Além
de incrementar as receitas com seu inconfundível toque ácido, o vinagre aparece
em estudos como um saboroso parceiro contra o diabetes e outros males. Esqueça
a salada por um momento. Em sua longa trajetória, o vinagre já teve status de
remédio, prescrito no tratamento de diversas doenças pelo doutor Hipócrates
(460-370 A.C.), o pai da Medicina. Relatos dão conta de que Cleópatra (69-30 A.C.) a rainha do Egito, incluía o vinagre no preparo de seus rituais de beleza, enquanto
os soldados romanos o consumiam como uma espécie de tônico para garantir mais
vigor nas batalhas.
E
ao que parece, o papel do vinagre na saúde permanece atual. Uma busca no
Pubmed, a biblioteca virtual de pesquisa médica do governo americano, revela
mais de 18 mil estudos com o vinagre só na última década. Há indícios de que
ele colabore com a digestão, o equilíbrio do colesterol e até a perda de peso.
Entre as evidências mais recentes está a do seu apoio no controle do açúcar no
sangue. Junto a um estilo de vida saudável, o vinagre agrega pontos à prevenção
do diabetes tipo 2.
De
acordo com Carol Johnston, professora de nutrição da Universidade do Arizona,
nos EU, o efeito sobre a glicemia vem do principal componente do vinagre: “O
ácido acético interfere na digestão do amido no intestino”, explica a pesquisadora.
Com o ácido acético em cena, menos açúcar cai na circulação, o que poupa o
pâncreas de produzir mais e mais insulina – situação que pode desgastá-lo e
levar ao diabetes. Carol ressalta, porém, que o vinagre não faz milagre. É
preciso continuar comendo com moderação as fontes de carboidrato refinado, como
pães e massas, por exemplo. O vinagre participa da saúde como ator coadjuvante.
O
vinagre foi obra do acaso. Ele foi descoberto há pelo menos 8 mil anos, quando
foi observado uma transformação no vinho. “Trata-se do produto da fermentação
do álcool etílico por bactérias acéticas”, explica o agrônomo Celito Guerra, da
Embrapa. O nome de batismo vem do latim: “Vinu agre ou vinho azedo”, conta o
etimologista Deonísio da Silva, da
Universidade Estácio de Sá, no Rio. Nem só de vinho é feito o vinagre, mas de
múltiplas origens, como de álcool elaborado da cana de açúcar; de hortaliças
como tomate, cenoura, pepino e outros vegetais; de maçã; de outras frutas como abacaxi,
carambola, figo, framboesa, tamarindo, e de vinhos branco e tinto.
Segundo
a nutricionista Carol, a atuação positiva sobre os níveis de glicose acontece
com a ingestão de duas colheres de sopa de vinagre, diluída em um copo com água
antes das refeições. Estranhou a receita?
Carol tranquiliza: os benefícios também são alcançados por meio do uso
cotidiano na salada, em mistura com o azeite, nesse caso, o ideal é utilizar
uma parte de azeite e duas de vinagre. No Brasil, beber vinagre até pode causar
certa repulsa, mas, em países como Japão e Alemanha, é comum encontrá-lo como
aperitivo em bares e restaurantes. O perigo ronda os excessos – alguém que
deixa a salada nadando em vinagre! “Se usado com moderação, não há
contraindicações”, afirma o médico nutrólogo Edson Credídio, do Colégio
Americano de Nutrição.
O
uso do vinagre faz sucesso há muito tempo para os mais diversos fins. Como
remédio, usado para manter a pele bonita, diminuindo a oleosidade, mas não deve
ser usado por quem tem a pele sensível ou ressecada, e sempre diluído em água.
O ácido acético dá um chega pra lá nos parasitas. O procedimento é embeber os
fios de cabelos e o couro cabeludo, deixar 20 minutos e depois enxaguar. Pingue
algumas gotas de vinagre em um algodão ou gaze e coloque sobre a picada do
inseto. O ácido acético é eficaz para diminuir o coça-coça. Jogar vinagre no
local do ataque da água-viva ajuda a atenuar a toxicidade, mas não suprime a
necessidade de procurar um médico. Um pouco de vinagre, água quente e algumas gotas
de óleo essencial e fazemos um escalda-pés... Eis uma boa receita para relaxar
e ainda conter os fungos de uma micose.
A
nutricionista Maristela Strufaldi diz que, graças à sua capacidade de realçar o
sabor dos alimentos, o vinagre ajuda a diminuir nossa dependência do sal de
cozinha, pois o abuso do sal é um dos patrocinadores da pressão alta. Na
cozinha ou fora dela, o vinagre exerce função milenar: a de conservante. Esse
ácido inibe o crescimento de fungos e bactérias, daí o uso na higiene das
verduras, e serve também para limpar vidros. A dica é misturar partes iguais de
água e vinagre em um borrifador para aplicar. Ainda serve para tirar odores.
Para livrar do cheiro nas mãos após picar cebolas e alho, lave as mãos com
vinagre e um pouco de sal.
Fonte:
Revista “Saúde é
Vital” – 10/2017
+ Pequenas
modificações.
Jc.
São Luís, 25/10/2017
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