domingo, 12 de maio de 2019

A MULHER, A MÃE.




 
De todas as datas comemorativas, uma das mais importantes é a que enaltece e reverencia a figura da mulher-mãe. Para se falar das conquistas da mulher, temos que criar o referencial, antes e depois de Jesus. – Antes, a mulher era uma criatura insignificante que nenhum homem, fosse pai, irmão ou marido, lhe dirigia a palavra na rua. A lei judaica declarava a mulher inferior ao homem, e, comprava-se uma mulher por dinheiro, contrato e relação sexual. A mulher, nesse tempo, valia menos do que um animal ou um escravo. Depois, Jesus acabou com tais preconceitos, ao se dirigir a uma mulher samaritana, considerada uma inimiga, para pedir água; além disso, era uma pecadora, assim como era pecadora e repudiada pela sociedade, Madalena, a quem Ele fez a portadora da Imortalidade da alma (espírito), ao reaparecer para ela após sua morte física. Jesus foi o primeiro a valorizar as mulheres e a aceitá-las na sua missão.  

Nos dias atuais, encontramos a mulher alçada a altos postos, confiante e ativa. Foi uma longa jornada que ainda prossegue, porque muito há ainda por conquistar. Falando-se, da mulher confiante e ativa, temos que fazer algumas considerações. É que  a mulher vem relegando a sua missão maior na Terra: a maternidade. Emmanuel classifica a maternidade como “sagrado serviço espiritual”, em que a alma se demora séculos, aperfeiçoando as qualidades do sentimento. Sendo, pois, serviço sagrado, não pode ser violado sem causar grandes danos a quem o violar. A figura da mulher-mãe tem sido cantada em versos e prosas, e se generaliza à missão das mães, a ponto de transformá-las em escravas dos filhos. Carregar uma vida,  nutri-la e mantê-la, é tarefa que só a mulher sabe e está preparada para desempenhar. 

Nas páginas do Evangelho, encontramos Maria de Nazaré, a mãe carnal de Jesus. Foi à missionária que recebeu em seu ventre, o grande enviado de Deus, que veio a Terra, desempenhar a mais sublime das missões, e que trouxe à Humanidade sofredora, o iluminado código de verdades que são os seus ensinamentos. No desenvolver de sua tarefa de mãe, Maria sofreu ver o seu filho inocente, ser preso, açoitado, torturado e crucificado.

Não podemos deixar de lembrar também das outras três Marias
que ilustram as páginas do Evangelho:

Maria de Magdala ou Madalena, a mulher que deve servir de exemplo para todas as mulheres do mundo. Abandonando uma existência de luxúria, de ostentação e de pecados, ela soube sair vencedora da dura batalha que travou.  Lavando os pés de Jesus, com perfume e com lágrimas, e os enxugando com seus cabelos, ela demonstrou todo seu arrependimento, tornou-se a mais dedicada seguidora de Jesus, ao ponto de tornar-se merecedora de receber a visita do Espírito de Jesus, com prioridade, após a sua ressurreição. O Mestre assim procedeu, para dar uma demonstração viva do seu apreço, pela reforma íntima que ela havia realizado.

Maria de Betânia, foi a jovem que maior apreço demonstrou aos ensinamentos de Jesus. Em sua pureza, revelou também todo o apreço e dedicação ao Mestre, lavando sua cabeça com valioso perfume, numa demonstração viva do modo como assimilava todos os ensinamentos que emanavam de Jesus. Ela não perdia a oportunidade de ouvi-lo, todas as vezes que Ele visitava Betânia.

Maria, mãe de Marcos, foi à mulher dedicada que abrigava os apóstolos em sua casa, após a partida de Jesus, tornando-se assim, valorosa cooperadora na tarefa de dar sustentação aos apóstolos do Mestre, os quais tinham sobre os ombros, a enorme missão de divulgar os ensinos evangélicos.

Apesar destes magníficos exemplos de abnegação, observa-se, entretanto, com crescente espanto, que a maternidade é atualmente de tal modo reduzida a segundo plano, que chega até mesmo a ser rejeitada. Inúmeras vozes se levantam a favor do aborto – crime inominável.  “A mulher é dona do seu corpo”, dizem algumas. “As ricas têm o direito ao aborto, em detrimento das pobres que não têm condições financeiras”, afirmam outras. Pergunta-se então: - Quem será realmente dona do seu corpo?  O que acontece com ele quando abandonamos o plano físico?  Não é ele devolvido à Natureza? Assim, ficamos sabendo que só é nosso aquilo que trazemos e o que podemos levar deste mundo. E o que levamos deste mundo? – Somente os valores morais e o mérito das boas ações que praticamos na  existência, ou o demérito das ações más, que vão nos julgar na espiritualidade.

