domingo, 27 de outubro de 2019

DIVERSAS MENSAGENS




 
Três coisas definem uma pessoa:
Na existência, três coisas não voltam atrás:
O Tempo  -  As Palavras  -  As Oportunidades

Três coisas que você não deve perder:
A Paciência  -  A Esperança  -  A Dignidade

Três coisas que valem mais que qualquer outra:
O Amor  -  Os Princípios  -  A Confiança

Três coisas são menos confiáveis:
 O Poder  -  A Sorte  -  A Prosperidade

Três coisas importantes na pessoa:
A Honestidade  -  O Trabalho  -  Os Resultados

Três coisas destroem uma pessoa:
O Orgulho  -  A Raiva  -  O Remorso

Três coisas são difíceis de dizer:
Perdoo-te  – Me Ajude  -  Te Amo

Três  coisas dão valor a uma pessoa:
A Sinceridade  -  A Fraternidade  -  A Cooperação.

A existência nos oferece diversas oportunidades;  mas estamos sempre tão ocupados que não nos damos conta; a existência é tão preciosa e temos que lembrar de viver plenamente, todos os nossos dias. Não é o que temos guardado que nos faz valioso. . .  É o que fazemos de bem às outras pessoas.

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OUÇO  DEUS

Ouço  Deus, no murmúrio das águas dos rios
Ouço Deus, no furor dos ciclones bravios,
Ouço Deus, no cantar matinais dos pardais
Ouço Deus, no lamento de pobres mortais;

Vejo Deus, nas estrelas perenes de luz
Vejo Deus, no esplendor que a alvorada traduz,
Vejo Deus, no suave perfume da flor
Vejo Deus, no adeus do companheiro na dor;

Sinto Deus, na saudade que evoca lembranças
Sinto Deus, no morrer de febris esperanças,
Sinto Deus, na tristeza de ver-te partir
Sinto Deus, na tua volta, irmão, a sorrir;

Ouço Deus, no murmúrio das águas dos rios
Ouço Deus, no furor dos ciclones bravios,
Vejo Deus, no suave perfume da flor
Vejo Deus,  no adeus do companheiro na dor,
Sinto Deus, na tristeza de ver-te partir
Sinto Deus, na tua volta, irmão, a sorrir...

Autor Desconhecido
Edição: J.U. Camões- Internet

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O ser humano só envelhece quando os seus sonhos são   substituídos pelos seus lamentos...
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A nossa felicidade não depende apenas de cuidar da nossa própria existência, mas, é preocupar-nos também com o bem-estar e felicidade das outras pessoas...
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Senhor nosso Deus, quase sempre estamos a pedir, mas bem poucas vezes, nos lembramos de agradecer. Agradecer pela dádiva da nossa vida, pelo ar que respiramos, pela água que bebemos, pelo alimento que nos nutre, pelo Sol que nos ilumina e mantêm a nossa vida, pela chuva que proporciona a beleza da natureza e o nosso alimento.
Senhor nosso Deus, queremos também vos agradecer por vossas leis sábias e imutáveis, justas e paternas, que nos corrigem e nos premiam segundo o que fizermos, para que melhor possamos distinguir o caminho a trilhar, e, escolhendo o do bem e do saber, mais rápido poderemos galgar os degraus da evolução, que nos darão a paz e a felicidade, de acordo com o que recomenda Vossa lei de Caridade e Amor...
Acredite...
Quando nossos sonhos se acabam fica um imenso vazio . . . Uma vontade de parar... De desistir de tudo... É um período difícil, em que as horas, os dias e até os meses são longos
demais... Não conseguimos progredir... Falta á vontade... Falta a motivação e nos fechamos para tudo e para todos, como se nada mais importasse, nada mais tivesse algum valor e vamos desistindo pouco a pouco... Por que será que muitas coisas que acreditávamos chegam ao fim?
Acreditávamos na felicidade eterna e muitas vezes, ela não passa de um pequenino momento... Tempo suficiente para deixar uma saudade infinita...  Então surge um novo dia... Um novo sonho começa a dar o ar da sua graça... Vem chegando de mansinho... Tentando abrir o nosso coração, pois estamos trancados com um enorme medo de sofrer de novo; mas mesmo assim, o novo sonho vem chegando... Trazendo tudo de novo... E como todo novo, é regado de novidades que fascinam, mexendo com as emoções adormecidas... Trazendo de volta a emoção de recomeçar, de viver, de amar!
Nessa hora, quando tudo ressurge, podemos avaliar melhor a existência... Temos que transformar cada pequenino instante em grandes momentos... Eliminar tudo o que maltrate o nosso corpo e o Espírito, e dar lugar somente ao que nos engrandece como verdadeiros seres humanos, filhos de Deus! E se os nossos sonhos estiverem nas alturas, não nos preocupemos... Eles estão no lugar certo. Devemos então construir os degraus e SUBIR!  Nunca desistir de ser feliz! E para isso, basta apenas uma palavra do BEM, para mudar o dia de alguém...
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 Acredite que tudo aquilo que você sonha e deseja, com Deus você possa realizar; pois a Fé e a Esperança serão sempre mais forte que quaisquer obstáculos que apareça em sua existência. Basta apenas confiar...
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Aprendi a agradecer a Deus por todas as coisas. As lutas me ensinaram a ser forte; as diversas dificuldades me ensinaram  ser grande, e em todos os momentos da minha existência. Deus me ensinou a viver. Seja sofrendo, seja sorrindo, é sempre é Deus nos fazendo crescer...
Jc.
São Luís, 20/10/2019

A PRESENÇA DO SOFRIMENTO




 
O Amor é a lei maior do Universo. Ela se expressa de várias maneiras, desde as formas mais singelas de vida. Tudo é beleza, harmonia e esplendor no Plano Divino, no entanto parece que há algo errado na existência do ser humano – o sofrimento. Esse fenômeno visita todos os lares e corações, desde o ignorante até o homem de cultura, da choupana ao palácio, do homem de bem ao homem do mal. Atinge os seres em todos os países, em todas as idades, em diferentes condições sociais e econômicas. Todos sofrem neste planeta; ninguém consegue ficar ileso a ele. Que contradição!  Sendo tudo Amor no Universo, o ser humano sofre muito em escala individual e coletiva. Teria Deus criado o sofrimento para seus filhos?

Concebendo o Criador como a perfeição e a misericórdia, isso é inadmissível, mas o certo é que o sofrimento nos segue; faz parte da história humana e, através dele é que a civilização avança em discernimento e luz espiritual. Se o sofrimento não é proveniente da vontade de Deus, nem da fragilidade humana, pois somos fortes e dotados de infinitos recursos para viver, de onde então vem o sofrimento? – A resposta é muito simples: da conduta do ser humano.

