existente, fazendo desaparecer a ilha e a cidade de São Luis no oceano.

A lenda da manguda, que consistia numa figura fantasmagórica, conhecida por trajar um chambre branco de mangas largas e compridas, que trazia pavor e sobressalto às crianças e a boa parte da população. Consta que seu rosto era coberto por uma máscara, e que da cabeça saía uma nuvem de fumaça que fazia as pessoas ficarem apavoradas de medo.

A lenda da praia do Olho D’agua. Conta-se que naquele local havia uma aldeia indígena, cujo chefe era Itaporama. Sua filha
apaixonou-se por um jovem da tribo, mas como este era muito
bonito, provocou a paixão da “mãe d’agua” que, através dos
seus poderes, conquistou-o e o levou para seu palácio encantado nas profundezas do mar. A índia perdendo seu amor, ficou muito triste, deixando de se alimentar e indo para a beira do mar, onde ficou chorando até morrer. De suas lágrimas, surgiram duas nascentes que até hoje correm para o mar, e deram origem ao nome da praia.

A lenda do Palácio das Lágrimas. Conta-se que na Rua de São João, em frente da igreja do mesmo nome, havia um casarão de três pavimentos, que foi ocupado em determinada época, por dois irmãos portugueses que vieram ao Maranhão, em busca de riquezas. Um deles conseguiu ficar rico enquanto o outro continuou na pobreza. Com inveja, o irmão pobre assassinou o outro a fim de herdar sua fortuna, já que o irmão não era casado, vivendo amasiado com uma escrava. De posse dos bens herdados, passou a tratar a escrava e os filhos do seu irmão com extrema crueldade. Um dia, um dos filhos soube que o assassino do seu pai era o seu próprio tio e logo tratou de vingá-lo, jogando-o de uma janela do sobrado, matando-o. Descoberto o crime, e por ser ele escravo, foi condenado à morte na forca, levantada em frente ao casarão.  No momento do enforcamento, o condenado amaldiçoou o sobrado com as palavras: “Palácio, que vistes as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante, serás conhecido como palácio das lágrimas”. E assim o sobrado passou a ser conhecido até hoje, onde funciona a Faculdade de Farmácia.

Muitas outras lendas e histórias existem como o aparecimento de N. S. da Vitória, durante a batalha travada no Outeiro da Cruz, entre portugueses e franceses, que vão passando de geração em geração, e fazem com que a ilha de São Luis, tenha esses mistérios e encantos que fascinam e deslumbram os turistas que nos visitam...

São Luis possui o famoso conjunto arquitetônico da Praia Grande (Patrimônio da Humanidade), com sobrados e casarões da época do Brasil Colonial; entre eles o Palácio Cristo Rei, Palácio dos Leões, sede do governo estadual, o Palácio La Ravardiere, sede do governo municipal, Igreja Catedral da Sé, Teatro Artur Azevedo, Convento do Carmo, Palacete da Viração, Casa das Tulhas, Convento das Mercês, Casa da Cidade de São Luís, Fonte das Pedras, Fonte do Ribeirão, etc.,  belas praias, bons hotéis, ótimos restaurantes e um povo hospitaleiro, além de variadas tradições culturais que encantam os turistas nos meses de junho.

As PRAIAS   São Francisco, São Marcos, Ipem, Caolho, Calhau,  Litorânea, Praia do Meio, Olho D’agua, Araçagy, Boqueirão, Raposa e outras mais.

As IGREJAS   Entre outras temos  a Catedral, a Igreja de São João, a Igreja dos Remédios, a Igreja de São Benedito, Igreja do Desterro, Igreja de Santo Antonio, onde o padre Antonio Vieira proferiu o seu célebre sermão, e outras mais.

As UNIVERSIDADES  A historia delas começou com a implantação da Universidade Federal do Maranhão, em 1966, a Universidade Estadual do Maranhão em 1972, e o Centro de Ensino Unificado do Maranhão, 1989.

