domingo, 28 de agosto de 2016

A FORÇA DAS IDEIAS




 A  FORÇA  DAS  IDEIAS    ( 1ª Parte)                                                                                                       
Richard Simonetti  informa que nas reuniões públicas realizadas no Centro Espírita “Amor e Caridade”, na cidade de Bauru-SP., no desenvolvimento das atividades, foi criado um tempo para que as pessoas fizessem as indagações que lhes pudessem esclarecer. A motivação foi tão grande que o tempo disponível foi insuficiente para responder às dezenas de questões formuladas pelos frequentadores do Centro.
Por outro lado foi muito estimulante, na medida em que obrigava o “sabatinado” a espremer os miolos para responder de forma acertada e proveitosa as perguntas apresentadas. Diz ele que aprendeu muito com esse desafio e escreveu um livro narrando alguns desses questionamentos, com o título: “A Força das Ideias”. A intenção é oferecer singela contribuição ao debate das ideias espíritas, esta irresistível força de renovação  e progresso para a Humanidade; razão porque passo a publicar neste artigo, juntamente com uma mensagem introdutória de Allan Kardec, sobre a Doutrina dos Espíritos.
“Falsíssima ideia formaria da Doutrina quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que cuidadosamente se ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredo. Fala uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser por todos compreendidos, porque chegados são os tempos de fazer-se que os seres humanos conheçam a verdade. Longe de se opor à difusão da luz, deseja-a para todo o mundo. Não reclama crença cega; quer que o homem saiba porque crê.  Apoiando-se na razão, será sempre mais forte do que os que se apoiam no nada.”
PÁTRIA DO EVANGELHO - 1ª pergunta.  Até que ponto podemos considerar acertada a informação do Espírito de Humberto de Campos, em psicografia de Francisco Candido Xavier, situando o Brasil como a “Pátria do Evangelho e Coração do Mundo?”
Resposta.  Trata-se de uma proposta da Espiritualidade, um ideal a ser concretizado, o que certamente não ocorrerá por mero decreto
divino, sem a participação dos seres humanos. Outras nações fracassaram no passado, nas tarefas que lhes foram confiadas. Pode acontecer o mesmo com o Brasil.
2ª pergunta.  Inflação indomável, escalada dos vícios, dissolução dos costumes, violência urbana, subnutrição, saúde em fracasso, analfabetismo... Estaremos fracassando?
Resposta.  Creio que não. A atual conjuntura certamente estava prevista por Jesus e os Espíritos que tutelam nosso país. Isso diz respeito à nossa imaturidade política e social.
3ª pergunta.  Mas isso tudo não nos coloca numa corda bamba?
Resposta.  Sem dúvida. Consideremos, entretanto, que é também um agitar da consciência nacional, enfatizando os valores da solidariedade, que florescem mais facilmente em corações sofredores. É como se estivéssemos sendo testados e preparados  pela adversidade, tendo em vista as realizações positivas do porvir.
4ª pergunta.  Qual seria a missão do Brasil?
Resposta.  Parece-me que compete ao Brasil instituir um estilo novo de existência na Terra, marcado pela fraternidade autêntica, inspirando a derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e crença, para que sejamos uma grande família universal.
5ª pergunta.  Essa missão estaria relacionada com a prosperidade material?
Resposta.  Se assim fosse, países como os Estados Unidos, Japão e Alemanha estariam em melhores condições para semelhante missão. Muito mais do que eles possam ser, precisamos do Brasil fraterno, dedicado ao Bem, do Brasil irmão.
6ª Pergunta.  O que caracteriza melhor a vocação missionária do povo brasileiro?
Resposta.  A convivência pacífica de várias raças, vivendo no Brasil, algo inédito no mundo, numa abençoada miscigenação, a favorecer a composição de uma sociedade legitimamente cristã.
7ª Pergunta.  A semelhança do que ocorreu em Israel, seria o povo brasileiro o escolhido para liderar o nosso planeta, unificado num só rebanho, com um único pastor, o Cristo?
