A eutanásia é a prática pela
qual se abrevia sem sofrimento, a existência de um doente, julgado incurável
pela medicina convencional.
“Idosos fogem da Holanda,
com medo da eutanásia!”. Com essa chamada, o Portal da Família, tornou pública
denúncia de um órgão internacional de comunicação da Alemanha, assim resumida:
“Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da Holanda com
medo de serem vítimas de eutanásia, a pedido da família. São 4 mil os casos de
eutanásia realizados por ano na Holanda, sendo um quarto sem aprovação do
paciente”.
É comum em toda parte, os
órgãos de imprensa dar ênfase a notícias sobre a aprovação de leis que atentem
contra a existência, mas dão pouca ou quase nenhuma importância a uma denúncia
tão grave como essa. E se fôssemos um dos idosos da Holanda, pois estamos com
82 anos de idade, onde a prática da eutanásia é liberada, como só acontece em
alguns países ditos “de primeiro mundo”? Não estaríamos em risco permanente,
considerando que o país estimula nas famílias uma conduta egoística,
incompatível com a dignidade humana, indício de ignorância e desprezo para com
os idosos e as questões morais e espirituais?
Aproveitando a contramão das
leis naturais, no Brasil, os legisladores da reforma do Código Penal, estão
querendo incluir no projeto, em estudo no Congresso, a legalização do aborto e
da eutanásia, sem levarem em consideração o direito à existência do feto e a
consideração que devem ter pelos idosos, que Jesus aconselhou “cuidar e respeitar”. Por que esse é um
caminho que devemos evitar? Quais as causas e as consequências da prática da
“morte sem dor?”
É uma realidade que somos
apenas usufrutuários do corpo físico, primeiro empréstimo que Deus nos concede
para o nosso progresso intelectual e moral. Partindo desse princípio, se o ser
humano não é capaz de criar a existência, também não tem o direito de
extingui-la. De acordo com o código de ética da profissão, inspirado na
tradição de Hipócrates, o médico não pode, direta ou indiretamente, apressar a
morte do paciente. Se não tiver condições de debelar o mal, pode dispor de
meios lícitos para suspender procedimentos que prolonguem a existência do
paciente com sofrimentos (obstinação terapêutica ou distanásia), oferecendo-lhe,
em contrapartida, o amparo necessário para que tenha morte natural digna
(ortotanásia).
Afinal, o médico formou-se
para salvar vidas e não para destruí-las! Esse é o dilema da eutanásia: como
conciliar o ato de curar com o de matar? A maioria das pessoas não sabe que a
eutanásia não é uma solução para o sofrimento, pois, ao ser expulso do corpo, o
Espírito, indestrutível, leva consigo para o Além suas dores, dramas e
conflitos. A eutanásia é inútil, pois só agrava o mal e a situação espiritual do paciente. A
Medicina não é uma ciência exata. “... os desígnios divinos são insondáveis e a
ciência médica precária dos homens não pode decidir nos problemas
transcendentes das necessidades do Espírito”.
Além disso, o critério de incurabilidade é muito frágil e a ciência
médica não para de evoluir. Periodicamente, são descobertas curas para certas
doenças que até então eram consideradas irreversíveis.
As causas principais da
prática da eutanásia são o materialismo, o egoísmo, o orgulho e a ignorância quanto
às origens do homem, ser integral, formado de corpo e Espírito. O doente que
pede para que lhe seja antecipada a morte física, muitas vezes assim age
premido pela dor, pelo receio de sofrer, para não dar trabalho aos parentes,
numa espécie de fuga psicológica da realidade. Todos nós abominamos o
sofrimento e queremos nos livrar dele. É o direito natural à saúde, protegida
pelo instinto. Caso contrário, não seria dado ao ser humano o ensejo da
descoberta da anestesia e de tantas outras terapêuticas.