Os HOTEIS  Há diversos de boa categoria como o Rio Poty Hotel, Hotel Premier, Hotel Abbeville,  Hotel Vila Rica, Hotel Quatro Rodas e outros mais.

Os RESTAURANTES  Amendoeira, Dona Maria, Cheiro Verde, Feijão de Corda, Oriental, Vegetariano, Sabores do Maranhão e muitos outros, onde podemos degustar vários tipos de comidas, entre elas, o arroz de cuxá, a carne de sol, o vatapá, a juçara, a pescada rosa, o peixe pedra, a caranguejada, o camarão graúdo, churrascos, galinha a molho pardo, leitão assado e outras variedades. Refrigerante e sucos, temos: A Cola-Jesus (refrigerante rosa genuinamente maranhense) O suco de Assai (juçara), Bacuri, Cupuaçu, Murici e outras frutas.

O Aeroporto Cunha Machado Com destino para outras capitais, onde são recebidos os visitantes para conhecerem a cidade de
São Luís, Alcântara, Barreirinhas, Morros e outros localidades.

ARTESANATOS  Da madeira, do tucum e das fibras naturais das palmeiras do babaçu e do buriti e das mãos de artesãos surgem uma infinidades de peças de variados formatos e utilidades, bem como rendas de bilros e as peças de cerâmicas que encantam e atraem os turistas.

As TRADIÇÕES  e  as  festas existentes aqui são variadas e de diversos tipos.  Para termos uma ideia da diversidade só no Bumba-Meu-Boi que é um dos festejos juninos, existe várias modalidades, com seus estilos e sotaques e apresentações, sem desrespeitar a lenda que dá origem ao auto. O Bumba-meu boi do Maranhão faz parte do ciclo das festas juninas dedicadas a Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal, que acontece todos os anos no mês de junho, mas, se prolonga até o mês de julho, quando acontece a matança do boi e o encerramento dos festejos. Nas segundas quinzenas de junho acontece o auge dos festejos, e nos bairros e outros locais, são instalados arraiais, cheios de luz e de colorido, com barracas para servir todos os assistentes e o palco para apresentação dos vários grupos folclóricos, sendo executados diversos tipos de músicas, de acordo com as apresentações.  É assim que vão se apresentando, a Quadrilha, o Tambor de Crioula, Tambor de Mina, Dança Portuguesa, Dança do Boiadeiro, Dança do Coco, Dança do Cacuriá, Dança da Fita, Dança de São Gonçalo, e os Bumba-Meu-Boi que se apresentam com uma dança à parte, dependendo do estilo, como a dança-mãe de todos e o núcleo da identidade maranhense; o espetáculo mais representativo do período junino, o único que não pode faltar nos arraiais, clubes, associações e nas ruas, onde a festa acontece. Ás vezes ele inicia e termina a programação de cada local. É a figura do Boi, sua imagem e identidade que serve de base para a propaganda e publicidade turística, para vender artesanato, para decoração dos arraiais e outros locais, para a divulgação da imagem do Maranhão em shows e exposições durante todo o ano. Nos locais de apresentações, pode-se adquirir CDs ou DVDs com as apresentações dos grupos. Antes, a brincadeira do Boi só tinha a participação masculina, mas na década de 80, ocorreu a inclusão de mulheres na brincadeira, identificadas como as índias, vaqueiras e até mesmo como diretoras das sociedades folclóricas. A diversidade dos estilos, dos adereços, da riqueza das vestimentas e das danças, apresenta um espetáculo inesquecível para qualquer assistente. Entretanto, não existe um único grupo igual a outro, de um total de mais de cem em atuação nas festividades. São vários, como já dissemos os sotaques dos Bois, entre eles os de Matracas, de Zabumba, de Pandeiro, de Orquestra, de Costa de Mão, Boizinho Barrica, etc.