Resposta.  Deus não tem preferências. A ideia de povo escolhido reflete mero orgulho de raça. Teremos um só rebanho na Terra quando forem  superadas as ideologias materialistas e todas  as pretensões de hegemonia que caracterizam as nações e reconhecermos a autoridade e a liderança do Cristo.
A CORRUPÇÃO -  1ª Pergunta.  Por que grassam no Brasil a corrupção e o desejo de tirar vantagem?
Resposta.  Essas “virtudes” não constituem exclusividade brasileira. .Exprimem uma condição do Espírito no estágio de evolução  em que nos encontramos. Tanto que o profeta Isaias proclama dizendo: ”Todo homem é mentiroso”.
2ª Pergunta.  Mas essas mazelas não são mais evidentes em nosso país?
Resposta.  É que a sociedade brasileira não conseguiu  ainda desenvolver mecanismos de contenção, como ocorre em países mais desenvolvidos. Por outro lado, a recessão, a inflação, o desemprego, a insegurança, que tem caracterizado a vida nacional, estimulam essa situação, num autêntico “salve-se quem puder”.
3ª Pergunta.  Culpa dos políticos?
Resposta.  Os políticos refletem as tendências das coletividades que os elegem. A afirmativa “cada povo tem o governo que merece” não se relaciona apenas com a escolha do voto. Se raras são as pessoas legitimamente honestas e incorruptíveis, há uma tendência para sermos governados pelos seus antípodas.
4ª Pergunta.  Não seria decisivo que tivéssemos nos altos postos da nação, homens probos, que criassem condições para uma mudança de mentalidade, com investimentos na área da educação?
Resposta.  Sem dúvida. Não esperemos, entretanto, por governos messiânicos, de salvação nacional. Nossas melhores possibilidades de crescimento como nação e como povo, estão na iniciativa individual, no respeito às instituições, no trabalho, na honestidade e na consciência do dever cumprido.
5ª Pergunta.  Que dizer das campanhas em favor da moralização da sociedade, a partir do esforço de cada brasileiro?
Resposta.  O caminho é esse. Imagino que, grandes progressos faríamos se todos nós assumíssemos, para começar, o compromisso de não mentir mais.
6ª Pergunta.  Por que isso é tão importante?
Resposta.  Porque é quase impossível sustentar o mal sem a mentira. Sem ela não teremos o adultério; como trair o cônjuge sem mentir para ela/ele? Não teremos estelionatos; como lesar alguém sem iludi-lo? Não teremos roubos; como vender o produto do roubo sem mentir a sua procedência?
7ª Pergunta.  O assunto é interessante; você poderia citar outros exemplos?
Resposta.  O assunto envolve todas as relações humanas. Atrevo-me a dizer que sem a mentira seria muito fácil eliminar a corrupção  e a inflação. Sem a mentira haveria melhores políticos e não teríamos industriais e comerciantes que proclamam vender com um lucro mínimo; a confiança entre as pessoas seria maior e o lar seria um ambiente de paz.
8ª Pergunta.  Qual a contribuição da Doutrina dos Espíritos nesse particular?
Resposta.  A Doutrina Espírita é a trombeta do Céu, alertando-nos sobre a continuidade da vida no Plano Espiritual, onde nos pedirão contas de todos os prejuízos causados aos nossos semelhantes, desde algumas gramas sonegadas na balança, até às falcatruas cometidas contra a coletividade.
RELACIONAMENTO AFETIVO -  1ª Pergunta.  Como explicar as dificuldades e obstáculos na vida amorosa, maiores para uns, menores para outros?
Resposta.  Problemas amorosos, carência afetiva, solidão, decorrem geralmente da maneira como administramos nossas emoções e de nossa contribuição em favor de uma convivência ajustada  para sermos feliz.
2ª Pergunta.  O problema não pode estar relacionado com as existências passadas?
Resposta.  As generalizações nos afastam da realidade. Há o chamado “carma”, mas na maioria das vezes a origem está em nossa maneira de ser. Uma jovem possessiva que controla todos os passos do namorado e exige atenção plena, transforma-se num tormento para ele. Se continuar agindo assim, ficará para “titia”, não por destino, mas por desatino.
3ª Pergunta. O que pesaria, então, favorecendo uma ligação afetiva?