Algumas pessoas são favoráveis
á eutanásia, porque temem o julgamento da sociedade, envergonham-se da própria
doença. Quando não, são os familiares que se constrangem com seus enfermos, às
vezes portadores de doenças que são insidiosas. Há, ainda, aqueles que aderem à
eutanásia, por considerarem o doente um fardo e querem o descanso imerecido,
não sabendo que, não raro, a provação não é exclusiva do enfermo. Outros, assim
agem, em nome de interesses escusos.
As consequências, para a vítima da eutanásia
passiva ou não consentida, tal qual a pessoa assassinada por qualquer motivo,
variam ao infinito, visto que fazem parte da própria evolução do ser. Tais
efeitos dependem de vários fatores e, sobretudo, do tempo necessário ao
desligamento dos laços perispirituais, que é bem mais demorado nas criaturas
ainda muito apegadas à matéria, pois ficam presas mentalmente aos despojos
físicos, com sérios prejuízos para o seu restabelecimento e adaptação no mundo
espiritual.
Para a vítima da eutanásia
consentida, as consequências assemelham-se aos efeitos experimentados pelos
suicidas conscientes: o desapontamento, porque a fuga de si mesmo é impossível,
uma vez que ninguém morre, e o agravamento do problema, pois, se o paciente
pretendia escapar da dor, agora vai encontrá-la em doses superiores, mormente
no aspecto moral (remorso), em que sofrerá pesadelos íntimos torturantes; estágios
de sofrimentos inenarráveis nas regiões de sombra (umbrais), onde estagiam
milhares de outros Espíritos desditosos em condições semelhantes ou piores.
Enfim, “sempre se é culpado por não aguardar o tempo fixado por Deus para a
existência”, e a consequência de tal ato é, “como sempre, de acordo com as
circunstâncias, uma expiação maior proporcional à gravidade da falta”.
Em socorro dos desesperados,
surge a Doutrina dos Espíritos com seus ensinos esclarecedores e consoladores,
restituindo, tanto aos doentes como aos seus familiares, a esperança, a paz, a
resignação e a coragem, uma vez que permite a compreensão das causas e da
finalidade dos sofrimentos e das dores.
“Raramente os companheiros encarnados, quando em condições de saúde
física, podem compreender as aflições dos enfermos em posição de desespero ou
dos moribundos prestes a partir; nós outros, porém, no quadro de realidades
mais fortes, sabemos que, muitas vezes, é possível efetuar realizações deveras
sublimes, de natureza espiritual, em poucos dias, nessas circunstâncias, depois
de longos anos de atividades inúteis...”
(André Luiz)
A finalidade da dor física,
em geral, é um aviso da natureza que procura nos preservar dos excessos. Não
fosse a dor, destruiríamos o corpo em pouco tempo. Há outras vantagens que a
dor nos proporciona: acentua o heroísmo da criatura humana; facilita o auxílio
dos benfeitores espirituais; funciona como válvula de escoamento de nossas
imperfeições morais; ensina-nos a corrigir os vícios, desperta os sentimentos
de solidariedade naqueles que convivem com o enfermo estimulando-os à prática
da caridade e facilita o arrependimento de nossas faltas, para termos um
retorno mais tranquilo quando voltarmos ao mundo espiritual.
É belo compadecer-se do
sofrimento alheio, entretanto, procuremos aliviar a dor de nossos enfermos sem
violentar as Leis Divinas. Atendamos ao conselho dos bons Espíritos: “Minorai os derradeiros sofrimentos, tanto
quanto puderdes; guardai-vos, porém, de abreviar a existência, ainda que seja
por um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas e sofrimentos ao
paciente no futuro.”
Amparados na humildade, na oração, na fé e nos
recursos da Medicina convencional e espiritual, haveremos de suportar as dores,
por maiores que sejam, as quais continuarão existindo em nosso orbe, enquanto
não superarmos o estágio de expiações e provas a que estamos submetidos...
Fontes:
Cristiano
Torchi
Revista
“Reformador” – agosto/2013
+
Pequenas modificações
Jc.
São
Luís, 19/8/2013
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