O crime do aborto não é praticado apenas pela mulher. São ainda
também responsáveis por ele, o parceiro que muitas das vezes, força o ato criminoso por comodismo ou não querer assumir a responsabilidade; a família que, em nome de preconceitos e interesses outros, pressiona em favor do aborto; os patrões que não aceitam ou despedem as mulheres grávidas. Existe ainda a sinistra figura da “exterminadora de anjos” e as clínicas que praticam esse ato cruel, desumano e condenável.

O feto que está no ventre da mãe, desde o instante da fertilização, já é um ser vivente, com um espírito a ele ligado, e não apenas um pedaço de carne do corpo da mãe; pedaço esse que ela poderá descartar a seu bel-prazer, que pensa não incorrer no crime que comete contra a Lei de Deus. Interromper a vida iniciante é um delito até mais hediondo, porque o nenê não tem condições de se defender. A mãe ou qualquer outra pessoa cometerá um crime contra a lei divina, ao induzir ou tirar a vida de uma criança, antes do seu nascimento. As mulheres devem ter sempre em mente que, a cada mãe, perguntará Deus: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?”- É possível que alguma mulher tenha praticado o aborto sem conhecer-lhe as conseqüências morais, psíquicas, espirituais e o crime que cometeu. Porém, se acordou para a responsabilidade quanto a esse ato, esforce-se para transformar o próprio arrependimento, em socorro a outras crianças infelizes.

Em nome da realização profissional, a mulher-mãe tem relegado  e  transferido para outras pessoas, a tarefa importante da educação dos próprios filhos. Ficam as crianças entregues as mãos de empregadas, na maior parte das vezes, ou a parentes que já se encontram sobrecarregados com seus próprios filhos, quando não passam essa tarefa aos idosos, sem maiores condições de atender as crianças. Perdem-se com isso, a educação e o carinho que deveriam ter, e, cria-se para as crianças um grande problema: a falta da mãe, o abandono.

Há pouco tempo tomamos conhecimento pela fala de uma criança que, ao ser indagada sobre o que desejava ganhar como presente, no dia do seu aniversário, respondeu: “Quero uma mãe”. – Responderam: “Mas você tem uma mãe, por que quer outra?” – Voltou a dizer a criança: “É que a mãe que eu tenho, ela sempre está fora de casa e não liga para mim”. Era o desabafo de uma criança de sete anos, retratando a sua dura realidade.


Observamos mães que têm mais de um emprego; que se afastam do lar por muitas horas, tudo em nome da necessidade financeira. Ressalvadas aquelas que realmente se vêem obrigadas a longas e exaustivas horas de trabalho fora do lar, a fim de promoverem o sustento aos pequeninos, o que se vê por aí, são mulheres que têm por principal objetivo crescer na vida profissional, fugindo das suas atribuições de mãe.  Outras mães deixam de cuidar dos filhos para se ocuparem com frivolidades; com a vida dos outros, o que fazem, como se vestem, com as novelas, com os disse me disse, etc.  Outras por não gostarem de ficar presas ao lar; outras mais por não quererem assumir as responsabilidades e os sacrifícios de uma verdadeira mãe, não importando o preço, mesmo que os filhos fiquem carentes do afeto e de cuidados maternais, em prejuízo da criança, da sua necessidade afetiva que é real, da necessidade fluídica, pois a criança se alimenta também dos fluidos da mãe, a quem ama e de quem depende.

Meimei, numa linda mensagem dedicada às mães, diz: “Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra, as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente; de alguém que não enxergasse o mal; que quisesse ajudar sem exigir pagamento; que se dispusesse a amparar as crianças, com paciência e ternura, junto ao coração; que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente às pequenas lições de cada dia; que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação; que cantarolasse baixinho, para adormecer os bebês; que permanecesse em casa, por amor, amparando as crianças que ainda não podiam sair à rua; que falasse  sobre a existência e o mundo; que abraçasse e beijasse as crianças doentes; que lhe ensinasse a orar e a dar os primeiros passos; que os conduzisse à escola, a fim de aprenderem; que contasse muitas histórias sobre Jesus...  Dizem que nosso Pai Celestial permaneceu muito tempo examinando, e em seguida chamou a mulher, deu-lhe o título de “Mãezinha” e confiou-lhe as criancinhas...”.