Esse sofrimento provém de três causas distintas: Como provações, como expiações e como abnegações. Como provação, vem para resgate dos débitos contraídos para com a Justiça Divina. Na provação o espírito reencarna com uma programação feita na Espiritualidade da qual participou. Na expiação, o sofrimento imposto ao espírito foi programado pelos mentores espirituais, como compulsório, por se recusar ele em reconhecer seus débitos e não querer passar por resgates. Na abnegação o espírito vem como missionário, com existência difícil enfrentando privações e sofrimentos para dar o exemplo de resignação, igual á passagem evangélica do homem que nasceu cego, não por sua culpa ou dos pais, mas para que “se manifestassem nele as obras de Deus...”  João 9: 1 a 3.

Considerando a harmonia universal, e as leis que regem a vida espiritual e a existência do ser humano, aprendemos na Doutrina dos Espíritos que todo sofrimento é advindo da nossa intervenção nessa harmonia; de um desarranjo nos propósitos superiores da vida, que podem ser reparados por um ato de amor ou, caso isso não ocorra, por uma reparação pela dor. Por isso sempre ouvimos dizer que “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. Quando nos equivocamos na existência, quando seguimos na contramão das leis, por ignorância ou vontade própria, repetimos a lição, a fim de aprendermos a discernir o que é certo e o que não deve ser feito, ocasião em que o senso moral vai sendo construído.

Se, insistimos em continuar no erro, por teimosia, revolta, egoísmo, ou por vantagens materiais, abrimos espaço para que se instale o sofrimento, como meio de reparação da desarmonia criada. Se quiséssemos corrigir os erros que estamos cometendo, não haveria necessidade de passarmos por rigorosas lições de sofrimento. A questão é que não nos corrigimos o que seria mais razoável, mas unicamente nos livramos dos problemas sem esforço, na busca de prazer e conforto material.

Os seres humanos são vítimas de doenças orgânicas e psíquicas, e todos se esforçam por se verem livres delas. Esses doentes em geral supõem que a Doutrina dos Espíritos realiza milagres e produz curas maravilhosas, a exemplos de outros que prometem e dizem que fazem. Por isso, as Casas Espíritas estão sempre recebendo doentes que, já havendo esgotado os recursos fornecidos pela medicina convencional, procura encontrar nela, como última tentativa de recuperação, a saúde desejável.

A verdade, porém, é que se as moléstias forem passageiras, sararão com os cuidados médicos e remédios receitados, às vezes, até com chás caseiros; mas, em se tratando de doenças que são provações de resgates do espírito, para liquidação de dívidas perante a Lei Divina, tornam-se elas necessárias ao reequilíbrio espiritual do doente. Os cuidados da ciência médica, os tratamentos espirituais podem melhorar o estado do doente, dando-lhe a esperança e a resignação, mas não vai alterar a situação satisfatoriamente, e a doença seguirá seu curso, a não ser que haja o merecimento ou a misericórdia divina a se manifestar. Nos casos de resgates, os Espíritos Protetores não poderão também eliminar os motivos que impedem a recuperação do doente, para não prejudicá-lo, ao invés de ajudá-lo como muitos pensam.

Meditem os doentes de que a ocorrência de doenças sérias é sinal certo de que estão sendo impulsionados para a libertação espiritual, transpondo obstáculos no caminho da evolução. Auxiliemos o processo, cuidando do corpo “o jumentinho da alma”, como dizia Francisco de Assis, aceitando o que não pode ser modificado e nem se torturando
em busca de um restabelecimento que nem sempre pode se dar, nem convém que às vezes seja dado, para não aumentar a dívida, e não vamos julgar a doença uma infelicidade, um mal irreparável, quando na verdade é a quitação com a Justiça Divina, ou foi escolhida por nós mesmos, ao retornar a nova existência na Terra.

Considere o sofredor, como é imensa a bondade de Deus que, conhecendo nossa fraqueza e atendendo nossas súplicas, nos permite a assistência e consolações espirituais atentas e carinhosas, não só por parte dos nossos entes queridos na Terra, como também dos desencarnados afins e dos protetores espirituais. Por isso Jesus disse: “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”, prometendo compensações quando falou aos sofredores;  e você, irmão/irmã, deve  acreditar nas palavras de Jesus.

Há alguns anos conheci um menino que viveu até os 18 anos, tetraplégico, mudo, praticamente incomunicável com o mundo exterior. Vivia ele sob os cuidados da sua mãe que zelava por ele como se ele fosse à coisa mais preciosa do mundo. Somente seus olhos, com o brilho da vida que palpitava em seu interior, se expressava cheios de mensagens e significados. Nascendo já com todos os limites e motivos para desistir da existência, ele lutou e sobreviveu por alguns anos. Contra todas as expectativas médicas e fisioterápicas, conseguiu ele desenvolver alguns movimentos e articular alguns sons, como comunicação com seus pais. A alegria espontânea, transparecendo no brilho dos seus olhos, era vida que transbordava de sua alma, como a dizer a todos nós ao seu redor:  “Vejam, não posso nada, dependo de alguém, até para coçar meu nariz, mas sou feliz porque posso aprender alguma coisa com a vida.”

Eu ficava imaginando quando o visitava que, se ele pudesse falar perguntaria: “Como é caminhar pela rua em dia de sol, tomar banho de chuva, trocar a própria roupa? Como é falar ao telefone, fazer um carinho, pintar uma tela, sentir o vento no rosto? Como é cantar uma música ou andar de bicicleta; assistir a um filme comendo pipoca? Qual é a sensação quando se olha o firmamento, a lua cheia,  andar de carro ou pentear os próprios cabelos?

Lembro também de uma senhora idosa chamada Vicentina que durante a sua vida útil serviu a várias famílias e quando ficou impossibilitada de trabalhar, por motivo de doença, e por não ter parentes que a acolhessem na capital, foi internada no Asilo de Mendicidade, onde permaneceu por muitos anos acamada, por estar paralítica  e cega, e que era de uma humildade e resignação nunca visto em outra pessoa. Para ela tudo estava bem e bonito, e tratava as pessoas com tanta amabilidade que nos comovia, apesar de todo o seu problema.

Ao lembrar-me disso, percebi o valor de tudo aquilo que muitas vezes não somos capazes de reconhecer como bênçãos em nossas existências e que só realmente valorizamos quando as perdemos. Quantos de nós vivemos nos queixando de tudo e desprezando as chances de realizar algo de útil, desperdiçando nosso tempo em atividades fúteis que nada nos acrescenta. Aquele jovem e aquela idosa, mesmo diante de sua terrível prisão orgânica, vivendo somente uma vida interior, sem sofrerem a tortura de uma consciência alucinada, qual um alcoólatra ou um drogado. Porém, uma coisa o dependente tinha como vantagem sobre a situação daqueles dois imobilizados.  Ele podia sair da situação na hora que quisesse; podia recuperar sua liberdade e dignidade; era só querer e lutar. Lutar pela própria existência que desprezava. Para isso ele precisava apenas saber o quanto é importante  usufruir, a saúde e a existência. A autodestruição tem um saber amargo, enquanto a autolibertação tem um saber divino. Todos nós somos capazes; todos nós podemos conseguir...  só depende de querermos  lutar,  mudar melhorar

É importante refletirmos na função educativa do sofrimento num planeta em que há predomínio dos interesses materiais, em detrimento da busca espiritual. Como terapeuta dos nossos tormentos, o sofrimento tem um especial papel no processo de crescimento do ser humano a caminho de Deus. Muito embora vivamos orientados para o sucesso material, há em todo ser reencarnado um estímulo ao que é divino e superior, e é por isso que vibra em todos nós um forte impulso de amor e um sincero desejo de realizarmos o que é essencial, e devemos nos afastar do que consome nossas forças nas experiências terrenas.