Resposta.  O desempenho, a maneira honesta como nos relacionamos com as pessoas em experiências afetivas.
4ª Pergunta. Que dizer daqueles que, sem encontrar seu parceiro, sofrem solidão?
Resposta.  Será que podemos relacionar a solidão com a ausência de alguém?  Não seria mais razoável relacioná-la com nossa ausência na vida social?  Perguntemos a Madre Tereza de Calcutá, a Chico Xavier, a Divaldo Franco, se eles se sentem solitários. Quem trabalha pelo semelhante, exercitando a suprema realização – doar-se em favor dos aflitos e sofredores – não tem espaço interior para a solidão.
CASAMENTO  -  1ª Pergunta.  Todo Espírito que reencarna obedece a um planejamento espiritual?
Resposta.  Genericamente, sim. A reencarnação é um programa de Deus em favor de nossa evolução. O corpo é um escoadouro  de impurezas espirituais. A jornada terrena é oportuno curso de aperfeiçoamento moral.
2ª  Pergunta.  As particularidades da existência humana, como profissão, posição social, casamento, duração, prole, são programas?
Resposta.  Sim, mas geralmente de forma sumária. Planejamento implica em compromisso, algo que somente Espíritos amadurecidos têm condições para assumir e cumprir, o que é incomum entre os seres humanos.
3ª Pergunta.  Isso significa que podemos, por exemplo, ter casamentos não programados?
Resposta.  Sim, com frequência, particularmente aqueles que obedecem exclusivamente à atração sexual e os que são de interesses financeiro ou social.
4ª Pergunta.  Lares tumultuados, onde há muitas brigas e desentendimentos, são fruto de uniões fortuitas ou resultam do reencontro planejado de inimigos do passado?
Resposta.  São resultado de encontro de inimigos do passado como também fruto da falta de educação e fraternidade. Em qualquer situação, Espíritos educados respeitam-se, conservando o equilíbrio e a serenidade.
5ª Pergunta.  Casamentos não programados antes da reencarnação estão destinados ao fracasso?
Resposta.  Fracassam os casamentos em que os cônjuges não cumprem os deveres inerentes à vida em comum. Isso independe de planejamento reencarnatório.
6ª Pergunta.  Então, mesmo os casamentos sem ascendentes espirituais podem dar certo?
Resposta.  Evidentemente. Se assim não fosse, jamais teria êxito um segundo ou terceiro matrimônio, já que, normalmente, ninguém reencarna com programação para mais de uma união.
7ª Pergunta.  Não seriam  os múltiplos casamentos tentativas que o indivíduo faz, à procura do par ideal?
Resposta.  Semelhantes experiências exprimem falta de juízo. Casamento não é sapato que se experimenta até encontrar um que se ajuste.  Porém, existe o conceito de que o primeiro casamento é, ás vezes, um compromisso expiatório e o segundo é uma compensação pelo primeiro. Como ensina Jesus, o fracasso da união matrimonial ocorre por causa de nossos corações.
8ª Pergunta.  Como fica a ideia de que o casamento  é planejado na Espiritualidade?
Resposta. Subordinado ao livre-arbítrio e a afinidade que pode existir entre as pessoas.  Casamento não é fatalidade. Tanto podem não se consumar os que foram planejados, quanto podem ocorrer sem planejamento algum.
9ª Pergunta.  Como o Espiritismo vê os trabalhos espirituais encomendados por pessoas, no sentido de alcançar a felicidade numa realização afetiva?
Resposta.  A felicidade não é uma mercadoria que se possa encomendar nesse mercado de ilusões que são os sortilégios.
10ª Pergunta.  Como seria o casamento perfeito?
Resposta.  Perfeição somente em Deus. O ideal é aquele em que os cônjuges buscam harmonizar-se, cultivando valores de respeito, aceitação, carinho, abnegação e renúncia, não esquecendo as pitadas de humor e a divina musicalidade do “eu te amo”.
OS FILHOS  -  1ª Pergunta. Os filhos são Espíritos ligados aos pais desde existências anteriores?
Resposta.  Sim, quando o lar é formado por Espíritos afins, que seguem juntos nos caminhos evolutivos.