Em frente à cidade de São Luis, atravessando a baia de São Marcos em lancha que atende os turistas, está localizada a cidade histórica de Alcântara, antiga capital do Estado, onde está atualmente localizada a Base de Lançamento de Foguetes da Aeronáutica. Nessa cidade, se realiza todos os anos, no mês de maio a festa do “Divino Espírito Santo”, relembrando o passado do reinado no Brasil. Ali ainda existe em uma praça o pelourinho onde eram amarrados e chicoteados os escravos fujões, bem como alguns casarões bem antigos, inclusive o que iria abrigar o imperador D. Pedro, que terminou por cancelar sua viagem ao Maranhão.

A lenda e origem de São José de Ribamar  Conta-se que certa vez, uma nau portuguesa resolveu contornar a ilha, e, chegando em determinado lugar, distraíram-se os navegadores admirando a paisagem, sem saber que as vazantes da maré, na costa maranhense são bem acentuadas e em virtude disso, a nau terminou ficando encalhada na areia. Eles, por muitos dias, tentarem libertar a nau sem sucesso, até que um deles, devoto de São José das Botas, existente em Portugal, rogou ao santo e prometeu que, se o navio voltasse a flutuar, ele em retribuição, quando voltasse a Portugal e retornasse a esta ilha, traria uma imagem de São José e faria uma capela onde colocaria a imagem. Veio então uma maré de Lua Cheia e a nau desencalhou; e tempos depois, conforme prometera o português voltou e colocou a imagem de São José das Botas numa capela. Consta ainda que a capela construída por ele ficava de frente para o mar. Quando os moradores resolveram fazer uma igreja para substituir a capela, fizeram-na de frente para a vila e de costas para o mar. Em virtude disso, conta ainda á lenda que a imagem sempre sumia da igreja e aparecia na capela em frente ao mar. Os moradores resolveram então para satisfazer o Santo, construir outra igreja, no mesmo local, porém voltada de frente para o mar, que está até hoje. O nome de Ribamar, pois, deve-se ao fato do santo haver levantado o mar desencalhando a nau; ou seja: “Arriba-mar”, arribou o mar (levantou o mar), que o povo simplificou para “Ribamar”, e que deu nome ao povoado, hoje cidade turística e venerada. É por isso que a imagem de São José de Ribamar, que existe na igreja, usa botas e não sandálias, como era o costume, usada por José, carpinteiro, pai de Jesus.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Aqui no Maranhão, possuímos alguns ENCANTOS, ainda desconhecidos dos brasileiros, ricos de paisagens e atrações diversas que poderiam ser desenvolvidas e trazer muitos benefícios para o estado. A revista “Veja” de 6/10/1999, publica uma reportagem sobre as Reentrâncias Maranhenses, na costa norte do estado, onde as atrações são as ilhas e os manguezais repletos de aves, como guarás e colhereiros, além das pescadas amarelas e camarões que são abundantes na cidade de Cururupu.

Parque dos Lençóis Maranhenses.  Para se chegar até lá, existe uma linha de ônibus que sai de São Luís diariamente, ou de carro pela BR-135 até Bacabeira, vira-se a esquerda no sentido da cidade de Rosário, atravessando o Rio Itapecuru, segue-se no sentido da cidade de Axixá, atravessando o Rio Munim, chega-se a um cruzamento onde a direita leva a cidade de Morros onde existe o rio Una, de águas límpidas, com barracas para atender os banhistas; retornando à estrada principal, prossegue-se no sentido da cidade de Barreirinhas e após 250 quilômetros, chega-se a essa cidade. No parque existem Castelos de Areia que se move de lugar a cada dia, várias lagoas de água salgada e de água doce proveniente das chuvas. O rio Preguiças banha a cidade de Barreirinhas, localizada na fronteira do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, na costa leste do estado, que são uma atração a extasiar os que visitam a região. Entre palmeiras e coqueiros e para vencer o areal da estrada, é usada uma camioneta com tração nas quatro rodas e atravessando o rio Preguiças, começa a aventura rumo ao parque nacional e seus 155 mil hectares de areia. Finalmente o encontro com o deserto e uma surpresa: a areia é fria, uma delícia de pisar, de deitar, de rolar... Ali nos deparamos com os Castelos de Areia que chegam a atingir 30 metros de altura; a cada duna um desenho diferente toma forma. O vento sopra e levanta uma fina camada de areia que apaga as pegadas e seus vestígios. A alma incorpora a figura de um beduíno, nômade do deserto, que, ao contrário do Saara, onde a água é escassa, a buscar no passo seguinte o encontro com a água das lagoas criadas pelas chuvas que caem de janeiro a junho, e chegam a atingir até 3 metros de profundidade, com águas transparentes que dá para ver o fundo e tão límpidas que dá para beber; afinal, dizem que Deus é brasileiro.