Aos poucos vamos percebendo que o sofrimento é um mecanismo da inteligência superior do Universo – Deus, a fim de lembrar constantemente Sua criação, (ser humano) do verdadeiro sentido da existência. O sofrimento não é imposto por Deus como meta de equilíbrio, sua intensidade e duração, foi ele escolhido por cada criatura antes de reencarnar. Ensina-nos um pensador da ciência psicológica que “o sofrimento é sinal da disponibilidade de energia para transformar situações; é a maneira que a razão tem de indicar uma atitude ou comportamento errado e, para a pessoa que não é revoltada, cada momento de sofrimento é uma oportunidade de crescer”. Não seria interessante, então, mudarmos nossa forma de interpretar o sofrimento? Em vez de usarmos a queixa e/ou a revolta no momento de aflição, de dificuldade no caminho evolutivo, não seria melhor ponderar “O que devo mudar?” Entendendo a dor e o sofrimento como mecanismos de profunda reflexão do ato de viver, quando ele se aproximar, vejam as mudanças necessárias antes que a aflição se instale em nós, para que não seja atormentado o presente e complicado o futuro.

Nós somos os causadores de nossos infortúnios, porque recusamos atender o chamado divino e uma existência com mais consciência e dentro das leis do Senhor. O ponto em que nosso planeta se encontra como mundo-escola, em contínuo avanço, nos convoca a uma renovação de padrão mental, a refletir-se em atitudes novas, mais justas e caridosas. Enquanto permanecermos numa existência de interesses próprios, o entendimento de Vida Eterna ficará adormecido. Mas, a partir do instante em que nossa existência se amplia, o entendimento de Vida Eterna se aplica ao cotidiano, nos gestos simples que movimentam nossos dias, na descoberta de recursos valiosos para o progresso de todos, transformando experiências em lições preciosas para o nosso Espírito imortal. Às horas de intranqüilidade que marcam o ponto evolutivo da Terra, sucederão períodos de muita paz, e toda pessoa que já aceitou o sofrimento como mensageira da mudança do espírito para uma situação melhor, desfruta desde logo, do justo crescimento das almas que sabem converter lágrimas em esperança.

Como forma de esclarecimento nos caminhos de luz, é preciso compreender que são “bem-aventurados os que choram”, que aceitam o sofrimento com resignação; que diante do sofrimento, não perguntam: “Por quê?”, e sim: “Para que?” O sofredor a que se refere Jesus, é o dos corações que sabem que é bem melhor quitar, que prorrogar com mais dívidas, o seu débito para com a Justiça Divina; é reconhecer que com o Mestre a dor é benção e progresso. Assim, o sofrimento tem a marca abençoada da redenção. Esses que assim aceitam são como bem disse Emmanuel: “os que recebem o sofrimento transitório da existência terrena, por bendita e honrosa oportunidade de crescimento, com bondade e paciência, resignação e esperança”. O
sofrimento nos restaura, abrindo portas para o amor, que nos equilibra e nos alerta, como a nos dizer que o mundo é um lugar de passagem e não o fim da jornada da vida. Cabe-nos, portanto, realizar nele o melhor que pudermos. Evitar todo tipo de agressão a si mesmo, aos semelhantes e ao meio em
que vive. Estamos em processo de evolução a caminho de Deus, nosso Pai Celestial. Bendita é a dor que nos arranca da indiferença e nos faz seguir as leis do Senhor, passando a viver em função dos Seus propósitos e amor e bondade.

A Terra passa por momentos difíceis, de aferição dos nossos valores. Jesus convoca-nos a fazer parte das fileiras do Bem, para trabalharmos com Ele na implantação de um reino de Paz, que se inicia no coração de todo aquele que já se cansou das tentações do mundo e se compromete de vez, com o plano Divino. Atendamos ao Seu chamado e veremos multiplicada a alegria que nos falta, porque o ser humano que segue o caminho da luz, já não mais vive para si; vive para a glória do Pai, na benção da Vida Eterna. A posição espiritual de cada um de nós está na razão direta da permanência do sofrimento em nosso viver... Isso nos faz concluir que AMOR E SOFRIMENTO são mecanismos que funcionam em situações independentes: Sabemos então que, quando um se aproxima de nós, o outro se afasta...

Se Deus é o Pai de infinita bondade e justiça, não pode Ele agir com parcialidade. As vicissitudes da existência têm assim uma causa, e, uma vez que Deus é justo, o sofrimento também deve ser justo. Jesus nos prometeu as compensações e o “Consolador” prometido por Ele, que é a Doutrina dos Espíritos, vem revelar as causas das aflições. Elas têm duas fontes bem diferentes; uma na existência atual,  e a outra em existências anteriores, onde contraímos as dívidas. As da existência atual são resultados da nossa imprevidência, do nosso egoísmo, da nossa falta de caridade e amor para com nossos semelhantes, da nossa ambição. Quantas uniões infelizes realizadas que nada tem com o coração; quantos males e enfermidades, conseqüências de excessos de todos os gêneros; quantos pais infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências quando ainda eram crianças; quantas pessoas arruinadas por má conduta... Que todos aqueles que passam por sofrimentos interroguem a consciência, e verão se não podem dizer: Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria hoje em tal situação.

Ha males que achamos estranhos e que parecem nos atingir por fatalidade, cuja compreensão somente a Doutrina dos Espíritos sabe explicar. O ser humano nem sempre resgata suas faltas na mesma existência, embora não escape jamais da Lei Divina. Os sofrimentos que fizemos os outros passarem, teremos que passar também, e ainda com acréscimos. Assim, o que causou aleijão ao seu semelhante poderá voltar aleijado; o que usou mal a fortuna poderá voltar
em extrema miséria; o que foi orgulhoso voltará em condição humilhante; o que usou mal a palavra pode voltar mudo; o que usou mal os olhos pode vir sem a visão, e assim por diante. Nas várias existências, vamos resgatando nossos débitos para com nossos semelhantes e a Justiça Divina, e, para os que sofrem com resignação é que Jesus afirmou: “Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”. Entretanto, nem todas as aflições e sofrimentos são resgates de dívidas, porquanto muitos Espíritos já com maior evolução espiritual, aceitam as provas da existência terrena, sofrendo todas as dores e dificuldades com humildade, resignação e sem lamentações, como missão de exemplo de vida aos outros e na sua própria melhora espiritual. Eis a resposta para os casos que mencionei acima, do jovem e da idosa.