2ª Pergunta.  Como podemos identificar essas famílias?
Resposta. É fácil. Geralmente há uma grande afetividade envolvendo os componentes da família, que se respeitam e se ajudam mutuamente, mesmo nos momentos eventuais de desentendimentos, normais no relacionamento humano.
3ª Pergunta.  Lares assim não constituem uma exceção?
Resposta.  Não uma exceção, mas uma minoria. É natural porque vivemos num planeta de provas e expiações, onde as uniões obedecem aos imperativos de resgates e reajustes.
4ª Pergunta.  Numa união fortuita, decorrente de um envolvimento passional, ainda assim os filhos têm alguma ligação com os pais.
Resposta..  Normalmente sim, pelo menos com um deles.
5ª Pergunta.  O casal tem um encontro amoroso no motel. Há a concepção. Qual a natureza do Espírito reencarnante?
Resposta.   Difícil generalizar. Pode ser um obsessor ou um companheiro de um dos parceiros, atraído à reencarnação pelo campo que se forma na relação sexual. Pode ser um amigo espiritual q    ue se submete a retornar em condições não favoráveis, como lírio a brotar no pântano.
6ª Pergunta.  A indiferença de certos pais em relação aos filhos deve ser debitada à ausência de ligação afetiva anterior?
Resposta.  É mais decorrente de uma afetividade subdesenvolvida. Normalmente a paternidade e a maternidade despertam impulsos afetivos muito fortes em relação aos filhos, consolidados pela convivência. É o instinto em trânsito para o amor. Podem também serem inimigos de outras existências que são reunidos no lar.
7ª Pergunta.  Como a Doutrina Espírita explica os complexos de Édipo, em que o filho liga-se mais à mãe e rejeita o pai, e o de Eletra, envolvendo a filha com o pai?
Resposta.  Faltou a Freud a chave da reencarnação para explicar esses casos, bem como aqueles em que as mães têm maior afinidade com as filhas e os pais com os filhos, decorrentes de ligações afetivas de outras existências.
8ª Pergunta.  Mas há casos de uma profunda animosidade entre pai e filho, ou mãe e filha, como se fossem rivais disputando a mesma mulher  (esposa e mãe)?
Resposta.  Ainda aqui a reencarnação esclarece os problemas. Rivais de outras existências em disputas afetivas reúnem-se hoje em outras posições para superarem aversões e consolidarem afeições.
O SEXO -  1ª Pergunta.  Fala-se que Deus permitiu o aparecimento das doenças sexualmente transmitidas, com o fim de alertar o ser humano sobre o uso abusivo e desequilibrado do sexo. Essa afirmação tem fundamento?
Resposta.  Quase sempre há uma revelação moral na enfermidade. As doenças venéreas sinalizam o abuso do sexo; o regime monogâmico é o ideal para a saúde do homem.
2ª Pergunta.  A AIDS pode ser relacionada com o sexo livre?
Resposta.  É o que dizem com toda certeza as estatísticas.
3ª Pergunta.  Por que atualmente assistimos ao uso da sexualidade de forma tão promíscua e descontrolada?
Resposta.  A sexualidade humana foi reprimida durante séculos  pela igreja religiosa medieval, que situava a atividade sexual como algo pecaminoso. Basta lembrar que até hoje há quem  imagine que Adão foi expulso do Paraiso porque relacionou-se sexualmente com Eva. A sociedade liberta da tutela, desconta o atraso achando que a felicidade só é proporcionada pelo sexo.
4ª Pergunta.  Quais as causas do homossexualismo? Qual deve ser a postura da juventude perante esse assunto?
Resposta.  O homossexualismo pode ser decorrente de uma necessidade do Espírito, para seu progresso,  originando-se uma psicologia masculina em um corpo feminino e vice-versa. Nesses casos estamos diante de Espíritos torturados por estarem encarnando  com sexo diferente, do até então usado e que ainda trazem os pendores do sexo anterior, necessário a adquirir os conhecimentos dos homens e os sentimentos das mulheres. A postura deve ser de respeito para com eles, a não ser,  aqueles que são escândalos, e, como diziam os antigos: “Deve tomar vergonha”.
