segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CONVOCAÇÃO E UNIFICAÇÃO

CONVOCAÇÃO E UNIFICAÇÃO


Bezerra de Menezes dirigiu a seguinte mensagem a todas as Casas Espíritas: “A desorientação geral e o desamor que o mundo apresenta, refletem-se como seria de se esperar, sobre o nosso país, que sofre os efeitos desses males e luta para conservar-se afastado deles, mantendo a tradição de solidariedade humana e de pacífica convivência com todas as nações e povos. Esses sentimentos são, aliás, atributos do povo brasileiro, como também é sua predestinação nacional de ‘Terra da Promissão e Pátria do Evangelho.” A todos devemos oferecer consolo irrestrito, amplo e fraterno, para que a esperança de uma existência melhor com Jesus, renasça em nossos corações amargurados, pois que o consolo e a orientação são o de que mais carecem os seres humanos na sua indigência espiritual.”

A mensagem do respeitável irmão Bezerra de Menezes é também uma exortação aos dirigentes e trabalhadores das Casas Espíritas, para se prepararem a fim de enfrentar essa situação, fazendo os reajustes necessários de tão elevada significação, revendo o quadro dos sentimentos, reavivando a vontade e a fé, para que o Divino Mestre possa contar com o apoio devotado de todos, provando cada um, dessa forma que é cristão verdadeiro e seguidor fiel dos Seus ensinamentos redentores.

As Casas Espíritas, no que respeita à sua organização e funcionamento, podem apresentar duas modalidades diferentes em uma suposta classificação:

a- Casas mistas; materiais e espirituais, como: Centro Espírita em que são
feitas palestras, sessões mediúnicas, com órgãos de assistência social,
tendo ainda educandários, asilos, hospitais, etc.

b- Casas exclusivamente espirituais, como: Centro Espírita com cursos de
iniciação e preparação evangélica, atendimento espiritual e reuniões
públicas de estudo e difusão doutrinária, teóricas e práticas, a saber:
preleções, preces, passes, desenvolvimento mediúnico, água fluidificada,
assistência espiritual e possíveis curas feitas pelos Espíritos Superiores.

Para prover tais possibilidades é necessário o prévio concurso de cooperadores, integrados a Casa Espírita, quando então, os desdobramentos operacionais se tornarão possíveis, tanto em relação a aquisição de recursos como no trabalho espiritual. Tudo isso pode parecer simples, mas as dificuldades estão na Seara que é grande e nos obreiros que são poucos, nas improvisações de momento, na falta de planejamento e na perseverança para levá-lo até as metas pré-fixadas, segundo as finalidades e condições de cada Casa Espírita.

Na Seara Espírita que declara inspirar sua ação em Jesus o Mestre Amado, e em Allan Kardec o infatigável trabalhador, não deve haver privilégios nem atividades improdutivas. Se o Senhor deixou definido que o maior seria quem se fizesse servo de todos, de igual forma deve ser a função dos espíritas e das entidades doutrinárias de qualquer âmbito; servir e servir sempre, mais e
mais no atendimento das necessidades das pessoas, cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e assistência sem jamais desejar para si, direitos ilusórios no campo da vantagem e do poder. Chegou a hora da ação e da campanha para chamar ao trabalho, os que queiram suportar o sacrifício, a renúncia em nome de uma nobre causa que é libertar a mensagem de Jesus dos círculos impregnados de fascinação, através do exemplo de vida e do serviço construtivo, identificado com a mensagem moral do Cristianismo-Espiritismo.

No Rio de Janeiro, na sede da Federação Espírita Brasileira, um acordo entre esta entidade e os representantes das Federações Estaduais, foi selado coroando o esforço e o anseio dos trabalhadores idealistas daquela época. O Pacto Áureo, foi a realização dos desejos e reivindicações oriundas das bases, cujas teses foram debatidas sob o crivo do estudo e da razão, e resultaram no Manifesto do Congresso de Unificação Espírita de 1.948.

Entretanto, se houve avanços significativos quanto ao ensino unificado em torno do Pentateuco Kardeciano, o mesmo não aconteceu em relação a união entre as diversas instituições espíritas. As Casas Espíritas trabalham isoladamente, voltadas para as atividades que executam, geralmente sem maiores resultados significativos. Suas formulações se limitam a uma assistência espiritual, muito pouco direcionada às necessidades reais de uma sociedade em transformações constantes e carente de rumos seguros, principalmente no que diz respeito a preparação espiritual das gerações futuras. Bastas que lancemos os olhos para fora das paredes das Casas Espíritas para percebermos uma sociedade sedenta de princípios e carente de formação moral, pré-disposta a receber orientações e conhecimentos que lhe possam dar novo direcionamento. O melhor exemplo disso está na criação de seitas e denominações ditas religiosas que surgem a cada dia, e têm como único objetivo o proselitismo, ou seja, o aumento dos seus fiéis.