Descendo o rio Preguiças em barcos a motor, após 16 km depois da cidade de Barreirinhas, chega-se a Caburé; descendo mais um pouco o rio, chega-se ao povoado de Atins, onde de um lado o rio, do outro o mar, divididos apenas por uma faixa de areia e coqueiros. Esse local é o lugar certo para deixar-se relaxar, comer uma peixada na panela de barro, usufruir da tranqüilidade, da brisa e balançar em uma rede ao luar. Ali, na localidade de Mandacaru, está localizado um velho farol de 150 degraus, que é preciso muito fôlego para vencê-los. No alto do farol, a visão é incrível; o mundo de coqueiros o rio e as dunas com suas lagoas, a praia e o mar, muito mar...   É um encanto para qualquer pessoa. Para esse passeio, quem tem condições financeiras, o melhor é tomar um táxi aéreo e curtir o visual da viagem. Para outras informações: Tel: 0-98-32317065 Fax 0-98-32326041.

No sul, localiza-se a cidade de Carolina, distante 220 quilômetros da cidade de Imperatriz, onde existem cachoeiras paradisíacas no Rio Itapecuru, em Pedra Caída e também na cidade de Riachão, que são visitadas por muitos turistas. E finalmente o  Delta do Rio  Parnaíba,  entre as divisas do Maranhão e do Piauí, com suas inúmeras ilhas e praias de água salgada e doce e seus encantos naturais.

Bibliografia:
Francisca Ester de Sá Marques
Revista “Espírito de Aventura” –nº 3 – 3/1999
Marcos Gusmão - Revista “Veja” – 10/1999
Livro “História do Maranhão” – 2001
Livro “Enciclopédia do Maranhão”

Jc.
S.Luis, 23/4/2012
Refeito em 25/03/2019



AS ENERGIAS SUJAS E LIMPAS NO BRASIL




 
A humanidade depende cada dia mais de energia, mas a produção da energia tem tudo a ver com o aquecimento global do planeta. E o aquecimento se não for controlado ou evitado, pode levar à impossibilidade da existência humana na Terra.
É urgente se questionar: será que a humanidade precisa mesmo de toda a energia que consome para viver e ser feliz? Uma realidade precisa ficar clara: a humanidade não precisa de tudo que as empresas capitalistas produzem. É o marketing que cria as necessidades ilusórias. É possível reduzir muito a quantidade de energia suja, consumida, e suprir com energia limpa, sem prejudicar a vida das pessoas?
A prioridade de uma política energética deve ser a diminuição e, se possível, o abandono do uso dos derivados do petróleo, do carvão e do gás. Mas isso não basta. É preciso examinar  os custos sociais e ecológicos da hidroeletricidade. É nessa direção que se costuma dizer que a energia produzida pela hidroelétrica seria limpa, porém, em que sentido se usa a expressão adjetiva “limpa?” – O primeiro uso é o comparativo. Por exemplo. A energia hidrelétrica seria mais limpa porque usa fonte renovável, a água dos rios, e não emitiria gases de efeito estufa como as usinas térmicas, que usam como fonte a queima de petróleo, gás, carvão.
Estudos científicos estão demonstrando que em todas as represas construídas para reter as águas e mover as turbinas, e de modo especial em regiões de alta biodiversidade como a Amazônia, há geração  e emissão significativa de gás metano para a atmosfera. Além disso, sua construção significa interferir nas funções ecológicas dos rios, remoção de algumas comunidades indígenas e ribeirinhas,  derrubada  ou enterro de áreas imensas de florestas, alteração do ambiente de vida de animais das águas e das matas, portanto, nada limpa.
Partindo dessa possibilidade, e sendo necessidade imperiosa  rever o consumo de energia, vem à tona a questão: a energia realmente necessária produzida com a emissão de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera, como se dá com as águas das represas, o uso do carvão, do petróleo, do gás nas Termoelétricas, agrava muito o problema do planeta?


