Herança da Grécia antiga, berço da democracia, o termo política deriva-se do grego polítikós, alusivo às antigas cidades gregas organizadas (pólis), que teriam dado origem ao modelo de vida urbano contemporâneo, onde os seres humanos se aglomeram em busca da sobrevivência e do progresso, sujeitando-se a uma administração pública regulada por normas coletivas de convivência. Sob esse prisma, ela será sempre o exercício de alguma forma de poder. Quando utilizada corretamente, gera bem-estar e prosperidade, contribuindo para a manutenção da paz e da ordem pública.
A cidadania no Brasil é reafirmada pelo
voto, que, embora obrigatório e não opcional, é um exercício de aparente
liberdade e participação coletiva. De dois em dois anos, outubro é o tempo das
eleições. Cerca de 160 milhões de brasileiros acima de 16 anos, vão eleger
presidente, governadores, senadores, deputados federais, estaduais, prefeitos e
vereadores de milhares de cidades brasileiras. Milhares de candidatos, também
concorrem a esses cargos públicos, alguns dos quais, para presidente,
governadores e prefeitos, que talvez sejam eleitos num segundo turno. Muitos serão eleitos pelo quociente
eleitoral, uma alquimia praticada pela Justiça Eleitoral, onde um candidato
de uma legenda com mais votos, é preterido por outro de outra legenda com
votação inferior, tirando do eleitor o direito de eleger o seu candidato.
Por isso, muitos eleitores costumam
dizer que votam apenas porque é obrigatório, e dizem: “O meu voto é
desconsiderado, além disso, não vai melhorar minha vida”, completam. Mas, no
segundo caso, estão enganados. Embora os candidatos sejam impostos pelos
partidos, deve-se escolher um candidato que inspire confiança; se ele, entretanto,não corresponder, na
próxima vez vote em outro candidato. O importante é sempre tentar,
através do voto, escolher um candidato que possa melhorar a situação
contribuindo para resolver os problemas do país, do estado, da cidade. Se não
votar, anular o voto ou votar em branco significa ser passivo, esperar que os
outros decidam por você o que vai acontecer. O exercício do voto, é um direito
de cidadania, mobiliza as pessoas para exigir, manter e ampliar direitos nas
áreas econômica e social: saúde, instrução, habitação, saneamento, segurança,
emprego, entre outros.
Na democracia de antigamente, os
políticos honravam suas promessas e seus compromissos com a palavra dada,
outros o faziam com um fio do bigode ou da barba. Depois veio a época dos
coronéis, dos chefes políticos, o período das farsas nas eleições, pois as
mesmas se realizam com o voto de cabresto e a “bico de pena”, baseadas na
falsificação das atas. Hoje, a situação melhorou com a implantação das urnas
eletrônicas. Entretanto, muitos políticos mudam de partido como quem muda de
camisa, na época das eleições, é a frenética “dança das cadeiras”, pois o
tamanho da bancada possibilita o aumento do tempo de propaganda eleitoral
gratuita dos partidos, nos meios de comunicação.
Para piorar as coisas, infelizmente, de
alguns anos para cá, a situação mudou tanto que a grande maioria dos políticos
para se elegerem, gastam fortunas, sabendo que não vão ser ressarcido apenas
com a renumeração do exercício dos mandatos, razão porque, após serem
empossados, tratam logo de entrar nos conchavos para se apoderarem de postos
onde possam se apropriar das verbas que deveriam ser utilizadas na melhoria dos
serviços prestados ao povo. E ainda, por haverem comprado os seus eleitores com
alguma coisa, não devem mais a eles o cumprimento de suas promessas demagógicas
e nem dão satisfações de suas atitudes puramente egoísticas e nem se preocupam
em ouvir seus eleitores, em virtude de receberem votos de lugares, distritos,
cidades e estados. Se o voto fosse distrital a situação seria diferente,
porque ele seria eleito apenas pelos eleitores de determinado distrito, o que
facilitaria não só o eleitor saber em quem tinha votado como também cobrá-lo,
quando se fizesse mister em algum assunto de interesse da coletividade. A
nossa satisfação fica ainda por conta de alguns poucos políticos, que honram o
seu nome e a Instituição da qual fazem parte.