5ª Pergunta.  O que poderia dizer a respeito do sexo na adolescência?
Resposta.  O adolescente tem maturidade biológica para o sexo, mas falta-lhe a maturidade psicológica para que assuma as responsabilidades inerentes à atividade sexual. Muitos não assumem nunca, apesar de crescerem, e querem apenas “fazer amor”, expressão infeliz de quem confunde amor com “transar”.
6ª Pergunta.  A que se pode atribuir o crescente número de uniões fracassadas que existe atualmente?
Resposta.  Geralmente é o resultado desses “amores” inspirados apenas no sexo, num envolvimento que gera uniões precipitadas, tensões e angústias, abortos e suicídios, sem maior afinidade ou afetividade por parte dos cônjuges.
7ª Pergunta. Qual deveria ser a orientação sexual ao jovem espírita?
Resposta.  Estará no caminho certo se respeitar a pessoa com a qual venha a se relacionar afetivamente, tanto quanto gostaria que seus entes queridos fossem respeitados.
EVANGELIZAÇÃO INFANTIL  1ª Pergunta.  Como  interpretaria a atitude de pais espíritas que dizem assim: “Nossos filhos não querem frequentar as aulas de evangelização. Não podemos violentar seu livre-arbítrio. Esperaremos que cresçam para eles próprios decidirem sobre esse assunto”.
Resposta.  Pura omissão. Nenhum pai  pergunta ao filho se deseja tomar banho, se está disposto a ir para a escola ou tomar o remédio necessário.  Não quer ter trabalho e apela para essa desculpa.
2ª Pergunta.  Qual o grau de importância que você daria à orientação religiosa na formação das crianças e dos jovens?
Resposta.  É tão importante quanto á formação profissional. Com esta, habilitamo-nos a adquirir os recursos necessários à nossa subsistência e com a orientação religiosa aprendemos a viver.
3ª Pergunta.  Os pais e os responsáveis pelas crianças serão cobrados no Plano Espiritual pelo que fizeram ou deixaram de fazer quanto à orientação religiosa?
Resposta. Sem dúvida, e responderão por sua omissão, principalmente quando os filhos comprometerem-se no vício e no desajuste. Então perguntarão a si mesmos: “Não teria sido diferente se lhes houvéssemos proporcionado uma iniciação religiosa?”
4ª Pergunta.  Uma mensagem para aqueles que pensam em evangelizar.
Resposta.  Considerem que ensinar é como amar. Impossível exercitar em plenitude sem devoção. Devoção ao aprendiz - amor que motiva; devoção ao aprendizado – amor que se aprimora.
AS TRÊS REVELAÇÕES  1ª Pergunta. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Allan Kardec destaca as três revelações divinas: Moisés, Jesus e o Espiritismo. Deus falou aos homens nessas três ocasiões?
Resposta.  Falaram na 1ª e na 3ª revelações os seus Mensageiros, e na 2ª foi o próprio Jesus quem ofereceu ensinamentos compatíveis com o estágio evolutivo da Humanidade.
2ª Pergunta.  Poderia resumir a revelação mosaica numa palavra?
Resposta.  Revelação divina – as Tábuas dos Dez Mandamentos.
3ª Pergunta.  Que palavra resumiria a revelação de Jesus?
Resposta.  A mensagem de Jesus fala do Amor, em sua expressão mais pura; amar é devotar-se a alguém. “Fazer ao próximo o que desejamos para nós.”
4ª Pergunta. Qual a responsabilidade dos espíritas nesse particular?
Resposta.  Herdeiros do imenso patrimônio legado por Allan Kardec, compete aos espíritas velar pela pureza doutrinária, exercitando o bom senso, a caridade e o discernimento como exemplificou o Codificador.
5ª Pergunta.  Por que vieram as revelações de Jesus e do Espiritismo, se até hoje a Humanidade não vivenciou sequer o decálogo mosaico, no respeito ao seu semelhante?
Resposta.  As revelações divinas acompanham o progresso intelectual  dos seres humanos, situando-se por ideais e serem alcançados. Esta parte é a mais difícil  porque depende  de nosso progresso moral, bem mais lento.        