A primeira geração de energia  no Brasil foi a Hidroelétrica. Em 1883, entrou em operação a hidroelétrica no Ribeirão do  Inferno, afluente do Rio Jequitinhonha, em Diamantina, MG. Em 1889, entrou em operação a primeira Hidroelétrica de grande porte, em Juiz de Fora, MG. Em 1901, foi á vez de entrar em operação a Usina Hidroelétrica, pertencente a São Paulo Light, a primeira a utilizar uma barragem com 15 metros de altura. Em 1913, entrava em operação a Hidroelétrica Delmiro Gouveia, a primeira no Nordeste, para aproveitar a Cachoeira de Paulo Afonso, no Rio São Francisco. Outras mais foram surgindo com o tempo, em várias cidades do país:  Três Marias,   Furnas, Tucuruí, Boa Esperança, Itaipu a maior, Belo Monte, etc. etc.
Em seguida, 1954 entrava em operação, a primeira Usina Termoelétrica Piratininga, a óleo combustível, sendo a primeira Termoelétrica de grande porte, no Brasil. A energia gerada pelas Usinas Térmicas, que consomem óleo combustível, gás, carvão e urânio, poluem mais do que as Hidroelétricas,  além de prejudicar o meio ambiente, ainda promove o aumento da bandeira tarifária de eletricidade, justificadas pela falta de chuvas, contradizendo a própria Natureza. Para piorar a situação ainda estão em construção mais 26 Termoelétricas.
A geração de energia Nuclear, no Brasil, foi iniciada com a Central Nuclear  nº 1, em 1985, em Angra dos Reis, e em 2000, entrou em atividade a Usina nº 2.  A 3ª Usina que deveria entrar em atividade em 2015, com um custo de 25 bilhões, foi  prorrogada para iniciar em 2018, e até hoje está paralisada por causa de denúncias de corrupção. Para a sua conclusão ainda serão necessários mais 17 bilhões e é considerada um desastre nuclear, em virtude do preço da sua energia tornar o projeto inviável.
Entre os desastres provocados por Usinas Nuclear, temos o de Chernobyl, na Ucrânia, em 26/4/1986, que vitimou 2.4 milhões de pessoas;  O desastre do Césio, em Goiânia(Brasil) em 1987, onde morreram 11 pessoas e 600 outras foram contaminadas;  Kyshtym, na União Soviética, com 10 mil pessoas atingidas e 200 mortes;  Tokaimura em 1999 no Japão, que contaminou mais de 600 pessoas  e não foi informado o número de vítimas; Fukushima em 2011, no Japão, onde os níveis de radiação foram altos, e não foi informado o número de pessoas contaminadas nem o número de vítimas fatais.
Enquanto os outros países vão desativando suas Usinas Nuclear (O governo alemão já informou que vai desativar todas as suas usinas até 2022 e nos Estados Unidos, já foram desativadas 5 usinas e outras 4 serão desativadas em breve, e o Japão já desativou algumas usinas) no Brasil, ainda estão querendo investir mais 17 bilhões para a conclusão da Usina 3.
Segundo dados estatísticos, em 2018, a energia gerada no Brasil, ficou dividida da seguinte maneira: Hidroelétrica 60,33%, Termoelétrica 26,21%, Nuclear 1,26%,  Eólica 7,91% e Solar 0,71%, localizadas nos estados do Paraná, no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. Em face da pífia geração de energia, proporcionada pelas Usinas Atômicas, no município de Angra dos Reis, que consumiram uma fortuna para serem construída, e a terceira Usina que já consumiu também muitos milhões e ainda está inacabada, não é aconselhável concluí-la. O ideal seria desativar, desmontá-la e vender como sucata, em virtude do que ainda precisaria de verba para ser acabada, e transferir os milhões para fomentar as de energia limpa.