Todas estas orientações e muito mais outras, sobre os “porquês” da nossa existência terrena, podem ser encontradas no livro “Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Que a Paz do Senhor nos assista na nossa existência.

Bibliografia:
Evangelho de Jesus
“Evangelho Segundo o Espiritismo”

Jc.
S.Luis, 01/2001
Refeito em 18/9/2019

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A EDUCAÇÃO E A INSTRUÇÃO





É preciso não confundir a Educação com a Instrução.  A Educação inicia-se nos primeiros meses após o nascimento,  desenvolvendo os valores na consolidação do caráter e continuando durante a existência, assim como, a Instrução depois é ministrada e empregada no sentido de orientar o ser humano, na aquisição dos conhecimento e das disciplinas.
Não esperemos que os professores consertem as falhas na educação de nossos filhos. Em casa, devemos ensinar nossos filhos a: Cumprimentar, falar obrigado, ser limpo, ser honesto, ser correto, ser pontual, falar bem, não xingar, ser solidário, respeitar  as pessoas, mastigar com a boca fechada, não roubar, não mentir, ser organizado, cuidar das próprias coisas e das coisas dos outros. Na escola, se aprende: Artes, biologia, ciências, filosofia, física, geografia, gramática, história, línguas, literatura, matemática, português, química, sociologia, e é onde são reforçados os valores que os pais devem ensinar aos seus filhos.  
A Instrução significa ilustrar a mente com conhecimentos sobre um ou vários ramos de atividades. O intelectualismo não supre o cultivo dos sentimentos. “Não basta ter coração; é preciso ter bom coração”, disse Hilário Ribeiro, educador emérito cuja competência pedagógica estava na altura da modéstia e da simplicidade que adornava seu Espírito.
Convém acentuar que a consciência religiosa corresponde, neste particular, ao fator principal na formação dos caracteres. A expressão –consciência religiosa – ao invés de religião, para  que não se confundam as ideias. Religião há muitas, mas a consciência religiosa é uma só. Por essa designação entendemos o império interior da moral pura e imutável  ensinada e exemplificada por Jesus. A consciência religiosa importa em um modo de ser, e não em um modo de crer.
É possível que alguém objete: mas, a moral cristã é tão velha, e nada tem produzido de eficiente na reforma dos costumes.  É         verdade, mas não pode ser velho aquilo que não foi usado. A moral cristã é, em sua pureza e em sua essência, desconhecida da Humanidade. Sua atuação ainda não se fez sentir nas pessoas. O que se entende por Cristianismo é a sua contrafação. Dessa moral cristã é que está dependendo a felicidade humana sob todos os aspectos. O intelectualismo, não vai resolver os problemas sociais existentes no mundo.
Jesus apresentou-se perante a Humanidade, como Mestre e Salvador, ao dizer: “Eu sou o vosso mestre”. Daí, por que Jesus arrogou a si a denominação de Mestre, considerando aqueles que o acompanhavam e todos que seguissem os seus ensinamentos, como seus discípulos. A missão de Jesus é precisamente comprovar aquele asserto, vencer os obstáculos conquistando  a Humanidade. Essa obra,  sendo  de  redenção divina, porque visa libertar o ser humano dos liames que o predem a animalidade, cujos vestígios, nele, são patentes, é portanto, uma obra de educação. Jesus veio nos trazer a verdade e fez tudo quanto lhe competia fazer para o cabal desempenho dessa missão que o Pai lhe confiara, mesmo com o sacrifício de sua existência terrena.
Quanto aos compromissos que veio desempenhar neste mundo, nós o vemos claramente através das atitudes que ele assumiu na sociedade terrena. Que fez Jesus? Começou reunindo algumas pessoas simples, arrebanhadas das camadas humildes, e lhes foi ministrando lições e ensinos por meio de singelas parábolas, prédicas e discursos vazados em linguagem popular, cimentando com exemplos edificantes tudo o que transmitia. A novidade da sua escola consistia sempre na divulgação destes princípios: Todos os seres humanos são filhos de Deus; porque todos têm a mesma origem. Da paternidade divina, decorre a fraternidade humana, isto é, todos os seres humanos são irmãos. Portanto, devem amar-se reciprocamente agindo em tudo segundo a lei de solidariedade.
O mestre não fornece instrução: mostra como ela é obtida. Ao discípulo cumpre empregar o processo mediante o qual adquirirá a instrução. Ao mestre compete ainda dirigir e orientaras forças do discípulo, colocando-o em condições de agir por si mesmo na conquista do saber. Resta, portanto, que o ser humano, o discípulo, faça a sua parte para entrar na posse da verdade, essa luz que ilumina a mente, consolida o caráter e aperfeiçoa os sentimentos. Os que deixarem de preencher essa condição, continuam nas trevas, na ignorância, e nelas permanecerão até que peçam e procurem por essa luz.
A novidade da sua escola consistia sempre na divulgação destes princípios: Todos os seres humanos são filhos de Deus; porque todos têm essa mesma origem. Da paternidade divina, decorre a fraternidade humana, isto é, todos os humanos são irmãos. Portanto, devem amar-se reciprocamente agindo em tudo segundo a lei de solidariedade.
Jesus veio nos trazer a redenção. É por isso nosso Salvador.  Mas só redime aqueles que amam a liberdade e a luz e se esforçam por alcançá-la. Os que se comprazem na servidão das paixões e dos vícios não têm em Jesus um salvador. Continuarão como escravos até que compreendam a situação  em que se encontram, e almejem conquistar a liberdade.
A redenção, como a educação, é obra que se realiza gradativamente no transcurso eterno da vida; não é obra miraculosa que se realiza num dado momento ou numa única existência. O papel que cabe ao mestre é instruir e educar. Entendemos por educação o desenvolvimento dos poderes psíquicos que todos possuímos em estado latente, como herança havida D’aquele de quem todos nós procedemos. Pestalozzi define assim a matéria ora em apreço, dizendo o seguinte: “Educação é o desenvolvimento harmônico das faculdades do indivíduo.” Ao cultivarmos, esta ou aquela faculdade do Espírito, não devemos desdenhar as demais.
Verifica-se em geral, por parte dos pais, uma grande preocupação – até certo ponto louvável – sobre a educação dos filhos no que diz respeito á inteligência. Querem vê-los com um pergaminho, aureolados por um título que os habilite ao exercício duma profissão, a qual, não só lhes assegure a independência econômica – o quê importa em justa aspiração - mais ainda a riqueza, fama e glória.  O futuro da prole é visto desse prisma utilitário e vaidoso. Antes de tudo, os pais devem cuidar da educação moral dos filhos, deixando às inclinações e vocações de cada um, a escolha da sua profissão.
Há evidentemente uma ilusão nessa maneira de ver e proceder, porque, nós os pais, somos vítimas do egoísmo com que  nascemos. Queremos vê-los com o diploma e alvo de aplausos e louvores, dando-nos a falsa ideia de havermos cumprido perfeitamente o nosso dever com relação àqueles que a providência Divina nos confiou para orientá-los na sua caminhada pela estrada da existência. Não cogitamos do que concerne às qualidades morais, à formação e consolidação do caráter, em fazê-lo homem de bem, caridoso e honesto, com aquele mesmo interesse e afã que empregamos na ilustração do seu intelecto.  Preocupamo-nos muito mais com o cérebro do que com o coração. Fazemos tudo para enriquecê-lo de bens materiais, deixando-os, às vezes, pobres de valores morais e de sentimentos.
O que se dá é que geralmente se imagina que o ser bom, justo e verdadeiro, o ser sincero e amável não requer aprendizagem. Supomos que tudo isso seja coisa tão natural e comezinha que não constitui matéria que deve ser ensinada! Imagina-se que essa parte da educação, incontestavelmente a mais excelente,  há de efetuar-se por si mesma, à revelia de cuidados, que são dispensados a outras modalidades de educação.
Tal é o grande erro generalizado que é preciso corrigir. A ideia de geração espontânea é quimérica. Do nada, nada se tira... Tudo o que germina, germina de uma semente. Tudo que envolve, envolve dum germe ou embrião. Não podemos esperar que aflore na alma da mocidade, qualidades nobres e elevadas sem que, antes, tenhamos feito ali uma sementeira.
Todos os problemas do momento atual se resumem em uma questão de caráter: só pela educação podem ser solucionados. Demasiada importância se dá às várias modalidades do saber, esquecendo-se do principal, que é a ciência do bem. A crise em que se encontra o mundo é a crise de caráter, responsável por todas as outras crises. O momento atual reclama a ação de homens honestos, escrupulosos, possuídos do espírito de justiça e cientes das suas responsabilidades. Temos vivido sob o despotismo da inteligência, porém, devemos sacudir-lhe o jugo fascinador, proclamando o reinado do caráter, o império da consciência, da moral e dos sentimentos nobres.
Honestidade, espírito de justiça, noções do dever são como as artes, virtudes que se adquirem tal como é adquirido o saber neste ou naquele ramo de atividades. Tudo na existência depende de estudo, aprendizado, constância, experiência e trabalho. A sementeira do bem e da verdade, da justiça e do amor, nunca se perde. A obra da redenção humana é obra de educação, e Jesus é o divino educador...
A retórica deixou aos Tullios e aos D        emóstenes; a filosofia aos Platões e aos Aristóteles; as matemáticas aos Ptolomeus e aos Euclides;  a medicina aos Apolos e aos Esculápios; e ainda, a jurisprudência aos Eolões e aos Licurgos; e para si, Jesus tomou só a ciência de tornar bons e salvar os seres humanos.
Fonte:
Livro “O Mestre na Educação”
Autor: Pedro de Camargo (Vinícius)
+ Pequenas modificações.                  