AS EXISTÊNCIAS SUCESSIVAS  1ª Pergunta. Uma mulher adquire sífilis em aventuras amorosas. Gerando um filho com problemas físicos qual será sua responsabilidade?
Resposta.  Há no Direito Penal as figuras do delito culposo e do delito doloso. No primeiro não há a intenção (alguém brincando com um revolver mata um amigo); no segundo caso há o desejo de agredir (alguém pega o revolver e atira num desafeto). Guardadas as devidas proporções, ninguém comete um crime ao conceber um filho. A mãe com sífilis enquadra-se no primeiro caso, e tem o compromisso de “indenizar” o filho com seus cuidados. O Espírito que encarna nesta situação tem dívidas a serem resgatadas. A mãe deve ajudá-lo, não simplesmente por culpa da concepção, mas, por ter sido parceira ou mentora nos seu desastre moral.
2ª Pergunta.  Quantas encarnações têm os Espíritos na Terra, até passarem para mundos mais evoluídos?
Resposta.  Há a fatalidade da evolução. Caminhamos todos para a perfeição. Entretanto, o processo não é automático, porquanto está subordinado a iniciativa individual. O conhecimento, a experiência e as ações, ajudam, mas o ato de evoluir depende, essencialmente, de nosso empenho de renovação intima. Por isso não há tempo certo, nem número de encarnações para vivermos em planos mais elevados.
3ª Pergunta.  Por que não recordamos as existências passadas?
Resposta. Deixando a prisão, após cumprir longa pena, um homem não está em paz. Ele enfrenta preconceitos e as pessoas têm medo dele.       Ninguém lhe dá emprego nem se compadece. “Se fosse possível assumir outra identidade, mudar de nome, esquecer”.  Dentre muitas razões para não recordarmos existências passadas, esta razão seria suficiente: recomeçar sem lembranças aflitivas, sem desajustes, sem saber quem foram seus inimigos,
4ª Pergunta.  A ideia da reencarnação não induz as pessoas à passividade, ensinando que tudo o que acontece tem origem no passado e que devemos nos sujeitar para merecer uma posição melhor no futuro?
Resposta.  O sofrimento aceito com humildade resgata o passado, mas não edifica para o futuro. Este pede trabalho no Bem, empenho de servir, esforço de aprendizado e renovação de valores que jamais serão encontrados na passividade.
5ª Pergunta.  O susto que o Espírito toma no ventre materno, durante a gravidez, em virtude de problema enfrentado pela genitora, poderá provocar-lhe problemas psíquicos?
Resposta.  Em qualquer idade ou local até mesmo no útero, podemos ser atingidos por circunstâncias aterrorizantes ou trágicas. O fato de sermos atingidos e a extensão do trauma vão depender de nosso estágio evolutivo e da natureza de nossos compromissos anteriores, para resgate na presente existência.
6ª Pergunta.  Um menino de três anos tem o jeito do tio, desencarnado quando ele ainda estava no ventre materno, no segundo mês de gestação. Seria ele o tio desencarnado?
Resposta.  Aqui há o impossível e o improvável. Não é fácil que um Espírito reencarne de imediato após a desencarnação. É mais impossível ainda que use um corpo (feto) em desenvolvimento há sessenta dias.  A encarnação inicia-se logo após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. O fato do menino ter o “jeito” do tio é uma questão de genética e de afinidade entre ambos. 
EXPIAÇÕES E PROVAS  1ª Pergunta.  Qual a diferença entre expiação e prova?
Resposta.  Expiação é o resgate imposto pela Justiça Divina a Espíritos endividados. Prova é o resgate escolhido pelo Espírito consciente de seus débitos e necessidade de resgatá-los.
2ª Pergunta.  Como identificar o Espírito em expiação?
 Resposta. Geralmente é o indivíduo que não aceita seus sofrimentos, as situações difíceis que enfrenta, rebelando e se  maldizendo, e vive a reclamar de sua existência.
3ª Pergunta. E o Espírito em provação?
Resposta.  Identifica-se no indivíduo que enfrenta as atribulações da existência de forma equilibrada, sem murmúrios e lamentações, igual a um aluno que se submete a exame, tentando fazer o melhor e habilitando-se a um estágio superior.
