Está
chegando novamente o período do carnaval, que neste ano vai do dia 2 até dia 5
de março. É natural que queiramos saber a visão da Doutrina dos Espíritos sobre
o carnaval. O que o Espiritismo diz sobre o assunto? Opiniões de apoio dos materialistas
e de condenação dos espiritualistas, reforçam a consagração entre o mal e o bem, a escuridão e a claridade, o errado
e o certo, o material e o espiritual. A visão do “a favor e do contra” do
conflito entre dois lados opostos registra o posicionamento de adeptos e
críticos sobre a temática.
O carnaval tem sua origem no
paganismo, com suas orgias e nele predomina a licenciosidade e o império da
carne. O carnaval traz grandes prejuízos materiais, morais e espirituais às
criaturas humanas, pois nos quatro dias de festa, que começa muito antes e
termina muito depois, aumentam as ocorrências policiais, como estupros, roubos,
furtos, brigas, violência, mortes e um cortejo enorme de crimes cujas
consequências são irreparáveis. O carnaval é uma festa de origem pagã que foi
oficializada pela Igreja Católica e que, por motivos políticos, permanece até
os nossos dias, gozando da simpatia dos governantes e de grande parcela do
povo. Todos os anos nos meses de fevereiro ou março ele é incluído no
calendário e chega até nós.
Historiadores não têm como
precisar quando se iniciaram as festas carnavalescas; os estudiosos do assunto
falam que seu início ocorreu aproximadamente no IV milênio A/C, quando no Egito
foram criados os cultos agrários. Nessa época, as pessoas dançavam com máscaras
e adereços em torno de fogueiras. Os romanos tinham muitos escravos e como o
mês de dezembro era dedicado aos festejos em homenagem a várias divindades,
entre elas Saturno, deus do tempo, os senhores davam liberdade aos servos para
comemoração das saturnais. Era comum um desfile pelas ruas da cidade em que
conduziam um carro em forma de barco, com a estátua do deus, pois Saturno se
ligava também ao mar. Era uma espécie de carro/barco, sobre rodas; daí o nome
carrum-navalis, que deu origem a palavra carnaval. Os servos sentindo-se à vontade
usavam roupas dos seus amos e valendo-se de máscaras para não serem
reconhecidos cometiam excessos.
A Igreja Católica, com o
passar dos séculos, foi “empurrando” as saturnais para diante, tirando-as de
dezembro, para que tais orgias se afastassem da data determinada para o
nascimento do Cristo, fazendo delas uma interpretação associada a um período de
pecado, que antecederia no calendário litúrgico a Quaresma – tempo de jejum e
mortificações. Surgiu então dessa intervenção da Igreja, a ideia de uma
corruptela da palavra “a carne nada vale”. Tempos depois surge o carnaval pagão, que se
iniciou no século VII A/C, na Grécia. No reinado de Pisistrato foi oficializado
o culto a Dionísio, onde camponeses e lavradores participavam das procissões
dionisíacas, levando a imagem do deus Dionísio. Nessa época a sociedade já se
dividia, ficando os escravos de um lado e a nobreza do outro lado; bebidas,
orgias, sexo e permissividade ganhavam mais e mais espaços naquele primitivo
carnaval. Mais alguns séculos se passaram e a Igreja Católica, cansada de ver
suas intenções de proibir os cultos pagãos fracassarem, porquanto já estavam
consagrados pelos costumes dos povos, resolve em 590 D/C, oficializar o carnaval.
Os carnaval oficial se iniciaram nas cidades de Veneza e Nice, com aparência dos dias atuais; com carros
alegóricos, pessoas mascaradas, fantasias e desfiles.
Aqui no Maranhão, no meu
tempo de criança, ainda lembro, era uma festa de alegria, onde as fantasias de
dominós, pierrot, fofões, arlequim, columbina e outras mais, alegravam as
casas, ruas e salões dos clubes. Formavam-se blocos de moças e rapazes, com
suas fantasias, e brincadeiras, desfilando pelas ruas em filas indianas,
cantando e dançando; os fofões apavoravam as crianças com suas máscaras
horríveis; os dominós, pierrot e outras fantasias enchiam os salões dos clubes,
a desafiar quem fosse possível descobrir quem estava por baixo das máscaras; os
corsos eram caminhões enfeitados e adaptados para imitarem navios piratas,
aviões, animais, desfilando pelas ruas, era a alegria do povo, assim como a
“casinha da roça” e outras atrações. Faziam parte ainda, o confete, a
serpentina, o reco-reco, os balões e o lança-perfume. Daqueles tempos bons só
nos resta à lembrança.