Jc.
São Luís, 22/8/2016
Refeito em 18/9/2019

A NATUREZA HUMANA






 
Um erro psicológico de funestas consequências domina a ortodoxia oficial. Pretendem que o ser humano seja visceralmente mau, perverso e, por natureza, corrupto. Semelhante conceito é adotado, salvo raras exceções, por sociólogos, juristas, escritores, filósofos, cientistas e, o que é mais de admirar, pelos vários credos religiosos. Que os materialistas façam tal conceito do ser humano compreende-se; mas que sejam acompanhados pelos crentes e até pelas autoridades das religiões deístas é inominável, inconcebível.
Como é possível que o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, seja considerado mau? Como se compreende que o Arquiteto Supremo haja criado obras imperfeitas e defeituosas? Semelhante pensamento precisa ser combatido. Lavremos em nome da fé que professamos,  veemente protesto contra essa heresia.
O ser humano é uma obra inacabada; entre obra inacabada e obra defeituosa vai um abismo de distância. Os Espíritos trazem consigo os germes latentes do bem e do belo. A centelha divina, oculta embora, é como o diamante no carvão. O mal que no homem se verifica é extrínseco e não intrínseco. No seu íntimo cintila o divinal revérbero da face do Criador. Os defeitos, senões e falhas são frutos da ignorância, da fraqueza e do desequilíbrio de que a Humanidade ainda se ressente. Removidas tais causas, as decantadas maldade e corrupção desaparecerão.
Deus não cria os Espíritos como os escultores modelam as estátuas. As obras de Deus são vivas, trazem em si mesmas as  possibilidades de autodesenvolvimento, pois a vida implica movimento e crescimento. Os atributos de Deus estão, dadas as devidas condições de relatividade, palpitando em cada criatura. Apelando-se para as faculdades profundas do Espírito, logra-se o despertar da natureza que nele dorme, atestando a origem de onde proveio.
O problema do mal se resolve pela educação, e compreende-se por educação o apelo dirigido aos potenciais do Espírito. Educar é evoluir, e através do trabalho da educação, consegue-se transformar as trevas em luz,  o vício em virtude, a  loucura
em bom senso, a fraqueza em força. Tal é em que consiste a conversão do mau. Jesus foi o maior educador que o mundo já conheceu. Sua atuação se efetuou sempre nesse sentido. Jamais o encontramos abatendo o ânimo ou aviltando o caráter do pecador, fosse esse pecador um ladrão confesso, fosse uma mulher adúltera apupada pela turba. “Os são não precisam de médicos, mas, sim, os doentes;” tal o critério que adotava. Invariavelmente agia sobre algo de puro e de incorruptível que existe no Espírito do ser humano.
O mal é uma contingência. Em realidade significa apenas a ausência do bem, como as trevas representam a ausência da luz. O mal e a ignorância são transes ou crises que o Espírito conjurará fatalmente, mediante o despertar de suas forças latentes purificadoras. A prova cabal de que a natureza íntima do ser  humano é divina, e, por conseguinte, incompatível com o mal, está na faculdade da consciência. Que é a consciência, senão o “divino” cuja ação se faz sentir condenando o mal e aplaudindo o bem? Por que razão o homem jamais consegue iludir ou corromper a sua própria consciência?
Ele pode, no uso do relativo  livre-arbítrio que lhe obedece, agir em contrário a sua consciência, porém nunca abafará seus protestos, nunca conseguirá fazê-la conivente com suas iniquidades e crimes. A consciência é o juiz íntegro cuja toga não se macula, e cuja sentença ouvimos sempre, quer queiramos, quer não, censurando nossa conduta irregular. Esse juiz é a centelha divina que refulge através da escuridão de nossa animalidade; é o diamante que cintila a despeito da negrura espessa do involucro que o circunda.
Perniciosas e desastrosas têm sido as consequências do falso conceito generalizado sobre o caráter humano. Tal pensamento gerou o pessimismo que domina a sociedade. O vírus que tudo polui e conspurca, é outro efeito oriundo da mesma causa. Que pretendem os industriais da cinematografia exibindo películas dissolventes e até indecorosas?  E os literatos e romancistas abarrotando as livrarias de obras frívolas, enervantes e imorais? E o empresário teatral com suas comédias impudicas, cheias de obscenidades? E os compositores  e  cantores  com  suas  músicas  imorais? E os costureiros e modistas com sua indumentária que peca pela falta de decência e decoro? Todos eles, convencidos de que a natureza humana é essencialmente corrupta, estão atuando através da corrupção, visando o lucro fácil e imaginando que o meio mais fácil e seguro de êxito seja esse. No entanto, se essas atividades se transformassem de escolas do vício em escolas de virtudes, deixariam de existir por isso?
A falsa ideia de que o êxito só se alcança apregoando o vício, a maldade, o crime e a ignorância humana, é uma mentira herética e execrável. A própria Teologia tem sustentado esse erro pernicioso, através dos séculos, pela palavra de seus corifeus, prejudicando seriamente a evolução da Humanidade. A Pedagogia, em seu glorioso advento, vai destronar esse conceito milenar, desembaraçando a mente humana dessa grande aberração.
Voltamos a dizer: O ser humano é uma obra inacabada; entre uma obra inacabada e uma obra defeituosa vai um abismo de distância. Como é possível que o ser humano (Espírito) criado a  imagem e semelhança de Deus, tenha sido feito para o mau? Somente, mentes ignorantes da criação de Deus pode assim pensar...