Por que não unir esforços e idéias em torno de propostas e projetos comuns com vistas a implantar ações para a mais ampla divulgação dos princípios e ensinos da Doutrina dos Espíritos? – Sobre essa pergunta é do Chico Xavier, na espiritualidade, que recebemos a observação oportuna: “Os espíritas deveriam promover mais encontros em que pudessem não apenas estudar temas doutrinários de destaque, aprofundando-se, por exemplo, no conhecimento das Leis que regem o intercâmbio com o Mundo Espiritual”. Atualmente, estamos necessitando de um maior entendimento entre os companheiros encarnados. Finaliza Chico Xavier, dizendo: “Mediunidade pode ficar para depois; fraternidade não”.

Jesus não teve instituições estruturadas a ampará-lo na empreitada que mudou o mundo; também não se valeu de organização para implantar suas idéias. Entretanto, nenhuma proposta, até hoje, foi mais ousada que a Sua, qual seja, a de “fundar o Reino de Deus no coração das criaturas”. Com a unificação estaremos vivenciando o Evangelho de Jesus, quando o Mestre assevera: “Um só rebanho, um só pastor”. A união demonstra a excelência de qualidade da
Doutrina dos Espíritos nos corações; mas a unificação preserva essa qualidade,
para que passe à posteridade, conforme recebemos do Codificador. Em união somos felizes; em unificação estamos garantindo a preservação do Movimento Espírita aos desafios do futuro. Em união, teremos resistência para enfrentar o mal que existe e cerca o nosso caminho, tentando impossibilitar-nos o avanço. Em unificação estaremos consolidando as atividades para o futuro. Com união construiremos o bom, o nobre; com a unificação traremos de volta o pensamento do Codificador, preservando a unidade da Doutrina.

Unido-nos como verdadeiros irmãos, estabeleceremos o laço de identificação com os propósitos dos Mentores da Humanidade, que esperam a influência que a Doutrina dos Espíritos provocará no mundo das ciências e do pensamento filosófico das religiões. Nossa luta deve ser íntima e não exterior; não contra organizações, mas contra nós mesmos, quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que nos acostumamos a aplicar em favor das vantagens materiais. O Plano Espiritual, precisa de apoio, em nosso plano material mais a ele vinculados, e não àqueles de interesses mundanos, que alimentam paixões, ambições individuais de caráter até mesmo político-partidário. Mais vale um pequeno agrupamento de servidores idealistas, sinceros e bem intencionados e integrados nos programas do Alto, que grandes organizações de cunho social que, de espiritualidade só ostentam o rótulo.

Todos nós que seguimos Jesus, nos dias atuais, temos que possuir metas bem definidas a atingir no campo do bem e da fraternidade, mantendo conduta reta, justa e fraterna, tanto no campo material como moral. Somos diferentes, possuímos sentimentos diferentes, porém falamos a mesma linguagem estimuladora e amiga, trabalhando pelo Evangelho e tendo como norma de ação, os ensinos de Jesus, sem temor, neste mundo de evolução atrasada.

Enquanto cresce a população, crescem entre nós a miséria e o sofrimento, exigindo o desdobramento constante das atividades nas Casas Espíritas, principalmente no atendimento aos idosos e à população infantil; porque as crianças de hoje, serão futuramente os adultos que vão enfrentar os tremendos sacrifícios que caracterizarão os dias finais deste ciclo evolutivo, e abençoarão nesses dias, os esforços e sacrifícios que fazem hoje, os que se dedicam a encaminhar-lhes para seus destinos espirituais.

Em verdade, não está sobrando mais muito tempo para realizarmos o nosso aprimoramento íntimo, porque os acontecimentos se precipitam e a própria Doutrina, a esta altura, já está em condições de abrir espaços e portas bem amplas para receber, esclarecer e encaminhar para a redenção, o fluxo de necessitados, que as ilusões do mundo e as meias verdades confundiram e desviaram do reto caminho. Enquanto a inquietação e o temor constrangem os corações e a violência estende suas malhas mortíferas pelo mundo, mais devem os seguidores de Jesus se unir buscando, como testemunhas que são de Seus ensinamentos redentores de paz, perdão, caridade e amor, únicas armas que poderão assegurar, em parte, a vitória do Bem sobre o mal.