Em relação às usinas nucleares, além dos riscos de contaminação das pessoas, de outros seres vivos, das águas e do próprio solo nos processos de extração, transporte e armazenamento do urânio, basta lembrar os desastres para perceber que essa energia não pode ser definida como limpa.
Outra mentira é a que apresenta os combustíveis extraídos de vegetais, como energia limpa. Mas, se observarmos no presente o quanto tem aumentado o preço dos alimentos por causa dos solos ocupados com a produção de cana de açúcar e soja, e já se percebe como ela é socialmente suja, pois a produção é feita em imensas monoculturas com o uso de muitos produtos químicos e venenos aplicados, onde os estragos socioambientais são gravíssimos, tornando-a assim, uma energia nada limpa.
As gerações de energias acima mencionadas, todas poluidoras do Ar, das Águas, da Natureza, da Terra e dos seres humanos, devem ser eliminadas, e não continuarem a ser exploradas, e devem ser substituídas por outras fontes de energia que não poluem o nosso mundo, como as que abaixo mencionamos:
Energia Solar:   Instalação de painéis de captação do calor do sol, gerando energia limpa, fácil, e em comparação com as outras energias, mais barata e que não poluem;
Energia Eólica:  Aproveitamento dos ventos e instalações de Cata Ventos para a geração de outro tipo de energia limpa, fácil e mais barata em comparação com as energias sujas e que não poluem o Ar, as Águas (rios e oceanos), a Natureza, a Terra e os seres humanos.
Em relação à energia eólica e solar, informamos: 1- Trata-se de fontes renováveis e limpas, proporcionada pelos ventos e pelo sol; 2-  Sua produção e uso é que podem ser consideradas limpas, a saber:  Os processos de produção industrial dos componentes necessários – as torres e hélices dos cata-ventos e as  células fotovoltaicas podem ser realizadas com cuidados e com o uso de mais ou menos energia, e a produção pode ser feita de forma centralizada em grandes usinas ou de forma descentralizada, em casas e prédios, no caso da solar, e em terrenos públicos e espaços comunitários com gestão coletiva, no caso da eólica, tornando-se as energias mais limpas. 
Aqui onde moro, na cidade de São Luís, é uma ilha, com ventos e sol muito fortes, principalmente na orla marítima, durante o dia inteiro e o ano todo, onde, se houvesse interesse, seriam colocados os cata-ventos,  usando  a  força  dos ventos,  ou os  painéis  das células fotovoltaicas, usando o calor do sol, para fornecer a energia limpa necessária a esta cidade e a outros municípios vizinhos, como já ocorre na cidade de Fortaleza.   Infelizmente, o setor público responsável nada fez até hoje, para aproveitar essas energias que nos são oferecidas pela natureza, e que seriam verdadeiramente limpas sem nenhum prejuízo para os seres humanos. O Governo Federal e as autoridades do Maranhão devem se sensibilizem para essa forma de energia barata e limpa e tratem de seguir os exemplos dos outros Estados e países que estão produzindo as energias limpas e baratas que a Natureza nos proporciona.
Esperamos que as autoridades do Brasil tomem conhecimento das informações aqui relatadas e resolvam a partir de hoje, tomar medidas que também venham a colaborar com o Meio Ambiente, a preservação da Natureza e a saúde dos seus habitantes e das futuras gerações que estão chegando ao mundo, que vão necessitar de melhores condições de vida...

Fonte:
Jornal “Mundo Jovem” – nº 14
Autor:  Ivo Poletto
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Jc.
São Luís, 27/5/2019