Fonte:
Livro: “O Mestre na Educação”
Autor: Pedro de Camargo (Vinícius)
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 24/8/2016
Refeito em 18/9/2019

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

A CORRUPÇÃO CULTURAL NA SOCIEDADE BRASILEIRA




 
O país vive um momento histórico, assolado pela corrupção  que nos atinge e nos coloca no pódio de uma crise sem precedentes nunca antes vista, e com rumos incertos onde vivenciamos dificuldades a cada dia. Nessa expectativa de “sairmos dessa”, nos resta a esperança de que ainda podemos sonhar com uma saída heroica, baseada na superação do brasileiro em escapar das dificuldades sem maiores lesões. É dito á tempos que “a ocasião faz o ladrão”, e é inegável a verdade desse ditado. Mas no caso brasileiro, qual o motivo para a pessoa política, se corromper? Para responder a essa pergunta, temos primeiramente que definir o que é corrupção.
Corrupção do latim  (: Corruptus – “despedaçado” ou em outra acepção, “pútrido”, é o ato de se corromper, ou seja, obter vantagem indevida, seja pelo abuso, por ação ou omissão, observando-se  a satisfação do benefício próprio, a despeito do bem comum. A corrupção não é só política, e nem sempre só envolve dinheiro. Existem três formas de se corromper:  1ª Pelo abuso; 2ª Pela omissão; e 3ª Pelo desvio.
O abuso, que é tido como normal pela sociedade brasileira hierarquizada pode ser representado pela frase: “Você sabe com quem está falando?”. Trata-se de um traço autoritário da sociedade brasileira. Ela funciona para demarcar diferenças e posições hierárquicas. O seu uso pode ser traduzido como: “respeite-me, pois não sou do seu nível”, ou ainda “nós não somos iguais”. A partir da famosa frase de Maquiavel: “Favori agli amici, nemici dela legge (aos amigos favores, aos inimigos a lei) representa bem esse abuso de um poder que deveria servir para  manter o bem comum, e é usado, na verdade, como pressuposto de superioridade daquele que o detém.
A omissão,  é, talvez, a forma de corrupção mais vista na nossa sociedade. Omitir-se é deixar de fazer ou dizer algo que deveria ser dito, deixando como certo, o errado prosseguir ininterrupto. Todo brasileiro se omite. Deixamos de denunciar tudo o que vemos de errado; deixamos de ajudar aqueles que necessitam de nossa ajuda; deixamos de devolver aquilo que sabemos que não é nosso, entre outras omissões comuns. Não só não denunciamos, mas até continuamos votando naqueles que se corrompem escrachadamente.
O desvio é relacionado ao abuso em partes. É quando devida função ou recurso, seja ele público ou privado, é desviado por aqueles que o administram para se beneficiarem. É como o administrador que desvia para si o patrimônio daquilo que administra, ou o político que dá cargos de confiança para parentes. É o uso do patrimônio alheio que administra para si.
Podemos relacionar as três modalidades de ação aos costumes tupiniquins modernos, que desobedecem todos os seus deveres, a favor de beneficiar-se; mas que sempre requer seus direitos  baseando-se no ordenamento jurídico. É como uma relação de dualidade entre o Legal e o Ilegal, ou do jovem delinquente que reclama dos abusos da polícia e também do criminoso que anseia pelos seus direitos humanos, e que é negado às suas vítimas. Provavelmente ninguém parou para pensar quanto afeta na sociedade essa mentalidade anêmica, essa carência de preceitos morais e éticos, sempre em busca da vantagem própria. É a “Lei de Gérson” aplicada, talvez, uma frase infeliz do ex-jogador para o momento, mas que reflete em totalidade como funciona a política no Brasil, até porque fazer política não é exclusividade parlamentar, mas um dever de todo cidadão, segundo disposto no parágrafo único do Artigo 1º da Constituição Federal. “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Aqueles que nos representam no Palácio do Planalto, nos Ministérios,  no Congresso e nas Autarquias, vieram de nós, por nós e para nós, e representam não apenas como pessoas políticas que nos governam, mas como membros do POVO BRASILEIRO, como nós, aos quais confiamos os nossos direitos, nossas garantias e nosso patrimônio; ou seja, se elas são corruptas, são frutos da nossa sociedade, infelizmente, ainda corrupta e “malandra”.
Fonte:                                                                                                      
Jornal “São Luís” – edição de agosto/2016
Autor: Felipe Pires Morandini
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 15/10/2016
Refeito em 18/9/2019

A CARIDADE




 
Na era antes do Cristo, os povos não conheciam o significado da palavra Caridade. Utilizavam o termo “esmola” para definir a doação de algum bem material dado a outra pessoa.

Existia entre os hebreus, um código moral recebido por Moysés, chamado “Decálogo” ou “Dez Mandamentos”, que determinava o “Amor a Deus sobre todas as coisas”, e outras leis menores que regulavam as relações entre as pessoas, isto porque, os povos daquela época, eram primitivos demais e não estavam preparados para melhores e elevados conhecimentos.

Com o advento de Jesus, o auxílio proporcionado por Ele, às outras pessoas, tomou o nome de Caridade, e passou a ser definida como uma forma de amor ao próximo; não mais como simples esmola. Esmola, filantropia e Caridade são três coisas distintas. A esmola é uma doação material, geralmente passageira, sem compromisso com as causas que levaram a criatura a esmolar. Já a filantropia, que está associada a um processo de doação, auxilia a pessoa a alcançar outro nível da sua situação de miséria. Portanto, esmola é pura doação; filantropia é promoção, maneira de melhorar o ser humano.