As forças das trevas lutam desesperadamente para impedir que o Evangelho de Jesus vença no mundo, enquanto legiões abençoadas por Jesus se interpõem para que a vitória seja de paz, não de guerra; do amor, não do ódio; do bem, não do mal, porque o bem é a finalidade fundamental da Criação Divina. Mas, para que isso seja alcançado, é preciso que cada um lute primeiramente consigo mesmo, vença suas imperfeições morais, eliminando-as e substituindo-as pelas virtudes que enobrecem o ser humano e que se caracteriza pela pureza de sentimentos, persistência, paciência, humildade, adotando em seus atos, as regras da retidão, da caridade da justiça e do amor. O lema que nos é recomendado é o mesmo de todos desde o início e que se resume na frase: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Este é o lema de vigência eterna que devemos seguir sempre, como aprendizes do Evangelho de Jesus, no rastro de milhares de outros companheiros que vieram antes de nós, animados pelos mesmos propósitos redentores.

Aprendamos a conquistar as virtudes e a eliminar as impurezas e vícios prejudiciais, para que possamos evoluir rumo à vida espiritual superior, destinada àqueles que venceram a si mesmos e se fizeram dignos dessa felicidade. O essencial é que a comunhão de todos com o Divino Mestre seja constante e o mais sincera possível, e perfeita a nossa conduta na sociedade onde iremos atuar, como servidores daquele que é “O Caminho, A Verdade e a Vida”, que nos levará às esferas espirituais mais elevadas, pelas obras que realizarmos na difusão e exemplificação dos Seus ensinamentos. Neste período novo, espiritualmente avançado que se aproxima, não deve haver preocupação outras além das de levar os ensinos, em espírito e verdade, ao entendimento e ao coração do maior número possível de irmãos nossos, necessitados de luz e de entendimento espiritual, porque a transmissão das verdades espirituais do Evangelho, é obra espontânea e singela do coração.

Jesus disse que, quando o Evangelho fosse levado a todas as nações, então viria o fim. Pois esse fim está bem à vista, nos horizontes do mundo e está vindo ao nosso encontro de forma ostensiva e rápida, enquanto que a propaganda dos ensinos redentores, não caminha com a mesma rapidez, devido à incompreensão e à negligência dos seres humanos. Os circos romanos do Cristianismo Primitivo, com seus horrores, vejam bem, serão suplantados pela provação do apocalipse de final dos tempos, e as conseqüências de tal hecatombe serão para muitos, de sofrimentos nunca sofridos pelos seres humanos. Para outros, a palavra do Mestre Amado será então ouvida e assimilada em espírito e verdade, e nem um só dos Espíritos que participarem da reabilitação da Verdade, deixará de sentir-se envolvido em bem-aventuranças celestiais.

Com o auxílio jamais negado de nossos companheiros espirituais, o nosso
trabalho será vitorioso e a fraternidade estará solidificada, com ações bem definidas, produzindo os frutos esperados pelo Mestre Amado, para o benefício dos necessitados de esclarecimentos e do encaminhamento espiritual, neste rincão predestinado que é o nosso Brasil. Só é lamentável que companheiros que abraçaram a Doutrina dos Espíritos, com boas intenções iniciais, permaneçam inativos ou indiferentes ao compromisso de trabalhar por livre vontade, a evolução espiritual perante sua própria consciência e com Jesus. Isso significa que não haverá sucesso para todos, pois que, segundo a maneira de agir de cada um, os seguidores ou prosseguem triunfantes até o fim da jornada, engrandecendo-se diante do Mestre, ou estacionam na imobilidade, atrasando seu progresso; haverá até casos em que alguns abandonarão a tarefa e sofrerão as conseqüências inevitáveis.

Mesmo nas horas de maiores dificuldades, tão comuns na nossa existência, o irmão Bezerra de Menezes nos recomenda que elevemos nosso pensamento a Jesus, para que um amigo espiritual se ponha ao nosso lado, a fim de nos ajudar a levar avante nossas tarefas espirituais. Meditemos, portanto, sobre as lições do Sermão da Montanha, o Estatuto da Fraternidade, no qual o Mestre Amado resumiu a conduta daqueles que desejam seguir seus passos pelos caminhos da Espiritualidade Superior, rumo ao Reino Eterno de Deus, origem e finalidade de Sua criação divina. . .



Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Livro “Mensagens e Instruções”


Jc.
S.Luis, 18/11/2004