Mães de hoje, devem repensar suas atitudes. Vejam se não estão abdicando da mais nobre missão que o Senhor da Vida lhes confiou: a maternidade. Missão essa que as eleva a função de educadoras devotadas por excelência. As mães espíritas têm a seu favor o conhecimento da reencarnação. Sabem também que

só por volta dos sete anos, se completa o processo reencarnatório e que, por isso mesmo, é preciso trabalhar o caráter de seus filhos até essa idade, quando o espírito está mais aberto à educação, à aquisição de valores nobres. Temos o dever de oferecer às nossas crianças, um ambiente de harmonia onde se cultive o hábito da oração. Não podemos nos esquecer de oferecer também exemplos de solidariedade, de caridade, de equilíbrio, de trabalho e de amor.

Não estamos sugerindo à mulher, um retorno irrestrito ao lar, ao exclusivo  fogão e tanque; estamos falando das horas fora do lar, das horas perdidas dentro do lar, sem a devida assistência aos pequeninos. Carinho de mãe pode ser substituído?  – Talvez. Mas a educação que deixarem de dar aos seus filhos por isso terão de responder com certeza. Se há necessidade do trabalho e este exige muitas hora fora, ao chegarem em casa, depois de um descanso, dediquem-se a eles e parem para ouvi-los, as mil coisinhas do dia que para eles são sempre de muita importância. Passem a lhes dar carinho, sorrisos e a brincar com eles em algum horário do dia para que eles possam matar as saudades pela ausência da mãe. Vejam os desenhos (rabiscos) que fizeram e que para eles é uma obra prima. Acompanhem seus progressos na escola. Nos finais de semana se possível, sair e passear com eles. Ouçam as suas dúvidas, sendo suas confidentes e ensine-os a fazer uma oração de agradecimento. Falem dos ensinamentos ou das histórias de Jesus. Dêem-se a eles e realizem a tarefa de conduzir para o bem, essas almas que Deus as confiou, à conta de seus filhos, pois quem ama o seu filho/a está amando a Deus...

A mãe é a representante do Divino Amor de Deus na Terra, ensinando-nos a ciência do perdão, do carinho da caridade e do amor, em todos os instantes de nossa jornada terrena.  Se pudermos imitá-la nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente ela nos oferece, por certos seremos na existência, felizes e preciosos auxiliares do Reino de Deus. Toda mãe acha que seu filho ou filha será sempre a sua criança, não importando a sua idade. ( Nossa mãe, através dos tempos, nos ensinou a ser humilde, trabalhador, honesto, falar a verdade, não desistir e sempre recomeçar,  valorizar a existência,  cultivar os  valores e a ter, como ela, fé em Jesus. Obrigado mãe querida por tudo o que nos deu de lições e exemplos para nossa existência e
que tentamos repassar para nossos filhos...)

Meus irmãos e irmãs virtuais, peço permissão para a poesia que vou apresentar,  dedicando como uma homenagem à minha mãe, que já partiu para a Espiritualidade, e as demais mães cujo dia se comemora hoje.

ONDE ESTARÁ?

Uma mulher que partiu,  por determinação de Deus;
Uma mulher que nos deixou, sem dar tempo de nos dizer adeus;
Uma mulher de olhos castanhos, cabelos bem grisalhos,
De uma simplicidade e fé enorme, de um amor sem igual;
Uma mulher alquebrada pelo tempo, mas de profunda resignação.

Está mulher me recebeu, me acalentou, me agasalhou,
Me amparou e me protegeu, e muito bem nos criou;
Ensino-me a rezar, e me ensinou a viver bem.
Sorria com as minhas alegrias, Chorava nos meus sofrimentos;
Para ela, eu nunca cresci, pois sempre me considerou sua criança.

Onde quer que ela esteja hoje, quero um dia ir ao seu encontro,
Matar as saudades que me leva ao pranto, só não me perguntem
O seu nome, porque eu sempre a chamarei de...  MÃE! ...



Bibliografia:
“O Evangelho de Jesus”
Maria H. Márcon

Jc.
19/7/1997
Refeito em 8/5/2019

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