A Caridade é mais de ordem espiritual. Pode ela valer-se de situações materiais como a esmola ou a filantropia. A Caridade é benevolência, é indulgência e perdão; é um conjunto de sentimentos que brotam do íntimo, irradiando e envolvendo as pessoas e seres, objeto da ação. Para dar esmola ou fazer filantropia, necessitamos de recursos materiais. Para fazer a Caridade necessitamos abrir nossa alma e permitir que nosso sentimento atue efetivamente em favor do próximo. Por esse motivo, a Doutrina dos Espíritos coloca a Caridade como condição essencial para nos aproximar de Deus. Jesus serviu-se da Caridade para nos ensinar como proceder para com nossos irmãos, por muito nos amar.

O que compreendemos como Caridade? – Ajudar, acolher, abrigar, compartilhar, criar condições de melhoria, oferecer o ombro amigo, trabalho, dinheiro? - É certo que qualquer dessas atitudes poderá ser vista como Caridade, mas o quer torna cada uma dessas ações uma atitude de Caridade? – Não basta apenas a ação; ela terá que ser acompanhada da doação do nosso sentimento, do envolvimento com o outro. Não basta dar, ou mesmo, criar uma obra filantrópica; é preciso dar-se, se doar, como espírito que somos na caminhada evolutiva.

Também, para fazer Caridade, como para tudo em nossa existência, não basta apenas ter boa-vontade, tempo ou dinheiro. É preciso a abnegação e o sentimento fraterno daquele que pratica a ação caridosa. Se houver necessidade de ser mantida por longo tempo, seremos capazes de realizá-la?  Quantos de nós teremos de investir no trabalho de ajuda, sem deixar de nos envolver com o nosso trabalho renumerado e com a nossa família? Essa nossa ação em benefício do próximo, está amparada no sentimento de servir, ou será apenas um impulso momentâneo? Não será apenas para que os outros tenham conhecimento da nossa “bondade”? – Nunca esqueçamos de que, apenas amando e auxiliando desinteressadamente o nosso próximo, é que  seremos felizes na nossa ascensão para Deus.

Historicamente, a prática da Caridade, é usada no interesse da acomodação social, isto é, leva os ricos a minorar o sofrimento dos pobres, para que estes, não se rebelem contra as injustiças que lhes são impostas, enquanto os ricos aplacam suas consciências, na acomodação de se sentirem aprovados pelo padrão ético vigente. Era assim no passado, assim continua até hoje. Nas épocas de calamidade pública, surgem essas atitudes até nas classes governantes; mobilizam-se a sociedade para fornecer alimentos, remédios, roupas, etc., a uma população de trabalhadores, sem trabalho. Precisam eles de esmolas ou de uma infraestrutura social que lhes possibilitem terra ou trabalho para viverem com dignidade? Nessa paisagem sócioeconômica, às vezes mascarada de cristã, a Caridade adquire o caráter de doação material.  Eis porque até hoje as ideias de Caridade se confundem com a esmola que é uma doação descompromissada e sempre humilhante das sobras dos que têm fartura.

Jesus ao dizer: “Não saiba a mão esquerda o que dá a mão direita”, significa que não devemos  ficar murmurando arrependidos, sobre o bem que tivéssemos feito ao nosso semelhante. Sobre esta recomendação, lembramos do caso relatado por Machado de Assis, a respeito de um rico comerciante e um modesto camponês, na Rússia. “Seguia a cavalo o rico comerciante, quando de repente o cavalo disparou a correr. Nada detinha o seu galope e o comerciante pensou que ia morrer. Se caísse, a sua cabeça bateria nas pedras e a morte viria a seguir... Eis então que surge um camponês que, corajosamente arriscando sua vida, se coloca a frente do animal, segura-o pelo cabresto e o faz parar de correr. Foi um milagre! – O comerciante agradecido, retira da carteira uma nota de mil rubros, passando-a ao camponês. – O coitado quase caiu de susto, pois nunca vira uma nota daquele valor! – Em seguida saiu pulando feliz, no rumo da choupana a mostrar para a mulher e o filho, a dádiva recebida. Mil rubros, uma fortuna! – “O comerciante ao vê-lo partir feliz, começou a pensar sobre a doação: Acho que dei dinheiro demais... mil rubros? Por que não 500?  Ou mesmo 200? – Talvez o pobre infeliz ficasse contente com 100 ou até menos. Quem sabe com 10 rubros... afinal ele ganha por dia 5 rubros.  Acho que dei dinheiro demais, por pouca coisa e  foi embora arrependido.

Isso costuma acontecer com todos nós. Na hora do entusiasmo, nós damos generosamente. Depois nos arrependemos e começamos a sofrer.  Outro  exemplo
aconteceu com um rapaz que nunca era convidado para ser padrinho. Ele já estava ficando complexado. Todos eram convidados menos ele. Será que eu não sirvo para ser padrinho? – Um dia ele foi convidado e ficou muito feliz. Tão feliz que logo prometeu ao noivo dar uma geladeira de presente. Uma geladeira na época era um presente muito caro. Então ele se arrependeu, mas como tinha prometido teve que cumprir a promessa... e tome sofrimento.

Muitas pessoas acreditam que quem dá aos pobres empresta para Deus; mas costumam querer saber o que o beneficiado vai fazer com a doação. Por exemplo:  Um pedinte pede um real para comprar pão. Certas pessoas atendem ao pedido, mas logo advertem: “Olhe lá, estou dando para você comprar pão; não vá gastar com outra coisa, ouviu?”

Outro exemplo diz respeito a um mecânico que também era médium. Ele era um bom operário e tinha uma boa assistência espiritual.  Como sempre acontece com médiuns assim, nasce logo a adoração e surgem as pessoas interessadas nos favores dos mentores espirituais, que envolvem o médium, o bajulam, o elogiam, o presenteiam e acabam se tornando donos dele. Querem utilizá-lo a qualquer hora, para resolverem seus problemas. Com isso vai-se a disciplina na assistência mediúnica e na profissão que lhe garante o sustento da família, que fica sacrificada. Os seus assistidos, para tê-lo permanentemente à disposição, lhe sugerem deixar a profissão de mecânico, que eles lhe garantem um salário.  E assim foi feito, e cada um dos favorecidos ajudava com uma parcela do salário ajustado. No princípio funcionou. Porém, com o passar do tempo, cada um foi deixando de contribuir, e o mecânico sem a ajuda e sem o trabalho que perdeu, logo as dificuldades aparecerem; o aluguel atrasou, a comida faltou, a luz foi cortada e as necessidades se instalaram. Ele passou então a cobrar pelos serviços mediúnicos, em desacordo com as recomendações de Jesus que disse: “Daí de graça o que de graça recebeis”, e em pouco tempo ele é abandonado pelos seus guias espirituais e a desmoralização se apresenta. Os próprios assistidos de outrora que tanto o bajulavam, são os primeiros a falar mal dele abertamente. A obsessão se instala e o sofrimento se faz presente, pelo indevido uso dos dons divinos, causados pela imprevidência.