Existem candidatos “promessinha” que
prometem mundos e fundos, somente para se elegerem. Outros candidatos dão
camisas, canetas, chaveiros e outras coisas mais (inclusive dinheiro), para
conseguirem o voto do eleitor. Mas será que eles são os melhores candidatos
para representar o povo? O candidato
“pula-pula” que muda de partido como quem muda de camisa; será que ele merece
nosso voto? - o candidato “fachada” que
parece tão legal, mas é boa sua moralidade? Antes de votar é preciso ver se o
seu partido é a favor ou contra os interesses do povo. Há ainda políticos que querem se perpetuar
nos cargos eletivos como se fosse uma função vitalícia, não dando oportunidade
para outros candidatos. O eleitor é responsável pelo mau político a quem dá o
voto. Devemos sempre renovar os cargos eletivos, votando em novos
candidatos e deixando de fora aqueles que em sucessivos mandatos, só se
beneficiaram, nada fazendo pelo povo e, nas épocas das eleições, chegam com as
mesmas promessas mirabolantes e apelações várias, inclusive, apertando as mãos
das pessoas, carregando crianças para impressionar os eleitores e nos seus
cartazes, estão rindo e felizes porque sabem que muitos eleitores se deixam
levar pelas suas promessas e mentiras. Precisamos dar um basta a esses vigaristas
que só pensam no seu bem e o país e os cidadãos que se danem e se afundem na
miséria.
Os milhões de brasileiros que se
envolveram na “campanha das diretas já”, em 1983/84, sem dúvida queriam ter o
direito de elegerem o presidente. Mas eles queriam muito mais. Queriam o
direito de defender seus interesses econômicos e sociais, e de exercer o
direito legal de greve sem que fosse visto como subversão. Foi por essa razão
que as pessoas se mobilizaram pelas “diretas já”, e é por isso que muitas votam
hoje em dia: não por ser “obrigatório”, mas para somar forças em torno da
defesa dos seus interesses e do bem para o país. Hoje é tal a quantidade de
partidos que nem sabemos quantos existem, e a maioria deles, criado apenas para
barganhar o apoio ou alugar a legenda.
Os candidatos são tantos que fica difícil depois de poucos dias, lembrar
para quem votamos.
É
aqui que se pode relacionar a crise de representação com a crise de valores
dos eleitores, uma vez que são eleitos e reeleitos políticos relacionados a
desvios de verbas, superfaturamentos, ficha criminal, tráfico de influência,
nepotismo entre outras tantas situações, que deveriam ser observadas na hora do
voto.
E o eleitor? Muitos fatores induzem o
eleitor na hora de votar. E um dos principais é a tal de pesquisa de
intenção de voto, que induz o eleitor para votar no candidato melhor nas
pesquisas, para não perder o seu voto, sem avaliar a quem dá o mandato; outro
motivo é votar naquele candidato que lhe fez alguma doação, ou ainda, naquele
que lhe apertou a mão, sem levar em consideração a condição moral do candidato.
Não acredite mais no candidato que promete tudo, apenas com o intuito de
enganá-lo e receber seu voto. Se assim você fizer estará se desmoralizando
perante a sua própria consciência.
É certo que deve haver algumas exceções,
porém estas devem passar pelo crivo do trabalho e da honestidade. Nós
eleitores, somos obrigados por lei a votar; infelizmente somos obrigados a
votar nos candidatos que os partidos nos apresentam, e muitos não merecem o
nosso voto e vão de encontro a nossa vontade. E, se mesmo assim alguns partidos
continuarem insistindo em nos impingir candidatos denegridos, resta-nos mostrar
a eles, a nossa indignação, escolhendo um candidato de outra legenda. É
muito melhor para nós e o país, votar em um candidato novo do que continuar
colocando no congresso um político que só vai beneficiar a si mesmo e aos que
lhe ampararam com recursos financeiros. Tenha consciência de que queremos o
Brasil melhor para todos nós, nossos filhos e netos, e para isso, é preciso
saber escolher e votar; votar com dignidade para que a nossa consciência não
venha a nos acusar de ser conivente com o que aí está...
Fonte:
Jornal “Mundo Jovem” – 10/2013
Althen Teixeira Filho
+ Acréscimos e modificações.
Jc.
São Luís, 6/04/2016