Hoje, os festejos
carnavalescos são outros. Muitas pessoas, em busca dos prazeres efêmeros
proporcionados por esses dias endividam-se por todo o ano. Outras pessoas
entregam-se aos vícios da bebida; outras mais, aos impulsos do sexo desregrado
e irresponsável, aumentando a incidência de doenças transmissíveis, como a
Aids, a sífilis, a tuberculose e outras. Clínicas, delegacias de polícia e
hospitais ficam abarrotadas de pessoas que se excederam ou foram acidentadas
nos folguedos. Centenas de lares são
atingidos pela desonra; a infâncias e a juventude são influenciadas pelos
exemplos negativos expostos nas ruas e pelos órgãos de comunicação. Outras
consequências se fazem sentir muito tempo depois; são os filhos gerados durante
o carnaval, que nascem de mães solteiras sem ninguém como pai, e mais os casos
das doenças transmissíveis que, segundo a Organização Mundial de Saúde, aumenta
de ano para ano no Brasil.
Eis
uma questão que continuará suscitando discussões durante muito tempo, até que
ela deixe de ter importância; ainda não
é a nossa situação. O Espiritismo não
condena o carnaval, mas, também não estimula sua festividade. Nesse
período são cometidos excessos de todos os graus, exageros que extravasam e possibilitam a
atuação dos espíritos inferiores, que se alimentam de fluidos densos formadores
de um ambiente espiritual de baixo teor negativo e nenhum espírito equilibrado
em face do bom senso, pode fazer a apologia da loucura generalizada que
acontece nessa festa.
Há
nesses momentos de indisciplina moral e
sentimental, o acesso das forças das trevas
nos corações e nas mentes e, às vezes toda uma existência não basta para
realizar os reparos necessários de uma hora ou de um dia de insânia e de
esquecimento do dever. O culto à carne evoca tudo o que desperta a
materialidade, sensualidade, licenciosidade, paixão gozo e ainda guarda íntima relação das
energias entre os dois planos da vida, o físico e o espiritual ao alimentar “os vivos de cá e os espíritos de lá”, que se
deleitam em intercâmbio de fluídos, impercebíveis aos carnavalescos encarnados.
Vivemos
em constante relação de intercâmbio, conectando-nos com os que nos são queridos pelos pensamentos,
gostos, interesses e ações. Sem que nos
apercebamos, somos acompanhados por uma imensidão de “testemunhas” que nos
influenciam na nossa situação íntima. Todos nós somos livres para fazer as
escolhas que julgarmos convenientes, assim como não podemos nos esquecer de que
igualmente somos responsáveis individual ou coletivamente, pelas opções
definidas em nossa existência.
É
lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a
mentalidade humana, fornecendo-lhes as belezas e os objetivos sagrados da Vida,
se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se dizem com o
título de civilização. As sociedades podem, com o seu livre-arbítrio, exibir
suas futilidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado
junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso, um
eloquente atestado de sua miséria moral.
A
Doutrina dos Espíritos recomenda que os espíritas devem aproveitar esse período
para descansar, estudar, ler, fazer algum trabalho proveitoso, ajudar os seus
semelhantes e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade
espiritual que nos faz bem, proporcionando-nos real alegria e plenitude ao Espírito
Imortal.
O
apóstolo Paulo, dizia: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
me convém”. É exatamente esse o ponto de vista da Doutrina. Faça o que deseja,
mas considere que nem sempre o objeto de seu desejo é algo conveniente.
Divirta-se, participe de festas, bailes, clubes, se isso lhe é importante, mas
cuidado com outros ambientes desagradáveis, que podem descontrair hoje, mas
abrem portas para perturbações amanhã, como obsessão, depressão, dependência
química e sua saúde, sendo uma porta larga para graves comprometimentos,
físicos e espirituais. É o que vemos com lamentável frequência no noticiário
policial de todos os dias.
Fontes:
Jornal “Brasília
Espírita”
“Revista Espírita de
Campos”
+ Modificações.
Jc.
São Luís, 17/2/2019