4ª Pergunta.  Miséria é expiação?
Resposta.  Não é a posição social que determina a natureza das experiências vividas pelo Espírito. O homem rico pode estar em processo expiatório, vivendo graves problemas, assim como a extrema pobreza pode ser uma opção do Espírito em provação, atendendo a imperativos de sua vontade de evolução.
5ª Pergunta.  Dois Espíritos vivem a mesma situação aflitiva. Nasceram  ambos com grave limitação física. Um está em expiação o outro em provação. O sofrimento é igual para ambos
Resposta.   Provavelmente o quer está em provação sofrerá bem menos. Tendo ele planejado a deficiência que enfrenta, tenderá a aceitá-la com mais resignação. Rebeldia, inconformação, revolta, são pesos adicionais que tornam a jornada humana mais sofrida.
6ª Pergunta.  Quando a Terra deixará de ser um planeta de expiação e provas?
Resposta.  Quando o ser humano deixar de ver no Evangelho, um mero repositório de virtudes inacessíveis, e seja ele praticado como roteiro divino para todas as horas, com a disposição de vivenciar seus princípios em plenitude.
O  CARMA.   1ª Pergunta.  Qual a diferença entre as leis de Causa e Efeito, de Ação e Reação e a Lei do Carma?
Resposta.  Lei de Causa e Efeito e Lei de Ação e Reação são  sinônimas. É elementar em ciência que toda ação tem um efeito correspondente. Já o conceito de Carma, consagrado pela filosofia hindu, transfere esse princípio para o campo moral. Problemas cármicos são aqueles praticados por nossas ações passadas, ao nos comprometer com a prática do mal.
2ª Pergunta. O carma seria um castigo imposto pela Justiça Divina?
Resposta.  Deus não castiga seus filhos. Apenas disciplina-os; essa é a função das Leis Divinas. Se, abusamos das leis fatalmente virão desajustes orgânicos. O mesmo acontece em nossas faltas morais. Os desajustes nos indicam que não estamos respeitando nossa condição de filho bem-amado por Deus.
3ª Pergunta.  Como funciona esse mecanismo para um homem que envenena seu familiar para herdar sua fortuna?
Resposta.  Ele estará desajustando seu corpo perispiritual, na área correspondente à natureza de seu crime. Após estágios em regiões sombrias do Plano Espiritual, habilitar-se-á a nova reencarnação com graves deficiências no aparelho digestivo, reflexo do problema cármico que trás no períspirito, do ato praticado anteriormente.
4ª Pergunta.  Isso explicaria a animosidade que há entre membros de uma mesma família. Desafetos reunidos?
Resposta. Certamente que sim. Porém, dificuldades no lar exprimem mais ausência do Evangelho, do que a presença de inimigos do passado.
5ª Pergunta.  É possível amenizar o Carma?
Resposta. Em álgebra um valor negativo é zerado se lhe apresenta idêntico valor positivo. O mesmo ocorre com a Lei de Causa e Efeito. O mal que nos atinge é valor negativo do mal que praticamos. Podemos neutralizá-lo com um valor positivo, que lhe é contrário: A prática do Bem.
CONTROLE DA NATALIDADE  1ª Pergunta.  É lícito aos governos exercerem o controle da natalidade?
Resposta.  Não é lícito quando, como ocorre na China, impõem  um cerceamento à liberdade individual. O controle deve ser exercido a partir de campanhas visando o esclarecimento da população, particularmente em relação aos métodos anticoncepcionais.
2ª Pergunta.  O controle da natalidade não implica em indébita interferência nos desígnios divinos?
Resposta.  Desde que a criatura humana começou a exercitar a inteligência, deixou de ser conduzida pela Natureza, assumindo a responsabilidade de caminhar com seus próprios pés. Elevada à condição de co-participante da obra divina, cumpre-lhe observar a necessidade de evitar que a população cresça em demasia.
3ª Pergunta.  Mas a reencarnação dos Espíritos não obedece a um planejamento divino?
Resposta. Multidões de Espíritos desencarnados convivem conosco. Assim como a semente jogada no solo germina havendo condições favoráveis, Espíritos reencarnam quando o óvulo é fecundado pelo espermatozoide, obedecendo ao automatismo reencarnatório, de acordo com a afinidade e o planejamento.