Pessoas há que dão uma oferta à Igreja, uma contribuição a uma instituição beneficente e tratam logo de fazer uma “fezinha” nas loterias, pensando que vão ter a recompensa divina, ganhando o primeiro prêmio. Outras pessoas usufruem dos bens terrenos com que foram beneficiados sem se importarem com as necessidades dos outros, que são seus irmãos, e só se lembram de doar alguma coisa, na hora em que estão próximos da morte, quando não podem mais se servir da fortuna. Fazem então um testamento deixado um tanto para o Asilo, outro tanto para o Orfanato, para a APAE e outras entidades... e fazem isso porque não podem levar consigo os bens materiais.

Na primeira Epístola aos Coríntios, Paulo nos dá preciosos ensinamentos ao dizer: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios, toda a Ciência, e tivesse toda a fé, até o ponto de transportar montes, se eu não tiver Caridade, eu não sou nada.”

A Lei nº 5063 instituiu o DIA DA CARIDADE, a ser comemorado anualmente no dia 19 de julho, com o objetivo de difundir e incentivar todos, à prática da solidariedade entre os brasileiros e os demais povos aqui domiciliados. O dia 19 de julho representa o reconhecimento oficial da sublimidade contida nos ensinamentos de Jesus, e se constitui um marco de uma nova era de entendimento e de boa vontade entre as pessoas. Estabelece o texto da lei: Art.2º “A organização ficará a cargo do Ministério da Saúde, Educação e Cultura, constando obrigatoriamente de visitas a hospitais, casas de misericórdia, asilos, orfanatos, creches, presídios, e os demais lugares onde a necessidade e a dor se façam presente.” Essa lei porventura está sendo cumprida?  Eu que fui dirigente de uma entidade beneficente por três anos, nunca recebemos uma visita referente ao cumprimento dessa lei. É bem verdade que a Caridade não se tornará num passe de mágica, uma instituição nacional, só porque o Governo Federal estabeleceu mais um “dia” no calendário das datas comemorativas do país. Percebe-se isso, ao ver que a humanidade não se tornou mais fraterna por sido designado o dia 1º de janeiro, como o dia consagrado à Confraternização Mundial.

É vigorosa no Evangelho, a idéia de que os bens da Terra devem ser regidos pela “boa vontade entre as pessoas”. Não são condenadas as riquezas como recursos da existência na Terra, mas sim, o egoísmo e a usura com que os ricos fazem dela. Não faz parte da essência cristã, a doação pura e simples da doação para aplacar a fome, continuando o rico mais rico e o pobre mais miserável, com todo o cortejo de carências.

Os espíritas têm um movimento de anos de ação filantrópica e o fazem de forma espontânea, séria e cristã, é afirmação do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, idealizador da campanha “Ação pela Cidadania e pela Vida”. A grande legenda espírita “Fora da Caridade não há salvação”, penetrou nos corações dos espíritas, motivo pelo qual a caridade cristã, sobretudo a assistência social, teve seu ponto alto aqui no Brasil, com a disseminação da Doutrina dos Espíritos, que começou no século passado, com a assistência aos necessitados, efetuada pelo Dr. Bezerra de Menezes, chamado de “o médico dos pobres”, grande incentivador da Caridade. O seu exemplo foi seguido posteriormente por diversos espíritas como Cairbar Schutel, Eurípedes Barsanulfo, Anália Franco, Frederico Figner, Meimei, Francisco Candido Xavier, Jerônimo Mendonça, Divaldo Pereira Franco, Raul Teixeira, e tantos outros anônimos, que levantaram e levantam bem alto a Caridade, em nome de Jesus e da Doutrina  dos Espíritos.

Existe também a assistência social, praticada em toda parte, que é realizada por profissionais, como: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiras e outras categorias, que recebem o pagamento pelos seus serviços assistenciais prestados, em nada relacionado com a prática da Caridade, a não ser em raríssimas exceções.

Hoje em dia, já despontam projetos de grande alcance social, promovidos pela Unicef, órgão da ONU para a infância, que trabalha reabilitando a sociedade por meio da criança, indo além do prato de comida. Esse movimento social ainda é insuficiente face as grandes necessidades mundiais, o que convoca os espíritas a participar isoladamente ou nos Centros Espíritas, dos projetos assistenciais. Lembrando que, para o Espiritismo, a Caridade vai muito além do auxílio material. A verdadeira Caridade é aquela que fazemos quando doamos além da ajuda e da palavra, damos também de nós mesmos; o nosso gesto de fraternidade é acompanhado do nosso sentimento, do nosso amor de cristão. A prece, o passe que proporcionamos aos nossos irmãos necessitados e sofredores, é uma forma de Caridade maior, que nos proporciona o bem estar íntimo. Dinheiro nenhum compra a alegria e a satisfação que sentimos quando praticamos a Caridade.

O religioso, seja ele qual for, que tomando conhecimento dos ensinamentos de Jesus, não procura realizar a transformação de pensamentos e atos e não passa a exercer a Caridade, para com seus semelhantes,, apenas está se rotulando de cristão, pois o verdadeiro religioso é renovação, é amor ao próximo, pois “É dando que se recebe”, como bem disse Francisco de Assis.

Jesus que nasceu e viveu pobre, que não tinha sequer uma pedra onde repousar a cabeça, conforme afirmou, foi o primeiro a praticar a Caridade e o que mais a exemplificou. Distribuiu a Caridade a justos e injustos, bons e maus pecadores e publicanos, curou cegos, aleijados, paralíticos, leprosos; devolveu à vida para a filha de Jairo, o filho da mulher de Naim e a Lázaro, irmão de Maria e de Marta.

Portanto meus irmãos vamos seguir o exemplo de Jesus e cumprir com nosso dever, contribuindo com a nossa parcela, através da doação ou da nossa inscrição como sócio de uma entidade beneficente, para amparar os necessitados e sofredores. Também podemos doar um olhar de ternura, um gesto de compreensão, uma palavra de esperança, um abraço fraterno de irmão, um pão repartido, um remédio doado, uma roupa sem uso, uma ajuda dada com carinho, junto com um pouco de nós mesmos, faz bem ao nosso próximo, é verdade...  mais faz bem primeiro a nós mesmos. Vamos lembrar as palavras de Jesus quando disse: “Eu vos digo em verdade, quantas vezes o fizestes a um destes pequeninos necessitados e sofredores, foi a mim mesmo que o fizestes...”

A realidade é que quase sempre estamos a pedir para Deus, mas bem poucas vezes, nos lembramos de dar aos outros.  Quantas vezes já se lembrou de agradecer a Deus pela existência, pela família, pelas facilidades e dificuldades, pelo dia que passou sem anormalidades, quantas?  Quantas vezes durante a presente existência já praticou uma boa ação que lhe trouxe o bem estar?  Quantas vezes, já agradeceu aos seus entes queridos e lhes disse que os ama?  Quantas vezes, já procedeu mal e tentou se corrigir para que não voltasse a assim proceder?

A Caridade é o vínculo que nos aproxima de Deu e que a Paz do Senhor esteja em nossos corações...

Jc.
12/11/2008
Refeito em 18/9/2019