4ª Pergunta.  É lícito então, os casais fazerem o planejamento familiar, decidindo quantos filhos ter?
Resposta.  Quem cuidará dos filhos? Quem trabalhará para sustentá-los? Quem irá educá-los? Quem sofrerá por eles? Os pais, naturalmente. Eles têm o direito de escolher quantos filhos terão.
5ª  Pergunta.  Essa ideia não gera problemas, como acontece na Europa, onde muitos casais não querem filhos?
Resposta.  O egoísmo está falando mais alto que o anseio de paternidade que é inerente à natureza humana. Eles não sabem que os filhos representam nossas melhores oportunidades e esperança de ensaiar fraternidade e amor, que nos realizam como criaturas de Deus.
6ª Pergunta.  Qual é o anticoncepcional ideal?
Resposta.  Esse é um problema que o casal deve resolver com o médico. O ideal seria o método natural, evitando-se a relação sexual nos períodos de fertilidade feminina. Não é fácil porque exige uma disciplina, um sentido de vida mais espiritualizado, que raros casais cultivam.
7ª Pergunta.  E o aborto?
Resposta.  Aborto provocado não é anticoncepcional; trata-se de um crime intra-uterino, pelo qual responderão todos aqueles que se envolverem com ele, direta ou indiretamente. Acham que um crime cometido contra um ente que não tem como se defender, Deus não
vai cobrar?
8ª Pergunta.   A laqueadura e a vasectomia, métodos para evitar a concepção, trazem algum prejuízo?
Resposta. Depende muito de cada pessoa. Se passar a cultivar complexo de culpa, terá problemas, porém se o faz tranquilamente tudo fica bem para quem não deseja filho.  Na existência futura, só Deus o sabe...
A  MEDICINA   1ª Pergunta.  A medicina é realização humana ou obedece a desígnios divinos?
Resposta.  É uma obra do homem, que recebe o amparo e a inspiração de Deus.
2ª Pergunta.  Se a doença é um meio de resgatar as dívidas do passado, como entender a interferência médica?
Resposta.  A  maior parte dos problemas de saúde que afetam o ser humano não dizem respeito aos compromissos do pretérito. Resultam de descuidos da presente existência. Jesus disse: “Os sãos não precisam de médicos”.
3ª Pergunta.  Descuido em relação a quê?
Resposta.  Aos cuidados com nosso corpo, uma máquina programada para nos servir perto de 100 anos. No entanto, deve ser usada de forma consciente, com observância dos cuidados para sua conservação. No entanto o homem passa a existência agredindo-o tanto por dentro como por fora com a intemperança. A física, pelos excessos de alimentos, vida sedentária, ausência de exercícios, vícios...  E a mental, pelos sentimentos inferiores, inveja, ódio, ciúme, agressividade, luxuria e outras ideias infelizes.
4ª Pergunta.  A função do médico seria igual á de um mecânico que conserta um carro que está sendo usado com problemas?
Resposta.  Exatamente. É importante que tenhamos saúde para aproveitar as oportunidades de edificação na jornada terrena, cumprindo nossos compromissos e vivendo o tempo que nos foi concedido por bondade divina.
5ª Pergunta.  Nesse contexto, qual a finalidade da doença?
Resposta.  Avisar que estamos usando mal nosso corpo; que há
problemas  em nosso comportamento e em nossa maneira de viver.
6ª Pergunta. Como entender a ação da medicina em doenças cármicas que surgem para depurar nosso Espírito, em face de comprometimento com o mal no passado?
Resposta.  A ação medicamentosa não tem tanta eficácia se o problema da doença for cármico porque está entranhada no períspirito. Só um remédio nesse caso é eficaz: A prática do Bem, conjugada ao esforço de nossa renovação à luz dos ensinos cristãos. Simão Pedro, em sua primeira epístola, lembrando              Jesus, disse: “O amor cobre a multidão dos pecados”.   

Continua na 2ª Parte:
Livro “A Força das Ideias”
Richard Simonetti
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 25 de junho de 2016